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manifestação dos movimentos sociais camponeses em Brasília durante votação da rotulagem

Taxa de grande

Foto 29: manifestação dos movimentos sociais camponeses em Brasília durante votação da rotulagem

de alimentos transgênicos.

Foto 30: <http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/veja-a-lista-de-deputados-que-derrubaram-

a-rotulagem-de-alimentos-transgenicos-4519.html>

102 Ver reportagem em: <http://ihu.unisinos.br/entrevistas/542125-aprovacao-de-eucalipto-transgenico-atende- interesse-do-mercado-de-pasta-de-celulose-entrevista-especial-com-leonardo-melgarejo>

103 Ver em: <http://www.mst.org.br/2015/04/29/camara-aprova-pl-que-derruba-a-obrigatoriedade-da-rotulagem- de-alimentos-transgenicos.html>

104 Senadores: A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que fere um direito adquirido por nós consumidores. A retirada do símbolo que identifica os alimentos transgênicos é uma afronta ao nosso direito de escolher se queremos ou não consumir esse tipo de alimento. Desde 2012 a reputação dos transgênicos foi abalada..A publicação da pesquisa do francês Seralini de dois anos com ratos alimentados com transgênicos cujo resultado foram tumores gigantes, reabriu a discussão sobre a propalada inocuidade dos transgênicos. A Organização Mundial da Saúde reconheceu que o glifosato, o agrotóxico mais usado nas plantas transgênicas, é potencialmente cancerígeno. Antes da soja transgênica aparecer “oficialmente” no mercado brasileiro, o limite máximo do agrotóxico glifosato aceitável pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passível de presença em soja, era de 0,2 miligrama por quilo de grão. No período próximo a liberação do cultivo de soja transgênica no Brasil, a Anvisa, pressionada pela indústria dos agrotóxicos, decidiu aumentar o índice aceitável de glifosato presente no grão em 50 vezes, ou seja, de até 10 miligramas de glifosato por quilo de grãos de soja transgênica. Não tem como não reconhecer o aumento vertiginoso dos casos de câncer no Brasil.

O Instituto Nacional do Câncer recentemente divulgou um alerta relacionando essa epidemia de câncer com o largo uso de agrotóxicos nos alimentos e que um dos responsáveis por esse crime é a plantação de transgênicos que exige muito veneno. A Abrasco também recentemente lançou um Dossiê afirmando que cada brasileiro consome em média 7,3 litros de agrotóxicos por ano nos alimentos. Por isso pedimos que o Senado não só não aprove esse projeto de lei, como exija que a lei da rotulagem com o triângulo amarelo com o T seja mais rigorosa, pois sabemos que muitos alimentos têm ingredientes transgênicos e não são rotulados. Quem quiser mandar essa carta, ou ainda acrescentar mais detalhes pros Senadores, aqui vai

Ainda na reta final de nossa pesquisa, foi veiculada a notícia por um jornal local, de que, em evento realizado no dia 12 de maio de 2015, no Ministério Público Federal em Campo Grande, o procurador Marco Antonio Delfino de Almeida, coordenador estadual da Comissão de Combate aos Agrotóxicos, chamou atenção para os impactos na natureza e na saúde humana. E a pesquisa apresentada pelo professor Pignatti (UFMT, Fiocruz), coloca o Estado de Mato Grosso do Sul numa posição assustadora, muito além da média nacional do consumo de agrotóxico por habitante. Enquanto a média nacional é 7,3 segundo o Dossiê da Abrasco, o Estado de Mato Grosso do Sul possui a média de consumo de 40 litros de agrotóxico por pessoa e o Estado de Mato Grosso a média de 50 litros por pessoa105. Na Universidade de Brasília também encontramos outro pesquisador conceituado na área, o Professor Fernando Ferreira Carneiro, membro da Abrasco e da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, que questiona106:

A pergunta que não quer calar é: no momento em que a população brasileira espera um Estado que garanta o direito constitucional à saúde e ao ambiente por que estamos vendo o contrário? Na maioria dos estados brasileiros, os agrotóxicos não pagam impostos. O Estado brasileiro tem sido forte para liberalizar o uso de agrotóxicos, mas fraco para monitorar e controlar seus danos à saúde e ao ambiente. Enquanto isso, todos nós estamos pagando para ser contaminados....

No âmbito da política brasileira, temos na região Centro-Oeste os expoentes mais conhecidos defensores do agronegócio, como o senador Ronaldo Caiado, de Goiás, e a senadora e atual ministra da Agricultura e Pecuária, Katia Abreu, de TO, que chegou a ganhar o prêmio de “rainha da motosserra”, na época do debate em torno do “Novo Código Florestal” que derrubou direitos adquiridos das leis de proteção ambiental. As forças conservadoras, sintetizadas no que as organizações sociais chamam bancada dos 3 b (bíblia, boi, bala) que ganharam mais cadeiras no senado federal nas últimas eleições (outubro de 2014), estão em aliança nas mudanças das legislações trabalhistas, questões territoriais, direitos indígenas, questões de previdência social, entre outros, que demonstram perda de direitos adquiridos na Constituição de 1988.

105 Verificar em: <http://www.douradosagora.com.br/brasil-mundo/meio-ambiente/cada-morador-de-ms- consome-40-litros-de-agrotoxico-por-ano>. Notícia do dia 15/5/2015. Acesso em: 23 maio 2015. 106 Conferir em: <http://www.unb.br/noticias/unbagencia/artigo.php?id=668>. Matéria: “O agronegócio brasileiro: um gigante de pés de barro”.

107Foto 31: senadora Kátia Abreu recebendo uma motosserra de uma mulher liderança indígena em protesto durante as votações do novo Código Florestal brasileiro.

Foto 32: cartaz do dia 8 de março de 2015, da organização das mulheres da Via Campesina.

Vê-se que estamos diante de um quadro grave, um colapso neste sistema para quem não há fronteiras de nenhuma espécie. Quem se opõe a esse sistema sabe que enfrentará todas as formas de violência. O Relatório da ONG Global Witness fez um levantamento sobre os casos de assassinatos em todo o mundo, das pessoas que defendem os direitos da terra e do meio ambiente. E, assustadoramente, o Brasil detém 49% dos assassinatos destes cidadãos, pois “as regiões mais afetadas são também as que registraram violência contra os ativistas que tentam impedir a destruição da mata”108. O relatório conclui então que “detrás da violência, geralmente se escondem grandes proprietários de terras, interesses comerciais, atores políticos e agentes do crime organizado” (p. 4).

107 Artigo de 08/12/2010. “Nesta quarta-feira (8), na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún, México, a presidente da Confederação Nacional da Agropecuária (CNA) e parlamentar da bancada ruralista no Congresso, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), foi “premiada” com o irônico troféu Motosserra de Ouro, concedido pela ONG Greenpeace a personalidades que, segundo a entidade, contribuem para o aumento do desmatamento no Brasil. A senadora desprezou o “prêmio” e não quis pegar a motosserra dourada.Na conferência, Kátia Abreu apresentou o projeto Biomas, da Embrapa. Durante sua apresentação, a senadora classificou a reserva legal (área a ser obrigatoriamente preservada dentro de um terreno) como um “corpo estranho” na propriedade rural que afeta o lucro”.Fonte: www.congressoemfoco.uol.br/noticias

108 Veja matéria intitulada: “Brasil é responsável por metade das mortes de ambientalistas” <http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/15/sociedad/1397591905_402817.html>.

De outro lado, também há os enfrentamentos às estratégias capitalistas que insistem no “capitalismo verde” como uma alternativa à onda destrutiva que se impõe sobre os recursos naturais e finitos. Retirando o tema da luta de classe dentro do modo de produção capitalista, restam as medidas paliativas que insistem em colocar o capitalismo como a única alternativa para a humanidade. Mészáros (2002) coloca em evidência que um sistema onde menos de 5% da população consome 25% do total dos recursos energéticos disponíveis no planeta, está fadado a uma crise crônica, estrutural, que pode levar à destruição global da humanidade, por ser um modelo econômico de caráter altamente depredatório, não encontrando limites “qualquer que tenha sido esta: obstáculos naturais ou fronteiras culturais e nacionais” (MÉSZÁROS, 2002, p. 252).

É da natureza do capital não reconhecer qualquer medida de restrição, não importando o peso das implicações materiais dos obstáculos a enfrentar, nem a urgência relativa (chegando a emergência extrema) em relação a sua escala temporal. A própria ideia de ‘restrição’ é sinônimo de crise no quadro conceitual do sistema do capital (MESZAROS, 2002, p. 253).

Do ponto de vista da articulação dos movimentos sociais ligados à defesa da soberania alimentar e a agroecologia, existe também a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) à qual estão vinculados grupos de mulheres de vários movimentos sociais do campo, dentre eles as mulheres do MST e do MMC. No ano de 2014 houve o III ENA (Encontro Nacional de Agroecologia) em Juazeiro/BA, que divulgou uma carta de preparação do GT das mulheres da ANA afirmando “[...] não há como construirmos uma agroecologia critica e transformadora que prima por uma visão ética de justiça social e ambiental sem assumirmos também a luta feminista”109.

No dia 5 de março de 2015, cerca de mil mulheres do MST e outros movimentos sociais, ocuparam uma empresa em Suzano/SP, onde são realizados testes nos cultivares de eucalipto transgênico (também conhecido como H421), e lá protestaram contra sua liberação, por parte da CTNBio110 para plantio no Brasil. Para as mulheres, a liberação prejudica camponeses em todas as partes, já que a contaminação do mel vai acontecer e os produtos serão desclassificados como agroecológicos e orgânicos. Além disso, a liberação desconsidera

109 Disponível em: < http://enagroecologia.org.br/files/2014/05/Folheto-mulheres-no-ENA.pdf>. 110 CTNBio: Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

danos ambientais e hídricos à saúde e o alto uso de agrotóxicos.111 As mulheres do MST, vinculadas aos assentamentos por todo o Brasil, incluindo o Assentamento Émerson Rodrigues, entretanto, sabem que é preciso mais que ações pontuais, como as que são organizadas na Semana do 8 de março, mas entendem as ações de mobilização de massa e de formação de consciência como parte de uma guerra pelas consciências, de caráter popular, prolongada e permanente