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Manutenção na Cimpor

No documento UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA (páginas 36-40)

A Manutenção, como função dentro das empresas, tem evoluído consideravelmente ao longo dos últimos anos, tanto devido a factores de evolução das técnicas de controlo e melhoramento das condições de trabalho, como a uma crescente evolução na filosofia de gestão das próprias empresas. Neste âmbito, Cholasuke et al. (2004), afirmam que existe um interesse crescente na procura da eficiência da Gestão da Manutenção, por parte da indústria Britânica. A pesquisa relatada em Cholasuke et al. (2004), mostrou que o número de empresas a introduzir uma manutenção proactiva no negócio, aumentou significativamente nos últimos anos.

No entanto, o estudo revelou também que aproximadamente 40% delas (grandes empresa do Reino Unido), ainda não perceberam a importância de uma Gestão da Manutenção eficaz, uma vez que a participação contínua da gestão é rudimentar para fornecer orientação e sentido à função da manutenção.

Um dos avanços mais importantes dentro da Manutenção é sem dúvida o “Serviço de Preparação”. Segundo Cabral (1998), é neste departamento que se estuda o melhor método para executar determinado trabalho e os recursos que devem antecipadamente ser disponibilizados para o executar. Na preparação do trabalho programam-se as acções de manutenção, descrevendo a sequência das operações, materiais e peças a aplicar, ferramentas a utilizar, especificações a cumprir, quantidade e qualidade dos materiais, normas de segurança e tempos previstos de execução. As acções de manutenção têm de ser conducentes com a minimização de riscos no que concerne à segurança de pessoas e equipamentos. Os trabalhos planeados pelos Serviços de Preparação devem ter objectivos partilhados com a produção, tais como, melhoria das condições de produção, aumento de produtividade e garantia da qualidade do produto. Cabral (1998) refere que a manutenção é um factor indissociável da qualidade cujo controlo se situa, cada vez mais, a montante do produto final, isto é, ao nível do equipamento que o produz. Na “CIMPOR, Indústria de Cimentos, S.A.”, o planeamento de todas as acções de manutenção é realizado pelo Gabinete de Preparação o qual faz parte do Departamento de Manutenção.

2.3.1. Planeamento da Manutenção e Preparação no CPL

O planeamento da manutenção no CPL, tal como, na maioria de outras instalações industriais, é um trabalho exigente e assume um papel determinante na garantia do bom funcionamento dos sistemas.

A elevada complexidade dos sistemas, para além do grande número de equipamentos que os compõem, impõe também uma complexa tarefa de preparação das acções de manutenção a executar.

No CPL, é realizada anualmente uma paragem geral (toda a fábrica), com o objectivo de realizar inspecção geral, manutenção preventiva, limpezas, substituição de componentes e em alguns casos alteração do processo, denominada por “Grande Reparação”.

Para além do descrito no parágrafo anterior é também praticada uma manutenção contínua, tanto correctiva como preventiva, assegurando a correcta funcionalidade dos equipamentos e sistemas durante os tempos de produção.

Pretende-se nos próximos pontos descrever as práticas de manutenção, capacidades e, de um modo geral, elucidar como é planeada a Gestão da Manutenção no CPL:

- As rotinas de manutenção programada são realizadas em sintonia com a “Produção” e as equipas de manutenção actuam periodicamente nos equipamentos, de acordo com planos de manutenção elaborados pela “Preparação”;

- São realizadas rotinas de inspecção estabelecidas fundamentalmente, pela informação fornecida pelos fabricantes dos equipamentos, bem como, através da experiência acumulada pelos técnicos de manutenção;

- São realizadas rotinas de lubrificação baseadas nos elementos dos fabricantes dos equipamentos e nas necessidades detectadas à priori, fazendo cumprir os planos de lubrificação estabelecidos;

- Algumas acções de manutenção, como é o caso de algumas lubrificações, são executadas por empresas exteriores subcontratadas. O CPL recorre muitas vezes ao outsourcing como forma de gerir determinados custos fixos; - São utilizadas algumas técnicas avançadas no que diz respeito à manutenção

condicionada, tais como: termografia por infravermelhos, análise de vibrações, controlos não destrutivos e análise de lubrificantes;

- Determinadas reparações de elevada envergadura são executadas por empresas externas contratadas, com o know-how para tal, evitando custos

fixos de mão-de-obra especializada e custos de aquisição e conservação com equipamentos auxiliares, como é o caso de ferramentas específicas;

- As acções de manutenção correctiva, na sua maioria, são realizadas pelas equipas de manutenção do CPL, embora sempre que necessário se recorra a empresas externas para a prestação de serviços mais especializados e cuja garantia de execução pelos técnicos do CPL não seja assegurada;

- O treino das equipas de manutenção é o decorrente da actividade do dia a dia da manutenção. O plano de formação deveria ser mais especializado e prático e incidir sobre áreas de intervenção e ocorrência do CPL. A formação é diversificada e, é em muitos caso, dada pelos fabricantes dos equipamentos;

- Em termos de stock de peças e equipamentos de substituição, é apenas acautelado o mínimo necessário para dar cobro às ocorrências previstas, e deste modo, não se suportarem custos de conservação demasiado elevados e injustificáveis;

- Nem todas as ocorrências de avarias são registadas, constituindo apenas histórico, as ocorrências consideradas mais importantes. Para além disso, o registo não é detalhado e o sistema informático não permite uma consulta funcional para análise e pesquisa de dados pretendidos. Embora, seja preocupação do departamento de manutenção realizar alguma modernização no sistema informático de registo de dados;

- Não é prática usual, a análise detalhada do histórico das avarias, no entanto, são verificadas com mais detalhe as avarias que ocorrem nos equipamentos com mais frequência ou cujo impacto na actividade produtiva, revele maior preocupação, passando então a ser estudada a causa da avaria com o objectivo de incrementar melhorias ao equipamento;

- Existe uma relativa facilidade no acesso à informação técnica existente, tanto em sistemas informáticos, como em formato de papel. Informação essa, fornecida pelos fabricantes dos equipamentos, como também, criada e

produzida pelo próprio CPL. Existe alguma preocupação na actualização de alguns desenhos, esquemas, diagramas, Layouts ou mesmo sinópticos elucidativos. Sempre que necessário, são criados documentos técnicos que relatam alterações ou substituições de equipamentos no processo;

- Em termos gerais a informação existe, mas na sua maioria encontra-se dispersa e não está correctamente organizada. A acessibilidade à informação em sistemas informáticos, não permite uma boa prática no planeamento da manutenção;

- Embora se recorra aos dados do histórico, a sua análise é mais vocacionada para o campo da gestão e da produção, pecando-se de certo modo na não optimização da manutenção;

- Nos últimos 3 anos, foi criada e mantida uma relação de Benchmarking entre a CIMPOR e algumas empresas cimenteiras estrangeiras, cujos resultados têm vindo a alargar alguns horizontes, nomeadamente na área da Manutenção.

No documento UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA (páginas 36-40)