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4.4 As atividades sensoriais desenvolvidas

4.4.4 Os mapas táteis do percurso casa-escola

Com o resultado dos mapas mentais de cada aluno, a ideia foi transformá-los em mapa táteis para que os mesmos pudessem identificar no mapa do Rio de Janeiro os pontos indicados como referência. Desse modo, partiu-se para a construção destes no DPME, onde foi obtida toda estrutura para dar prosseguimento à pesquisa.

Para uma melhor compreensão da organização do espaço geográfico, o uso da linguagem cartográfica é primordial, pois essa linguagem possibilita fazer a leitura desse espaço.

Dessa forma, o estudo cartográfico é de suma importância desde o início da escolaridade. O estudo das representações cartográficas contribui para além da compreensão de mapas: contribui também para que os alunos desenvolvam conhecimentos capacidades relativos à representação do espaço vivido (ALMEIDA; ARRUDA; MIOTO, 2011, p.32).

Em se tratando de trabalhar a cartografia com alunos com deficiência visual, os mapas táteis que são produzidos em alto relevo para que pessoas com deficiência possam compreender a informação é o melhor material a ser utilizado. “São chamados mapas táteis quando estão em formato que possa ser decodificado pelo tato. Nesses casos, são construídos, com signos elevados (em relevo) em uma superfície plana e são direcionados a pessoas com deficiência visual (cegas e baixa visão) [...]” (ALMEIDA; CARMO; SENA, 2011, p. 378).

Dentre os vários trabalhos publicados sobre a cartografia tátil, a Tese de Doutorado de Vasconcellos (1993), “Cartografia e o Deficiente Visual: uma avaliação das etapas e uso do mapa” foi pioneira no Brasil por desenvolver uma linguagem gráfica tátil na construção desses mapas.

A autora destaca que são importantes para a construção desses mapas as seguintes indagações: o quê? Como? Para quem? Com que resultados? Sempre com a importância dos objetivos claros e definidos para a validade do material. Também, as variáveis: adequação à série (ano), idade e diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo do aluno.

Para a construção dos mapas táteis dessa pesquisa, foi utilizada a técnica de colagem por ser esta a mais empregada no DPME, fato em que se constata uma padronização dos mapas ali construídos, quer dizer, a partir de convenções específicas do grupo que o produz.

Sendo assim, não é o nosso objetivo nesta pesquisa analisar a produção de mapas táteis no Brasil. Almeida; Arruda; Mioto (2011, p. 35) sinalizam que “não há uma convenção cartográfica padronizada na produção de mapa tátil, caracterizando-se em uma diversidade de recursos táteis proporcionais aos centros de pesquisa existentes no país [...]”.

Os mapas táteis foram construídos com diferentes texturas, apropriadas para a reprodução dos mesmos em thermoform. Sena (2008) sugere texturas que podem ser utilizadas na construção dos mapas táteis.

Os modelos em colagem apresentam a vantagem de poder agregar as mais variadas texturas para a representação da informação, seja na implantação pontual, linear ou zonal. Por exemplo, pontos representados por miçangas e botões, linhas com barbantes, soutache e cordões; áreas feitas de retalhos de tecido, lixas, papel cartonado, areia ou qualquer outra textura encontrada. É importante considerar o objetivo final de cada representação, pois se a mesma destinar-se a função de matriz para cópias em plástico é necessário a escolha de materiais resistentes ao calor (SENA, 2008, p. 98).

Ainda na elaboração dos mapas, a definição de qual layout adotar foi o ponto principal, pois o objetivo era apresentar aos alunos o trajeto de cada um até o IBC. Para isso, o Atlas Escolar do Rio de Janeiro (TARGINO, 2000) foi a fonte para a representação gráfica tendo um tratamento adequado para as prováveis distorções que seriam necessárias na produção dos mapas. Neste caso, foram avaliados três formatos de layout.

Figura 31: modelos de mapas

Foto de: ARRUDA, L. M. S, 2014.

Já a metodologia (Quadro 3) utilizada para a confecção dos três mapas táteis, considerando as etapas de produção do IBC, teve como referência o trabalho de Almeida; Arruda; Miotto ( 2011, p. 36-37).

Quadro 3: Metodologia de confecção de mapas táteis em thermoform

Fases Materiais utilizados Processo de elaboração Fotografias

1ª etapa: Planejamento - a quem se destina? - o que elaborar? - Como elaborar?

A produção do material exige uma organização, prévia, identificando: o público alvo; o que se pretende trabalhar na disciplina e quais as estratégias mais indicadas para esta produção.

2ª etapa:

Seleção da área escolhida e da escala.

Atlas Escolar da Cidade do Rio de Janeiro(Targino, 2000).

A escolha da representação cartográfica que melhor trata do assunto escolhido. E que se tenha discernimento na escolha dessas representações.

3ª etapa:

Texturização da matriz

*Recorte

*Colagem

Cola, linhas, papéis de diferentes texturas, tesoura.

Na seleção das texturas e materiais a serem utilizados nos mapas é importante a experiência da pessoa que está confeccionando. Deve-se ter cuidado na colagem para não interferir na qualidade do mapa.

Considerar a espessura da linha.

4ª Etapa: Escrita em braille

Fita adesiva dupla face. Reglete e punção; ou máquina de escrever perkins; ou impressora braille.

É fundamental a escrita em braille, pois se constitui no meio de obtenção de informações. Sendo necessário a revisão do braille por um revisor com deficiência visual.

5ª Etapa: Teste da matriz

Matriz. A matriz (mapa em relevo) deve ser testada por um revisor com deficiência visual, pois será a pessoa mais apta a dizer se as texturas e a escrita em braille estão sensíveis ao tato.

6ª Etapa:

Mapa tátil em thermoform

Matriz. Plástico (PVC braillon10mm).

A matriz é levada para a máquina de thermoform onde as informações do relevo da matriz são “gravadas” no plástico.

7ª Etapa:

Teste do thermoform

Mapa tátil em thermoform. É importante destacar que ao mapa tátil foi acrescentado um mapa impresso em tinta para ser utilizado pelos alunos com baixa visão. Desta forma atendendo a todos os alunos com deficiência visual.

A fonte é APHont, tamanho 24.

8ª Etapa:

Elaboração do texto informativo

Impresso em tinta, tamanho ampliado para baixa visão e em braille para os cegos.

Junto aos mapas (em tinta e em Braille), um texto informativo descrevendo o conteúdo do material.

Fonte: ARRUDA, 2014.

Figura 32: matriz – aluno 1

Foto de: ARRUDA, L. M. S, 2014. Legenda: percurso Japeri-Urca

Figura 33: matriz - aluno2

Foto de: ARRUDA, L. M. S, 2014. Legenda: percurso Honório Gurgel-Urca

As figuras 32 e 33 acima representam as matrizes construídas a partir do desenho dos mapas mentais dos alunos, assim como a matriz da figura 34. Foram as bases para a produção do thermoform.

Figura 34: matriz – aluno 3

Foto de: ARRUDA, L. M. S, 2014. Legenda: percurso Duque de Caxias-Urca