• Nenhum resultado encontrado

2o Passo: Vamos construir um g-módulo irredutível a partir de V ω.

Considere Vω como acima e dena Vω− =

P

π6=ω(Vω)π. Lembre que um

g-módulo é equivalente a um U(g)-módulo. Sendo assim, vamos mostrar que todo g-submódulo próprio de Vω está contido em Vω−. Tome V

0 um

g-submódulo próprio de Vω. Por denição, V0 é estável por g, em particular,

é estável por h o que implica V0 =P

π∈h∗(V0)π. De fato, existe a representa-

ção ρ : g → gl(V0)e sabemos que V0 é estável por h, logo ρ|

h é diagonalizável

(Teorema 2.2.2). Se ρ1(Y1) = ρ|h(Y1)e ρ2(Y2) = ρ|h(Y2)temos que para todo

Z ∈ V: (ρ1(Y1) ◦ ρ2(Y2))(Z) = ρ1(Y1)(ρ2(Y2)Z) = ρ1(Y1)Y2Z = Y1(Y2Z) = [Y1, Y2]Z + Y2(Y1Z) = ρ2(Y2)Y1Z (h é abeliana) = (ρ2(Y2) ◦ ρ1(Y1))(Z).

Isto mostra que os endomorsmos ρ|h são simultaneamente diagonalizáveis

e obtemos a decomposição desejada. Se (V0)ω 6= 0, então existe x ∈ V0

não-nulo tal que Hx = ω(H)x para todo H ∈ h. Pelo Teorema 7.3.1, x = λu e consequentemente, u ∈ (V0)ω. Deste modo, obtemos V0 = V

ω que é

um absurso. Daí, V0 = P

π6=ω(V

0)π e V0 ⊂ V

ω . Isto mostra que todo g-

submódulo próprio de Vω está contido em Vω−. Para nalizar a demostração,

tome o g-submódulo Nω de Vω gerado por todos os g-submódulos de Vω

distintos de Vω(pode acontecer de Nω = 0). Pelo que vimos acima, Nω ⊂ Vω−

e assim, Nω 6= Vω. Portanto, basta tomar Eω = Vω/Nω que é um g-módulo

irredutível com peso mais alto ω.  Observação 7.3.1. Os Teoremas 7.3.1 e 7.3.2 mostram que existe uma bije- ção entre os elementos ω ∈ h∗ e as classes dos g-módulos irredutíveis de peso

mais alto.

7.4 Módulos de dimensão nita

Proposição 7.4.1. Seja V um g-módulo de dimensão nita. Então: (a) V =P Vπ (soma direta).

7.4 Módulos de dimensão nita 56 (b) Se π é um peso de V , então π(Hα) é um número inteiro para todo

α ∈ R.

(c) Se V 6= {0}, V contém um elemento primitivo.

(d) Se V é gerado por um elemento primitivo, então V é irredutível. Demonstração. (a): Por hipótese temos a representação ρ : g → gl(V ) e se tomarmos a restrição ρ|h, obtemos endomorsmos comutativos e diagonali-

záveis. Logo, são simultaneamente diagonalizáveis e o resultado segue. (b): Tome π um peso de V , logo Vπ 6= 0. Como V é um g-módulo, V também

é um sα-módulo, onde α ∈ R+ e sα = hXα, Yα, Hαi ∼= sl2(C). Aplicando o

Teorema 4.2.3 a este sα-módulo, concluímos que os autovalores de Hα em V

são inteiros.

(c): Como b é solúvel, pelo Teorema de Lie, b possui um autovetor não-nulo que é primitivo.

(d): Tome V1 um g-submódulo próprio de V . Pelo Teorema de Weyl, V se

decompõe da forma V = V1⊕ V2, mas como V é gerado por um elemento

primitivo, V é idecomponível pelo item (4) da Proposição 7.2.2, logo V1 =

{0}. Portanto, V é irredutível.  Corolário 7.4.1. Todo g-módulo irredutível de dimensão nita possui peso mais alto.

Demonstração. Segue de (c).  Teorema 7.4.1. Sejam ω ∈ h∗ e E

ω um g-módulo irredutível de peso mais

alto ω. Então, Eω tem dimensão nita se, e só se, para todo α ∈ R+ tem-se

que ω(Hα) é um inteiro ≥ 0.

Demonstração. (⇒) Considere Eω um g-módulo irredutível de dimensão -

nita. Se v é elemento primitivo de peso ω de Eω para g, temos também que

v é elemento primitivo para a subálgebra sα gerada por Xα, Yα, Hα. Pelo

Corolário 4.1.2 do Teorema 4.1.1, ω(Hα) é um inteiro ≥ 0.

(⇐) Seja v um elemento primitivo de Eω e i um inteiro entre 1 e n. Tome

mi = ω(Hi) ∈ Z≥0 e vi = Yimi+1v/(mi+ 1)! (2)

Pelo Teorema 6.2.2, Xj e Yi comutam para i 6= j. Logo,

Xjvi = XjYimi+1 v (mi+ 1)! = 1 (mi+ 1)! Ymi+1 i Xjv = 0,

7.4 Módulos de dimensão nita 57 pois

XjYiv = [Xj, Yi]v + YiXjv ⇒ XjYiv = YiXjv ⇒ XjYikv = Y k i Xjv.

Por outro lado,

Xiv = (ω(Hi) − (mi + 1) + 1)vi−1= 0vi−1= 0,

visto que ω(Hi) = mi e Xen= (λ − n + 1)en−1 para en= Yn en!. Deste modo,

se vi 6= 0 temos:

• vi tem peso ω − (mi+ 1)αi, pois vi ∈ g−(mi+1)αi(Eω)ω ⊂ (Eω)ω−(mi+1)αi.

• Xαvi = 0, ∀α ∈ S.

Ou seja, vi é elemento primitivo de Eω que é um absurdo pelo Teorema

7.3.1. Portanto vi = 0. Agora, considere Fi o subespaço de Eω gerado pelos

elementos Yp

i v, onde 0 ≤ p ≤ mi. Assim, Fi tem dimensão nita e é um

sα-submódulo de Eω. De fato, o procedimento anterior mostra que Fi tem

dimensão nita e observe que:

(i) Hi(Yiv) = [Hi, Yi]v + Yi(Hiv) = −2Yiv + ω(Hi)Yiv = (−2 + ω(Hi))Yiv,

logo Hi(Yiv) ∈ Fi.

(ii) Xi(Yiv) = [Xi, Yi]v + Yi(Hiv) = Hiv = ω(Hi)v = ω(Hi)Yi0v ∈ Fi.

(iii) Yi(Yiv) = Yi2v ∈ Fi.

Tome Ti o conjunto dos sα-submódulo de Eω de dimensão nita

(Ti 6= ∅, pois Fi ∈ Ti) e Ei0 =

P

F ∈TiF.

Fato 1: Se F ∈ Ti, então gF ∈ Ti.

Sabemos que g e F tem dimensão nita, logo o mesmo acontece com gF . Por outro lado,

sα(gF ) ⊂ gF ⇒ gF ∈ Ti.

Fato 2: E0

i é um g-submódulo de Eω.

Se x ∈ F ∈ Ti, então gx ∈ gF ∈ Ti (ou seja, gx ∈ Ei0). Visto que qualquer

elemento em E0

i é uma soma de elementos em F ∈ Ti, o resultado segue.

Deste modo, como Eω é irredutível e Ei0 é não-nulo (contém Fi), con-

cluímos que Eω = Ei0, isto é, Eω é uma soma de sα-submódulos de dimensão

nita. Considere Pω o conjunto dos pesos de Eω. Vamos mostrar que Pω é

7.4 Módulos de dimensão nita 58 (1) Pω é invariante sob a simetria si associada a raiz αi: Seja π ∈ Pω e

y ∈ (Eω)π com y 6= 0. Assim, y está contido em algum subespaço de Eω

estável sob sα de dimensão nita. Pelo Teorema 7.3.1, π = ω − P kiαi onde

ki ∈ N e pi = π(Hi) = ω(Hi) | {z } ∈Z≥0(hipótese) − P kiαi(Hi) | {z } ∈Z ∈ Z ⇒ pi ∈ Z. Dena x = Ypi i y se pi ≥ 0 e x = X −pi i y se pi ≤ 0. Como y ∈ (Eω)π,

obtemos Hy = π(H)y para todo H ∈ h, em particular, Hiy = π(Hi)y. Caso

pi ≥ 0:

Hix = Hi(Yipiy) = (π(Hi) − 2pi)Yipiy = −π(Hi)x

e assim, devemos ter obrigatoriamente x 6= 0. De fato, sabemos que y ∈ F (F um sα-submódulo de Eω de dimensão nita) e y tem autovalor π(Hi), daí,

o autovalor −π(Hi) também deve ocorrer, isto é, x 6= 0.

De modo análogo, verica-se que se pi ≤ 0, então x 6= 0. Note que o

peso de x é π − piαi = π − π(Hi)αi = π − hπ, Hiiαi = si(π), concluímos que

si(π) ∈ Pω. Portanto, Pω é invariante sob a simetria si.

(2) Pω é nito: Seja π ∈ Pω, logo π = ω − P piαi com pi ∈ N. Sabemos que

−S também é uma base para R. Pelo Teorema 5.4.2, existe w ∈ W(R) tal que w(S) = −S, onde w é um produto de simetrias da forma si e vimos que

w(π) ∈ Pω. Daí, w(π) = ω − P qiαi com qi ∈ N e π = w−1(ω) −Xqiw−1(αi) = w−1(ω) + X riαi com ri ∈ Z≥0. Deste modo, ω −P piαi = w−1(ω) +P riαi ⇒ ω − w−1(ω) =P ciαi

para ci = ri + pi. Isto mostra que para todo peso π ∈ Pω tem-se π =

ω −P piαi com pi ≤ ci para todo i (pi, ci ∈ N), isto é, os coecientes pi são

limitados. Assim, existem nitos pesos em Eω.

Finalizando, vimos que existem nitos pesos em Eω com cada um deles

de multiplicidade nita, onde Eω = P(Eω)π. Portanto, segue que Eω tem

dimensão nita. 

Observação 7.4.1. Se π ∈ Pω e w ∈ W(R), então os pesos π e w(π)

possuem as mesmas multiplicidades. Com efeito, considere ρ : g → gl(Eω)a

representação irredutível de dimensão nita, Xα ∈ gα (α ∈ R+), Yα ∈ g−α e

7.4 Módulos de dimensão nita 59 Armação 1: ad(ρ(Xα)) e ρ(Xα) são endomorsmos nilpotentes. De fato,

Xα age de forma nilpotente em Eω, pois se v ∈ (Eω)µ, Xαkv tem peso µ + kα

e como o conjunto de pesos é nito, existe um k tal que µ+kα = 0 (o mesmo argumento se aplica a Yα).

Armação 2: ead(ρ(Xα)) Aut(ρ(g)) e eρ(Xα) GL(E

ω). Usando a regra

de Leibniz para derivações podemos mostrar que ead(ρ(Xα)) Aut(ρ(g)) (veja

[2], página 8). O segundo fato é trivial, pois o endomorsmo inverso de eρ(Xα)

é e−ρ(Xα).

Armação 3: ead(ρ(Xα))ρ(Z) = eρ(Xα)ρ(Z)e−ρ(Xα). Basta lembrar que ad(ρ(X

α))Z =

ρ(Xα)Z − Zρ(Xα) = (Lρ(Xα)− Rρ(Xα))Z (Lρ(Xα) e Rρ(Xα) são endomorsmos

que comutam). Daí,

ead(ρ(Xα))= eLρ(Xα)e−Rρ(Xα) = L

eρ(Xα)Re−ρ(Xα),

e a armação é válida.

Armação 4: Considere as aplicações

τα = ead(ρ(Xα))ead(−ρ(Yα))ead(ρ(Xα)) ∈Aut(ρ(g)),

ηα = eρ(Xα)e−ρ(Yα)eρ(Xα) ∈GL(Eω).

Então, τα(ρ(Z)) = ηαρ(Z)ηα−1. A vericação é imediata usando a armação

3.

Armação 5: τα(ρ(H)) = ρ(H − α(H)Hα) para H ∈ h. Com efeito,

ead(ρ(Xα))ρ(H) = ρ(H) + [ρ(X α), ρ(H)] = ρ(H) + ρ([Xα, H]) = ρ(H) + ρ(−α(H)Xα) = ρ(H − α(H)Xα), ead(−ρ(Yα))ead(ρ(Xα))ρ(H) = ρ(H − α(H)Xα) + ρ([H − α(H)Xα, Yα]) + 1 2ρ([[H − α(H)Xα, Yα], Yα]) = ρ(H − α(H)Xα− α(H)Yα− α(H)Hα+ 1 22α(H)Yα) = ρ(H − α(H)Hα− α(H)Xα) e nalmente τα(ρ(H)) = ead(ρ(Xα))ρ(H − α(H)Hα− α(H)Xα) = ρ(H − α(H)Hα− α(H)Xα− α(H)Xα+ 2α(H)Xα) = ρ(H − α(H)Hα).

7.4 Módulos de dimensão nita 60 Armação 6: dim Eµ

ω =dim E w(µ)

ω para todo w ∈ W e µ ∈ Pω. É suciente

mostrar este fato para w = sα com α ∈ R+. Tome v ∈ (Eω)µ não-nulo e

H ∈ h, logo

sαµ(H)v = (µ−µ(Hα)α)(H)v = µ(H−α(H)Hα)v = τα(ρ(H))v = ηαρ(H)η−1α v.

Assim, ρ(H)(η−1

α v) = sαµ(H)ηα−1v para todo H ∈ h. Isto signica que,

ηα−1v ∈ (Eω)w(µ), ou seja, ηα−1((Eω)µ) ⊆ (Eω)w(µ). Por outro lado,

ηα−1((Eω)w(µ)) ⊆ Ew

2(µ)

ω = E

µ ω.

Portanto, ηα((Eω)µ) = (Eω)w(µ) e o resultado é válido.

Denição 7.4.1. (i) Λ = ΛW = {λ ∈ h∗ | λ(Hi) ∈ Z, ∀i = 1, . . . , n} é

chamado reticulado dos pesos.

(ii) λ ∈ Λ é dito peso dominante se λ(Hi) ∈ Z≥0, ∀i = 1, . . . , n. O

conjunto dos pesos dominantes é denotado Λ+.

(iii) Seja {Hi} base de h e {ωi} base dual de h∗, ou seja, ωi(Hj) = δij. Os

pesos ωi são chamados pesos fundamentais do sistema de raízes R

(com respeito a S).

Observação 7.4.2. Note que por denição: ωi ∈ Λ+, Λ = Zω1+ · · · + Zωn

e Λ+ = Z

61

8 Fórmulas de Freudenthal e Weyl

Esta seção contém o objetivo principal deste trabalho. Iremos desen- volver alguns métodos para descrever as representações das álgebras de Lie semissimples, como por exemplo, podemos calcular a dimensão destas usando a teoria de pesos e raízes via fórmulas de Freudenthal e Weyl. Algumas des- tas aplicações serão feitas para a álgebra de Lie excepcional g2 na próxima

seção. Caso menção ao contrário, vamos adotar as seguintes notações: • g é uma álgebra de Lie semissimples sobre K de dimensão n, onde K

é um corpo algebricamente fechado de característica zero. • h é subálgebra de Cartan de g, logo temos a decomposição

g= h ⊕M

α∈R

gα,

onde R é o sistema de raízes associado a h e W seu grupo de Weyl. • B é a forma de Killing de g e ( , ) : h∗ × h→ K e a forma bilinear

não-degenerada induzida por B via o isomorsmo h ∼= h∗. • Para cada α ∈ R, considere hα∈ h de forma que α = B(hα, ).

• Hα =

2hα

(α, α) ∈ h.

• S = {α1, . . . , αn} é uma base para R. Assim, temos a decomposição

R = R+∪R˙(união disjunta) e denominamos os elementos de R+ por

raízes positivas. Note que R−= −R+.

• ρ = 1 2 X α∈R+ α. • n = X α>0 gα, n− =X α>0 g−α e b = h ⊕ n. Deste modo, g = n−⊕ h ⊕ n = n−⊕ b.

• Γλ o g-módulo irredutível de peso mais alto λ e mµ a dimensão do

8.1 Câmaras de Weyl 62 Sejam π, µ ∈ E (E como na Subseção 6.1) e dena a relação de ordem parcial em E: dizemos que π é maior ou igual que µ, escrevemos π ≥ µ, se π − µ = P kiαi, onde ki ∈ N para todo i. Sabemos que os pesos de Γλ são

da forma π = λ − P niαi com ni ∈ N para todo i, logo λ ≥ π para todo peso

π de Γλ.

8.1 Câmaras de Weyl

Nesta subseção, g é uma álgebra de Lie qualquer de dimenção nita. Para cada α ∈ R, dena Pα = {λ ∈ h∗ | (λ, α) = 0}, ou seja, o hiperplano

ortogonal a α que particionam E em duas regiões.

Denição 8.1.1. O fecho das componentes conexas de E − Sα∈RPα são

chamadas câmaras de Weyl (fechadas) de E.

Por denição, cada γ ∈ E − Sα∈RPα pertence a uma câmara de Weyl

e a denotemos por C(γ). Dizer que C(γ) = C(γ0)signica que γ e γ0 vivem

no mesmo lado de cada hiperplano Pα com α ∈ R, ou seja, R+γ = R+γ0 ou

Sγ = Sγ0 (notação utilizada em 5.4). Isto mostra que as câmaras de Weyl

estão em correspondência 1-1 com as bases.

Lema 8.1.1. Seja C = {x ∈ E | (x, β) ≥ 0, ∀β ∈ R+}. Então, C é uma

câmara de Weyl.

Demonstração. Inicialmente, considere Pλ1, . . . , Pλk os hiperplanos possíveis.

Sabemos que C está contida em alguma câmara de Weyl C0, pois caso con-

trário, existiria x ∈ C tal que (x, α) < 0 para algum α ∈ S. Considere que C ⊆ C0, mas C0 * C. Logo, existe x ∈ C0 tal que x /∈ C e isto signica

que (x, β) < 0 para algum β ∈ S. Dena a função fβ : C0 → R dada por

fβ(γ) = (γ, β). Assim, fβ é contínua e como C0 é compacto, podemos usar

o Teorema do Valor Intermediário. Daí, existe c ∈ C0 tal que fβ(c) = 0, em

outras palavras, existe um hiperplano diferente dos mencionados que passa na região interior de C0, absurdo. Portanto, C é uma câmara de Weyl. 

Denição 8.1.2. A câmara de Weyl considerada no lema anterior é chamada câmara fundamental de Weyl.

Proposição 8.1.1. Um peso λ é dominante se, e só se, está na câmara fundamental de Weyl.

8.2 Caracteres 63 Lema 8.1.2. Se β ∈ E, então existe w ∈ W tal que (w(β), α) ≥ 0 para todo α ∈ S. Em particular, todo elemento x ∈ E está na W-órbita de um peso dominante.

Demonstração. Fixe β ∈ E e considere w ∈ W tal que (w(β), ρ) é máximo. Então, para todo α ∈ S:

(sαw(β), ρ) = (w(β), sα(ρ)) = (w(β), ρ−α) = (w(β), ρ)−(w(β), α) ≤ (w(β), ρ).

Portanto, o resultado é válido.  Exemplo 8.1.1. A primeira gura ilusta o sistema de raízes do tipo A2

juntamente com os hiperplanos Pγ para γ ∈ R. Já a segunda, exemplica

a câmara fundamental de Weyl. Note que neste caso, existem 6 câmaras de Weyl.

8.2 Caracteres

Considere Λ o reticulado dos pesos que é subgrupo de h∗ relativo a

soma.

Denição 8.2.1. Seja G um grupo abeliano e {ei}i∈I uma família de ele-

mento de G. Dizemos que esta família é uma base para G se é não-vazia e todo elemento x ∈ G pode ser escrito de forma única como

x =Xxiei,

onde xi ∈ Z e xi = 0 para quase todo i, ou seja, a soma é nita. Assim, um

grupo abeliano é livre se possui base e neste caso, é imediato que se Zi = Z

para todo i, temos o isomorsmo G ∼=L

8.2 Caracteres 64 Assim, Λ é um grupo abeliano livre com base formada pelos pesos fundamentais ω1, . . . , ωn.

Observação 8.2.1. Se λ é um peso tal que λ(Hα) ∈ Z≥0 para todo α ∈ R+,

então Γλ tem dimensão nita e o conjunto dos seus pesos é subconjunto de

Λ.

Observação 8.2.2. Note que ρ = P ωi, em particular, ρ ∈ Λ+. De fato, já

sabemos que si(ρ) = ρ − αi, mas também

si(ρ) = ρ − hαi∗, ρiαi = ρ − ρ(Hi)αi.

Comparando as duas igualdades acima, concluímos que ρ(Hi) = 1 para todo

i, logo ρ = P ωi.

Denição 8.2.2. Sejam A um anel comutativo, G um grupo e o conjunto A[G] =

( X

x∈G

axx | ax ∈ A e ax = 0 para quase todo x ∈ G

) .

Denimos a adição em A[G] da forma Px∈Gaxx +

P y∈Gbyy = P x∈G(ax+ bx)x e a multiplicação por Px∈Gaxx P y∈Gbyy  =P z=xyczz, onde cz = P

z=xyaxby. Com estas operações, A[G] é um anel com unidade 1 · e (e é o

elemento neutro de G) e todo elemento neste anel é escrito de forma única em termos dos elementos de G. Chamamos A[G] de álgebra de grupo.

Considere a álgebra de grupo Z[Λ]. Aditivamente, Z[Λ] é um grupo abeliano livre gerado pelos elementos de Λ. Agora, vamos dar uma estrutura multiplicativa para Λ fazendo corresponder cada λ ∈ Λ por eλ de modo que

um elemento f ∈ Z[Λ] é da forma f =X

λ∈Λ

aλeλ, onde aλ é nulo para quase todo λ ∈ Λ

e nesta notação, eλeπ = eλ+π. Por denição, Z[Λ] possui base {eπ} π∈Λ e temos o isomorsmo Z[Λ] ∼= Z[T1±1, . . . , T ±1 n ] eω i 7→ Tiω.

Observação 8.2.3. O grupo de Weyl W age naturalmente em Z[Λ] via w ·X λ aλeλ = X λ aλew(λ), ∀w ∈ W.

8.2 Caracteres 65 Denição 8.2.3. Considere V um g-módulo de dimensão nita. Para cada π peso de V , tome mπ = dim Vπ a multiplicidade de π em V . O elemento

ch(V ) =X

π∈Λ

mπeπ ∈ Z[Λ]

é chamado caractere de V . Note que este elemento está bem denido, pois os mπ's são quase todos nulos e pela Proposição 7.4.1, cada peso de V

pertence a Λ. Caso V é a representação de peso mais alto λ ∈ Λ+, escrevemos

simplesmente ch(V ) = chλ.

Proposição 8.2.1. (a) ch(V ) é invariante sob o grupo de Weyl W. (b) Temos que

ch(U ⊕ V ) = ch(U ) + ch(V ) e ch(U ⊗ V ) = ch(U) · ch(V ). (c) Dois g-módulos de dimensão nita U e V são isomorfos se, e só se,

ch(U ) = ch(V ).

Demonstração. (a): Sabemos que w · eµ= ew(µ) e dim Vµ=dim Vw(µ) para

todo w ∈ W. Logo, w ·ch(V ) = w · X π∈Λ mπeπ ! =X π∈Λ mπew·π = X µ∈Λ mw−1·µeµ = X µ∈Λ mµeµ.

Note que quando fazemos a substituição µ = w · π, π e µ são tomados no mesmo conjunto de elementos. Portanto, w · ch(V ) = ch(V ).

(b): Para a primeira armação, basta observar que (U ⊕ V )π = Uπ⊕ Vπ. Já

na segunda, se P (V ) representa o conjunto dos pesos de V , então P (U ⊗V ) = {π + µ | π ∈ P (U ) e µ ∈ P (V )} e consequentemente, (U ⊗ V )π = M π=α+β (Uα⊗ Vβ). Isto é, dim (U ⊗ V )π = X π=α+β

8.3 O anel de representações 66 (c): (⇒) Trivial.

(⇐)A prova será feita por indução em dim U. Se dim U = 0 (U = 0), então ch(V ) = ch(U) = 0, ou seja, dim V = 0 (V = 0) e consequentemente, U ∼= V. Denote PU o conjunto dos pesos de U, logo PU = PV (pois ch(U) = ch(V )).

Temos que PU 6= ∅ e é nito, assim, existe ω ∈ PU tal que ω + αi ∈ P/ U para

todo i. Se u ∈ Uω é não-nulo, u é elemento primitivo, pois X

αiu ∈ U

ω+αi = 0.

Pela Proposição 7.4.1, o submódulo U1 de U gerado por u é irredutível e tem

peso mais alto ω; pelo Teorema de Weyl, temos que U = U1⊕U2, onde U2é um

submódulo de U. De modo análogo, obtemos V = V1⊕ V2 com V1 irredutível

de peso mais alto ω. Como U1 e V1 possuem o mesmo peso mais alto, eles

são isomorfos (Teorema 7.3.1) o que implica ch(U1) =ch(V1). Usando o item

(b), concluímos que ch(U2) = ch(V2) e pela hipótese de indução, U2 ∼= V2.

Portanto, U ∼= V. 

8.3 O anel de representações

Seja Z[Λ]W a subálgebra de Z[Λ] formada pelos elementos invariantes

sob a ação de W.

Denição 8.3.1. O anel de representações de g, denotado por R(g), é um grupo abeliano livre das classes de isomorsmo [V ] de representações V com dimensão nita módulo a relação

[V ] + [W ] = [V ⊕ W ].

Pelo Teorema de Weyl, segue que R(g) é gerado pelas classes [V ] de repre- sentações irredutíveis. A multiplicação em R(g) é denida por

[V ] · [W ] = [V ⊗ W ].

Observação 8.3.1. O conceito de anel de representações também é válido para os grupos nitos (veja [7], capítulo 9) e, até mesmo, para os grupo de Lie compactos como mostra [8]. Neste contexto, considere G um grupo de Lie com álgebra de Lie g e subgrupo de Cartan H. Para qualquer g-módulo V , a imagem de [V ] ∈ R(g) em Z[Λ] nos fornece o caracter formal de V . O porquê da terminologia caracter vem do seguinte: se X ∈ h, então exp(X) ∈ H age no espaço de peso Vµ como multiplicação dada por exp(µ(X)). Temos

portanto o seguinte resultado (note que uma representação ρ : G → GL(V ) é sempre determinada pelo caracter de sua restrição ao subgrupo de Cartan H):

8.3 O anel de representações 67 Proposição 8.3.1. Se χ(V ) = P mαeα é o caracter formal, então o traço

de exp(X) em V é dado por X

mαexp(α(X)).

Pela Proposição 8.2.1, a aplicação

ch : R(g) → Z[Λ] [V ] 7→ P

dim(Vλ)eλ

é um homomorsmo de anéis, onde Vλ é o espaço de peso; ch manda a

unidade C de R(g) na unidade 1 = e0 em Z[Λ]; a invariância de ch(V ) sob a

ação do grupo de Weyl implica que ch(R(g)) ⊆ Z[Λ]W.

Como os elementos de Z[Λ] são escritos de forma única como combina- ção linear dos eµ e toda representação é determinada pelos seus espaços de

peso juntamente com suas multiplicidades, a aplicação ch é injetiva. Nosso próximo passo é mostrar que R(g) ∼= Z[Λ]W. Para isto, considere os pesos fundamentais ω1, . . . , ωn e Γ1, . . . , Γn as classes em R(g) das representações

irredutíveis de peso mais alto ω1, . . . , ωn, respectivamente.

Proposição 8.3.2. Todo elemento f ∈ Z[Λ] que é xado pela ação do grupo de Weyl W pode ser expresso de forma única como uma combinação Z-linear dos chλ tais que λ ∈ Λ+.

Demonstração. Considere f = cλ1e

λ1 + · · · + c

λme

λm ∈ Z[Λ]W, onde c

λi 6= 0

para todo i = 1, . . . , m e dena o conjunto Mf dos elementos µ ∈ Λ+ tais

que µ ≤ λi para todo λi ∈ Λ+ com cλi 6= 0.

Armação 1: Mf é nito. Fixe λ ∈ Λ+. Vamos mostrar que o número de

pesos dominantes µ ≤ λ é nito. Por hipótese, λ + µ ∈ Λ+ e λ − µ é soma de

raízes simples com coecientes naturais. Logo, 0 ≤ (λ + µ, λ − µ) = (λ, λ) − (µ, µ). Deste modo, µ pertence ao conjunto A = {x ∈ E | (x, x) ≤ (λ, λ)}. Como A é limitado e fechado (f : E → R≥0dada por f(x) = (x, x) é contínua

e f−1([0, (λ, λ)]) = A), segue que A é compacto. Agora, considere o conjunto

discreto Λ+ (um conjunto Y ⊂ X é dito discreto se não possui pontos de

acumulação) que é fechado por vacuidade. Assim, A ∩ Λ+ é compacto, pois é

limitado e fechado. Nosso próximo passo é mostrar que A ∩ Λ+ é nito. Para

isto, se z ∈ Λ+, então existe uma vizinhança Y

z de z tal que Yz∩ Λ+ = {z}.

Deste modo, Y = {Yz| z ∈ Λ+}é uma cobertura aberta de Λ+, em particular,

de A ∩ Λ+. Visto que A ∩ Λ+ é compacto, Y possui uma subcobertura

8.3 O anel de representações 68 propriedade de que Xk∩ Λ+ contém exatamente um ponto, logo A ∩ Λ+∩ Xk

contém no máximo um ponto. Daí, (A ∩ Λ+) ∩ n [ k=1 Xk= n [ k=1

(A ∩ Λ+∩ Xk) contém no máximo n pontos.

Como A ∩ Λ+ n [ k=1 Xk, obtemos que A ∩ Λ+ = (A ∩ Λ+) ∩ n [ k=1 Xk contém no

máximo n pontos e, portanto, é nito.

A prova desta proposição é feita por indução no número de elementos do conjunto Mf.

Armação 2: Se Mf = ∅, então f = 0. De fato, suponha f 6= 0. Logo,

existe λk ∈ Λ tal que cλk 6= 0 e pela Lema 8.1.2, existe w ∈ W tal que

w · λk = πk ∈ Λ+. Como f é invariante sob a ação de W (w · f = f, para

todo w ∈ W) e a expressão de f é única, concluímos que se f 6= 0, então algum dos λi é dominante com cλi 6= 0. Assim, se λs é o menor destes, temos

que λs ∈ Mf, ou seja, Mf 6= ∅.

Agora, tome γ ∈ Λ+ o maximal dos elementos λ ∈ Λ+ tais que c λ 6= 0

e dena g = f − cγchγ (note que g satisfaz as hipóteses da proposição).

Armação 3: Mg & Mf. Com efeito, seja

g = cλ1e λ1 + · · · + c λne λn+ c γeγ+ Θ | {z } f −cγ(mβ1e β1 + · · · + m βke βk + eγ+ Ω) | {z } chγ ,

onde Θ e Ω são as partes não-nulas de f e chγ, respectivamente, em que

não aparecem os pesos dominantes. Na expressão anterior de g, estamos considerando todos os cλi e mβ1 não-nulos. Tome x ∈ Mg, logo, x ∈ Λ

+ e x ≤

λ1, . . . , λn, β1, . . . , βk onde cλi 6= 0 (∀i = 1, . . . , n) e mβj 6= 0 (∀j = 1, . . . , k).

Isto implica que x ≤ γ (os pesos dominantes que aparecem na expressão de chγ são todos menores que γ) e portanto, x ∈ Mf. Mas, γ /∈ Mg, pois

γ > λ1, . . . , λn, β1, . . . , βk.

Por indução, a proposição é válida para g e, consequentemente, para f. Agora, suponha que f possua duas expressões

a1chλ1 + · · · + anchλn = b1chβ1 + · · · + bmchβm, (1)

onde m ≥ n, λ1 > · · · > λn e β1 > · · · > βm. Inicialmente, note que os pesos

que ocorrem do lado esquerdo de (1) também devem ocorrer do lado direito, pois os elementos chλ são escritos de forma única como combinação dos eπ's.

8.3 O anel de representações 69 Diante disso, o peso mais alto que ocorre do lado esquerdo de (1) também deve ocorrer do lado direito. Assim, λ1 = β1 e consequentemente, a1 = b1,

pois o coeciente de eλ1 é a

1 e o de eβ1 é b1. Subtraindo a1eλ1 de ambos

os lado, encontramos uma nova igualdade de modo que o peso mais alto à esquerda é λ2 e à direita, eβ2. Pelo mesmo procedimento acima, concluímos

que λ2 = β2 e a2 = b2. Repetindo este processo n vezes, encontramos que

λi = βi e ai = bi para todo i = 1, . . . , n. Além disso, bk = 0 para todo

n < k ≤ m. Portanto, f é escrito de forma única.  Teorema 8.3.1. (a) R(g) é o anel de polinômios nas variáveis Γ1, . . . , Γn.

(b) O homomorsmo R(g) → Z[Λ]W é um isomorsmo. Em particular, Z[Λ]W é o anel de polinômios nas variáveis ch(Γ1), . . . , ch(Γn).

Demonstração. Considere as variáveis U1, . . . , Un e as aplicações

Z[U1, . . . , Un] → R(g) → Z[Λ]W

Ui 7→ Γi.

Se esta composição é um isomorsmo, visto que a segunda aplicação é inje- tiva, temos que as duas aplicações são isomorsmo. A proposição anterior nos diz que todo elemento f ∈ Z[Λ]W é da forma f = a

1chλ1 + · · · + akchλk

para ai ∈ Z e λi ∈ Λ+. Tome λj com j = 1, . . . , k e considere os casos:

Caso 1: Se Vλj = V1⊗ · · · ⊗ Vk, então ch(V1 ⊗ · · · ⊗ Vk) =ch(V1) · · ·ch(Vk)

pela Proposição 8.2.1. Agora, usamos o Teorema de Weyl para decompor os Vi's na soma das representações irredutíveis Γ1, . . . , Γn e aplicamos nova-

mente a Proposição 8.2.1 para obter chλj como soma de monônimos do tipo

Qch(Γ

i)mi.

Caso 2: Se Vλj não é igual ao produto tensorial de representações, basta

aplicar o Teorema de Weyl e a Proposição 8.2.1 à Vλj para encontrar a ex-

pressão:

chλj =ch(Vλj) = ch(rj1(Γ1) ⊕ · · · ⊕ rjnΓn) = rj1ch(Γ1) + · · · + rjnch(Γn),

(aqui usamos o abuso de notação rjs(Γs) para representar rjs vezes a soma

de Γs) para todo j = 1, . . . , k. Assim, concluímos que Z[Λ]W é o anel de

polinômios nas variáveis ch(Γ1), . . . ,ch(Γn)e o resultado segue. 

Exemplo 8.3.1. Vimos que quando g = sl(2, C), as representações irredu- tíveis são da forma

8.3 O anel de representações 70 A álgebra de grupo Z[Λ] é isomorfa a Z[t, t−1]com em = tm. Como g possui

somente uma raiz, o grupo de Weyl é formado por dois elementos, sendo que o elemento não-trivial age em Z[Λ] por t ↔ t−1. Pelo teorema anterior, o

anel de representações de g é Z[Γ1] = Z[W1], pois ω1 = 12α e ω1(H) = 1 (ou

seja, Γ1 é a representação irredutível de peso mais alto 1). Pela equação (1),

ch(Wm) = tm+ tm−2+ · · · + t−(m−2)+ t−m =

tm+1− t−(m+1)

t − t−1 ·

Assim, Z[Λ]W = Z[ch(Γ

1)] = Z[t + t−1]. Note ainda que

ch(Wn⊗ Wm) = ch(Wn) ·ch(Wm) = (tn+1− t−n−1)(tm+1− t−m−1) (t − t−1)2 = t m+n+2− tm−n+ t−m−n−2− tn−m (t − t−1)2 ·

Exemplo 8.3.2 (Generalização do exemplo anterior). Se g = sln+1 é a ál-

gebra de Lie das matrizes quadradas de ordem n + 1 sobre C e traço nulo, então a subálgebra h ⊂ g das matrizes diagonais H = diag(a1, . . . , an+1)com

P ai = 0 é uma subálgebra de Cartan. Além disso,

h∗ = C{L1, . . . , Ln+1} (L1+ · · · + Ln+1 = 0) , sendo que Li      a1 0 · · · 0 0 a2 · · · 0 ... ... ... ... 0 0 · · · an+1      = ai.

Logo, as raízes de g são dadas por αi,j = Li − Lj (i 6= j) e o conjunto dos

αi = αi,i+1 (1 ≤ i ≤ n) formam uma base para o sistema de raízes R de

g. Os elementos Hi que correspondem a αi via o isomorsmo h∗ ∼= h são

matrizes com entradas ai = 1, ai+1 = −1 e aj = 0 se j 6= i, i + 1 e os pesos

fundamentais são ωi = L1+ · · · + Li. Deste modo, gαi,j = heiji(eij é a matriz

com entrada 1 na posição (i, j) e 0 nas remanescentes) e Λ = Z{L1, . . . , Ln+1}

(L1+ · · · + Ln+1 = 0)

·

Considere Γi a representação irredutível de peso mais alto ωi e dena xi =

eLi ∈ Z[Λ]. Verica-se que Γ 1 = V = Cn+1, Γ2 = V2 V, . . . , Γn = Vn V, com V a representação fundamental de g. O caractere de Γk é P eα, sendo que

α é soma de k diferentes Li para 1 ≤ i ≤ n + 1. Logo, ch(Γk) = Ak, onde Ak

é a k-ésima função elementar nas variáveis x1, . . . , xn+1. Também, o grupo

de Weyl é o grupo simétrico Sn+1 que age em Z[Λ] permutando os índices e

pelo Teorema 8.3.1,

8.4 Fórmula de Freudenthal 71 Teorema 8.3.2 (Clebsch-Gordon). Se Wi é o sl2(C)-módulo irredutível de

dimensão i + 1 e m > n, então

Wn⊗ Wm ∼= Wn+m⊕ Wn+m−2⊕ Wn+m−4⊕ · · · ⊕ Wm−n.

Demonstração. Basta calcular o caractere da parte à direita da igualdade e comparar ao que encontramos no Exemplo 8.3.1. 

8.4 Fórmula de Freudenthal

Considere uma representação injetiva ϕ : g → gl(V ) de g e dena a forma bilinear simétrica associativa β(X, Y ) = tr(ϕ(X)ϕ(Y )). Denote S = Rad(β). Armamos que β é não-degenerada. De fato, temos o isomorsmo g ∼= ϕ(g) e fazendo ϕ|S obtemos S ∼= ϕ(S). Também,

β(X, Y ) = tr(ϕ(X)ϕ(Y )) = 0, ∀ϕ(X), ϕ(Y ) ∈ ϕ(S)

pela denição de S. Em particular, β(X, Y ) = 0 para todo ϕ(X) ∈ [ϕ(S), ϕ(S)] ⊂ ϕ(S)e ϕ(Y ) ∈ ϕ(S). Pelo Critério de Cartan, ϕ(S) é solúvel, logo S é solúvel. Portanto, S = 0 pois g é semissimples.

Assim, se {Xi}ni=1 é uma base de g, existe {Yi}ni=1 outra base de g que

é dual a anterior com respeito a β, ou seja, β(Xi, Yj) = δij.

Denição 8.4.1. Deste modo, o elemento de Casimir (em relação a ϕ) é dado por

cϕ =P ϕ(Xi)ϕ(Yi) ∈ End(V ),

onde {Xi}ni=1 e {Yi}ni=1 são bases de g duais em relação a forma de Killing.

Proposição 8.4.1. (a) O elemento de Casimir cϕindepende da base {Xi}ni=1.

(b) Se ϕ é uma representação irredutível de g, pelo Lema de Schur, cϕ(v) = λv com λ ∈ K.

(c) c é um endomorsmo de V que comuta com qualquer outro endomor- smo de V , isto é, [γ, c] = 0 para todo γ ∈ End(V ).

8.4 Fórmula de Freudenthal 72 Se considerarmos a forma de Killing B (bilinear, simétrica, alternada e não-degenerada), já vimos que B|h×h é não-degenerada, assim, tome {Hi}ri=1

e {H0

i}ri=1 bases de h duais em relação a B. Pela decomposição de g em

espaços de raízes, para obtermos uma base de g basta tomar Xα ∈ gα

(1-dimensional), logo {Hi}ri=1∪{Xα}α∈Ré base de g. Agora, se Yα ∈ g−α, con-

sidere a subálgebra de g isomorfa ao sl2 gerada pelos elemtentos Xα, Hα, Yα

e dena X0 α = (α,α) 2 Yα. Daí, {H 0 i}ri=1∪ {X 0

α}α∈R é base de g dual a anterior

(com respeito a B). De fato, B(Xα, Xα0) = B  Xα, (α, α) 2 Yα  = (α, α) 2 B(Xα, Yα) = (α, α) 2 2 (α, α) = 1 e o resultado segue pelo Teorema 6.1.2. Deste modo, o elemento de Casimir em relação à ad é: cad = r X i=1 ad(Hi)ad(Hi0) + X α∈R ad(Xα)ad(Xα0)

e esta construção nos sugere considerar o elemento cg= r X i=1 HiHi0 + X α∈R XαXα0 ∈ U(g).

Se estendermos ad a um homomorsmo de álgebras associativas ad: U(g) → End(g), então ad(cg) = cad. Assim, chamamos cad de elemento

universal de Casimir de g e o denotamos simplesmente por c.

Na demonstração da Fórmula de Freudenthal, vamos precisar dos se- guintes lemas:

Lema 8.4.1. Sejam V e W dois espaços vetoriais de dimensão nita. Se A : V → W e B : W → V são operadores lineares, então

trV(BA) = trW(AB).

Demonstração. Considere dim V = n e dim W = m. Fixando uma base para V e W , as matrizes dos operadores BA : V → V e AB : W → W são respectivamente (BA)ki = m X j=1 BkjAji e (AB)pq = n X r=1 AprBrq

8.4 Fórmula de Freudenthal 73 para k, i = 1, . . . , n e p, q = 1, . . . , m. Deste modo,

trV(BA) = n X k=1 (BA)kk = n X k=1 m X j=1 BkjAjk = m X j=1 n X k=1 AjkBkj = m X j=1 (AB)jj =trW(AB).  Lema 8.4.2. Seja Γλ o g-módulo irredutível de peso mais alto λ ∈ Λ+ e µ

um peso de Γλ tal que λ 6= µ. Então,

(µ + ρ, µ + ρ) < (λ + ρ, λ + ρ). A igualdade é válida se, e só se, µ = λ.

Demonstração. A ideia da prova é: dado um peso µ com λ 6= µ, podemos encontrar um peso µ0 tal que µ < µ0 e a inequação

(µ + ρ, µ + ρ) < (µ0+ ρ, µ0+ ρ)

é válida. Sendo assim, considere µ com λ 6= µ. Um possível candidato para µ0 é a simetria com αi que é um peso de Γλ pelo argumento abordado no

Teorema 7.4.1. Relembre que

µ0 = si(µ) = µ − hα∗i, µiαi = µ − 2 (αi, µ) (αi, αi) αi. Daí, (µ0+ ρ, µ0+ ρ) = (µ − hα∗i, µiαi, µ − hα∗i, µiαi) = (µ + ρ, µ + ρ) − 2(µ + ρ, hα∗i, µiαi) + hα∗i, µi 2 i, αi).

Usando que 2(αi, µ) = hα∗i, µi(αi, αi), obtemos

(µ0+ ρ, µ0+ ρ) − (µ + ρ, µ + ρ) = −2(µ + ρ, hα∗i, µiαi) + hα∗i, µi

2

(αi, αi)

= −2hα∗i, µi(αi, µ) − 2hα∗i, µi(αi, ρ) + hα∗i, µi2(αi, αi)

= −hα∗i, µi2(αi, αi) − 2hα∗i, µi(αi, ρ) + hα∗i, µi 2 i, αi) = −2hα∗i, µi(αi, ρ). De 1 = hα∗ i, ρi = 2 (αi,ρ)

(αi,αi), segue que (αi, ρ) > 0. Além disso, hα

i, µi = µ(Hi)

é um número real. Deste modo, se existe um i tal que hα∗

Documentos relacionados