• Nenhum resultado encontrado

Métodos e Técnicas de Rotina Forense

Química forense é investigação criminal com base nos conhecimentos, métodos, técnicas, reagentes e instru mentos desenvolvidos para a química analítica e toxicológica, com a finalidade de identificar o objecto de

4. Métodos e Técnicas de Rotina Forense

São inúmeros os testes realizados pelos químicos forenses na análise de vestígios e variam de acordo com a necessidade da análise, utilizando desde substâncias e vidrarias simples até a utilização de máqui- nas e equipamentos sofisticados.

Dentre as análises realizadas na área de química forense, os principais são: a cromatografia, os testes colorimétricos, de fluorescência de Raios X, espectroscópi- cos, de ADN, revelação de impressões digi- tais e balística. Neste artigo são apresenta- dos fundamentos de algumas destas técni- cas a seguir:

4.1. Cromatografia

A cromatografia é um método físico- químico de separação, fundamentada na migração diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferen- tes interações (Degani et al. 1998).

De um modo geral, a separação por cromatografia se deve a uma fase estacio- nária e uma fase móvel, onde passa a mis- tura, havendo interações diferentes entre seus componentes (soluto) com as respec-

tivas fases. A fase estacionária é fixa (se a separação for feita em coluna cromato- gráfica, a fase estacionária fica fixada a coluna), sendo um material poroso, sólido ou líquido viscoso. Já a fase móvel pode ser líquida ou gasosa, a qual se move atra- vés da coluna.

Os diferentes tipos de cromatografia se devem aos diferentes tipos de interações possíveis entre os solutos e as fases estacio- nárias e móveis, podendo ser realizadas em uma coluna ou de forma planar. A cro- matografia líquida se dá quando a fase móvel é líquida, enquanto a fase estacio- nária é sólida, havendo interacção soluto- fase estacionária, como na cromatografia de adsorção, onde um soluto tem mais facilidade em ser adsorvido por poros na fase estacionária, levando mais tempo para se deslocar.

A cromatografia gasosa se dá quando a fase móvel é gasosa, enquanto a fase estacionária é líquida ou sólida. A fase móvel é um gás de arraste, o qual leva os componentes da mistura analisada (no estado gasoso), e a fase estacionária exer- ce atração sobre um dos componentes, retardando o tempo de deslocamento e promovendo assim a separação das espé- cies. Através do cálculo do tempo de retenção de um determinado análito sobre um determinado tipo de cromato- grafia, é possível comparar e chegar à identidade da espécie presente na mistura analisada. Existe a possibilidade também da junção dos cromatógrafos e de espec- trómetros, os quais juntos potencializam o trabalho, levando a resultados mais rápi- dos nas análises realizadas.

Os métodos cromatográficos são amplamente utilizados na análise dos pro- dutos farmacêuticos, sendo a cromatogra- fia de alta eficiência considerado padrão de ouro na análise de fármacos (BRANCO et al, 2013).

4.2. Testes Colorimétricos

O uso de teste de cor talvez seja a for-

ma de análise mais comum e utilizada para se determinar a presença de certas substâncias presentes numa amostra. Trata -se de uma técnica que apenas fornece resultados qualitativos. Devido ao baixo custo de reagentes, fácil reprodução, a qual por uma reacção química simples revela resultados que podem ser interpre- tadas a olho nu e imediatamente. As técni- cas colorimétricos são utilizadas largamen- te em rotina de laboratórios de química analítica e na investigação criminal, sobre- tudo em locais de controlo do tráfico de drogas.

Trata-se de uma técnica bastante sim- ples e de fácil manuseio, até mesmo quem não é químico por formação pode utilizar os testes de cor sem larga experiência, como por exemplo, os polícias em procedi- mentos de rotina, na busca de substâncias ilícitas, sem a necessidade de um laborató- rio, em aeroportos e outros locais.

Os testes colorimétricos baseiam-se no desenvolvimento de uma cor, que pode indicar a presença de uma droga ou de uma determinada classe de drogas. Uma vez que mais de um composto pode dar o mesmo resultado, os testes de cor não são específicos e não identificam conclusiva- mente a presença de um composto (LINK, 2008).

Devido a esse facto, o uso do teste colorimétricos entra como uma técnica primária, servindo para identificar a presen- ça do possível grupo alvo na amostra, para posteriormente passar por uma técni- ca analítica mais sofisticada, determinan- do o teor e a composição da amostra pro- blema.

4.3. Impressões Digitais

Segundo Branco (2013), o princípio básico da ciência forense formulado por Edmound Locard, diz que “todo contacto deixa vestígios” e, naturalmente que a escolha da ferramenta e do método a ser empregado depende da natureza dos vestígios deixados.

Os nossos dedos possuem nervuras ou linhas, que desenham arcos redemoinhos ou outras figuras abstratas. Estas nervuras funcionam como antiderrapante. Se as nossas mãos e pés, fossem lisos os objectos escorregavam com facilidade. Quando tocamos nalguma superfície deixamos resí- duos de gordura, suor, aminoácidos e pro- teínas. São esses resíduos que permitem obter as impressões digitais. Alem disso, também são obtidas impressões digitais se deixarmos a nossa marca num material moldável ou tivermos os dedos sujos de tinta ou sangue.

De acordo com UNICENTRO (2012), na análise das impressões digitais, a compara- ção é efectuada a partir de 6 - 7 pontos- chave escolhidos dentre os traços mais característicos, se todos coincidirem temos a chamada correspondência positiva.

Figura 1: Sete pontos usados na comparação das impres- sões digitais e alguns tipos de impressões digitais

Fonte: Aline (2012)

Para melhor compreensão da matéria sobre as impressões digitais, algumas con- cepções e princípios são indispensáveis, tais como: O termo datiloscopia, que é o estudo das digitais presentes na ponta dos dedos, sendo que numa investigação cri- minal faz-se a datiloscopia criminal, a qual é usada para a identificação de pessoas indicadas em inquéritos ou acusadas em processos. Só para recordar que existe a datiloscopia civil, que tem por objectivo a identificação de pessoas, como nos bilhe- tes de identidade.

UNICENTRO (2012), refere que a dati- loscopia se baseia em alguns princípios fundamentais, os quais estão relacionados com a identificação humana, que são: O princípio da perenidade, descoberto em 1883 pelo anatomista holandês Arthur Koll- man, diz que os desenhos datiloscópicos em cada ser humano ja estão definitiva- mente formados ainda dentro da barriga da mãe, a partir do sexto mês de gesta- ção.

O princípio da imutabilidade, por sua vez, diz que este desenho formado não se altera ao longo dos anos, salvo algumas alterações que podem ocorrer devido a agentes externos, como queimaduras, cor- tes ou doenças de pele. Já o princípio da variabilidade garante que os desenhos das digitais são diferentes, tanto entre pessoas como entre os dedos do mesmo indivíduo, sendo que jamais serão encontrados dois dedos com desenhos idênticos.

Os profissionais em datiloscopia são chamados de papiloscopístas, os quais tem a responsabilidade de realizar os tra- balhos de pesquisa nos arquivos datiloscó- picos e comparar com as impressões digi- tais em questão. É uma tarefa que exige muita calma e paciência, experiência e, sobre tudo, que o desenho da impressão digital seja o melhor possível. Existem diver- sas técnicas para colheita de fragmentos papilares no local do crime. E ai que apa- rece um pouco mais de química no pro- cesso.

O perito criminal, no local do crime,

observa vários aspectos. A Observação dos objectos deslocados da sua posição original pode revelar vestígios papilares nos objectos que apresentam superfície lisa ou polida. A estes vestígios denominam-se Impressões Papilares Latentes, que podem confirmar ou descartar a dúvida de quem estava na cena do crime (ALINE, 2012).

As principais técnicas para identifica- ção de impressões digitais são:

4.3.1. Técnica do Pó

É a mais utilizada entre os peritos, a técnica do pó nasceu juntamente com a observação das impressões e sua utiliza- ção remota ao século XIX e continua ate hoje. É usada quando as impressões digi- tais latentes localizam-se em superfícies que possibilitam o decalque da impressão, ou seja, superfícies lisas, não rugosas e não adsorventes. A técnica do pó esta basea- da nas características físicas e químicas do pó, do tipo de instrumento aplicador e, principalmente, no cuidado e habilidade de quem executa as actividades, cha- mando atenção que as sedas do pincel podem danificar a impressões digitais latentes. Alem dos pincéis, a técnica tam- bém pode ser realizada com spray de aerossol ou através de um aparato elec- troestático (DUARTE, 2009).

4.3.2. Método de Vapor de Iodo:

O iodo tem como característica a sublimação, ou seja, passagem do estado sólido directamente para o estado de vapor. Para esta mudança de estado, o iodo precisa absorver calor. Este calor pode ser, por exemplo, o do ar que expira- mos ou ate mesmo o calor produzido pela chama do bico de bunsen sobre os cristais. Seu vapor tem coloração acastanhada e, quando em contacto com a Impressões digitais latentes, forma um produto de coloração escura amarelada. O vapor interage com a Impressões digitais latentes através de uma absorção física, não

havendo reacção química.

Esta técnica e utilizada geralmente quando a Impressões digitais latentes encontra-se em objectos pequenos. Colo- cando-se o material a ser examinado junto com os cristais em um saco plástico sela- do, após agitação e gerado calor suficien- te para a sublimação dos cristais. Uma vantagem que esta técnica tem em rela- ção as demais, como a do pó, e que ela pode ser utilizada antes de outras sem danificar a Impressões digitais latentes (Duarte, 2009).

A destruição da Impressões digitais latentes podem ocorrer após o uso de um produto fixador que evita os cristais de iodo sublimarem novamente da impressão digital.

4.3.3. Método de Nitrato de Prata:

Este método implica a reacção entre o sal do suor e um reagente químico, o nitrato de prata, com a formação de um composto colorido que vai ter precisamen- te a forma das impressões digitais.

NaCl + AgNO3 AgCl + NaNO3

Suor Nitrato de prata Composto colorido De acordo com Velho (2013), o quími- co forense, pretendendo revelar impres- sões digitais deixadas pelo criminoso no local e no objecto material, deve, aplicar revelador adequado para determinada superfície.

Documentos relacionados