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5.1 AMOSTRA

Participaram deste estudo 15 atletas da seleção brasileira de taekwondo de ambos os sexos, com idades entre 14 a 30 anos (14 a 17 anos: n= 6) e (18 a 30 anos: n= 9), com experiência em eventos competitivos de nível nacional e internacional. Os atletas eram graduados em nível de faixa preta, treinavam com frequência semanal entre 6 a 12 sessões de treinamento por semana, com duração entre 90 a 180 minutos por dia. Os atletas não apresentavam lesões articulares, lesões musculares e outros problemas de saúde que pudessem limitar sua participação no estudo. Após serem informados sobre os objetivos, os benefícios e os riscos associados aos protocolos do estudo, todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para participar do estudo. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo sob nº 12697719.4.0000.5390.

5.2 DESENHO EXPERIMENTAL

Os atletas foram submetidos a cinco semanas de intervenção. Na primeira semana, as medidas da pressão de oclusão e breves estímulos de pré condicionamento isquêmico com pressões aleatórias foram realizadas nos atletas. Em seguida, os atletas foram familiarizados ao protocolo intermitente de chutes, que consistiu em 10 séries de chutes alternados, com duração de 10 segundos cada, realizados na maior velocidade e potência possível. A cada série de chutes, foi dado um intervalo de 10 segundos entre elas. Ao final das 10 séries, foram computados o número total de chutes que foi usado como controle. Na segunda semana, o protocolo de chutes foi repetido para obtenção dos dados de reprodutibilidade da medida para cálculos do erro típico (ET), da mínima diferença detectável (MD) e do coeficiente de variação (%CV) da condição controle. Da terceira à quinta semanas, os atletas foram submetidos à três protocolos experimentais de pré condicionamento isquêmico (PCI) em diferentes pressões de restrição do fluxo sanguíneo: placebo a 20 mmHg (PLA), PCI a 80% (PCI80) e 100% (PCI100) da pressão de oclusão, seguido dos protocolos das séries de chutes. O número total de chutes (TC), a frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva de esforço (PSE) foram registradas ao final de cada série dos protocolos experimentais. A concentração de lactato sanguíneo [La] foi realizada antes (pré), imediatamente após (IA) e 5 minutos após (5min) a finalização dos protocolos (Quadro 1).

Quadro 1 – Cronograma de análises dos protocolos e testes

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

POCL: pressão de oclusão arterial; PCI: pré condicionamento isquêmico; FC: frequência cardíaca; Concentração de lactato sanguíneo [La]; Percepção subjetiva de esforço (PSE).

5.3 DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO DE OCLUSÃO (POCL)

Para a determinação da pressão de oclusão arterial (POCL), os indivíduos foram colocados em posição sentada e permaneceram em repouso por um período de 10 minutos. Um manguito de pressão com esfigmomanômetro (17,5 cm de largura x 92 cm de comprimento; JPJ- Materiais Hospitalares, São Paulo, SP, Brasil) foi posicionado na parte mais proximal de ambas as coxas dos indivíduos. Após esse procedimento, a sonda de um aparelho doppler vascular portátil (DV-600; Marted, Ribeirão Preto, SP, Brasil) foi posicionada sobre a artéria tibial da perna do indivíduo para localização do pulso arterial. O manguito foi inflado até o ponto em que o pulso auscultatório da artéria tibial foi interrompido. Esse ponto foi considerado como a pressão de oclusão arterial [100% da POCL] (LAURENTINO et al., 2020). A partir da coleta dos valores referentes à POCL foram calculados os valores de pressão utilizados nos protocolos experimentais (80% e 100% da POCL).

5.4 MEDIDA DA FREQUÊNCIA DE CHUTES

A medida de frequência de chutes foi baseada no teste “frequency of speed kick test” –(FSKT) desenvolvido por Villani, Petrillo e Distaso, (2007). O teste FSKT consiste na realização de 5 séries 10 segundos de golpes alternados com o chute bandal tchagui (semicircular), na maior velocidade e potência possível, com 10 segundos de descanso entre as séries. No entanto, no presente estudo, o protocolo intermitente de chutes foi adaptado para 10 séries de 10s, uma vez

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que, por meio de um estudo piloto, os atletas não alcançaram um alto grau de fadiga durante a realização das 5 séries de 10s, proposta no teste FSKT proposto por Villani, Petrillo e Distaso, et al. (2007). Desta forma, acreditamos que o protocolo com 10 séries de 10s poderia induzir os atletas ao maior nível de fadiga (queda de desempenho dos chutes) e destacar os possíveis efeitos do PCI e maior contribuição na resistência à fadiga, que poderiam ficar mais evidentes ao longo das séries do protocolo, comparado ao protocolo original do FSKT. Foi observado que o PCI atenuou os efeitos de fadiga, possibilitando o maior trabalho realizado ao longo de séries máximas de exercícios (LIBONATI et al., 1998; DA SILVA et al., 2020). Durante o teste, foi registrado o número de chutes em cada série que, posteriormente foi utilizado para calcular o índice de fadiga e de queda de desempenho.

Figura 1 - Teste de frequência de chute (FSKT)

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

5.5 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS

Além da condição controle (CTL) que foi realizada com o objetivo de comparar os efeitos dos protocolos experimentais sobre as variáveis de interesse do estudo, todos os atletas foram submetidos a mais três condições experimentais, que foram executadas em um desenho cross-over, com a randomização sendo realizado por meio do procedimento dos quadrados latinos adaptado de Willians (KUEHL et al., 2000). Todas as condições com o pré condicionamento isquêmico (PCI) foram realizadas com quatro ciclos de cinco minutos de isquemia ou restrição do fluxo sanguíneo, seguido por três minutos de repouso/reperfusão, com a liberação total da pressão. Na condição placebo (PLA) foi realizada a pressão de 20 mmHg;

enquanto a condição PCI80 foi realizada a 80% da pressão de oclusão arterial (~104 ± 13 mmHg). Na condição PCI100 foi aplicada 20 mmHg acima da POCL (~130 ± 16 mmHg) para garantir a oclusão total do fluxo sanguíneo (~ 150 ± 16 mmHg), evitando assim, que mecanismos reflexos à isquemia pudessem causar a vasodilatação durante o protocolo e reduzir o nível de restrição do fluxo sanguíneo local. Imediatamente após, ou seja, não mais do que três minutos seguido das condições de PCI, os atletas executaram 10 séries de 10s de chutes, com intervalo de 10s entre elas. O manguito de pressão foi colocado na região mais proximal em ambas as coxas dos atletas a aplicação do protocolo de PCI.

5.6 CONCENTRAÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO

As medidas da concentração de lactato sanguíneo foram realizadas no repouso [pré], imediatamente após [IA] e cinco minutos após as condições experimentais. Após a área ter sido limpa com álcool, uma pequena amostra de sangue arterial (25 µl) foi coletada do lóbulo da orelha e colocada em um tubo capilar heparinizado. Posteriormente, a amostra de sangue foi transferida para um tubo eppendorf contendo uma solução de 50 µl de fluoreto de sódio a 1% e armazenada em gelo. A concentração de lactato no sangue [La] foi obtida por um analisador de lactato electro-enzimático (1500 Sport; Yellow Springs Instruments, Yellow Springs, OH) que será calibrado com uma concentração conhecida de lactato de 5 mmol L-1.

5.7 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO

A percepção subjetiva de esforço (PSE) dos indivíduos em cada condição experimental foi avaliada com o uso da escala de Borg CR-10 (Borg, 1982). Nessa escala, o valor máximo (10) representa o maior esforço físico experimentado pelo atleta e o valor mínimo (0) relativo à condição de repouso absoluto.

5.8 FREQUÊNCIA CARDÍACA

A frequência cardíaca (FC) dos atletas foi monitorada por meio de um frequencímetro modelo H7 da marca Polar durante as séries de chutes dos atletas nos protocolos.

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5.9 ÍNDICE DE FADIGA

O índice de fadiga (IF) indica a queda do desempenho do atleta durante os protocolos. Para cálculo do IF levou-se em consideração o número de chutes realizados durante as séries dos protocolos intermitente (SANTOS; FRANCHINI, 2016).

O primeiro IF leva em consideração o melhor e o pior resultado (número de chutes) de todas as séries, sendo calculado pela seguinte equação:

IF = ([Melhor série – Pior série] / Melhor série) x 100

Já o índice de queda de desempenho (IQD) leva em consideração o resultado do número de chutes de todas as séries somadas, sendo calculado pela seguinte equação:

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