• Nenhum resultado encontrado

3.1 Procedimento de Estudo

Foram realizadas pesquisas documental e bibliográfica. A pesquisa documental deu-se a partir de consulta à legislação federal, resoluções, normas, decretos e publicações institucionais relacionados à gestão de recursos hídricos. No âmbito estadual, foram consultados os endereços eletrônicos dos órgãos estaduais que fazem parte do sistema de gerenciamento de recursos hídricos, além de manuais de outorga, leis, decretos, resoluções, portarias e formulários para regularização de captação de água subterrânea.

A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir de trabalhos científicos referente à gestão de recursos hídricos em estados brasileiros e referente a geologia, hidrogeologia e característica das águas subterrânea do estado do Amazonas.

3.2 Análise dos procedimentos administrativos adotados no Amazonas

Foi realizado um levantamento da base de dados usada para cadastrar as outorgas emitidas no estado do Amazonas, o Cadastro Nacional de Usuário de Recursos Hídricos (CNARH-40), um sistema gerido pela Agência Nacional de Águas e alimentado também pelos órgãos estaduais. A consulta ao CNARH foi feita a partir de um perfil de gestor, restrito a servidores Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), solicitado por meio do ofício N° 022.2018/PROFÁGUA-UEA. Essa base de dados obtida, contém o cadastro de usuários de recursos hídricos e as outorgas de direito de uso emitidas desde a implementação desse

instrumento, em janeiro de 2017 a dezembro de 2018, com enfoque na captação de água subterrânea por poço tubular. As principais informações utilizadas foram: coordenadas geográficas, municípios, tipos de captação (superficial/subterrânea), finalidade do uso, data de emissão e vazões outorgadas.

Estas informações foram utilizadas para gerar o mapa de localização das outorgas emitidas por município e por tipo de captação foram inseridas no software de geoprocessamento QGIS; o gráfico com número de outorgas por município e a tabela com a soma de vazões outorgadas e número de outorgas emitidas por finalidade de uso foram geradas no Microsoft Excel. O objetivo foi identificar os avanços na implementação do instrumento considerando o número de outorgas emitidas, e as demandas existentes e, quais as principais atividades que demandam pela regularização de captação de água subterrânea no estado.

A descrição dos procedimentos administrativos e critérios técnicos adotados no Amazonas para a regularização de poços tubulares e captação de água subterrânea foi realizada a partir de consulta documental às leis 3.785/2012 que regulamenta o licenciamento ambiental no Amazonas e 3.167/2007 ou política estadual de recursos hídricos, decreto 28.678/2009 que regulamenta a política estadual de recursos hídricos, NBR 12.212/1992 norma para projeto de poços tubulares, NBR 12.244/1992 norma para construção de poços tubulares, resoluções nº 01 e 02/2016 do CERH-AM que estabelecem critérios técnicos para emissão de outorga de direito de uso de recursos hídricos e os usos insignificantes, portaria/SEMA/IPAAM n° 12/2017 e suas respectivas alterações que estabelecem os procedimentos administrativos junto ao IPAAM e endereço eletrônico do IPAAM: http://www.ipaam.am.gov.br/ onde consta os requisitos e formulários necessários para regularização dos poços que são atualmente utilizados.

3.3 Análise dos procedimentos adotados pelos órgãos reguladores em outros estados brasileiros

Para realizar uma análise comparativa foram descritos os procedimentos usados para regularizar os poços tubulares consultando as normatizações (leis, decretos, resoluções e portarias) e os manuais de outorgas dos estados de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e o Distrito Federal. As informações necessárias para que o usuário obtenha a autorização para perfuração de poço tubular, a outorga de direito de uso, para o preenchimento de informações técnicas e de identificação do usuário nos formulários de cada estado, os valores de vazões para usos insignificantes e os valores dos emolumentos pagos para regularização de água subterrânea

foram inseridas em tabelas para comparar os critérios técnicos e os procedimentos entre os estados citados.

Na comparação entre os procedimentos administrativos e requisitos técnicos para emissão de outorga foi realizada uma discussão considerando a legislação aplicada e trabalhos científicos relacionados, levando em consideração a complexidade da gestão classificada pela ANA em diferentes tipologias. A Agência Nacional de Águas por meio do Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (PROGESTÃO) definiu as tipologias de gestão (Tabela 3) os quais procuram refletir a complexidade exigida no processo de gestão das águas, bem como a estrutura institucional necessária para enfrentar os desafios existentes em cada estado (ANA, 2018).

Tabela 3 - Tipologias de gestão segundo o PROGESTÃO (ANA, 2018).

Tipologia A Balanço quali-quantitativo satisfatório em quase a totalidade do território; criticidade quali-quantitativa inexpressiva; usos pontuais e dispersos; baixa incidência de conflitos pelo uso da água.

Tipologia B Balanço quali-quantitativo satisfatório na maioria das bacias; usos concentrados em algumas poucas bacias com criticidade quali-quantitativa (áreas críticas).

Tipologia C Balanço quali-quantitativo crítico (criticidade qualitativa ou quantitativa) em algumas bacias; usos concentrados em algumas bacias com criticidade quali- quantitativa (áreas críticas); conflitos pelo uso da água com maior intensidade e abrangência, mas ainda restritos às áreas críticas.

Tipologia D Balanço quali-quantitativo crítico (criticidade qualitativa ou quantitativa) em diversas bacias; usos concentrados em diversas bacias, não apenas naquelas com criticidade quali-quantitativa (áreas críticas); conflitos pelo uso da água generalizados e com maior complexidade, não restritos às áreas críticas.

Fonte: ANA, 2018

Estados onde tem maior complexidade de gestão, conflitos e problemas generalizados de disponibilidade hídrica já possuem seus procedimentos técnicos e administrativos mais consistentes (ANA, 2011) que constam com Planos Estaduais de Recursos Hídricos, Fundos Estaduais de Recursos Hídricos e Comitês de Bacia Hidrográficas é o que ocorre nos estados do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (tipologia D, Tabela 4). Já os estados do Pará, Rondônia e Santa Catarina (tipologia B, Tabela 4) possuem pouco ou nenhum grau de estruturação (ANA, 2011) pois não possuem Planos Estaduais de Recursos Hídricos e o órgão gestor de recursos hídricos é o mesmo que atua no licenciamento ambiental além destes, o Pará não possui Fundo Estadual de Recursos Hídricos e Comitês de Bacia Hidrográficas, o mesmo ocorre como estado do Amazonas.

Tabela 4 - Tipologia de gestão dos estados analisados. Tipologia Estados

A Amazonas.

B Pará, Rondônia, Santa Catarina.

C Alagoas, Distrito Federal, Pernambuco.

D Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo.

Fonte: produção do próprio autor a partir de informações do PROGESTÃO (ANA).

Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política e o gerenciamento dos recursos hídricos (BRASIL, 1997), servem para dar as diretrizes para o planejamento e gestão considerando o balanço entre disponibilidade e demanda. O Fundo de recursos hídricos serve para suporte financeiro da Política Estadual de Recursos Hídricos e das ações dos componentes do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (AMAZONAS, 2007). Sem planejamento e suporte financeiro torna-se mais difícil realizar o controle qualitativo e quantitativo dos usos da água, alguns órgãos estaduais não têm estrutura de laboratório para realizar análises químicas e não possuem equipamentos técnicos para realizar monitoramento de vazões, desta forma a alternativa é aceitar os testes de vazão e qualidade da água sem a possibilidade de contestação. Essa falta de estrutura adequada foi levada em consideração na análise dos procedimentos para não sugerir exigências sem a viabilidade de serem analisadas e usar os esforços para regularizar os usuários considerando a capacidade técnica que se tem.

3.4 Elaboração do protocolo para captação de água subterrânea

A partir das análises comparativas dos procedimentos para regularização de poços tubulares em alguns estados brasileiros, foram descritas propostas para regularização dos poços com alterações sugeridas na discussão dos procedimentos para as etapas de Autorização para perfuração de poço tubular e outorga de direito de uso.

O formulário para outorga de água subterrânea foi simplificado a partir da análise comparativa com os formulários de outros estados, com as informações necessárias para o preenchimento do sistema de informação, o CNARH-40, e com o conteúdo dos estudos apresentados. Foi constatado, por exemplo, que algumas informações eram solicitadas em três formulários e no relatório de construção do poço. Com isso, todas as informações foram

inseridas em um único modelo e foram retirados os itens que já constam em relatórios específicos nos laudos de análise de água, nos testes de bombeamento e no relatório de construção do poço, foram acrescentadas as informações solicitadas no sistema do CNARH- 40, como as vazões de captação e o consumo de água por atividade.

Foram identificados os valores de vazão insignificante adotada em alguns estados brasileiros com diferentes complexidades de gestão, estes valores foram comparados com o que o estado do Amazonas considerando vazões insignificantes adotadas por estados que apresentam conflitos pelo uso da água e que estão inseridos em bacias de menor disponibilidade hídrica.

Os valores cobrados para análise dos processos nos estados consultados foram comparados entre si para cada etapa da regularização: autorização para perfuração de poço, outorga de direito de uso e dispensa de outorga.

Documentos relacionados