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As novas formas de apresentação e compartilhamento de informações por meio da Internet, bem como o crescimento e a influência das mídias sociais, tem contribuído para mudanças no jornalismo e na formação do jornalista. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou, no fim de 2016,

36No original: “En la redacción integrada, al redactor se le exige que sea capaz de producir una información para el diário en papel, en internet y, en determinados casos, también para un informativo de radio y televisión”. Tradução livre.

37No original: “La “hora de cierre” o lós ritmos de producción de La información escrita, antes determinado por el soporte material, ahora deben responder a los habitos de consumo de lós usuários”. Tradução livre.

durante o transcorrer deste estudo, o resultado da pesquisa anual38 que investiga os hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. O levantamento trouxe dados que ajudam a compreender a relação que o cidadão estabelece com os diversos meios de comunicação, nos quais os números ilustram o perfil das pessoas que consomem produtos midiáticos e por quais meios.

Os dados apresentados pela Presidência da República são importantes para compreender ainda mais a necessidade de estudar o comportamento da audiência ao acessar as informações pela internet. Segundo o relatório, 30% dos pesquisados leem os jornais especificamente na versão digital e 49% se informam sobre o que acontece no Brasil pela internet, o que a coloca como o segundo meio de comunicação mais utilizado pela população brasileira para esta finalidade, atrás apenas da televisão. O tempo médio de acesso diário à internet, considerando tanto o meio de semana quanto o final de semana, fica um pouco acima das quatro horas e trinta minutos.

Os números falam: o meio tem considerável inserção na sociedade. A edição 2015 da TIC Domicílios, feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), e pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), mostra que o telefone celular é o dispositivo utilizado para o acesso individual da internet pela maioria dos usuários: 89%, seguido pelo computador de mesa (40%), computador portátil ou notebook (39%), tablet (19%), televisão (13%), e videogame (8%). Já o índice de brasileiros que dependem apenas dos smartphones para o acesso à internet quase dobrou em apenas um ano, passando de 19%, em 2014, para 35%, em 201539. Não por acaso, a popularização neste último quinquênio de aplicativos de notícias exclusivos para determinados sites, como Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo.

Em 2015, o Ibope divulgou que o brasileiro passava mais tempo na internet do que assistindo TV: média diária de 4h59 de tempo de conexão contra 4h31 assistindo, de segunda à sexta, e de 4h24 e 4h14, respectivamente, no sábado e domingo. No ano anterior, a diferença entre o tempo de estar conectado e estar

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http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratos- atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016-1.pdf/view

assistindo não chegava a 15 minutos. Nesse mesmo estudo, 49% dos entrevistados utilizam a internet e, destes, 76% das pessoas acessam a internet todos os dias40.

Já de acordo com os dados da Pesquisa Credibilidade da Mídia, realizada em todo o Brasil, em parceria, pelas empresas Ideia Inteligência e CDN Comunicação, os sites dos jornais são os meios mais acessados pelos usuários (57,3%) que procuram conteúdo informativo e noticioso na internet. Apesar do espectro de abrangência dos entrevistados ser reduzido, o estudo mostrou que quase metade (44,7%) dos entrevistados disse que dão preferência para notícias a partir da web41. Outro número, de 2010, consta na pesquisa Hábitos de Informação e Formação de Opinião da População Brasileira, a qual aferiu que 60% dos entrevistados afirma que costumam ler jornais, blogs ou notícias pela Internet42.

O fervilhar de números indica uma tendência, percebida até nas pesquisas de quase uma década atrás: a população passou a acessar as notícias veiculadas através da internet com maior assiduidade. O fazer jornalístico que floresce dentro desta perspectiva é atravessado por valores de uma cultura jornalística que está, ao menos, “em ajuste”. Em um relatório interno de 2014, denominado Innovation43

, o The New York Times vaticinou a necessidade de os jornalistas priorizarem a audiência e de captar as necessidades e hábitos dessa mesma audiência.

Para os jornalistas, os significados que brotam da oportunidade de acessar dados naturais e em tempo real sobre o que os usuários fazem– ou deixam de fazer – com as notícias, e transformá-los em prioridades editoriais, convergem, nesse momento ainda incipiente da investigação, para indicar que este novo aspecto endossa a afirmação de que normas jornalísticas serão remodeladas. Padrões, ou mudanças estruturais no jornalismo - de titulação, por exemplo -, a partir da reflexividade dos profissionais a respeito de como as tecnologias de medição de audiência, serão utilizadas para encorajar ou desencorajar comportamentos dentro da redação.

40A pesquisa foi encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), ouviu mais de 18 mil pessoas em 848 municípios, e o dado integra o estudo “Pesquisa brasileira de mídia 2015 - Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira”.

41O levantamento escutou apenas executivos e profissionais liberais acima de 29 anos de idade. De acordo com a pesquisa, a confiabilidade das notícias, apontada por 54,2% dos entrevistados, e a exatidão dos dados, com 41%, estão entre as qualidades mais importantes na fonte de informação, o que evidencia a credibilidade da imprensa como fator determinante na busca por informação, ainda que em ambiente digital.

42A pesquisa foi encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), e pode ser acessada no endereço http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-total-de-pesquisas/2010-12- habitos-de-informacao-e-formacao-de-opiniao-da-populacao-brasileira-ii.pdf.

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