• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA"

Copied!
61
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA

AUGUSTO VICENTE ALVES

Efeito do pré condicionamento isquêmico no desempenho de tarefas específicas em atletas de taekwondo

São Paulo 2020

(2)

Efeito do pré condicionamento isquêmico no desempenho de tarefas específicas em atletas de taekwondo

Versão original

Dissertação apresentada à Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Atividade Física.

Área de Concentração: Ciência da Atividade Física

Orientador:

Prof. Dr. Gilberto Candido Laurentino

São Paulo 2020

(3)

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO

(Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Biblioteca) CRB 8 - 4936

Alves, Augusto Vicente

Efeito do pré-condicionamento isquêmico no desempenho de tarefas específicas em atletas de taekwondo / Augusto Vicente Alves ; orientador, Gilberto Candido Laurentino. – 2020

61 f : il.

Dissertação (Mestrado em Ciências) - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo. Versão original

1. Taekwondo. 2. Estresse. 3. Condicionamento físico. 4. Atletas. 5. Isquemia. I. Laurentino, Gilberto Candido, orient. II. Título

(4)

taekwondo

Dissertação apresentada à Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Atividade Física.

Área de concentração: Ciência da Atividade Física

Aprovado em: ___/___/___ Banca Examinadora Prof. Dr.__________________________ Instituição: _________________________ Julgamento:_______________________ Assinatura: ________________________ Prof. Dr.__________________________ Instituição: _________________________ Julgamento:_______________________ Assinatura: ________________________ Prof. Dr.__________________________ Instituição: _________________________ Julgamento:_______________________ Assinatura: ________________________

(5)

Dedico este trabalho à minha filha, Malu, por me prover os momentos mais felizes de toda a minha vida.

(6)

tem permitido. Bem como, à oportunidade de crescimento pessoal através das experiências vividas neste período dedicado ao projeto.

Agradeço à minha família por toda a educação e suporte necessários para o meu compromisso com os estudos.

Agradeço, também, aos amigos que fiz ao longo de todo este processo, Gessé e Rodrigo, pelas conversas, trocas de experiências, ajuda, e que, com certeza, farão parte da minha vida, enquanto ela durar.

Agradeço a disposição, ajuda e apoio de todos os integrantes do grupo de estudos em cada momento dedicado a este trabalho.

Agradeço, também, às equipes de treinadores, preparadores e aos atletas envolvidos, por toda dedicação e compromisso em participar deste trabalho.

Um agradecimento especial ao Professor Mestre Lucas Tavares, por servir de inspiração para mim, por todo o seu conhecimento do meio esportivo, pela sua vontade em repassar isso a diante e por todas as suas qualidades como ser humano.

Por fim, não menos importante, agradeço ao meu orientador e amigo, Gilberto Candido Laurentino. Pessoa em que me inspiro, não só pelos conhecimentos científicos, que é extremamente vasto, mas, mais ainda, como ser humano. Por cada conversa, franca ou não, por cada troca de experiências envolvendo os estudos e, muitas delas, sobre assuntos pessoais que me fizeram crescer em todas as áreas da minha vida. Serei eternamente grato.

(7)

RESUMO

ALVES, Augusto Vicente. Efeito do pré condicionamento isquêmico no desempenho de

tarefas específicas em atletas de taekwondo. 2020. 61f. Dissertação (Mestrado em Ciências)

– Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Versão original.

O pré condicionamento isquêmico (PCI) caracteriza-se pela exposição a breves períodos de oclusão circulatória e reperfusão (hiperemia reativa) para proteger órgãos locais e sistêmicos contra subsequente lesão por isquemia/reperfusão. Estudos têm mostrado o efeito positivo do PCI em modalidades de caráter aeróbio e força muscular, no entanto, os efeitos do PCI sobre o desempenho de tarefas específicas das lutas ainda não foi investigado. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos agudos do PCI sobre o desempenho de tarefas curtas e longas específicas em atletas de taekwondo (TKD). Participaram deste estudo 15 atletas de TKD de nível internacional que foram submetidos ao PCI seguido de protocolos intermitentes (10 séries de 10s/10s recuperação), com diferentes pressões de restrição do fluxo sanguíneo (RFS) (placebo – 20 mmHg – PLA), 80% (PCI80) e 100% (PCI100) da pressão de oclusão, além de uma condição controle (CTL). Seguido do PCI foram avaliados o número total de chutes (TC), o índice de fadiga (IF) e de queda do desempenho (IQD), a concentração de lactato [La], a frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva de esforço (PSE). A Anova two-way foi usada para testar as comparações entre os protocolos, tendo como fatores os protocolos experimentais e o tempo, bem como o fator randômico os atletas do estudo. As variáveis do estudo foram analisadas também pelo tamanho do efeito (TE) e o escore Z. O nível de significância adotado será de p<0,05. O TC foi reduzido da 1ª a 5ª série para a 6ª a 10ª somente na condição CTL. No entanto, não houve diferença significante entre as condições e as séries analisadas. O TC da condição PCI100 foi 6,9, 9,2 e 3,2 chutes superior comparado as condições CTL, PLA e PCI80. O TE do TC da condição PCI100 apresentou magnitude moderada, bem como apresentou redução significante do IF e IQD. O TE do TC da condição PCI80 da 6ª a 10ª série e o IF apresentou magnitude moderada. A análise do escore Z indicou que o TC de ~33% dos atletas na condição PCI100 se posicionou acima da média de chutes da condição CTL e superiores a mínima diferença detectável (MD). Não houve diferença

significante na [La], na PSE e na FC entre as condições. Concluímos que o PCI100 e PCI80 foram efetivos para melhorar o desempenho de chutes e retardar a fadiga muscular em atletas de taekwondo. Além disso, o uso da pressão de restrição parcial (80%) e de oclusão arterial (100%) foram efetivas para induzir os efeitos atribuídos ao PCI e ambos os protocolos podem causar menor desconforto aos atletas durante sua aplicação.

(8)
(9)

ABSTRACT

ALVES, Augusto Vicente. Effect of ischemic preconditioning on performance of specific

tasks in taekwondo athletes. 2020. 61f. Dissertation (Master of Science) – School of Arts,

Science and Humanities, University of São Paulo, São Paulo, 2020. Original version.

Ischemic preconditioning (IPC) is characterized by exposure to short periods of circulatory occlusion and reperfusion (reactive hyperemia) to protect systemic and local organs against subsequent injuries by ischemia and reperfusion. Studies has shown positive effects of IPC on aerobic and strength muscular modalities; however, the effects of IPC on performance of combat specific tasks was not yet investigated. The aim of this study was to investigate the acute effects of IPC on performance in short and long specific tasks in taekwondo athletes (TKD). Fifteen international level TKD athletes participated of this study and underwent to intermittent protocols following IPC (10 sets of 10s/10s pause), with different blood flow restriction pressures [BFR] (e.g. placebo - 20 mmHg – PLA), 80% (IPC80), 100% (IPC100) of arterial occlusion pressure and control condition (CTL). Number of kicks (NK), fatigue index (FI), performance reduction index (PRI), lactate concentration [La], heart rate (HR) and rate perceived exertion (RPE) were measured following IPC bouts. Two-way Anova was used to compare different protocols, having experimental protocols and time as fixed factors, and athletes as randomic factor. Also, effect size (ES) and Z score means were analyzed for NK, FI, PRI all [La]. Significance level was set at p<0.05. NK was reduced from 1st to 5th and 6th to 10th sets in the CTL condition. However, there was no significant difference between conditions and sets. NK of IPC100 condition was 6.9, 9.2, and 3,2 higher than CTL, PLA and IPC80 conditions, respectively. ES of IPC100 condition presented large magnitude, as well as showed significant reduction of FI and PRI. ES of IPC80 condition was considered moderate from 6th and 10th sets and FI. Estimated Z score means indicated that NK from ~33% of athletes in the IPC100 was higher than CTL condition and over of minimal difference (MD) considered real. There was no significant difference in [La], HR and RPE among conditions. We concluded that IPC100 and IPC80 protocols were effective to increase kicks performance and to attenuate muscular fatigue in taekwondo athletes. Besides that, the use of partial blood flow restriction (80%) and arterial occlusion (100%) were effective to induce positive effects of IPC, which both strategies may cause less discomfort to the athletes during IPC bouts. Keywords: Combat sports. Ischemia. Reperfusion. Metabolic stress. Performance.

(10)
(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Teste de frequência de chutes (FSKT) ...33

Figura 2 - Escore Z do total de chutes entre as condições...43

Figura 3 - Concentração de lactato sanguíneo...45

Figura 4 - Fequência cardíaca (FC)...46

(12)

Tabela 2 - Tamanho do efeito do número total de chutes entre as séries e as condições...38 Tabela 3 - Índice de fadiga dos chutes entre as séries e as condições...39 Tabela 4 - Tamanho do efeito do índice de fadiga dos chutes entre as séries e as condições ...40 Tabela 5 - Índice de queda de desempenho dos chutes entre as séries e as condições ...41 Tabela 6 - Tamanho do efeito do índice de queda de desempenho dos chutes entre as séries e as condições ...42 Tabela 7 - Escore Z do total de chutes das condições experimentais ...44

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATP Adenosina trifosfato BPM Batimentos por minuto CTL Controle

CV Coeficiente de variação

DP Desvio Padrão

ET Erro típico

FC Frequência cardíaca

FCmáx Frequência cardíaca máxima FSKT Frequency of speed kick test IA Imediatamente após

IF Índice de fadiga

IQD Índice de queda de desempenho [La] Concentração de lactato sanguíneo MD Mínima diferença

mmHg Milímetros de mercúrio mmol/l Milimol por litro

PCI Pré-condicionamento isquêmico

PCI80 Pré-condicionamento isquêmico com 80% de pressão de oclusão PCI100 Pré-condicionamento isquêmico com 100% de pressão de oclusão PCr Fosfocreatina

PLA Placebo

Ph Potencial de hidrogênio POCL Pressão de oclusão

PSE Percepção subjetiva de esforço TC Total de chutes

TE Tamanho do efeito TKD Taekwondo

UA Unidade arbitrária VO2 Consumo de oxigênio

VO2máx Consumo máximo de oxigênio

WT World taekwondo

(14)

2 OBJETIVOS ... 19

2.1 OBJETIVO GERAL ... 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 19

3 HIPÓTESE DO ESTUDO ... 20

4 REVISÃO DE LITERATURA ... 21

4.1 PRÉ CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO: BEVE HISTÓRICO E POSSÍVEIS MECANISMOS ... 21

4.2 ESTUDOS SOBRE O PRÉ CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO E DESEMPENHO FÍSICO ... 22

4.3 TAEKWONDO COMO MODALIDADE OLÍMPICA E SUAS CARACTERÍSTICAS 24 4.4 RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE ATLETAS DE TAEKWONDO DURANTE COMPETIÇÕES OFICIAIS E COMPETIÇÕES SIMULADAS... 26

4.5 PROTOCOLOS DE PRÉ CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO ... 28

5 MATERIAIS E MÉTODOS ... 31

5.1 AMOSTRA ... 31

5.2 DESENHO EXPERIMENTAL ... 31

5.3 DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO DE OCLUSÃO (POCL) ... 32

5.4 MEDIDA DA FREQUÊNCIA DE CHUTES... 32

5.5 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS ... 33

5.6 CONCENTRAÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO ... 34

5.7 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO ... 34

5.8 FREQUÊNCIA CARDÍACA ... 34

5.9 ÍNDICE DE FADIGA ... 35

6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 36

7 RESULTADOS ... 37

7.1 NÚMERO TOTAL DE CHUTES... 37

7.2 ÍNDICE DE FADIGA ... 38

7.3 ÍNDICE DE QUEDA DE DESEMPENHO ... 40

7.4 ESCORE Z DO TOTAL DE CHUTES ENTRE AS CONDIÇÕES ... 42

7.5 CONCENTRAÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO ... 44

7.6 FREQUÊNCIA CARDÍACA ... 45

(15)

8 DISCUSSÃO ... 48

9 CONCLUSÃO ... 53

10 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 54

(16)

1 INTRODUÇÃO

O pré-condicionamento isquêmico (PCI) caracteriza-se pela exposição a breves períodos de oclusão circulatória e reperfusão (hiperemia reativa) para proteger órgãos locais e sistêmicos contra subseqüente lesão por isquemia/reperfusão (INCOGNITO; BURR; MILLA, 2016). Os primeiros relatos dos efeitos positivos do uso de isquemia pré carga de trabalho foram descritos em dois estudos da década de 1950, onde os pesquisadores submeteram indivíduos a diferentes cargas de trabalho após oclusão total dos membros inferiores (MAROCOLO et al., 2016). Outro estudo com ensaio “in vitro”, mostrou que a área infartada da musculatura do miocárdio foi reduzida e induzida à maior resistência a novos eventos isquêmicos (MURRY; JENNINGS; REIMER, 1986). Após o estudo de Murry et al. (1986), outros pesquisadores reportaram efeitos benéficos da exposição ao PCI em outros órgãos e tecidos como o rim (ZARBOCK; KELLUM, 2016), o fígado (PANG et al., 1995), o cérebro (JENSEN et al., 2011) e na musculatura esquelética (PANG et al., 1995; PATTERSON et al., 2015).

Alguns mecanismos têm sido propostos para favorecer os efeitos do PCI sobre a proteção dos tecidos, dos quais se destacam os fatores humorais relacionados à liberação da adenosina na via neural de cardio proteção, a regulação da proteína quinase C do miocárdio, a proteção do coração de lesão isquêmica por peptídeo relacionado à calcitonina e regulação dos nitritos circulantes (MAROCOLO et al., 2016). Outros estudos têm proposto que o PCI contribui para a eficiência metabólica pela atenuação da depleção de ATP (ADDISON et al., 2003; PANG et al., 1995; SCHROEDER et al., 1996) e depleção de glicogênio muscular (LINTZ et al., 2013), da menor resposta na produção de lactato (ADDISON et al., 2003; PANG et al., 1995) e da preservação do pH intracelular (KIDA et al., 1991).

No contexto do rendimento esportivo, o PCI tem sido considerado uma estratégia interessante para aumentar o desempenho físico de atletas em diferentes modalidades esportivas como a natação (MICHEL et al., 2011), o remo e o mergulho (KJELD et al., 2014), as lutas (PARADIS; JOANISSE; BILLAUT, 2016), o ciclismo (CRUZ et al., 2016; DE GROOT et al., 2010; CLEVIDENCE; MOWERY; KUSHNICKK, 2012) e a corrida (CRISAFULLI et al., 1985). Os efeitos positivos do PCI na melhora do desempenho físico tem sido creditado ao aumento da quantidade de sangue circulante, à vasodilatação ocasionada por alteração da pressão arterial, à diminuição da resistência pré capilar e/ou liberação de mediadores bioquímicos da inflamação (LIBONATI et al., 2001; ENKO; NAKAMURA; YUNOKI, 2011; KRAEMER et al., 2011; HORIUCHI; ENDO; THIJSSEN, 2015).

(17)

17

Alterações fisiológicas promovidas pelo PCI podem contribuir com processos bioquímicos que afetam o desempenho muscular induzidos pela fadiga, como por exemplo, a depleção dos substratos e/ou formação de metabólitos (i.e., lactato). Neste sentido, a maioria das hipóteses dos estudos que testaram o PCI, está associada ao fato de que o tecido muscular se torna mais resistente à restrição do fluxo sanguíneo e/ou isquemia local, sendo que a hiperemia reativa gerada após os períodos de isquemia seguidos de reperfusão, potencializaria o aporte de oxigênio para atender a demanda que o treinamento físico impõe ao atleta (BEAVEN et al., 2012; LALONDE; CURNIER, 2015; KIDO et al., 2015; CRISAFULLI et al., 2011; GRIFFIN et al., 2019).

O taekwondo (arte marcial coreana) é uma das modalidades de esportes de combate considerada como foco de investigação na comunidade científica e interesse de atuação profissional (BRIDGE; JONE; DRUST, 2009). As ações motoras do taekwondo têm caráter intermitente, ou seja, são ações executadas por curtos períodos de esforço e recuperação, com alta demanda metabólica devido à intensidade dos combates (CAMPOS et al., 2012). Adicionalmente, os curtos intervalos de recuperação ao redor de 60 segundos, nem sempre são suficientes para que o atleta se recupere da fadiga gerada pela depleção de substratos energéticos utilizados durante a realização dos combates, uma vez que a [La] aumenta ao longo dos rounds em combates simulados (HAUSEN et al., 2017). Nesse sentido, a potência muscular e a capacidade anaeróbia podem ser mais afetadas ao longo dos combates (BRIDGE; JONE; DRUST, 2009; CAMPOS et al., 2012; BOUHLEL et al., 2006). Esses aspectos interferem na eficiência para a aplicação dos golpes, o que ressalta a necessidade da utilização de estratégias que favoreçam a condição do atleta efetuar as técnicas de combate de forma mais eficiente. Desta forma, o PCI pode ser uma estratégia pré condicionante que possa favorecer a resistência à fadiga e a manutenção da eficiência dos golpes durante o combate no taekwondo.

Embora os estudos anteriores tenham mostrado que o PCI promoveu aumentos significativos nos parâmetros de desempenho em diferentes modalidades, há algumas inconsistências metodológicas nos protocolos com PCI apresentado nos estudos. Por exemplo, não há um consenso na literatura quanto ao tempo de isquemia/reperfusão dos protocolos; o tempo entre a realização do PCI e o teste ou a atividade subsequente avaliada. Sendo assim, a ausência de efeitos positivos com o uso do PCI em alguns estudos pode estar relacionada aos modelos dos protocolos, bem como a pressão aplicada nos manguitos utilizados no PCI (SALVADOR et al., 2016).

(18)

Na maioria dos estudos com PCI são utilizadas pressões ao redor de 200 a 220 mmHg (DE GROOT et al., 2010; CLEVIDENCE; MOWERY; KUSHNICK, 2012; BEAVEN et al., 2012; MAROCOLO et al., 2016; BAILEY; JONES; GREGSON et al., 2012). Nesse nível de pressão e dependendo da largura do manguito utilizado no protocolo de PCI é possível que alguns indivíduos apresentem oclusão parcial ou completa do fluxo sanguíneo e com isso, os efeitos do PCI sobre as variáveis de desempenho possam ser dispares. Por exemplo, Crenshaw et al. (1988) mostraram que para ocluir o fluxo arterial femoral com um manguito de 18cm, seria necessário a pressão de ~140 mmHg, ao passo que um manguito de 4,5 cm, a pressão necessária para a oclusão do fluxo sanguíneo seria maior do que 360 mmHg. O resultado desse estudo mostra que o grau de isquemia é proporcional à largura do manguito. Sendo assim, se o efeito da isquemia é determinante para as respostas positivas da hiperemia reativa decorrente do PCI, o uso de um valor de pressão arbitrária pode induzir diferentes níveis de oclusão do fluxo.

Desta forma, os fatores anteriormente destacados, combinado à ausência de uma condição controle, altamente frequente na maioria dos estudos com PCI, podem contribuir para a heterogeneidade das respostas ao PCI apresentado nos estudos. Por exemplo, Incognito et al. (2016) mostraram que em nove dos 17 testes de desempenho contra relógio, 118 sujeitos foram responsivos e 57 não responderam positivamente aos protocolos de PCI. Além disso, nenhum estudo mostrou se diferentes percentuais de restrição do fluxo sanguíneo nos protocolos de PCI apresentam o mesmo efeito sobre os parâmetros de desempenho, quando comparado com a pressão padrão comumente usada nos protocolos de PCI (200 a 220 mmHg).

Não há relatos na literatura de estudos que mostraram se a restrição parcial do fluxo sanguíneo (ex. 80% da pressão de oclusão) aplicados aos protocolos de PCI, proporcionaria efeitos similares sobre os parâmetros de desempenho quando comparada a pressão usada para ocluir totalmente o fluxo sanguíneo. Além disso, o uso de pressão parcial poderia gerar menor desconforto aos atletas comparado com pressão ≥ a pressão de oclusão (SHARMA et al., 2014; GRIFFIN et al., 2019).

(19)

19

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos do pré condicionamento isquêmico sobre a capacidade anaeróbia em tarefas específicas em atletas de taekwondo. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos do presente estudo foram:

a) verificar os efeitos diferentes condições de pré condicionamento isquêmico sobre o número total de chutes (TC) em protocolos intermitentes com ações motoras específicas de combates no taekwondo;

b) verificar os efeitos do pré condicionamento isquêmico sobre a concentração de lactato sanguíneo [La], frequência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE) durante os protocolos intermitentes com ações motoras específicas de combates no taekwondo;

c) verificar os efeitos do pré condicionamento isquêmico sobre o índice de fadiga (IF) durante os protocolos intermitentes com ações motoras específicas de combates no taekwondo; d) comparar os efeitos do pré condicionamento isquêmico com diferentes níveis de pressão de restrição (80% vs 100% da pressão de restrição de oclusão) sobre o total de chutes, a [La], a FC, a PSE e o IF durante os protocolos intermitentes com ações motoras específicas de combates no taekwondo.

(20)

3 HIPÓTESE DO ESTUDO

A hipótese do estudo é que o pré condicionamento isquêmico induzirá maior tolerância à fadiga (aumento no número de chutes) durante os protocolos com ações motoras específicas do taekwondo comparado às condições placebo e controle. Além disso, se espera que a manipulação de diferentes níveis de pressão de restrição do fluxo (80% e 100% da pressão de oclusão) promova aumentos similares na tolerância à fadiga nos protocolos intermitentes das ações motoras específicas do taekwondo.

(21)

21

4 REVISÃO DE LITERATURA

Nesta revisão de literatura, no primeiro momento, abordaremos sobre um breve contexto histórico do pré condicionamento isquêmico e seus possíveis mecanismos fisiológicos. No segundo momento, faremos uma abordagem dos estudos que utilizaram o pré condicionamento isquêmico sobre a melhora do desempenho em diferentes tarefas. No terceiro momento, dissertaremos sobre as características específicas da modalidade taekwondo e a influência da fadiga sobre o desempenho das ações da modalidade. Por fim, faremos uma breve abordagem sobre as inconsistências dos protocolos de pré condicionamento sobre o desempenho.

4.1 PRÉ CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO: BEVE HISTÓRICO E POSSÍVEIS MECANISMOS

O pré condicionamento isquêmico (PCI) caracteriza-se pela exposição a breves períodos de oclusão circulatória e reperfusão (hiperemia reativa) para proteger órgãos locais e sistêmicos contra subsequente lesão por isquemia/reperfusão (INCOGNITO; BURR; MILLAR, 2016). Este termo foi primeiramente descrito na literatura por Murry, em 1986, em um estudo realizado com animais, o qual investigou os efeitos de múltiplos episódios isquêmicos na proteção do coração sob subsequente ataque isquêmico sustentado de 40 minutos. Os pesquisadores mostraram que quatro ciclos de oclusão de cinco minutos intercalados por cinco minutos de reperfusão foram suficientes para proteger o tecido do miocárdio contra uma subsequente isquemia sustentada. Após 40 minutos de exposição ao pré condicionamento, o tamanho da área do infarto foi limitado em 25% quando comparado a condição controle que recebeu a isquemia sustentada por 40 minutos. Os efeitos do PCI sobre o miocárdio foram associados à diminuição da taxa de depleção de ATP e remoção dos catabólicos que se acumularam durante a isquemia, o que pode retardar a morte celular. Desta forma, o estudo sugeriu que breves episódios de isquemia/reperfusão podem retardar a morte celular permitindo maior integridade do tecido do miocárdio durante subsequentes episódios isquêmicos (MURRY; JENNINGS; REIMER, 1986).

Em outro estudo, Pang et al. (1995) investigaram a eficácia do PCI agudo sobre a cardio proteção em porcos após isquemia sustentada por um período de 4h. Para verificar os efeitos deletérios da isquemia, os pesquisadores avaliaram tamanho da área do infarto, o fluxo sanguíneo muscular e o metabolismo muscular. Os pesquisadores observaram que o PCI realizado com três ciclos de 10 minutos de isquemia/reperfusão reduziu o tamanho da área infartada em até 62%. Além disso, os conteúdos musculares de fosfocreatina e ATP foram

(22)

mantidos e a concentração de lactato foi menor nos animais que receberam o PCI quando comparados ao grupo de animais controle.

Alguns estudos têm sugerido que fatores humorais relacionados com a liberação de adenosina ativa a via neural de cardio proteção (DING; ZHANG; HE, 2000) e a regulação positiva da proteína quinase C reativa miocárdica (WEINBRENNER et al., 2002), peptídeos relacionados aos genes da calcitonina (WORFRUM et al., 2009), bem como auto regulação de nitritos (SINGH; CHOPPA, 2004). Outros estudos têm sugerido que o PCI pode ter influência positiva sobre o fluxo sanguíneo dos músculos esqueléticos induzindo vasodilatação da arterial (ENKO; NAKAMURA; YUNOKI, 2011), preservação da função endotelial e microvascular durante o estresse (LOUKOGEORGAKIS et al., 2005; BAILEY; JONES; GREGSON, 2012; KHARBANDA et al., 2002).

4.2 ESTUDOS SOBRE O PRÉ CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO E DESEMPENHO FÍSICO

Segundo Marocolo et al, (2016, apud NUKADA, 1995; MILLER, 1958) Os primeiros relatos dos efeitos positivos do uso de isquemia pré-carga de trabalho sobre o desempenho físico foram descritos em dois estudos de pesquisadores alemães, ao mostrarem resultados positivos do PCI no desempenho máximo de membros inferiores em cicloergômetro, após a exposição aos ciclos de PCI por 10 minutos. Os pesquisadores relataram melhoras de até 7 vezes da capacidade de resistência muscular dos indivíduos e associaram tais achados à aumentos na circulação local por hiperemia reativa (MAROCOLO et al, 2016).

Os resultados anteriores chamaram a atenção de outros pesquisadores das ciências do esporte na mesma época. No entanto, pouco tempo depois outros pesquisadores tentaram reproduzir efeitos de melhoria de desempenho com a utilização da estratégia de isquemia pré-carga, mas não obtiveram resultados positivos. Por exemplo, Collier e Percival (1959), tentaram reproduzir os mesmos achados propostos por Nukada e Miller, no entanto, não foi observado efeito do PCI no desempenho em exercícios após isquemia realizada em ciclos de 5 minutos (MAROCOLO et al., 2016). A ausência de efeito do PCI sobre o desempenho em cicloergômetro também foi demonstrada por outro estudo realizado por Barcroft et al. (1978), usando exercícios rítmicos em cicloergômetro e contração sustentada no dinamômetro manual, após isquemia por 10 minutos.

Contrário aos resultados de Barcroft et al. (1978), De Groot et al. (2010) investigaram os efeitos do PCI no desempenho do ciclismo em indivíduos treinados. Foi avaliada a produção

(23)

23

de potência, o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a ventilação, o quociente respiratório e a frequência cardíaca, após a aplicação do PCI com 3 ciclos de isquemia de 5 minutos seguidos por 5 minutos de reperfusão, em ambas as pernas. Após a aplicação do PCI foi observado melhora significativa no VO2máx e na produção de potência. Os pesquisadores associaram a melhora do desempenho do ciclismo ao impacto do PCI na vasculatura e à adenosina, que se apresenta como um potente vasodilatador que poderia otimizar o suprimento de sangue para a musculatura durante o exercício.

Outro importante mecanismo que pode estar associado ao PCI na melhora do desempenho tanto em estímulos de força quanto de aeróbio é a maior tolerância a fadiga. Estudos têm mostrado que os níveis de estresse metabólico (lactato sanguíneo) foram mais baixos durante os exercícios quando precedido pelo PCI comparado à condição controle (BAILEY; JONES; GREGSON, 2012; GIBSON et al., 2014). Bailey, Jones e Gregson (2012) mostraram que as concentrações de lactato sanguíneo foram mais baixas durante um teste incremental entre 10 a 14 km/h quando precedido do PCI. A capacidade de produzir quantidades similares de trabalho enquanto atenua a produção de lactato pode sugerir a intervenção para facilitar uma maior contribuição das vias aeróbicas e a preservação do ATP gerado via glicólise. A vasodilatação e os aumentos associados no fluxo sanguíneo decorrentes do PCI facilitam o fornecimento de energia através de vias aeróbias, poupando o ATP derivado das vias glicolíticas anaeróbias e potencial aumento da remoção de lactato no sangue (GIBSON et al., 2014).

Os efeitos positivos do PCI na melhora do desempenho físico em atividades com predominância aeróbia têm sido creditados ao aumento do fluxo sanguíneo local, à vasodilatação ocasionada por alteração da pressão arterial, à diminuição da resistência pré capilar e/ou liberação de mediadores bioquímicos da inflamação (MAROCOLO et al., 2016). Além das alterações induzidas pelo PCI na vasculatura, o nível de desempenho melhorado após o PCI também pode estar relacionado a adaptações nos músculos ou mais especificamente nas mitocôndrias. Outro estudo mostrou que o PCI apresenta melhora na disponibilidade de óxido nítrico (KIMURA et al., 2007). Além do potencial efeito vasodilatador, o óxido nítrico pode ter um impacto favorável sobre a capacidade de consumir oxigênio durante o exercício, uma vez que o óxido nítrico tem sido mostrado para atenuar o consumo de oxigênio mitocondrial através da manutenção da reserva de extração do O2 (COOPER et al., 2008; PRIME et al., 2009).

Os efeitos positivos do PCI também foram testados em outros modelos de exercícios com predominância anaeróbia. Por exemplo, Griffin et al. (2019) observaram a redução da

(24)

fadiga, através do percentual de decréscimo de desempenho, após o PCI preceder 18 sprints repetidos de corrida (sendo 3 séries de 6x15+15m), em indivíduos saudáveis, mas sem observar efeitos nas variáveis metabólicas avaliadas, como [La]. Libonati et al. (2001) investigaram a influência de breves ciclos de PCI sobre a produção de força muscular. Onze sujeitos foram submetidos a ciclos de 2 minutos de oclusão por 10 minutos de reperfusão e foram avaliados em sequência no teste de força isométrica máxima de flexão de punho. Após os ciclos de PCI foi observada a maior produção de força e o aumento quatro vezes maior na circulação sanguínea local no membro que recebeu PCI.

Em um estudo mais recente, Da Silva et al. (2020) investigaram o efeito agudo do PCI sobre o desempenho de força em um conjunto de exercícios de treinamento de força, realizados até a falha muscular concêntrica. Os resultados apontaram o maior número de repetições realizadas e, consequentemente, o maior volume total de treinamento na condição com PCI comparada a controle.

Neste sentido, a maioria das hipóteses dos estudos que testaram o PCI está associada ao fato de que o tecido muscular se torna mais resistente à restrição do fluxo sanguíneo e/ou isquemia local, sendo que a hiperemia reativa gerada após os períodos de isquemia seguidos de reperfusão potencializaria o aporte de oxigênio para atender a demanda que o treinamento físico impõe à musculatura exercitada (MAROCOLO et al., 2016).

4.3 TAEKWONDO COMO MODALIDADE OLÍMPICA E SUAS CARACTERÍSTICAS O taekwondo (TKD) é um dos esportes de combate que compõe o quadro de modalidades olímpicas desde os Jogos Olímpicos de 2000. Este fato torna a modalidade esportiva alvo de investigação no meio acadêmico e científico. As competições oficiais de TKD são regulamentadas pela entidade máxima da modalidade que é a World Taekwondo (WT, 2017).

Nos eventos competitivos, os atletas são submetidos à combates que envolvem alta demanda energética com predominância aeróbia somada à alta contribuição anaeróbica para a realização das ações de alta intensidade (MATSUSUIGUE; HARTMANN; FRANCHINI, 2009; CAMPOS et al., 2012). Além disso, são exigidas dos atletas, habilidades motoras complexas, que são executadas em alta velocidade e curta duração. Os combates são compostos por três rounds com duração de dois minutos, intercalados por um minuto de intervalo. As pontuações são definidas por golpes aplicados nas regiões do tronco, com chutes e socos e a cabeça apenas com chutes, onde se define o campeão a partir da maior pontuação acumulada

(25)

25

ao longo do combate ou por um único golpe aplicado após o qual o oponente não apresente condição necessária para continuidade da luta (ex., nocaute).

Neste cenário, pode-se observar que o TKD impõe alta demanda fisiológica caracterizada por elevada resposta cardiovascular e ventilatória (e.g., frequência cardíaca ~ 85-95% FCmáx; consumo de oxigênio (VO2) ~55-90% do VO2máx) e grande demanda metabólica (ex. concentração de lactato [La] ~ 7,0-10,1 mmol/l). Essas demandas fisiológicas podem exercer grande influência no comportamento técnico-tático do atleta na luta (MOREIRA et al., 2016, HAUSEN et al., 2017). Isso pode ter relação com a estrutura temporal dos combates que varia em torno de 1,2 à 1,9s para realização de cada movimento de ataque e de contra-ataque, enquanto para movimentação de defesa são utilizados ~7,8 segundos (SANTOS; FRANCHINI; LIMA SILVA, 2011; LOPEZ-LOPEZ et al., 2015).

Embora o TKD seja uma modalidade de predominância aeróbia, as ações de alta intensidade são as que decidem a luta, sendo realizadas com a grande contribuição do metabolismo anaeróbio (CAMPOS et al., 2012, MATSUSHIGUE et al., 2009). Estas ações exigem dos atletas níveis elevados de velocidade e de potência (MOREIRA; HARTMANN; FRANCHINI, 2016). As ações são executadas com potência, característica essencial para pontuar. Se a potência for aprimorada, o golpe pode ser mais eficiente. Neste sentido, se faz necessário o uso de estratégias de treinamento que possam impactar positivamente na melhora e na manutenção dos níveis de velocidade, potência e resistência muscular para garantir melhor eficácia das ações das lutas visando maiores chances de resultados.

Estudos mais recentes, tem utilizado testes específicos a fim de replicar algumas características observadas durante os combates e as sessões de treinamento, para avaliar o desempenho anaeróbico dos atletas (MESQUITA et al. 2019; SANTOS; FRANCHINI, 2018; BRIDGE et al. 2013), como é o caso do “frequency speed of kick test” (FSKT), desenvolvido por Villani et al. (2007). Neste teste é esperado que os participantes realizem o máximo de chutes alternadamente, na máxima velocidade e potência possível, dentro de cada uma das 5 séries com 10 segundos de duração e intervalos de 10 segundos entre elas (VILLANI; PETRILLO; DISTASO, 2007). O número total de chutes realizados por série, somatório de chutes em todas as séries e índice de queda de desempenho ao longo das séries, respectivamente, representam a capacidade de resistência repetida da ação específica da modalidade (SANTOS; FRANCHINO, 2016 e 2018). Espera-se que ao longo das séries, o número de chutes diminua devido à fadiga muscular em resposta da alta intensidade e frequência dos golpes realizados (SANTOS; FRANCHINI et al., 2018).

(26)

Contudo, como foi observado em alguns estudos sobre os efeitos do PCI no aumento da capacidade anaeróbia (GRIFFIN et al., 2019; LIBONATI et al., 2001; DA SILVA et al. 2020), é plausível assumir que o PCI pode aumentar a capacidade anaeróbica em um tempo maior, ou proporcione maior capacidade de tamponamento (LIBONATI et al., 2001) e, consequentemente, induza o aumento do volume de chutes em condições induzidas pelos estímulos de isquemia (DA SILVA et al. 2020). Além disso, podemos especular que estas respostas ao PCI poderiam ficar mais evidentes ao longo do protocolo. Sendo assim, usar um número maior de séries, pode evidenciar maior tolerância ao exercício, visto que, ao longo das séries do FSKT, a queda de desempenho se mostra mais evidente em comparação ao início do protocolo (SANTOS; FRANCHINI, 2018).

Importante ressaltar que atletas vencedores apresentam maior potência de golpes e realizam maior número de técnicas em comparação aos atletas perdedores (KAZEMI et al., 2006 e 2014; KWOK et al., 2012; SADOWNSKI et al., 2012).

4.4 RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE ATLETAS DE TAEKWONDO DURANTE COMPETIÇÕES OFICIAIS E COMPETIÇÕES SIMULADAS

A demanda fisiológica em lutas de TKD tem sido descrita por diversos estudos (BRIDGE; JONE; DRUST, 2009; MATSUSHIGUE; HARTMANN; FRANCHINI, 2009; HAUSEN et al., 2017; BRIDGE et al., 2018). Variáveis fisiológicas tais como a FC, o VO2, a [La] e as variações hormonais têm sido mensuradas para identificar as respostas do atleta quando submetido a combates únicos ou sucessivos. A análise conjunta dessas variáveis permite identificar associações com o desempenho motor dos atletas quando submetidos a situações competitivas e consequentemente auxiliar na proposição de estratégias de treinamento físico-esportivo.

Bridge, Jones e Drust. (2009) investigaram ao longo de uma competição oficial de TKD, as demandas fisiológicas apresentadas por atletas de nível internacional. Os pesquisadores acompanharam oito atletas que participaram de dois ou três combates. Foram mensuradas a FC, a [La] e a PSE para caracterizar a demanda psicofisiológica em cada round e entre cada combate. Os pesquisadores reportaram que todas as variáveis fisiológicas mudaram significantemente entre os rounds, mas não entre os diferentes combates efetuados. O comportamento da FC variou entre 62% e 96% FCmáx. A [La] variou de 2,7 mmol/l a 11,9 mmol/l, enquanto a PSE variou entre 11 a 14 unidades arbitrárias (U.A).

(27)

27

De maneira similar ao estudo anterior, outro estudo do mesmo grupo de pesquisadores comparou as respostas fisiológicas obtidas em uma competição oficial, com as obtidas em sessões de treinamento, mimetizando o comportamento técnico-tático dos atletas em competições internacionais. Ao longo do estudo, foram mensuradas as concentrações de adrenalina, noradrenalina, lactato, FC e PSE. A partir dos resultados obtidos, foi possível observar que os rounds da competição oficial apresentaram maiores respostas das variáveis observadas em competição simulada quando comparada aos rounds de treinamento específico. Por exemplo, [adrenalina]: competição simulada = 2,7 mmol/l, treinamento específico = 0,6 mmol/l e [noradrenalina]: competição simulada = 14,3 mmol/l, treinamento específico = 3,0 mmol/l), metabólica ([La]: competição simulada = 12,2 mmol/l, treinamento específico = 3,6 mmol/l), cardiovascular (FC: competição simulada = 188 bpm ou 96% FCmáx, treinamento específico = 172 bpm ou 88% FCmáx) e perceptiva (PSE: competição simulada = 14 U.A., treinamento específico = 12 U.A.). Esses resultados mostraram que as demandas fisiológicas durante a competição são maiores quando comparada as usadas nos treinamentos específicos (BRIDGE et al., 2013).

Mais recentemente, Bridge et al. (2018) verificaram as respostas fisiológicas de atletas de nível internacional submetidos a uma competição simulada composta de quatro combates sucessivos com intervalos entre 63 e 156 minutos. Foram observadas diferenças significantes entre o primeiro combate e os combates subsequentes nas respostas hormonais ([adrenalina] = ~15 mmol/l vs ~12 mmol/l; [noradrenalina] = ~22 mmol/l vs ~15 mmol/l, respectivamente) e metabólicas ([La] = 13,9 mmol/l vs 11,6 mmol/l, respectivamente). Adicionalmente, os valores de FC foram significantemente maiores no início do segundo combate em comparação ao início do primeiro combate (FC = 140 bpm vs 130 bpm, respectivamente), enquanto o valor observado ao final do quarto combate foi significantemente mais elevado entre todos os combates (Combate 1 = 175bpm; Combate 2 = 180bpm; Combate 3 = 185bpm; Combate 4 = 194 bpm).

Durante a realização de combates em competições de TKD, se espera observar alterações no desempenho da luta como, por exemplo, diminuição na força de impacto dos chutes, na potência muscular de membros inferiores e na velocidade de execução de técnicas de chutes, decorrente do aumento da demanda metabólica com o passar dos rounds da luta (KIM; KIM; IM, 2011; MOREIRA et al., 2014; WASIK; SHAN, 2015). Neste sentido, diversos estudos têm ressaltado que atletas medalhistas e vencedores em competições de TKD produzem níveis mais elevados de força de impacto, menor tempo de execução dos chutes, maior velocidade de execução das técnicas de chute e manutenção do desempenho de potência

(28)

muscular de membros inferiores (FALCO et al., 2009; ESTEVAN et al., 2011; ESTEVAN et al., 2016; KWOK et al., 2012; SADOWNSKI et al., 2012).

Coletivamente, essas evidências suportam a ideia de que a capacidade de produzir diferentes níveis de força, de potência e de velocidade pode favorecer a efetividade do bandal tchagui e do desempenho motor ao longo das competições, bem como, a capacidade de manutenção dos níveis força, de potência e de velocidade. No entanto, a manutenção das variáveis de desempenho é dependente do quanto os atletas de TKD conseguem resistir à fadiga imposta pelos combates.

4.5 PROTOCOLOS DE PRÉ CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO

Embora os estudos anteriores tenham mostrado que o PCI promoveu aumentos significativos nos parâmetros de desempenho de diferentes modalidades, há algumas inconsistências metodológicas nos protocolos com PCI apresentado pelos estudos. Duas revisões e uma meta-análise destacaram a falta de consenso quanto aos protocolos de PCI (MAROCOLO et al., 2015; INCOGNITO; BURR; MILLAR, 2016; SALVADOR et al.,2016).

As inconsistências dos protocolos variam de acordo com o tipo de exercício, nível de condicionamento dos sujeitos, número de ciclos de PCI, tempo da isquemia, tempo de reperfusão, pressão aplicada pelo manguito, tamanho do manguito, tempo entre o PCI e a atividade subsequente. Dentre estas, o número de ciclos de isquemia por reperfusão apresentado nos estudos tem variado entre 3 a 4 ciclos, com tempos de cada fase em torno de 5 minutos cada. Além disso, em praticamente todos os casos, o PCI é aplicado de forma bilateral nos membros (MACOROLO et al., 2016).

Outro ponto de divergência nos estudos de PCI se refere ao tempo dos ciclos de isquemia e reperfusão que tem variado entre 6 a 20 minutos, chegando até protocolos de PCI que duram cerca de 40 minutos (MAROCOLO et al., 2018). Nesta mesma direção, parece não haver consenso no que se refere ao período entre a aplicação do PCI e a tarefa ou teste subsequente. Enquanto alguns estudos mostraram melhoras no desempenho após intervalo de 5 minutos entre o PCI e a tarefa a ser realizada (CRISAFULLI et al., 2011, DE GROOT et al., 2010), outros mostraram que o PCI foi efetivo nos testes para o desempenho de natação com tempos diferentes. Como no estudo de Michel et al. (2011) que mostrou melhora no desempenho de 18 nadadores em um teste incremental submáximo, realizado 45 minutos após a aplicação do PCI e Marocolo et al. (2015) que avaliaram 15 nadadores em um teste contra relógio realizado 15

(29)

29

minutos após PCI, também mostrando resultados positivos. Ambos os protocolos de PCI foram com 4 ciclos de isquemia/reperfusão de 5 minutos.

A única consistência metodológica entre os estudos está relacionada ao fato de que o PCI foi aplicado de forma bilateral ao mesmo tempo ou alternadamente nos membros dos participantes (MAROCOLO et al., 2016).

Os efeitos positivos do PCI foram evidenciados em diferentes modalidades de exercícios como a corrida (BAILEY; JONES; GRAGSON, 2012), a natação (MICHEL et al., 2012; MAROCOLO et al., 2015), o ciclismo (LALONDE; CURNIER, 2015; CRISAFULI et al., 2011) e o treinamento de força (LIBONATI et al., 2001; DA SILVA et al. 2020). Por outro lado, outros estudos não mostraram o efeito aditivo da aplicação do PCI (GIBSON et al., 2013; COCHRANE et al., 2013; TOCCO et al. 2015), o que sugere que os resultados dos estudos com relação aos efeitos do PCI sobre o desempenho permanecem inconclusivos.

Na maioria dos estudos com PCI, os participantes envolvidos são indivíduos saudáveis ou praticantes amadores de atividade física, porém, poucos estudos são realizados com atletas (MAROCOLO et al., 2015). Este fato, provavelmente ocorre ainda, pela inconsistência dos resultados apresentados por esta forma de intervenção e pela dificuldade de envolver os atletas de alto rendimento a participarem destas pesquisas devido ao cronograma de treinamento e competições.

Não há consenso quanto ao protocolo ideal do PCI. Além disso, as respostas fisiológicas e de desempenho decorrentes do PCI são dependentes de uma série de fatores como o tempo do ciclo de oclusão/reperfusão, o número de ciclos de isquemia-reperfusão, os intervalos de tempo entre o PCI e o início do exercício, a massa muscular envolvida e a pressão de restrição (INCOGNITO; BURR; MILLAR, 2016). A pressão de oclusão também é um fator importante a ser considerado. Na meta-análise realizada por Salvador et al. (2016) não foi possível analisar o efeito de diferentes pressões do manguito durante o PCI devido às semelhanças entre os protocolos, que, em sua maioria, utilizaram pressões arbitrárias (200 a ~220mmHg).

No entanto, há alguns pontos importantes a serem considerados quando se tenta induzir o bloqueio completo do fluxo sanguíneo arterial, pois a circunferência do membro, a composição dos membros e o tamanho do manguito podem resultar em diferenças nas pressões teciduais com a mesma pressão externa absoluta (SALVADOR et al., 2016). Alguns estudos observaram que o fluxo sanguíneo arterial não pôde ser completamente ocluído em alguns indivíduos, mesmo em altas pressões (por exemplo, 250 mmHg) (LOENNEKE et al., 2012; LIDA et al., 2007). Crenshaw et al. (1998) mostraram que para ocluir o fluxo arterial femoral

(30)

com um manguito de 18 cm seria necessário a pressão de ~140 mmHg, ao passo que um manguito de 4,5 cm, a pressão necessária para a oclusão do fluxo sanguíneo seria maior do que 360 mmHg. O resultado desse estudo mostra que o grau de isquemia é proporcional à largura do manguito. Sendo assim, se o efeito da isquemia é determinante para as respostas positivas da hiperemia reativa decorrente do PCI, o uso de um valor de pressão arbitrária pode induzir diferentes níveis de oclusão do fluxo. Além disso, nenhum estudo questiona se usar a pressão de oclusão do membro (POCL), abaixo (ex. 80% da POCL), igual (100% da POCL) ou acima da POCL induziria diferentes respostas do PCI como atividade pré condicionante sobre a proteção de órgãos ou melhoras no desempenho físico.

Seguindo nesta direção, se algum individuo for exposto ao PCI com pressões abaixo da pressão de oclusão individual, pode-se especular que não se faz necessária a oclusão total do fluxo arterial e que pressões parciais podem gerar benefícios, além de menor desconforto aos participantes durante a exposição à isquemia. A meta-análise de Salvador et al. (2016) sugere a utilização do Doppler vascular para garantir a oclusão do fluxo arterial de forma individual, como realizado por um estudo recente de Laurentino et al. (2020), que validou a utilização do material para avaliação de membros inferiores.

(31)

31

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 AMOSTRA

Participaram deste estudo 15 atletas da seleção brasileira de taekwondo de ambos os sexos, com idades entre 14 a 30 anos (14 a 17 anos: n= 6) e (18 a 30 anos: n= 9), com experiência em eventos competitivos de nível nacional e internacional. Os atletas eram graduados em nível de faixa preta, treinavam com frequência semanal entre 6 a 12 sessões de treinamento por semana, com duração entre 90 a 180 minutos por dia. Os atletas não apresentavam lesões articulares, lesões musculares e outros problemas de saúde que pudessem limitar sua participação no estudo. Após serem informados sobre os objetivos, os benefícios e os riscos associados aos protocolos do estudo, todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para participar do estudo. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo sob nº 12697719.4.0000.5390.

5.2 DESENHO EXPERIMENTAL

Os atletas foram submetidos a cinco semanas de intervenção. Na primeira semana, as medidas da pressão de oclusão e breves estímulos de pré condicionamento isquêmico com pressões aleatórias foram realizadas nos atletas. Em seguida, os atletas foram familiarizados ao protocolo intermitente de chutes, que consistiu em 10 séries de chutes alternados, com duração de 10 segundos cada, realizados na maior velocidade e potência possível. A cada série de chutes, foi dado um intervalo de 10 segundos entre elas. Ao final das 10 séries, foram computados o número total de chutes que foi usado como controle. Na segunda semana, o protocolo de chutes foi repetido para obtenção dos dados de reprodutibilidade da medida para cálculos do erro típico (ET), da mínima diferença detectável (MD) e do coeficiente de variação (%CV) da condição controle. Da terceira à quinta semanas, os atletas foram submetidos à três protocolos experimentais de pré condicionamento isquêmico (PCI) em diferentes pressões de restrição do fluxo sanguíneo: placebo a 20 mmHg (PLA), PCI a 80% (PCI80) e 100% (PCI100) da pressão de oclusão, seguido dos protocolos das séries de chutes. O número total de chutes (TC), a frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva de esforço (PSE) foram registradas ao final de cada série dos protocolos experimentais. A concentração de lactato sanguíneo [La] foi realizada antes (pré), imediatamente após (IA) e 5 minutos após (5min) a finalização dos protocolos (Quadro 1).

(32)

Quadro 1 – Cronograma de análises dos protocolos e testes

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

POCL: pressão de oclusão arterial; PCI: pré condicionamento isquêmico; FC: frequência cardíaca; Concentração de lactato sanguíneo [La]; Percepção subjetiva de esforço (PSE).

5.3 DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO DE OCLUSÃO (POCL)

Para a determinação da pressão de oclusão arterial (POCL), os indivíduos foram colocados em posição sentada e permaneceram em repouso por um período de 10 minutos. Um manguito de pressão com esfigmomanômetro (17,5 cm de largura x 92 cm de comprimento; JPJ- Materiais Hospitalares, São Paulo, SP, Brasil) foi posicionado na parte mais proximal de ambas as coxas dos indivíduos. Após esse procedimento, a sonda de um aparelho doppler vascular portátil (DV-600; Marted, Ribeirão Preto, SP, Brasil) foi posicionada sobre a artéria tibial da perna do indivíduo para localização do pulso arterial. O manguito foi inflado até o ponto em que o pulso auscultatório da artéria tibial foi interrompido. Esse ponto foi considerado como a pressão de oclusão arterial [100% da POCL] (LAURENTINO et al., 2020). A partir da coleta dos valores referentes à POCL foram calculados os valores de pressão utilizados nos protocolos experimentais (80% e 100% da POCL).

5.4 MEDIDA DA FREQUÊNCIA DE CHUTES

A medida de frequência de chutes foi baseada no teste “frequency of speed kick test” –(FSKT) desenvolvido por Villani, Petrillo e Distaso, (2007). O teste FSKT consiste na realização de 5 séries 10 segundos de golpes alternados com o chute bandal tchagui (semicircular), na maior velocidade e potência possível, com 10 segundos de descanso entre as séries. No entanto, no presente estudo, o protocolo intermitente de chutes foi adaptado para 10 séries de 10s, uma vez

(33)

33

que, por meio de um estudo piloto, os atletas não alcançaram um alto grau de fadiga durante a realização das 5 séries de 10s, proposta no teste FSKT proposto por Villani, Petrillo e Distaso, et al. (2007). Desta forma, acreditamos que o protocolo com 10 séries de 10s poderia induzir os atletas ao maior nível de fadiga (queda de desempenho dos chutes) e destacar os possíveis efeitos do PCI e maior contribuição na resistência à fadiga, que poderiam ficar mais evidentes ao longo das séries do protocolo, comparado ao protocolo original do FSKT. Foi observado que o PCI atenuou os efeitos de fadiga, possibilitando o maior trabalho realizado ao longo de séries máximas de exercícios (LIBONATI et al., 1998; DA SILVA et al., 2020). Durante o teste, foi registrado o número de chutes em cada série que, posteriormente foi utilizado para calcular o índice de fadiga e de queda de desempenho.

Figura 1 - Teste de frequência de chute (FSKT)

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

5.5 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS

Além da condição controle (CTL) que foi realizada com o objetivo de comparar os efeitos dos protocolos experimentais sobre as variáveis de interesse do estudo, todos os atletas foram submetidos a mais três condições experimentais, que foram executadas em um desenho cross-over, com a randomização sendo realizado por meio do procedimento dos quadrados latinos adaptado de Willians (KUEHL et al., 2000). Todas as condições com o pré condicionamento isquêmico (PCI) foram realizadas com quatro ciclos de cinco minutos de isquemia ou restrição do fluxo sanguíneo, seguido por três minutos de repouso/reperfusão, com a liberação total da pressão. Na condição placebo (PLA) foi realizada a pressão de 20 mmHg;

(34)

enquanto a condição PCI80 foi realizada a 80% da pressão de oclusão arterial (~104 ± 13 mmHg). Na condição PCI100 foi aplicada 20 mmHg acima da POCL (~130 ± 16 mmHg) para garantir a oclusão total do fluxo sanguíneo (~ 150 ± 16 mmHg), evitando assim, que mecanismos reflexos à isquemia pudessem causar a vasodilatação durante o protocolo e reduzir o nível de restrição do fluxo sanguíneo local. Imediatamente após, ou seja, não mais do que três minutos seguido das condições de PCI, os atletas executaram 10 séries de 10s de chutes, com intervalo de 10s entre elas. O manguito de pressão foi colocado na região mais proximal em ambas as coxas dos atletas a aplicação do protocolo de PCI.

5.6 CONCENTRAÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO

As medidas da concentração de lactato sanguíneo foram realizadas no repouso [pré], imediatamente após [IA] e cinco minutos após as condições experimentais. Após a área ter sido limpa com álcool, uma pequena amostra de sangue arterial (25 µl) foi coletada do lóbulo da orelha e colocada em um tubo capilar heparinizado. Posteriormente, a amostra de sangue foi transferida para um tubo eppendorf contendo uma solução de 50 µl de fluoreto de sódio a 1% e armazenada em gelo. A concentração de lactato no sangue [La] foi obtida por um analisador de lactato electro-enzimático (1500 Sport; Yellow Springs Instruments, Yellow Springs, OH) que será calibrado com uma concentração conhecida de lactato de 5 mmol L-1.

5.7 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO

A percepção subjetiva de esforço (PSE) dos indivíduos em cada condição experimental foi avaliada com o uso da escala de Borg CR-10 (Borg, 1982). Nessa escala, o valor máximo (10) representa o maior esforço físico experimentado pelo atleta e o valor mínimo (0) relativo à condição de repouso absoluto.

5.8 FREQUÊNCIA CARDÍACA

A frequência cardíaca (FC) dos atletas foi monitorada por meio de um frequencímetro modelo H7 da marca Polar durante as séries de chutes dos atletas nos protocolos.

(35)

35

5.9 ÍNDICE DE FADIGA

O índice de fadiga (IF) indica a queda do desempenho do atleta durante os protocolos. Para cálculo do IF levou-se em consideração o número de chutes realizados durante as séries dos protocolos intermitente (SANTOS; FRANCHINI, 2016).

O primeiro IF leva em consideração o melhor e o pior resultado (número de chutes) de todas as séries, sendo calculado pela seguinte equação:

IF = ([Melhor série – Pior série] / Melhor série) x 100

Já o índice de queda de desempenho (IQD) leva em consideração o resultado do número de chutes de todas as séries somadas, sendo calculado pela seguinte equação:

(36)

6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados serão apresentados com médias e desvio-padrão. Inicialmente a normalidade dos dados foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk. Uma vez que os dados apresentaram distribuição normal, a estatística paramétrica foi utilizada. Para quantificar as medidas de confiabilidade teste e re-teste foi usado o total de chutes (TC) da condição controle (CTL) em dois dias diferentes. Neste sentido foram calculados o erro típico (ET) por meio das diferenças dos escores do TC do CTL do dia 1 e do dia 2, dividido pela raiz quadrada de 2 (ET = dif escores 1 e 2/√2). A mínima diferença (MD) foi calculada a partir do ET, sendo MD = ET x 1.96 x √2. O coeficiente de variação percentual (%CV) foi calculado a partir do desvio padrão (DP) das medidas do dia 1 e 2, dividido pelas médias do dia 1 e 2 x 100 (%CV = DP1 + 2/µ1 + µ2) x 100 (WEIR et al., 2005). Para comparações entre os protocolos, o modelo misto para medidas repetidas foi aplicado tendo como fatores os protocolos experimentais (CTL, PLA, PCI80 e PCI100) e o tempo (pré e pós). Na presença de F significante, o teste post-hoc de Tukey foi utilizado para identificar as diferenças entre os protocolos das variáveis de interesse. Foi realizada a análise baseada na magnitude do tamanho do efeito [Effect size – ES, Cohen’s] das diferenças entre médias das medidas de desempenho entre as condições. A magnitude do tamanho do efeito foi considerada pequena (0,20), média (0,50) ou grande (≥0,80) (Cohen, 1988). Além disso, foi realizada a análise do escore Z do TC de cada condição, indicando se este total se posicionou abaixo ou acima de 2 desvios padrão (DP - IC 95%) ou se, os escores Z do TC se situaram mais próximos de zero, ou seja, próximo da média de chutes da condição CTL (WILLIAM; VINCENT; WEIR, 2012). O nível de significância foi estabelecido em p0,05. Os dados foram analisados usando o pacote estatístico SAS 9.3 (SAS Institute Inc., Cary, NC, USA).

(37)

37

7 RESULTADOS

Na sessão de resultados serão apresentados os dados referente ao número total de chutes (TC), o índice de fadiga (IF), o índice de queda de desempenho (IQD), o escore Z do total de chutes, a concentração de lactato sanguíneo [La], a frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva de esforço (PSE) em resposta às condições controle (CTL), placebo [20 mmHg] (PLA), pré condicionamento a 80% (PCI80) e a 100% (PCI100) da pressão de oclusão. 7.1 NÚMERO TOTAL DE CHUTES

Na tabela 1 são apresentados os efeitos agudos das diferentes condições sobre o número total de chutes (TC). Não houve diferença significante no TC entre as condições, tanto da 1ª a 5ª séries quanto da 6ª a 10ª series (p>0,05). Ao comparar o TC entre as séries da 1ª a 5ª com a 6ª a 10ª, somente foi observado a queda significante no TC na condição CTL (p= 0,043). Não houve diferença significante no TC entre o 1ª e a 10ª séries em nenhuma das condições (p>0,05). O erro típico (ET), a mínima diferença (MD) e o coeficiente de variação (CV%) do TC da condição CTL entre a 1ª a 10ª séries de chutes foi de 1 chute, 1,6 chutes e 7,4% de variação, respectivamente.

Tabela 1 - Número total de chutes entre as séries e as condições

Séries (chutes) Condições 1ª a 5ª 6ª a 10ª 1ª a 10ª CTL 115,3 ± 8,8 105,5 ± 8,5* 220,8 ± 16,9 PLA 111,6 ± 9,1 106,9 ± 9,5 218,5 ± 18,0 PCI80 114,6 ± 9,2 109,9 ± 9,5 224,5 ± 18,0 PCI100 116,8 ± 10,2 110,9 ± 10,6 227,7 ± 20,1

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

CTL: condição controle; PLA: placebo (20 mmHg); PCI80: pré condicionamento isquêmico a 80% da pressão de oclusão; PCI100: pré condicionamento isquêmico a 100% da pressão de oclusão. *Diferença significante entre a 1ª a 5ª e a 6ª a 10ª séries da mesma condição (p<0.05).

(38)

Na tabela 2 são apresentados os tamanhos dos efeitos (TE) do TC entre as condições e as séries. Em geral, da 1ª a 5ª séries, o TE do TC entre as condições foi considerado pequeno (TE = 0,2 a 0,4), exceto entre as condições PCI100 vs PLA que foi considerado de média magnitude (0,54).

Em relação ao TE do TC entre a 6ª e 10ª séries, foi observado um TE pequeno entre as condições PCI100 vs x PLA; PCI100 vs PCI80; PCI80 vs PLA e PLA vs CTL (TE = 0,1 a 0,39). Por outro lado, foi observado um TE médio entre as condições PCI100 vs x CTL (TE = 0,56) e PCI80 x CTL (TE = 0,50).

Por fim, da 1ª a 10ª séries o TE do TC foi observado o TE pequeno entre as condições PCI100 vs x PCI80; PCI100 vs CTL; PCI80 vs PLA e PCI80 vs CTL e PLA vs CTL (TE = 0,17 a 0,33). No entanto, somente foi observado o TE médio entre as condições PCI100 vs PLA (TE = 0,50).

Tabela 2 - Tamanho do efeito (TE) do número total de chutes entre as séries e as condições Séries (chutes) Condições 1ª a 5ª 6ª a 10ª 1ª a 10ª PCI100 x PCI80 0,23 0,10 0,17 PCI100 x PLA 0,54 0,39 0,50 PCI100 x CTL 0,15 0,56 0,37 PCI80 x PLA PCI80 x CTL PLA x CTL 0,33 0,08 0,42 0,31 0,50 0,16 0,33 0,21 0,13 Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

CTL: condição controle; PLA: placebo (20 mmHg); PCI80: pré condicionamento isquêmico a 80% da pressão de oclusão; PCI100: pré condicionamento isquêmico a 100% da pressão de oclusão.

7.2 – ÍNDICE DE FADIGA

Na tabela 3 são apresentados os efeitos agudos das diferentes condições sobre o índice de fadiga (IF) do número total de chutes. Foi observado diferença significante do IF entre as

(39)

39

séries da 1ª a 5ª comparada com a 6ª a 10ª séries somente na condição PCI100 (p=0,031). Não houve diferença significante no IF entre as condições ao avaliarmos as séries de 1ª a 5ª ou da 6ª a 10ª (p>0.05), exceto da 1ª a 10ª séries entre as condições PCI80 vs CTL (p= 0,030). Tabela 3 - Índice de fadiga dos chutes entre as séries e as condições

Séries (chutes) Condições 1ª a 5ª 6ª a 10ª 1ª a 10ª CTL 15 ± 5,5 11,8 ± 6,6 22,2 ± 3,6 PLA 13,6 ± 5,1 10 ± 4,3 16,8 ± 5,5 PCI80 13,7 ± 5,1 9,8 ± 4,2 16,9 ± 5,5# PCI100 13,9 ± 5,2 9,8 ± 4,2* 17,0 ± 5,5

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

CTL: condição controle; PLA: placebo (20 mmHg); PCI80: pré condicionamento isquêmico a 80% da pressão de oclusão; PCI100: pré condicionamento isquêmico a 100% da pressão de oclusão. *Diferença significante entre as

séries da mesma condição (p<0,05). #Diferença significante comparada ao CTL na mesma série (p<0.05).

Na tabela 4 são apresentados os tamanhos dos efeitos (TE) do índice de fadiga (IF) entre as condições e as séries.

Em geral, da 1ª a 5ª séries e da 6ª a 10ª séries, o TE do IF entre as condições foi considerado pequeno (0,01 a 0,4). No entanto, o TE do IF dos chutes entre as condições PCI100 x CTL (TE = 1,1), PCI80 x CTL (TE = 1,1) e PLA x CTL (TE = 1,2) foi considerado de grande magnitude.

(40)

Tabela 4 - Tamanho do efeito do índice de fadiga dos chutes entre as séries e as condições Séries (chutes) Condições 1ª a 5ª 6ª a 10ª 1ª a 10ª PCI100 x PCI80 0,0 0,0 0,0 PCI100 x PLA 0,0 0,1 0,1 PCI100 x CTL 0,2 0,4 1,1 PCI80 x PLA PCI80 x CTL PLA x CTL 0,0 0,2 0,3 0,0 0,4 0,3 0,0 1,1 1,2 Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

CTL: condição controle; PLA: placebo (20 mmHg); PCI80: pré condicionamento isquêmico a 80% da pressão de oclusão; PCI100: pré condicionamento isquêmico a 100% da pressão de oclusão.

7.3 – ÍNDICE DE QUEDA DE DESEMPENHO

Na tabela 5 são apresentados os efeitos agudos das diferentes condições sobre o índice de queda de desempenho (IQD) do número total de chutes realizados. Não houve diferença significante no IQD entre as séries da 1ª a 5ª com a 6ª a 10ª de cada condição (p>0,05). O mesmo resultado foi observado no IQD entre o 1ª e a 10ª séries em nenhuma das condições (p>0,05).

(41)

41

Tabela 5 - Índice de queda de desempenho dos chutes entre as séries e as condições Séries (chutes) Condições 1ª a 5ª 6ª a 10ª 1ª a 10ª CTL 8,63 ± 3,3 5,47 ± 3,1 12,55 ± 2,6 PLA 7,07 ± 3,3 5,3 ± 2,9 9,58 ± 3,8 PCI80 7,13 ± 3,3 5,2 ± 2,8 9,65 ± 3,9 PCI100 7,17 ± 3,3 5,13 ± 2,9 9,79 ± 3,9

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

CTL: condição controle; PLA: placebo (20 mmHg); PCI80: pré condicionamento isquêmico a 80% da pressão de oclusão; PCI100: pré condicionamento isquêmico a 100% da pressão de oclusão.

Na tabela 6 são apresentados os tamanhos dos efeitos (TE) do índice de queda de desempenho (IQD) entre as condições e as séries.

Em geral, da 1ª a 5ª séries e da 6ª a 10ª séries, o TE do IQD entre as condições foi considerado pequeno (0,01 a 0,47). No entanto, o TE do IQD dos chutes entre as condições PCI100 x CTL (TE = 0,8), PCI80 x CTL (TE = 0,9) e PLA x CTL (TE = 0,9) foi considerado de grande magnitude.

(42)

Tabela 6 - Tamanho do efeito (TE) do índice de queda de desempenho dos chutes entre as séries e as condições Séries (chutes) Condições 1ª a 5ª 6ª a 10ª 1ª a 10ª PCI100 x PCI80 0,01 0,02 0,04 PCI100 x PLA 0,03 0,07 0,05 PCI100 x CTL 0,43 0,11 0,84 PCI80 x PLA PCI80 x CTL PLA x CTL 0,47 0,45 0,02 0,04 0,09 0,05 0,02 0,88 0,91 Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

CTL: condição controle; PLA: placebo (20 mmHg); PCI80: pré condicionamento isquêmico a 80% da pressão de oclusão; PCI100: pré condicionamento isquêmico a 100% da pressão de oclusão.

7.4 – ESCORE Z DO TOTAL DE CHUTES ENTRE AS CONDIÇÕES

Na figura 2 são apresentados os dados referente a análise da média do escore Z, indicando se a melhor série de chutes dos atletas em cada condição se situava ao redor de 2 desvios padrão (DP – IC 95%) para mais (≥) ou para menos (≤) comparado com a média geral de chutes apresentada na condição controle (CTL), ou seja, escore Z igual a zero (Z = 0). Podemos observar que na condição CTL, o total de chutes (TC) de 8 atletas se posicionou em até ≥ 2 DP, ao passo que o TC de 7 atletas se posicionou em até ≤ 2 DP abaixo da média geral de chutes [escore Z= 0]. Esse resultado se repetiu para o TC da condição PCI100 e PCI80. Por fim, na condição PLA o TC de apenas 6 atletas se posicionou em até 2 DP acima, ao passo que o TC de 9 atletas se posicionou em até 2 DP abaixo da média geral de chutes (Tabela 7).

O erro típico (ET) e a mínima diferença (MD) para ser considerada real do TC da condição CTL foram 1 e 1,6 chutes, respectivamente. Portanto, podemos observar que o TC de dois atletas nas condições CTL e PCI80 (~13%) e um atleta da condição PLA (~7%) se

(43)

43

posicionaram acima da MD a ser considerada real (26,9 chutes). Por outro lado, o TC de cinco dos 15 atletas (~33%) se posicionaram acima da MD (Tabela 7).

Figura 2 – Escore z do total de chutes entre as condições

Fonte: Augusto Vicente Alves, 2020.

Média e DP do escore Z do total de chutes das condições controle (CTL), placebo [20 mmHg] (PLA), pré condicionamento isquêmico a 80% (PCI80) e a 100% (PCI100) da pressão de oclusão. Escore Z ≤1,96, intervalo de confiança de 95% (IC:95%).

Na tabela 7 são apresentados os valores individuais do TC, do escore Z em cada condição experimental após os protocolos PLA, PCI80 e PCI100 comparado à condição CTL.

Referências

Documentos relacionados

O objetivo do presente estudo foi avaliar o consumo de suplementos a base de proteína e o conhecimento sobre alimentos de fonte proteica por praticantes de

Para solucionar ou pelo menos minimizar a falta ou infrequência dos alunos dos anos finais inscritos no PME, essa proposta de intervenção pedagógica para o desenvolvimento

Na experiência em análise, os professores não tiveram formação para tal mudança e foram experimentando e construindo, a seu modo, uma escola de tempo

Pesquisadora  Auxiliar  da  Universidade  de  São  Paulo,  Escola  de  Artes,  Ciências  e  Humanidades 

Selon nous, le dialogue des langues à l’œuvre dans Solibo magnifique est vain car chacun des groupes sociaux en contact conçoit l’altérité comme un monstre dont il a peur

Para exemplificar, essa regra poderia ser usada para remo- ver palavras erroneamente marcadas como ’N’ pela etapa anterior, como nomes de filmes (ex. Grindhouse) e t´ıtulos

Ampliando a comunicação através das mídias mais utilizadas pelos cidadãos (redes.. A Câmara Legislativa poderia também reaplicar a pesquisa em uma amostra com perfil mais

Em vez de ruptura, o que se percebe, em grande parte dos contextos do Sul, incluindo a cidade do Recife, são processos de assimilação ou absorção seletiva de valores,