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5.2 ACJ APLICADA AOS PRODUTOS EM VÍDEO AO VIVO DO NOVO

5.2.2 Marcas de composição nas lives do Novo

Durante nossa análise, identificamos e dividimos a composição gênero jornalístico em quatro categorias. Notícia, entrevista coletiva, entrevista e enquete. Para o gênero notícia, bem como os da Tribuna do Norte, classificamos todas as informações passadas pelo jornal de última hora ou apenas com o propósito de ser informativa,

contextualizando o que ocorria em Alcaçuz. No total, foram 23. As entrevistas coletivas foram realizadas cinco vezes, sendo quatro na Governadoria e uma no ITEP. O número de entrevistas com fontes públicas também foi igual ao das coletivas, totalizando cinco. Dessas, três foram com fontes do poder público e duas cidadãs.

Fonte: elaboração da autora

Como é possível perceber, ainda inserimos a enquete entre os gêneros jornalísticos encontrados nas lives. Segundo Marques de Melo (2016), esse constitui em um formato de gênero interpretativo e que traz o ponto de vista de cidadãos. No caso da cobertura da rebelião em Alcaçuz, a enquete e o ao vivo foram utilizados sem um repórter nas ruas questionando cara a cara o público. O jornal deixou aberto um vídeo em que perguntava “Você concorda com o pagamento de indenização às famílias dos presos mortos da rebelião em Alcaçuz?”. No espaço, eles utilizaram o seguinte texto:

#EnqueteNOVO Você concorda com o pagamento de indenizações às famílias dos presos mortos da rebelião de Alcaçuz?

Obs: Para seu voto ser computado, abra o vídeo e escolha uma reação! Participe e compartilhe com os seus amigos!

Ah, não esqueça de curtir o perfil do NOVO Jornal

Após as mortes de presos dentro da maior penitenciária do estado, em Nísia Floresta, Região Metropolitana de Natal, a Defensoria Pública do Estado estuda realizar uma ação coletiva contra o Estado do Rio Grande do Norte. O pedido à Justiça deverá envolver a cobrança de indenização às famílias dos apenados. Ainda não há valor estimado (Enquete realizada pelo Novo no dia 17 de janeiro de 2017).

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Gráfico 9 - Marca de Composição Novo: gênero jornalístico

Essa abordagem foi uma das utilizadas pela empresa para discutir um dos assuntos tematizados durante a rebelião. Nesse sentido, a organização justifica na legenda da live o porquê de sua pergunta. A estratégia atingiu seu propósito de interação, tendo mais de 12 mil visualizações, 1,8 mil interações, 59 compartilhamentos e 615 comentários.

Figura 5: enquete realizada ao vivo pelo Novo

Fonte: print de live realizada na redação do jornal

Diferente do que percebemos na Tribuna do Norte, o Novo não organizou sua cobertura através dos vídeos em listas de reprodução. Caso queira consultar o material produzido naquela época, o seguidor da página deverá rolar o cursor do mouse até chegar nas transmissões, o que demonstra certa desorganização no arquivamento do conteúdo produzido.

Depois da venda do Novo para o grupo Ritz, a empresa resolveu tornar o periódico em um veículo mais ativo e atrativo nas redes sociais. As orientações eram para a construção de uma redação integrada que proporcionasse o diálogo constante entre impresso, portal e sites de redes sociais, sempre articulados através da prática jornalística. Durante a cobertura de Alcaçuz, o jornal não fez diferente. Não se limitou a construir conteúdo específico e sem interlocução com os demais que produzia para outras plataformas. Em fato, mais que nunca, podemos dizer que avistamos durante aquela cobertura jornalistas multiplataformas, que atuavam para o impresso, construíam vídeos, fotos e textos para publicar nos perfis da empresa, utilizando os mais diversos recursos para tal. Câmeras fotográficas, computadores de mesa e equipamentos como tripé eram

da própria empresa, já os smartphones mesmo a organização disponibilizando, os jornalistas muitas vezes preferiam usar os seus.

Nas transmissões ao vivo via streaming pudemos perceber que os repórteres o tempo todo convidavam sua audiência para acompanhar as novidades sobre o que ocorria durante a crise na penitenciária. Eram frases como “aguardem informações em tempo real aqui no Facebook e também nas nossas outras redes sociais” ou “a gente pede que vocês compartilhem a nossa live, nós estamos aqui ao vivo de Alcaçuz, compartilhem com os amigos, comentem, curtam, o que vale é a interação também, né?!”.

Fator interessante dessa convergência em rede se dá pela própria interação do repórter com a redação. Através de aplicativo de mensagens instantâneas, eles se conversavam, trocavam informações e sugeriam novas abordagens. O produtor de conteúdo NJ2 destaca: “no meu celular eu ficava vendo o Whatsapp e a gente ficava se comunicando também pela própria live e a redação também entrava pra responder as perguntas das pessoas” (NJ2, informação verbal). Isso demonstra que a interação e a convergência das plataformas na redação também eram praticadas entre os próprios jornalistas.

Eu e outro conselheiro entrávamos em contato com o repórter que estava apresentando a live para que ele mostrasse e detalhasse o que acontecia no local, a gente também informava a esse repórter o que estava acontecendo em outros locais, na governadoria, por exemplo, com outras informações que poderiam melhorar as transmissões (NJ3, informação verbal56).

Dos vídeos analisados, encontramos a marca de composição call to action em 23. Neles, os repórteres tentavam promover o engajamento dos espectadores através do chamado, de um convite, e não de uma imposição, para acessar seus outros sites de redes sociais.

Por fim, na marca de composição do produto tipo de mensagem identificamos que a maior parte delas constituíam em mensagens integradas com aspectos de contextualização do que vinha ocorrendo (normalmente essa característica se repetia em vídeos longos) e de atualização das notícias apuradas, especialmente, junto ao Governo. Foram, ainda, 13 vídeos pautados apenas na atualização, normalmente eles acabavam sendo cortados devido a conexão falha e por isso eram mais curtos não dando tempo de resgatar a memória do acontecimento.

56 NJ3. Entrevista sobre cobertura em Alcaçuz. Natal, RN. 21 dez. 2017. Entrevista concedida a Kalianny

Fonte: elaboração da autora