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4.3.8. Relação Coordenadores – IDC: sugestões para articular a IDC com o TP

4.3.8.1. Mecanismo de divulgação activo

Regra geral os entrevistados referem a necessidade de tornar mais funcional e efectivo o mecanismo de divulgação dos indicadores da Investigação em Didáctica.

Os entrevistados mencionam três mecanismos preferenciais de divulgação: - revistas específicas para professores;

- debates/palestras com investigadores nas escolas; - sites na Internet para divulgação/partilha de informação.

Revistas específicas para professores

E1, E4 e E5 referem que a informação proveniente de IDC é pouco acessível porque está restrita “praticamente só a Universidades e Institutos Superiores”, segundo E4. Para E1 está restrita a “ambientes próprios”. Os entrevistados E4, E5, E6 e E7 apontam a dificuldade de compreensão da linguagem. E4 refere que as revistas “poucas são portuguesas, os artigos são ingleses, franceses ”, E4, E5 e E6 afirmam tratar-se de uma linguagem específica, um “vocabulário muito erudito, típico da área de... investigação” como refere E4, textos muito densos, “alguns mesmo demasiado específicos”, segundo E5. Outra questão, referida por E4, E6 e E7, é a utilidade e a aplicabilidade da informação proveniente da IDC. Segundo E4 “essa informação deverá ser prática”, opinião partilhada por E6 e E7, que defendem que deverá incidir sobre os conteúdos programáticos.

CAPÍTULO IV – Apresentação e discussão dos resultados

Os entrevistados E2, E3 e E5 referiram-se às revistas que consideram mais disponíveis ou acessíveis para os professores. E2 refere que lê “artigos na Sociedade Portuguesa da Física, na Sociedade Portuguesa da Química, são revistas óptimas que aconselho e até de onde às vezes selecciono artigos para divulgar” mas defende que “devia haver uma divulgação maior desses trabalhos (de IDC), muitas vezes são importantes mas não chegam”. E3 afirma que a “divulgação acaba por ser restrita porque a própria inscrição é cara para os professores”, o ideal era que “todos os professores recebessem particularmente” um exemplar de uma dada revista. E5 defende a necessidade de as revistas serem “mais específicas para os professores” e exemplifica com o Boletim da Sociedade Portuguesa de Química, sobre a qual afirma: “estão a renová-la e começa a ter conteúdos muito mais dirigidos para professores... tinha artigos muito profundos, maçadores. Ultimamente já vêm experiências adequadas para os professores... fazem muito mais sentido e são aquilo que nos permite inovar”.

Relativamente a propostas para o mecanismo de divulgação baseado em revistas, E1 refere “revistas próprias feitas para as escolas, para análise nos Departamentos ou para debate na própria escola”, E4 defende a criação de “revistas nacionais escolares, de fácil acesso e até gratuito” cuja concepção e distribuição seriam da responsabilidade das Universidades. E6 está de acordo desde que “se incidisse naquilo que se está a tratar na sala de aula, desde que fosse realmente objectivo”. E7 refere-se a uma publicação periódica que fosse enviada para as escolas e afirma conhecer escolas em que os professores reflectem sobre diverso material que recebem. Essa publicação poderia “servir para trabalho, ou ponto de partida para a discussão... poderia ajudar e até levantar questões, suscitar interesse”. Também E8 concorda com uma publicação com questões práticas, que no “Departamento e área disciplinar, seria analisada, certamente”.

Debates/palestras com investigadores nas escolas

O envolvimento dos investigadores nas escolas é outro aspecto que merece especial destaque, por parte dos entrevistados E1, E4, E6, E7 e E8. Seja em debates, palestras, como exemplifica E1, para fazerem “demonstrações laboratoriais práticas para os professores”, ou, de acordo com E4, para fornecer “indicações, pistas sobre a melhor maneira de abordar um tema concreto”, os professores estariam receptivos. Na opinião de E7 os professores consideram, geralmente, esse tipo de acções “muito teóricas, salvo

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algumas excepções”, argumentando que existe “um peso de tempo muito maior da parte teórica, do que questões de aplicação prática” e assim, acaba por haver “muito menos tempo para se trocar ideias, para as pessoas colocarem questões... quando já se partiu o gelo, acaba”. Contudo sugere que “a análise dos novos programas poderia ser o ponto de partida para trabalhar assuntos relacionados com o TE, com a Resolução de Problemas, uma vez que são contemplados nos programas e os professores sentir-se-iam atraídos, veriam a utilidade imediata daquilo que se faz em Didáctica das Ciências”. E7 reforça a sua opinião afirmando que a IDC tem “de se relacionar com qualquer coisa que” os professores “estão a precisar no momento, neste momento os novos programas”. Deveria ser sobre algo que facilitasse a prática lectiva dos professores, “se bem que a teoria tem de estar subjacente, se calhar um bocadinho, sempre permitindo que a pessoa perceba que no seu dia-a-dia é aplicável”. E8 não tem dúvidas em afirmar que o “o modo mais eficaz” de divulgação da IDC é “presencialmente o investigador explicar o que é que está por trás daqueles resultados” e exemplifica: “houve uma acção de formação, dinamizada por investigadores da Didáctica das Ciências, com uma Saída de Campo desde Mira até à Barra e todos os participantes gostaram”.

Sites na Internet para divulgação/partilha de informação

As opiniões dos entrevistados convergem num aspecto, a criação de um sítio na Internet, específico para professores de Ciências, para divulgar e discutir indicadores da IDC. E1 exemplifica com uma acção de formação que fez “pela Internet, de repente estávamos a debater com um professor... em Aveiro, outro em Vila Real, a trocas ideias... acaba por ligar pessoas e faz reflectir, em termos de partilha de experiência poderá ser importantíssimo”. E2 é de opinião que a Internet deverá ser um mecanismo de divulgação primordial, até porque “já há uma evolução muito grande por parte dos professores” na sua utilização, também E3 refere a “facilidade em fazer pesquisa na Internet” e a adesão dos professores se soubessem que têm disponível um “site onde existem, frequentemente, artigos de interesse, uma vez… até por curiosidade iremos lá, se gostarmos iremos outra vez para saber se já há algum artigo novo”. E4 está de acordo com a criação de um sítio específico na Internet, sendo que os artigos a que procura aceder actualmente na Internet “são restritos ou são nulos”, encontrando muitas vezes apenas o resumo. Refere que não encontra sites com “experiências e (que) expliquem como é que nós podemos fazer a nível

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prático”, sendo que fica limitada a repercussão dos indicadores da Didáctica das Ciências, é necessário que os investigadores divulguem os “resultados que obtiveram”. Aponta igualmente, para as teses que alguns professores fazem, afirmando que “é muito interessante individualmente fazer cada um na sua área, investigação, mas não estão a ser divulgados os resultados... só as pessoas que estão a fazer teses de Mestrado ou Doutoramento é que fazem uma leitura delas”. Também E5 e E6 corroboram a opinião de que um sítio na Internet seria uma mais valia para optimizar a divulgação dos indicadores da IDC, até porque E6 procura e lê alguns em sítios mais vocacionados para professores tais como Netprof, Porto Editora, Areal Editores, Prof2000. E7 afirma que as “Novas Tecnologias são uma área que atrai muito os professores” e E8 não tem dúvida que a “Internet é o presente e o futuro”.

Sumariando, os entrevistados E1, E3, E4 e E8 sugerem a criação de uma

publicação periódica, especialmente vocacionada para os professores de Ciências que

seria enviada para a escola e analisada no Departamento. O envolvimento dos

investigadores nas escolas, em debates e palestras, é referido por E1, E4, E6, E7 e E8. As

questões a tratar seriam de índole prática, preferencialmente centradas nos conteúdos programáticos. E7 sugere, inclusivamente, que a abordagem de conteúdos programáticos poderia ser uma maneira atractiva de fomentar a discussão de indicadores da IDC, que os professores reconheceriam como úteis. Os entrevistados partilham a opinião de que a

Internet é um mecanismo de divulgação e partilha de informação a privilegiar.