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Figura 1 Mapa 3D de Localização das Áreas de Estudo do Gradiente Altitudinal da Morraria do Urucum Ladário MS

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudos

A área de estudo está localizada no planalto residual do Urucum. Foram amostradas cinco áreas ao longo de um gradiente altitudinal com intervalos de 200m entre cada uma, todas no município de Ladário-MS na Bacia da Lagoa Negra. A primeira delas, a 100 m de altitude, na fazenda São Sebastião do Carandá em uma área de planície não inundável entre os morros Santa Cruz e Rabichão (19º 6’ S; 57º 31’ W). A segunda área foi estabelecida na fazenda São João a 200 m de altitude (19º 11’ S; 57º 31’ W). A terceira e quarta área estão localizadas na fazenda São Marcelo nas altitudes de 400 (19º 10’ S; 57º 35’ W) e 600 m (19º 11’ S; 57º 34’ W). A quinta área foi estabelecida na fazenda Paraíso, a 800 m de altitude (19º 11’ S; 57º 36’ W). As três

últimas áreas estão na vertente norte do morro Santa Cruz e a área a 200 m foi estabelecida em uma elevação na base desse morro.

O planalto residual do Urucum está localizado ao sul das áreas urbanas das cidades de Corumbá e Ladário, sendo composto predominantemente pelas morrarias do Urucum, Santa Cruz, São Domingos, Grande, Rabichão e Tromba dos Macacos. No morro Santa Cruz se localiza o ponto mais alto do Estado de Mato Grosso do Sul (1065 m), com declives entre 20 e 40% e topos tabulares. A região se constitui como relevo residual originado de movimentações tectônicas terciárias (Okida & Anjos 2000).

De modo geral, em termos geológicos, toda superfície da área estudada onde está a vegetação, é formada pela cobertura dendrítico-laterítico pleistocênica que é composta por sedimentos conglomeráticos e depósitos de talus com predominância de minérios de ferro oriundos da formação Santa Cruz. Nas áreas de planície essa cobertura forma uma carapaça (bancada) laterítica que se situa, em geral, na base dos solos de toda área de influência da sedimentação dos morros, aflorando nas áreas de linha de drenagem das águas (Brasil 1982; Haralyi & Walde 1986; Anjos & Okida 2000).

O clima da região é do tipo tropical megatérmico (temperatura média do mês mais frio superior a 18º), com inverno seco e chuvas no verão, Awa na classificação de Köppen (Soriano 1997). Na série analisada por Soriano (1997), entre 1975 e 1996, a temperatura média anual foi de 25,1ºC, oscilando entre 21,4 e 27,7 ºC. A média das máximas foi 30,6ºC atingindo máximas absolutas de 40ºC entre outubro e janeiro. Já a média das mínimas foi de 21ºC atingindo mínimas absolutas próximas de zero. A umidade relativa média anual foi de 76,8%, oscilando entre 71,8% e 80,9%. A precipitação média anual foi de 1070 mm, com o período mais chuvoso de novembro a março, com 68% das chuvas e o mais seco junho a agosto com 7%. Todos esses dados são provenientes da estação climática do Inemet em Corumbá (19º 05’ S; 57º 30’ W), a 130 m de altitude. Ao longo do gradiente altitudinal estudado houve uma tendência de aumento da pluviosidade com a altitude em escala logarítmica (Capítulo 1).

A vegetação da região é bastante variável, sendo que as principais unidades de vegetação na região estudada são as florestas estacionais (decídua e semidecídua); as formações rupestres do topo dos morros; a vegetação de bancada laterítica; as matas ciliares inundáveis do rio Paraguai; matas inundáveis associadas às baías Negra e do Arroz; e as formações com vegetação

aquática (Bortolotto et al. 1999, Pott et al. 2000). As áreas inundáveis do rio Paraguai foram estudadas por Damasceno-Júnior (1997) e Sanches et al. (1999).

Os solos da região são em geral muito ricos, em fertilidade e em tipos diferentes. Spera et

al. (1997) descrevem para a região vários tipos de solo sendo que, na área estudada, segundo

esses autores, os principais tipos de solo mapeados são os litólicos eutróficos e Cambissolos Eutróficos. O primeiro apresenta horizonte A chernozêmico de espessura média ao redor de 30 cm, assentado diretamente sobre o substrato rochoso. Nas áreas estudadas esses solos ocorreram nas áreas a 200, 400, 600 e 800 m. O tipo Cambissolo Eutrófico foi predominante na área de planície (100 m), e é caracterizado por um horizonte A chernozêmico seguido de B incipiente, com textura média e pouco cascalhenta.

Coleta de dados

Foram utilizados três blocos de parcelas de 30x120m em sentido perpendicular ao declive do morro em cada cota amostrada. As cotas utilizadas foram 100, (planície) 200, 400, 600 e 800 m de altitude. A distância entre os blocos foi de 20 a 30 m, de acordo com a configuração do terreno.

Foram amostrados todos os indivíduos arbóreo-arbustivos com a soma do CAP (circunferência a 1,3m acima do solo) dos ramos maior ou igual a 15 cm. Esse procedimento foi adotado para incluir espécies de sub-bosque sem amostrar excessivamente indivíduos de dossel em crescimento. Foram coletados exemplares de todos os indivíduos (férteis ou não), para identificação em laboratório. Os indivíduos amostrados foram marcados com plaquetas de alumínio numeradas. A altura de cada indivíduos foi estimada por comparação com vara de tamanho conhecido. Foi coletada apenas a altura total de cada indivíduo. Como complemento, foram coletadas e anotadas as espécies herbáceas visivelmente mais freqüentes em cada altitude.

Todos os exemplares coletados férteis foram incorporados ao herbário COR, com duplicatas para UEC.

Análise dos dados

Em cada altitude estudada foi realizada uma distribuição de freqüência com intervalo de classe de 2 m de altura, para todos os indivíduos amostrados. Após isso foi criada uma matriz de

dados de freqüência de indivíduos em cada intervalo de classe. Para cada altitude estudada foi criada uma matriz. Após isso, essas matrizes foram utilizadas na análise do tipo TWINSPAN (Hill 1979) com uso do software com o mesmo nome. Na análise foram utilizados apenas os indivíduos de espécies que ocorreram com 5 ou mais indivíduos evitando assim distorções geradas por poucos indivíduos, de uma dada espécie na análise efetuada pelo programa. Esse procedimento foi em virtude de que algumas espécies ocorreram em baixo número e apenas com indivíduos jovens. Buscou-se com a ordenação, um quadro de organização das espécies de acordo com as camadas que ocupam na estrutura vertical da mata. Em apenas um caso (600 m) foi necessária a eliminação de um indivíduo de estatura muito baixa que estava gerando um quadro de ordenação distorcido em relação às alturas. Os níveis de pseudoespécies utilizados para todas altitudes estudadas foram: 2, 5, 10, 20, 30, 50, 100, 200. Para outras alternativas do programa foram utilizadas as opções padrão.

Para verificar quais as tendências das alturas dos dosséis e da proporção de indivíduos perfilhados ao longo do gradiente de altitude, foi utilizada análise de regressão (Zar 1996). Considerou-se indivíduo perfilhado, no presente trabalho, todos os que se ramificaram abaixo de 1,3 m.

RESULTADOS

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