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O presente estudo, quanto a sua abordagem, pode ser definido como qualitativo, pois permite que a subjetividade das partes envolvidas no processo se evidencie para o alcance do objetivo a partir do qual a pesquisa se desenvolve. Assim, conforme destaca Flick (2009, p. 25), “a subjetividade do pesquisador, bem como daqueles que estão sendo estudados, torna-se parte do processo de pesquisa”. Para o autor, na pesquisa qualitativa, a subjetividade constitui o ponto inicial, até porque não se baseia necessariamente em conceitos teóricos e metodológicos rígidos.

Já Strauss e Corbin (2008) apontam para a questão da objetividade na pesquisa qualitativa e versam que esta se traduz na capacidade de representar os materiais colhidos em campo de forma que eles sejam representados da melhor forma possível, fazendo-se necessário ouvir o que os pesquisados têm a dizer, perfilando-os de forma independente das inferências do observador. Dessa forma, adquire relevância a adoção de uma postura de ceticismo nessa situação. Os autores ainda pontuam que a pesquisa qualitativa não se propõe a controlar variáveis nem a fazer declarações a respeito das relações entre variáveis dependente e independente, pois não tem por finalidade testar hipóteses. O

importante para pesquisas dessa natureza é saber ouvir e retratar aquilo que foi passado pelos informantes da forma mais verossímil possível.

Na defesa de uma pesquisa qualitativa consistente, Bradbury-Jones, Taylor e Herber (2014) fazem alusão à complexa relação existente entre a metodologia utilizada em um trabalho e a teoria que o suporta. Os autores defendem o aporte teórico como o lastro principal de um estudo qualitativo, portanto, devendo consistir na composição de um quadro consistente, tendo em vista que é a partir dele que será possível extrair as interpretações do fenômeno estudado.

Nessa mesma linha de raciocínio, Garcia e Gluesing (2013) – ao publicarem um estudo em que chamam a atenção de pesquisadores para a utilização de métodos qualitativos –, reforçam a compreensão de que o emprego desse paradigma metodológico pode proporcionar aos pesquisadores um claro avanço na compreensão de fenômenos, acarretando, inclusive, em interpretações mais profundas e com maior riqueza de detalhes. Ressaltam ainda a importância do estudo qualitativo para que sejam observadas nuances específicas do contexto estudado.

Alinha-se a esse raciocínio a observação feita por Boddy (2016) de que a abordagem qualitativa se atém a desenvolver um aprofundamento da compreensão de um fenômeno, e não promover sua amplitude.

Acrescente-se que Hadi e Closs (2016), ao realizarem estudos na área da saúde, sublinharam que os métodos qualitativos foram criticados ao longo do tempo pela suposta fragilidade dos resultados obtidos em pesquisas sustentadas por tais procedimentos por causa da ausência de rigor metodológico e de embasamento quanto à utilização desses instrumentos. Frente a essa desconfiança, propuseram como imperioso em investigações qualitativas que os pesquisadores fundamentem a escolha de métodos e que percorram o caminho metodológico da coleta de dados e da análise dos resultados de forma rigorosa e transparente para que, com isso, possam gerar resultados consistentes e confiáveis.

Já Rossetto (2014), num estudo em que analisa o valor terapêutico de entrevistas de pesquisas qualitativas, acentua que o pesquisador é eticamente responsável pelos resultados de suas investigações, bem como das possíveis mudanças provenientes daí, devendo fornecer interpretações que representem a

realidade a partir da demonstração dos dados. O mesmo autor acrescenta que conduzir a pesquisa de forma responsável melhora a compreensão do seu verdadeiro valor e que isso torna cristalinos os benefícios dos processos qualitativos para os envolvidos.

Chowdhury (2015) discute a questão da qualidade de uma investigação qualitativa, uma vez que, em estudos dessa natureza, o pesquisador se depara com complexidades de um ambiente composto pelas peculiaridades das pessoas e que envolve percepções subjetivas que condicionam o escopo e o processo investigativo da mesma. O autor trata de aspectos importantes tanto para trabalhos qualitativos quanto para quantitativos, e revela que se obtém a qualidade com a combinação de várias técnicas relacionadas à coleta e à análise dos dados; ele também elenca algumas delas dentre as quais as utilizadas neste estudo, como entrevistas e a análise de conteúdo.

Sumariando, Chowdhury (2015) salienta que estudos qualitativos, por sua natureza e aplicabilidade, precisam envolver um conjunto de aspectos, como confiabilidade, credibilidade, ética, para que, no cômputo geral, seja assegurada a sua qualidade.

Discutida a abordagem desta pesquisa, cabe informar que, no tocante aos objetivos, possui caráter exploratório e descritivo. Enquadra-se no primeiro aspecto por ter como finalidade, segundo Prodanov e Freitas (2013), a busca por mais informações sobre o assunto investigado a fim de obter um novo enfoque sobre este. Nesse sentido, os autores destacam que a pesquisa exploratória deve possuir um planejamento flexível para que os diversos ângulos e aspectos da investigação possam ser analisados, e que as entrevistas com os pesquisados precisam envolver o que se pretende conhecer. A isso acrescentam Strauss e Corbin (2008) que é preciso formular a questão norteadora da pesquisa de tal forma que ela proporcione uma garantia de flexibilidade e de liberdade para que o fenômeno possa ser explorado de forma detalhada.

Malhotra (2012) reforça esse entendimento, ressaltando que uma pesquisa de cunho exploratório tem como característica fundante o fato de ser um processo não estruturado e, portanto, flexível para que possa se mostrar versátil na busca do objetivo de compreender melhor o fenômeno que está sendo investigado a partir da

questão problema da qual parte o estudo. O autor destaca que essa peculiaridade não afasta o apego que se deve ter aos métodos escolhidos para o trabalho, pois – apesar de a pesquisa não ser sustentada por procedimentos formais e de não estar vinculada a grandes amostras e a processos estatísticos –, seguir o percurso do método escolhido proporciona credibilidade à investigação.

Esclarecido o caráter exploratório, é possível passar ao descritivo. Este, segundo Gibbs (2009), tem como característica apresentar um relato rico para que a descrição envolva tudo o que deve ser considerado na compreensão do fenômeno estudado. Para o autor, uma descrição encorpada daquilo que foi extraído dos pesquisados se reflete em um avanço na análise que está sendo efetuada e fomenta uma explicação mais profunda do objeto da investigação. Strauss e Corbin (2008) corroboram esse entendimento e acrescentam que, além disso, o ato de descrever transmite confiabilidade e ajuda na persuasão e no convencimento daquilo que está sendo abordado na pesquisa. Ainda sobre esse aspecto, Malhotra (2012) assevera que o cunho descritivo potencializa o alcance de constatações mais conclusivas.

Portanto, para este estudo, a complementariedade mútua entre os caráteres exploratório e descritivo maximiza o poder de explicação do fenômeno estudado ao proporcionar um estilo de pesquisa flexível o suficiente para o aprofundamento do conhecimento de novas percepções e, ao mesmo tempo, por trazer consigo a capacidade de relatar com fidedignidade os resultados obtidos.

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