• Nenhum resultado encontrado

ARTIGOORIGINAL | ORIGINALARTICLE

RESUMO

A força de preensão manual (FPM) é considera uma capacidade física determinante no bom desempenho dos esportes que fazem uso da habilidade técnica de “agarre”. Diante disso, a FPM tem sido alvo de estudos que possibilitam uma melhor compreensão dessa capacidade em atletas de modalidades esportivas de combate. Assim, o objetivo deste trabalho foi de comparar se a FPM dos atletas de Judô é maior do que a dos atletas de Jiu-Jitsu. Participaram do estudo 26 atletas (n=13), todos faixa preta e com pelo menos 10 anos de prática na sua respectiva modalidade. Todos os atletas realizaram um teste de FPM que consistia em empregar a maior quantidade de força possível a um dinamômetro mecânico manual. Os valores de média foram comparados utilizando Análise de Variância (ANOVA) Fatorial nos fatores Grupo (Judô x Jiu- Jitsu), Lateralidade (Mão Direita x Mão Esquerda) e na interação dos dois. Os resultados indicam, que o grupo de atletas de Judô apresenta uma média de força de preensão manual superior à dos atletas de Jiu- Jitsu. Estes resultados foram confirmados parcialmente através da ANOVA Fatorial que revelou uma diferença marginal (F (1; 48) = 3,901, p = 0.054). Estes resultados sugerem que os atletas de Judô apresentam uma FPM superior aos atletas de Jiu-Jitsu, provavelmente pelo fato de realizarem a pega no oponente durante períodos mais longos nos treinos e lutas. No entanto, novos estudos com amostras maiores deveriam ser realizados para confirmar tal hipótese.

Palavras-chave: esportes de combate, preensão manual, força muscular.

ABSTRACT

The handgrip strength (FPM) is considered a physical capacity determining in the good performance of sports that make use of the technical ability of "grip". Therefore, the FPM has been the target of studies that allow a better understanding of this capacity in athletes of combat sports modalities. Thus, the objective of this study was to compare if the FPM of Judo athletes is larger than that of Jiu-Jitsu athletes. Twenty-six athletes (n = 13) participated in the study, all black belt and with at least 10 years of practice in their respective modality. All the athletes performed a FPM test that consisted of using the greatest amount of force possible to a manual mechanical dynamometer. The mean values were compared using Factorial Analysis of Variance (ANOVA) in the Group factors (Judo x Jiu-Jitsu), Laterality (Right Hand x Left Hand) and the interaction of the two. The results indicate that the group of Judo athletes presents an average of handgrip strength superior to that of Jiu-Jitsu athletes. These results were partially confirmed by Factorial ANOVA, which revealed a marginal difference (F (1; 48) = 3.901, p = 0.054). These results suggest that Judo athletes have a higher MPF than Jiu-Jitsu athletes, probably because they hold the opponent's hand for longer periods in training and fights. However, further studies with larger samples should be performed to confirm this hypothesis.

Keywords: sports combat, handgrip strength, muscle strength.

INTRODUÇÃO

Nas disputas envolvendo algumas modalidades esportivas individuais, a força pode ser determinante para que o atleta se sagre campeão ou no mínimo com um bom desempenho esportivo (Fernandes & Marins,

2011). Diversos estudos relatam a influência da força determinando a performance esportiva (Brito, Fabrini & Mendes, 2002; Franchini, Branco, Agostinho, Calmet, & Candau, 2015; Moreira, & Godoy, 2001; Oliveira, Moreira,

56 |

VF Silva, LT Chaves, WC Ferreira, JVP Fialho

Godoy, & Cambraia, 2006). Exemplo disso, ocorre nas modalidades esportivas de combate.

Em uma série de fundamentos, a força muscular se torna vital para o desempenho competitivo (Franchini, Del Vechio, Ferreira Julio, Matheus, & Candau, 2015). Torna-se claro, ao observar os movimentos de luta agarrada, que ações que se opõem ou até mesmo possuem vetores de força iguais, são utilizados durante o combate (Franchini, Branco, Agostinho, Calmet, & Candau, 2015). Porém, antes que qualquer ação motora seja executada, utiliza-se o contato manual sobre a vestimenta do atleta ou até mesmo o contato direto com o corpo. Assim, alguns estudiosos ressaltam a preensão manual e a força aplicada como um fundamento para a prática (Fernandes & Marins, 2011; Moreira, & Godoy, 2001; Oliveira, Moreira, Godoy, & Cambraia, 2006). Diante do exposto, a força de preensão manual (FPM) pode ser alvo de estudos que possibilitem a melhor compreensão dessa força nos atletas de modalidades esportivas de combate.

Em se tratando da utilização da FPM nas modalidades esportivas de combate, Alvim (1975) demonstrou que a FPM é imprescindível para os atletas de Judô. O judô é um esporte com características bem específicas, apresentando diferentes níveis de graduação e possui, atualmente, de acordo com a Confederação Brasileira de Judô, oito categorias de peso e cinco classes de idade (Brito, Gatti, Natali, Brunoro Costa, Osorio Silva & Bouzas Marin, 2005; Franchini, Del Vechio, Ferreira Julio, Matheus, & Candau, 2015). No que se refere aos diferentes níveis de pesos corporais, é possível que o comportamento da FPM apresente características diferentes, muito em função do estilo de luta de cada um deles, sendo as categorias mais leves responsáveis por lutas de maior movimentação e as categorias mais pesadas por lutas de menor movimentação, especialmente pelo fato de no judô, a FPM ser extremamente importante no momento da pegada (Brito, Gatti, Natali, Brunoro Costa, Osorio Silva & Bouzas Marin, 2005; Franchini, Del Vechio, Ferreira Julio, Matheus, & Candau, 2015). Diante disso, a FPM torna-se vital para essa modalidade, permitindo que o atleta faça uso das técnicas de luta aliada à

capacidade de realizar a pegada. Além disso, a medida da FPM em ambos os membros é importante no judô, mesmo que o atleta tenda a realizar todas as movimentações da modalidade para o lado que apresenta maior dominância (Brito, Gatti, Natali, Brunoro Costa, Osorio Silva & Bouzas Marin, 2005).

Outra possibilidade de uso da pegada ocorre no Jiu-Jitsu, modalidade que foi criada na Índia em 500 a.C. por monges budistas que devido as suas convicções religiosas não podiam carregar armas e, para se defenderem de ladrões e saqueadores em suas viagens, desenvolveram técnicas de combate corpo a corpo. Após se disseminar por toda a Ásia, o Jiu-Jitsu teve sua expansão apenas por volta do século XV, no Japão, sendo batizado de “arte-suave” (Baffa & Barros, 2002). O Jiu-Jitsu é uma luta, cujo objetivo é arremessar o adversário ao solo e dominá-lo através de técnicas de imobilização, estrangulamento ou chave articular. As técnicas de estrangulamento e de chave articular têm como finalidade fazer com que o adversário desista da luta. Nessa modalidade os atletas são subdivididos de acordo com a graduação e com a massa corporal (Franchini, Del Vechio, Ferreira Julio, Matheus, & Candau, 2015). Durante a luta, o atleta se encontra em contato com o adversário na maior parte do tempo e, para manter essa posição, necessita realizar movimentos sucessivos de preensão manual, o que demonstra a importância dessa função muscular adequada para esse movimento específico (Oliveira, Moreira, Godoy, & Cambraia, 2006).

Embora uma das características do jiu-jitsu seja a manutenção do contato com o oponente por mais tempo que no judô, o estudo de Ribeiro (2014) não demonstrou haver diferença estatisticamente significativa entre ambas as modalidades. Em outros esportes, alguns estudos analisaram a FPM em atletas de escalada esportiva (Andreato, Julio, Gonçalves Panissa, Del Conti Esteves, Hardt et al., 2015; Franchini, Branco, Agostinho, Calmet, & Candau, 2015) e em praticantes de artes marciais (Franchini, Branco, Agostinho, Calmet, & Candau, 2015; Lima, Kubota, de Mello, Baldan & Pompeu, 2014), porém, os mesmos se limitam somente à análise dos valores de força máxima destes

Preensão Manual em Atletas de Judô e Jiu-Jitsu |

57

atletas e à análise de contrações consecutivas procurando estabelecer índices de fadiga.

O objetivo do estudo foi comparar a força de preensão manual em atletas de judô e jiu-jitsu. Devido ao tipo de treinamento realizado na modalidade do judô, onde a força de pressão manual prevalece na maioria de suas ações motoras, espera-se que estes atletas possuam uma FPM maior que os atletas do jiu-jitsu.

MÉTODO Participantes

Participaram deste estudo 26 atletas do sexo masculino (13 atletas de judô e 13 atletas de Jiu- Jitsu) com idade acima de 18 anos e graduação grau “preta” de acordo com a modalidade e categoria a qual fazia parte. Para participar do estudo foram selecionados somente os atletas que estavam em atividade interrupta nos últimos 6 meses e que não possuíam nenhuma lesão nos membros superiores. A amostragem foi realizada de forma não-probabilística e por conveniência, uma vez que a quantidade de atletas que atenderiam as características acima descrita seria escassa. O levantamento dos dados para contato com estes atletas foi realizado nas Federações Alagoanas de Judô e Jiu-Jitsu, na cidade de Maceió, Alagoas, Brasil. Todos assinaram um termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando em participar do estudo, e ambos foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição dos autores.

Instrumentos e Procedimentos

Um questionário de anamnese foi elaborado e aplicado para todos os atletas com o intuito de caracterizar a amostra utilizada. Esse questionário continha dados de identificação como o nome do voluntário, idade, sexo, além de variáveis referentes a possíveis fatores intervenientes ao treino do avaliado (e.g. tempo de prática, volume de treino).

Foi utilizada uma balança mecânica (Filizola®,Filizola SA, Brasil) manual, para a verificação da massa corporal com precisão de 100 gramas e capacidade de medir até 160kg. A balança possuía um estadiômetro para verificação da estatura com escala de 0,5cm com limite de dois metros.

Para mensuração da circunferência do antebraço e circunferência do braço, foi utilizada uma fita métrica inelástica metálica (Starrett SN- 4010, Sanny®, Brasil) regulada em milímetros até dois metros. Na avaliação de força de preensão manual foi utilizado um dinamômetro mecânico (Jamar®) com escala em quilogramas ou libras de força.

Todos os voluntários receberão um convite em suas respectivas academias, juntamente com o termo de consentimento livre e esclarecido, para participarem da pesquisa sobre comparação da FPM Os atletas que aceitaram, prontamente agendaram um horário para comparecerem Laboratório de Avaliação Física da instituição e participarem do estudo. Foi solicitado a todos os atletas participantes que não realizassem nenhuma atividade física, principalmente que envolvesse os membros superiores, nas 24 horas anteriores ao dia e horário agendado para a avaliação.

No dia e horário da avaliação, todos os participantes tiveram que entregar ou assinar novamente o termo de consentimento livre e esclarecido concordando em participar da pesquisa, além de receberem uma breve explicação sobre os objetivos da pesquisa assim como sobre os procedimentos que iriam ocorrer naquele dia. Todos os voluntários preencheram, primeiramente, uma anamnese sobre a sua rotina de treinamento, para logo em seguida passarem para as avaliações antropométricas (peso, altura e circunferências de ambos os braços e antebraços) seguidas dos testes para mensuração da FPM de cada umas das mãos.

Para a avaliação da massa corporal, foi pedido para que cada atleta subisse na balança, posicionando-se de costas para a mesma, com os dois pés juntos bem no centro da plataforma, olhando-se para o horizonte, relaxando os braços ao longo do tronco, e assim verificando a massa corporal. Já para a avaliação da estatura foi utilizada uma régua vertical que fica dentro do cilindro a frente do aparato da balança. Logo em seguida, ainda de pé na balança, foram medidas as circunferências de ambos os braços e antebraços dos mesmos.

Durante os testes para mensuração da FPM o participante permaneceu sentado em uma cadeira

58 |

VF Silva, LT Chaves, WC Ferreira, JVP Fialho

com o tronco encostado sob o apoio e com o antebraço flexionado em angulação de aproximadamente 90º (noventa graus) com relação ao braço onde deveria realizar a empunhadura. Assim, o atleta com o dinamômetro na mão, e em posição para o início do teste, foi informado por um sinal verbal para empregar o máximo de força possível, mantendo o aparelho em sua posição fixa, durante três a cinco segundos. Após a realização com uma das mãos, o mesmo descansava 1 minuto para realizar o teste com a outra mão, respeitando assim o tempo de descanso para iniciar a segunda e terceira tentativa. Para a realização do teste todos os atletas foram submetidos a uma tentativa “teste”, para se familiarizar com o dinamômetro e não obter dados negativos na nossa coleta.

Análise estatística

As variáveis de caracterização da amostra foram apresentadas por meio da média, como uma medida de tendência central, e o desvio padrão, como uma medida de variabilidade. A inferência estatística desses dados para a comparação entre os dois grupos experimentais foi realizada através do teste T-Student para amostras independentes. Quando os dados da diferença dos dois grupos não apresentaram normalidade na sua distribuição, avaliado pelo teste Kolmogorov-Smirnov, adotou-se o teste não paramétrico de Wilcoxon para a comparação entre os dois grupos.

Para a inferência estatística dos dados referentes a FPM foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA) Fatorial, com os fatores Grupos (Judô x Jiu-Jitsu), Lateralidade (Mão Direita x Mão Esquerda) e a interação destes fatores. Suposição de esfericidade foi verificada através do teste de Mauchly e quando necessário o método de Greenhouse-Geisser foi usado para corrigir os graus de liberdade. Todas as análises foram realizadas adotando o nível de significância estatística de p ≤ .05.

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta os dados que caracterizam a amostra utilizada neste estudo. Os resultados apresentados, possibilitam maior

compreensão de nossa amostra, bem como sua caracterização

Tabela 1

Caracterização dos atletas de Judô e Jiu-Jitsu

Variável Judô (n=13) Jiu-Jitsu (n=13) Idade (anos) 26,52 ± 4,57 26,88 ± 2,92 Estatura (m) 1,77 ± 0,08 1,77 ± 0,06 Massa Corporal (kg) 84,62 ± 13,33 82,15 ± 10,31 Duração do Treino (h) 2,23 ± 0,85 2,29 ± 0,79 Volume de Treino (hs/semanal) 9,30 ± 5,70 11,12 ± 6,19 Número de Lesões 0,60± 0,42 1,11± 0,53 Antebraço Direito (cm) 29,02 ± 1,91 29,65 ± 1,40 Antebraço Esquerdo (cm) 28,52 ± 1,95 29,13 ± 1,35 Braço Direito (cm) 34,09 ± 4,02 34,72 ± 2,51 Braço Esquerdo (cm) 33,84 ± 4,10 34,54 ± 2,48 Os valores de todas as variáveis analisadas são parecidos, com exceção da quantidade de lesões dos atletas de judô, notadamente menor que a quantidade de lesões dos atletas de Jiu-Jitsu. No estudo, todos os atletas de Jiu-Jitsu já tiveram algum tipo de lesão, principalmente em competições, a massa corporal dos atletas de Judô é um pouco maior que os atletas de Jiu-Jitsu e o volume de treino por horas semanais dos atletas de Jiu-Jitsu é superior aos atletas de Judô. No entanto, os testes estatísticos não indicaram nenhuma diferença estatisticamente significante entre os grupos para todas as variáveis apresentadas.

Os resultados da força de preensão manual das mãos esquerda e direita dos atletas de Judô e Jiu-Jitsu são apresentados no Gráfico 1.

Os resultados indicam, que o grupo de atletas de Judô apresenta uma média de força de preensão manual superior à dos atletas de Jiu- Jitsu. Estes resultados foram confirmados parcialmente através da análise estatística

ANOVA Fatorial que revelou uma diferença

marginal (F(1;48) = 3,901, p = 0.054). Além disso,

os resultados também indicam que a força de preensão manual da mão direita é superior à da mão esquerda, independente da modalidade esportiva praticada. No entanto, este resultado não foi confirmado pela ANOVA Fatorial (F(1; 48) =

1,178, p = 0.283). A ANOVA Fatorial também não detectou diferença significativa para a Interação entre os fatores Grupos e Lateralidade (F(1; 48) =

Preensão Manual em Atletas de Judô e Jiu-Jitsu |

59

Figura 1. Média da força de preensão nas mãos esquerda e direita dos atletas de Judô e Jiu-Jitsu com barras

indicando intervalo de confiança de 95%

DISCUSSÃO

Estudos de relação da FPM em diversas populações e esportes vem sendo alvo de diversas análises no meio esportivo. O objetivo do nosso estudo foi comparar se a força de preensão manual em atletas de judô seria superior aos dos atletas de jiu-jitsu. Os resultados do presente estudo confirmaram parcialmente essa hipótese já que uma diferença marginal na FPM entre os praticantes de Judô e Jiu-Jitsu foi detectada. A quantidade de sujeitos utilizados no presente estudo assemelha-se ao que foi utilizado em estudos anteriores (Andreato, Julio, Gonçalves Panissa, Del Conti Esteves, Hardt et al., 2015; Borges & Gomes, 2009; Drid, Casais, Mekic, Radjo, Stojanovic, & Ostokic, 2015; Lima, Kubota, de Mello, Baldan & Pompeu, 2014). Observou-se nos resultados apresentados que os atletas de Jiu-Jitsu apresentaram maior variabilidade na FPM (intervalos de confiança maiores), evidenciando uma maior heterogeneidade desses resultados, o que pode explicar, embora indiretamente, o fato de não ter sido encontrada diferença significativa entre os grupos. Semelhante a nossos achados, o estudo de Borges Júnior e Gomes (2009) não identificou diferença estatisticamente significativa entre atletas de judô e Jiu-jitsu. No entanto, pode-se especular que uma amostra maior poderia confirmar essa diferença estatística entre as duas condições.

Por outro lado, ao compararmos a FPM entre os membros (direito e esquerdo) observou-se

uma tendência de superioridade do membro dominante, embora não comprovada pelo teste estatístico. Possivelmente, esses achados justificam-se pelo uso contínuo de ambos os membros durante a movimentação nos treinos ou nas lutas (Brito, Gatti, Natali, Brunoro Costa, Osorio Silva & Bouzas Marin, 2005).

Outros estudos relatam as mesmas circunstâncias como o estudo de lateralidade em jovens adultos que observou a diferença pouco significativa, corroborando com os resultados do presente estudo (Sterkowicz, 2016). Já a análise do estudo de Crosby e Wehbé (1994) demonstra que a diferença é pouco significativa, definindo essa diferença como a regra dos 10%. Estudos similares também demonstraram que a diferença entre mão dominante e não dominante é inferior a 10%, (Watanabve, 2005; Jarjour, Lathrop, Meller, Roberts, Spoczal, Van Genderen & Moyers, 1997). Um estudo recente desenvolvido por Paz et al. (2013) em atletas de Judô de alto rendimento, não observou diferença entre membros dominante e não dominante. Inclusive estudos em amostras maiores em pessoas com idade entre 18 e 72 anos evidenciam que essas diferenças são pequenas (Armstrong & Oldham, 1999).

As diferenças da FPM da mão dominante e não dominante parecem ser mais acentuadas nos esportes de raquete, em que a predominância de um membro sobre o outro é muito grande, e o treinamento é específico com a mão dominante (Lucki & Nicolay, 2007). Essa relação parece ser

60 |

VF Silva, LT Chaves, WC Ferreira, JVP Fialho

afetada pela especificidade das ações técnicas da modalidade esportiva, porém não se evidencia nesse estudo. Torna-se assim a FPM uma análise importante para as modalidades esportivas que utilizam força de membros superiores.

Ao se realizar o teste com diferentes posições da pegada, ao se realizar o teste de FPM, Fernandes e Marins (2011) não encontraram qualquer influência nessas formas de aferição. Estudos que verifiquem diversas variáveis além das citadas nesse estudo, bem como uma amostra mais significativa e homogênea são de fundamental importância para o surgimento de novas evidências.

CONCLUSÕES

Os resultados apontam para uma possível diferença entre as modalidades esportivas analisadas na capacidade de gerar FPM, por terem sido identificadas diferenças estatísticas apenas marginais entre os praticantes de Judô e Jiu-Jitsu. Também não pôde ser confirmada a diferença entre a mão direita e a mão esquerda dos atletas (lateralidade). Sugerem-se novos estudos que façam uma comparação da FPM entre os atletas de Judô e Jiu-Jitsu divididos por graduação, anos de prática ou outra variável que faça com que o estudo tenha uma amostra mais homogênea possível. Agradecimentos: Nada a declarar Conflito de Interesses: Nada a declarar. Financiamento: Nada a declarar REFERÊNCIAS

Alvim, J. (1975). Judô: Nague-Waza. São Paulo: Campinas.

Andreato, L. V., Franchini, E., de Moraes, S. M., Pastório, J. J., da Silva, D. F., Esteves, J. V., Branco, B. H., Romero, P. V., & Machado, F. A. (2013). Physiological and Technical-tactical Analysis in Brazilian Jiu-jitsu Competition. Asian

Journal of Sports Medicine, 4(2), 137-143.

Andreato, L. V., Julio, U. F., Gonçalves Panissa, V. L., Del Conti Esteves, J. V., Hardt, F., Franzói de Moraes, S. M., Oliveira de Souza, C., & Franchini, E. (2015). Brazilian jiu-jitsu simulated competition part II: Physical performance, time- motion, technical tactical analyses and perceptual responses. Journal Strength Condition Research

29(7), 2015–2025.

Armstrong, C. A., & Oldham, J. A. (1999). A comparison of dominant and non-dominant hand strengths. Journal of Hand Surgery, 24(4), 421-425. Baffa, A. P., & Barros, E. A. (2002). As principais lesões

no jiu-jitsu. Revista Fisioterapia Brasil, 3(6).

Borges, J., & Gomes, N. (2009). Estudo Comparativo da força de preensão isométrica máxima em diferentes modalidades esportivas. Revista

Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 11(3).

Brito, C. J., Fabrini S. P., & Mendes E. L. (2002). Estudo da força isométrica manual e lombar em judocas. Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, São Paulo. Edição Especial da Revista

Brasileira de Ciência e Movimento, 10, 248.

Brito, C. J., Gatti, K., Natali, A. J., Brunoro Costa, N.