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RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar a variação da capacidade de decisão dos árbitros de futebol de campo, levando em consideração sua prática deliberada. A variação da capacidade de decisão foi identificada através da quantidade de acertos, ao realizar o Video-Test Interactivo elaborado pela Federação Internacional de Futebol Association. A amostra foi composta de 28 sujeitos do sexo masculino filiados à Federação Cearense de Futebol, sendo 15 enquadrados num grupo de experientes (GE, idade 34,15±3,84 anos, massa corporal 80,74±8,71 kg, altura 179,38±6,91 cm, IMC 25,04±1,78 kg/m2 e VO

2máx 44,28±2,11 ml.kg.min- 1), e 13 do grupo de não experientes (GNE, idade 28,60±5,06 anos, massa corporal 72,56±9,31 kg, altura

173,20±4,37 cm, IMC 24,14±2,53 kg/m2 e VO

2máx 44,37±2,78 ml.kg.min-1). Os grupos apresentaram

diferenças significativas na quantidade de distância percorrida no primeiro tempo e na quantidade de acertos do pós-teste, com melhores resultados em ambos para o grupo dos experientes (p<0,05). O presente estudo concluiu que a experiência favorece o árbitro na tomada de decisão e a idade elevada dos sujeitos não prejudica o desempenho arbitrando uma partida.

Palavras-chave: árbitro, futebol de campo, tomada de decisão, vídeo teste experiência.

ABSTRACT

The aim of this study was to analyse the variability of decision capacity of field football referees, taking into consideration their deliberate practice. The variation of the decision-making capacity was identified through the number of hits when performing interactive videotest prepared by the Federation Internationale of Football Association. Participated in this study 28 male subjects affiliated to the Football Federation Cearense, 15 in Expert Group (EG: age 34,15±3,84 in years, body mass 80,74±8,71 kg, height 179,38±6,91 cm, BMI 25,04±1,78 kg/m2 and in VO

2max 44,28±2 em ml.kg.min-1), and 13 in Non Expert Group (NEG:

age 28,60±5,06 in years, body mass 72,56±9,31 kg, height 173,20±4,37cm in, BMI 24,14±2,53 kg/m2 and

in VO2max 44,37±2,78 in ml.kg.min-1). Groups differed significantly only concerning the amount of

distance in the first half time as well as the amount of correct post-test hits, wherein the experienced referees were better in both (p<0,05). This study concluded that the referee favours experience in decision- making and advanced age does not affect referee performance.

Keywords: referee, soccer, decision-making, video test, experience. INTRODUÇÃO

Os árbitros da elite do futebol costumavam atingir o pico da sua carreira oficial com idade média consideravelmente mais avançada do que as observadas nos jogadores. Devido a experiência era considerada um pré-requisito fundamental para um árbitro alcançar a elite da arbitragem. Em 2002, a idade dos árbitros de futebol que arbitraram a partir das quartas de

final na copa do mundo foi de 41±4 anos (Castagna, Abt, D’Ottavio, & Weston, 2005). Porém, Atualmente nos deparamos com uma nova tendência de renovação gradual na arbitragem e nos jogadores com maior intensidade, que reflete em árbitros cada vez mais jovens iniciando sua atuação em jogos importantes com menos experiência em arbitragem, consequência do número reduzido de

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partidas em que os mesmos tiveram a oportunidade de participarem.

Sob o ponto de vista físico, o árbitro procura realizar o seu trabalho de forma mais econômica, isto é, com o menor esforço possível, com o objetivo de driblar a fadiga, reconhecida como um dos fatores que podem interferir na qualidade da arbitragem (Helsen & Bultynck, 2004). Todavia esta economia na execução de movimentos surge com o aperfeiçoamento de ações motoras características da função de árbitro adquiridas através de técnicas específicas, uma vez que a intensidade do exercício durante um jogo é considerada em grande parte submáxima com uma mudança na atividade a cada 6 segundos (Catterall, Reilly, Atkinson, & Coldwells, 1993). Os árbitros podem se envolver em situações nas quais não aplicam as regras corretamente, isto requer sensibilidade e atenção durante uma partida muitas vezes adquirida com pratica deliberada, pois estudos já mostraram que o desempenho real é importante para a aquisição de habilidades e requinte (MacMahon, Helsen, Starkes, & Weston, 2007).

O árbitro precisa ser analisado na maneira mais ampla possível, pois se verificou que os erros nas decisões dos árbitros estavam mais concentrados nos primeiros 15 minutos de jogo de cada período, embora seus níveis de precisão não estivessem relacionados com variáveis como velocidade de movimento, Frequência Cardíaca (FC) e distância percorrida (Mascarenhas, Button, O’Hara, & Dicks, 2009).

Portanto, outros fatores podem estar interferindo nas decisões no início do jogo, faz-se necessário que os árbitros estabeleçam uma escala de julgamento a fim de evitar confusões na aplicação das regras e sanções disciplinares, mantendo equidade nos critérios. Sobre as mudanças nos julgamentos, encontramos um estudo que verificou que os árbitros quando julgam cenas dentro do contexto do jogo aplicavam menos cartões amarelos que os árbitros que as observavam em ordem aleatória cenas fora do jogo (Unkelbach & Memmert, 2008). Logo, concluímos que fatores como o contexto no qual o sujeito está inserido e a forma como as situações decisivas são apresentadas

podem interferir nas suas Tomadas de Decisões (TD).

Investigações que relacionem os efeitos do jogo com a capacidade de decisão em árbitros de futebol de campo de diferentes níveis de experiência, podem analisar se a intensidade de esforço realizado durante uma partida e o seu contexto interfere no seu estado cognitivo frente às TD, já que ainda não se conhece na literatura esta relação. Logo este estudo auxiliará a arbitragem a reduzir a magnitude das ações que interferem e prejudicam nas tomadas de decisões. O objetivo do estudo foi analisar a variação da capacidade de decisão dos árbitros de futebol de campo em função da experiência, através de um VideoTest Interactivo (VTI) realizado antes e após uma partida, levando em consideração os efeitos de carga interna sofrido durante o jogo.

MÉTODO

A presente pesquisa foi composta por variáveis qualitativas nominais, referentes à experiência dos árbitros e de variáveis quantitativas de razão, referentes ao peso, altura, idade, frequência cardíaca, distância percorrida e quantidade de acertos nos VTI.

Participantes

A amostra foi selecionada objetivamente por conveniência e disponibilidade dos sujeitos sendo constituídos por dois grupos divididos de acordo com a classificação em vigor na FCF no ano de 2011. Os árbitros experientes (13) eram compostos pelos quadros: CBF(4) e A(9) e os não experientes (15) pertenciam aos quadros B(9) e C(6) totalizando 28 árbitros.

Todas as medições obedeceram ao estipulado por (Harriss & Atkinson, 2015) relativamente aos aspectos éticos.

Instrumentos e Procedimentos

A altura foi identificada através de um estadiómetro com precisão de 0,1 cm (Sanny, ES2060, Brazil). O peso corporal foi obtido através de uma balança digital com precisão de 0,1 kg (Tech Line, TEC130) com um intervalo de 1% -75%. Para obter uma breve estimativa da composição corporal, o índice de massa corporal foi calculado através da relação entre o peso

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corporal e o quadrado da estatura, em metros, conforme mostra a equação:

𝐼𝑀𝐶 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎2

Para identificar a intensidade de esforço empregada pelo árbitro como frequência cardíaca e distância percorrida foi utilizado o aparelho (Polar Team System, Polar® RS800CX, Kempele, Finland) composto de um relógio de pulso, uma cinta elástica ajustável (colocada na altura do apêndice xifoide com sensores para detectar e transmitir a FC para o relógio) e um sensor de satélites GPS.

Para verificar a quantidade de acertos nas TD foi utilizado um Video-Test Interactivo VTI (FIFA, 2008), o qual mostrava cenas de jogo sujo, ou seja, situações de faltas em potencial, aos árbitros antes e após o jogo, o teste exibia o vídeo e repetia a imagem em três ângulos diferentes, com variações de velocidades para a visualização e análise do árbitro, na seguinte ordem: (i) imagem aberta com velocidade normal. (ii) imagem mais próxima em câmera lenta e ângulo de visão diferenciado. (iii) imagem aberta com velocidade normal. Cada vídeo teste foi composto por 20 vídeos, selecionados aleatoriamente no bando de dados do VTI.

Após a visualização do vídeo, aparecia uma tela, em idioma Espanhol, no qual o árbitro tomava uma decisão em 10 sobre a situação exposta naquele momento devendo informar se a situação consistia em: a) tiro livre direto, b) tiro livre indireto, c) tiro penal ou d) não houve falta. Quanto à parte disciplinar também deveria informar se a falta era: a) sem cartão, b) cartão amarelo ou c) cartão vermelho. Para a TD ser considerada correta, o árbitro precisaria acertar a decisão técnica e disciplinar.

Foi elaborada uma ficha individual de coleta de dados, com o objetivo de coletar as informações dos sujeitos para a caracterização da amostra que foram: o tempo de experiência destinado à arbitragem em anos (prática deliberada) (Casajus & Castagna, 2007), a idade, o peso, a altura e o IMC.

Os árbitros foram convidados a comparecer em local de fácil localização, com sala reservada

para a realização da avaliação antropométrica, de maneira individual, vestidos com calções e camisas visando garantir a integridade física e moral dos participantes. A avaliação foi realizada de acordo com os padrões internacionais de medições antropométricas (Marfell-Jones, Olds, Stewart, & Carter, 2006). Neste mesmo dia

Após a familiarização, foi realizado o teste final de forma individual para garantir o controle da coleta de dados e determinar a FC máxima de cada árbitro, já que se fez necessário o ajuste do aparelho (Polar Team System, Polar® RS800CX, Kempele, Finland) composto de um relógio de pulso, uma cinta elástica ajustável (colocada na altura do apêndice xifoide com sensores para detectar e transmitir a FC para o relógio), um sensor de satélites GPS e um sensor de passadas e velocidade, (colocado na parte superior de um pé), antes de realizar o Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1- YYIRTL1 (Jens Bangsbo, Iaia, & Krustrup, 2008) foram inseridas no relógio as informações referentes ao peso, altura, data, sexo e em seguida os sujeitos foram orientados a alongar-se e realizar 10 minutos de aquecimento, seguido de um breve descanso de 3 minutos para iniciar o teste.

Após o árbitro ser contemplado com uma escala para arbitrar uma partida, o aplicador se direcionava para o estádio de jogo com duas horas de antecedência do horário determinado para o início da partida para assegurar a reserva de um ambiente dentro do vestiário dos árbitros para a aplicação do VTI sem a interferência dos colegas ou de outras pessoas que ocasionalmente surgissem no vestiário.

O árbitro foi orientado para estar à disposição 30 minutos antes do início da partida para poder realizar o pré-teste. Durante a aplicação o árbitro ficava sentado, de frente para o computador com o auxílio de um mouse para clicar nas respostas que julgassem corretas. As informações finais sobre os procedimentos para a análise das imagens foram repassadas pelo aplicador momentos antes do início do teste, objetivando uma revisão prévia além de assegurar a correta aplicação do teste para verificar a capacidade de TD antes e após o jogo.

Para aplicar o VTI foi necessário instalar o referido programa previamente em um

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computador portátil (ACER, Aspire 5742G) com tela de 15 polegadas no qual o árbitro visualizava o teste. Apesar de estar diretamente inserido no contexto de uma partida o teste foi semelhante ao estudo em que árbitros assistentes analisavam imagens de vídeos e comparavam com análises de animações de computador para investigar a melhor forma de treinamento para melhorar a TD fora de campo (Catteeuw, Gilis, Jaspers, Wagemans, & Helsen, 2010).

Durante o jogo os árbitros foram monitorados com o objetivo de verificar a intensidade de esforço realizada durante cada tempo da partida, todos foram previamente familiarizados com o uso frequencímetro, recebendo instruções básicas assegurando o aprendizado de como acioná-lo e pará-lo corretamente. O equipamento foi colocado ainda no vestiário, logo após a realização do VTI e acionado no início do jogo, parado no final do primeiro tempo, reiniciado no início do segundo tempo e finalizado ao término do final do segundo tempo pelo próprio árbitro, o equipamento só foi retirado após a realização do último VTI. Ao término do teste, o aplicador salvava as respostas no computador para impressão e análise posterior.

Durante a partida foi observado no primeiro tempo 1T e no segundo tempo 2T, a permanência dos árbitros nas cinco zonas de esforço distintas (J Bangsbo, 1994; D’Ottavio & Castagna, 2001; Krustrup & Bangsbo, 2001), considerando como FCmáx o valor obtido com a aplicação do Yo-Yo teste: 1- Recuperação passiva (<65% FCmáx), 2- Recuperação ativa (65–75% FCmáx), 3- Baixa intensidade (76– 85% FCmáx), 4- A alta intensidade (86–95% FCmáx) e 5- Esforço máximo (>95% FCmáx).

Todo o procedimento de aplicação do VTI se repetia imediatamente após o término da partida.

Análise estatística

Os dados foram inspecionados no sentido de detectar outliers (+-3SD) e testados suas distribuições de normalidade através do teste de Shapiro-Wilk, por ser mais apropriado para amostras de pequena dimensão (n < 30) (Maroco, 2010; Vincent, 2005). Para a análise das variáveis referentes à prática deliberada foi

utilizada estatística descritiva (média e desvio padrão) para reunir informações sobre os dados biográficos. Para verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os árbitros experientes e inexperientes no que se refere à quantidade de acertos do VTI antes e após o jogo, foi testada pelo recurso a um modelo de análise de covariância (ANCOVA), o teste permitiu comparar os valores da quantidade de acertos no pós-teste (variável dependente) entre os árbitros experientes e não experientes (variável independente), salvaguardando o fato dos grupos terem valores de pré-teste distintos, efeito que foi calculado e controlado (covariável) (Dimitrov & Rumrill, 2003; Maroco, 2010). Na sequência de terem sido detectados alguns desvios à normalidade em algumas variáveis, relativamente para testar se existiram diferenças na carga interna sofrida durante o jogo foi testada com recurso ao teste não paramétrico de Wilcoxon. Neste caso, foram comparadas as medianas das variáveis em estudo, entre primeira e segunda parte do jogo, separadamente para o grupo de árbitros experientes e não experientes. Neste mesmo seguimento, para verificar a existência de diferenças no que se refere à distância percorrida durante o jogo foi testada através da determinação de matrizes de correlação (rho de spearman), utilizado para quantificar a intensidade da associação entre as variáveis e o sentido que elas ocorrem (Maroco, 2010). O tratamento de dados foi efetuado com o software Statistical Package for Social Sciences® – SPSS 18. E o nível de significância para todos os testes foi de p≤0,05.

RESULTADOS

A tabela 1 descreve os valores referentes à frequência cardíaca, distâncias percorridas e velocidades dos sujeitos nas condições consideradas. Foi possível verificar que os valores de desvio padrão no GE foram maiores que a média, relativamente ao tempo de permanência na FC_Z1 e FC_Z2, e no GNE apenas na FC_Z1 caracterizando muita dispersão. O GE foi diferente nas variáveis: FC_Z3, FC_Z5, velocidade média, cadência média e largura da passada entre o 1T e 2T, com valores mais elevados na 2ª parte do jogo apenas em FC_Z3,

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para GNE os valores do 1T e 2T do jogo foram idênticos, exceto em FC_Z5. Houve diferenças significativas entre o 1T e 2T no que se refere a FC máx e méd do GNE (p<0,05), para o GE os valores foram idênticos.

O total de distância percorrida de ambos os grupos foi maior no primeiro tempo de jogo, contudo o GE sempre se manteve superior considerando os dois tempos de jogo.

Não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre o GE e GNE referente à quantidade de acertos do pré-teste, apenas no pós-teste (p<0,05). Pois, controlando

o valor do pré-teste, no final os árbitros do GE conseguiram acertar mais respostas, no que se referente à aplicação do vídeo teste interactivo pós-jogo. Através da análise de covariância observa-se um efeito estatisticamente significativo da variável: acertos pré-jogo (F(1,25) =

15.44; p = 0,001; ηp2 = 0.382; potência = 0.965)

sobre a variável: acertos pós-jogo. A dimensão do efeito coloca-o na classe de efeitos de dimensão muito elevada. Por outro lado, considerando o efeito do grupo (F(1,25) = 6.68; p = 0,016; ηp2 =

0.211; potência = 0.700) verificamos um efeito médio e uma potência mais reduzida (Tabela 2).

Tabela 1

Diferenças entre os grupos e entre momentos nas variáveis dependentes da amostra

Variável Grupo 1T Média e Desvio Padrão 2T

FC máx (bpm) GE 180.46 ±9.31 181.62 ±15.84 GNE§ 182.20 ±7.90 179.13 ±8.62 FC med (bpm) GNEGE § 157.23 ±12.92 155.93 ±9.61 155.31 ±12.43 152.2 ±11.06 FC_Z1 (seg) GE 48.77 ±51.39 144.08 ±341.14 GNE 60.0 ±65.60 88.67 ±153.55 FC_Z2 (seg) GNE GE 289.77 ±398.11 370.93 ±346.23 452.38 ±633.205 556.33 ±546.14 FC_Z3 (seg) GE§ 746.00 ±495.37 928.62 ±448.50 GNE 990.33 ±540.20 970.40 ±376.36 FC_Z4 (seg) GE 1266.31 ±523.41 1158.46 ±668.72 GNE 1056.93 ±495.54 1116.93 ±714.92 FC_Z5 (seg) GNE GE§ 487.00 ±584.29 350.73 ±434.12 250.69 ±364.34 214.27 ±257.66 Distância percorrida (m) GE 4727.54 ±397.67 4624.54 ±421.79 GNE 4428.67 ±424.92 4423.47 ±560.99 Velocidade média (km.h- 1) GE£ 7.83 ±0.37 7.50 ±0.36 GNE 7.53 ±0.46 7.32 ±0.63 Distância total percorrida

(m)

GE 9352.08 ±740.10

GNE 8852.13 ±926.38

† Mann Whitney U α<0.05 entre grupos; ¥ Mann Whitney U α<0.01 entre grupos; § Wilcoxon α<0.05 entre 1T e 2T; £ Wilcoxon α<0.01 entre 1T e 2T

Tabela 2

Diferenças entre os grupos e entre momentos da amostra na variável dependente: Acertos

Variável Grupo Média e Desvio Padrão

GE§£ GNE

Acertos Pré 11.92 ±2.90 10.67 ±2.12

Pós 14.38 ±1.89 11.60 ±2.89

† Mann Whitney U α<0.05 entre grupos; § Wilcoxon α<0.01 entre 1T e 2T; £ Análise de covariância controlando os efeitos dos acertos pré, p<0,01 entre 1T e 2T

DISCUSSÃO

Quanto à carga interna sofrida durante o jogo, analisamos o comportamento da FC, considerada válida para medir a intensidade global em árbitros de futebol (M Weston, Bird, Helsen, Nevill, &

Castagna, 2006) e identificamos elevada variabilidade, com valores do desvio padrão maiores que a média, expressando as diferenças na condição física interindivíduos do mesmo

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grupo ou entre as características dos jogos ou ambas as situações.

Ao analisar a variação do comportamento da FC do GE no início do jogo que ocorreu no GE, relacionado ao tempo de permanência na FC_Z1 (<65% FCmáx) e FC_Z2 (65–75% FCmáx) cujas zonas desse referem a recuperação ativa e passiva respectivamente (J Bangsbo, 1994; D’Ottavio & Castagna, 2001; Krustrup & Bangsbo, 2001) e no GNE na FC_Z1, percebemos maior variabilidade entre os indivíduos no grupo GE no momento inicial de esforço, provavelmente reflexo do estado emocional frente o jogo, da condição física ou do aquecimento realizado antes do jogo. Apesar dos grupos não apresentarem diferenças significativas entre si nestas zonas nem entre as etapas do jogo (p>0,05), as pequenas diferenças evidenciadas podem ser reflexo do estado de tranquilidade de cada árbitro antes do jogo, ao considerar ou não a importância da partida para determinado campeonato, podendo elevar seus valores da FC devido ao seu nervosismo e preocupação com o jogo e este estado emocional pode inclusive intensificar os erros de arbitragem no início do jogo, pois um estudo identificou maior frequência de erros no início dos dois primeiros tempos que no restante do jogo, descartando os fatores fisiológicos (Harley, Lovell, Barnes, Portas, & Weston, 2011).

Mesmo levando em consideração o fato de o estudo ter sido realizado numa mesma federação, em campeonatos masculinos semelhantes, é preciso considerar a existência de diferenças nas solicitações impostas por cada jogo, inclusive o horário de realização dos jogos (13h30min às 20h10min); o campeonato a que o jogo pertencia, pois foi necessário para possibilitar investigar a maior quantidade de árbitros, considerando suas limitações de atuações, uma vez que os menos experientes trabalhavam em jogos de campeonatos de Sub-20 enquanto que os mais experientes eram designados a jogos profissionais.

A necessidade de prática deliberada para designar árbitros a apitar jogos mais importantes permitiu que os componentes dos grupos fossem escalados em jogos semelhantes, dentro da realidade de que os mais preparados fisicamente e tecnicamente seriam os mais cogitados a

trabalhar em jogos mais importantes, nos quais dificilmente colocariam árbitros com menos experiência, mesmo sendo melhores fisicamente. Apenas o GE apresentou diferenças significativas entre o 1T e 2T (p<0,05), relativo ao tempo de permanência nas zonas de esforço, demonstrando redução de intensidade no 2T, com FC_Z3 (76 – 85% FCmáx) aumentando e FC_Z5 (>95% FCmáx) diminuindo seus valores ao longo do jogo, essa situação pode ter sucedido em virtude da dinâmica do jogo. Já no GNE foi possível observar redução na intensidade de FC_Z5 no 2T mas, diferente do GE, aumentou a permanência em FC_Z4 e diminuiu em FC_Z3, apresentando-se mais centrado na intensidade submáxima. No geral, constatamos que a intensidade do jogo para os indivíduos de ambos os grupos foi reduzida no segundo tempo, é provável que o jogo seja mais intenso na 1ª parte, semelhante ao estudo que relata uma diminuição da performance em árbitros e jogadores no segundo tempo quando comparado ao primeiro tempo de jogo (Matthew Weston, Batterham, et al., 2011; Matthew Weston, Gregson, et al., 2011).

Ao medir e analisar o comportamento da FCméd do árbitro durante os dois tempos de jogo, encontramos valores equivalentes entre os grupos, os mais jovens apresentaram diferenças significativas na FCméd entre as etapas (p<0,05), diferente dos mais velhos que não as