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2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA DE GÊNERO E DE PROTEÇÃO À MULHER

2.1 O Estado Brasileiro e o enfrentamento da questão da violência contra as mulheres

2.1.2 Mecanismos legais protetivos na Lei Maria da Penha

A Lei nº 11.340/2006 enumera um rol exemplificativo de medidas que garantem à mulher vítima sua integridade física e psicológica, tendo em vista que todas possuem liberdade de escolha sobre seu corpo, seu trabalho e sua vida, enquanto ser humano, assim como preceitua o princípio da dignidade da pessoa humana, elencado no artigo 1º, inciso III, da Carta Magna Brasileira.

Conforme entendimento da autora, “as medidas protetivas de urgência constituem a principal inovação da Lei Maria da Penha” (BIANCHINI, 2013, p. 164). Esse novo mecanismo visa proteger tanto a integridade física da mulher vítima de violência, e de seus familiares, quanto seu patrimônio, bem como busca prevenir e coibir a reiteração das condutas do agressor, uma vez que a concessão das medidas pressupõe situações anteriores de violência contra a mulher. Ainda, confere à vítima “reais condições de romper com o ciclo de violência fazendo uso do aparato estatal de repressão” (BELLOQUE, 2020, p. 2).

Destaca-se que a Lei nº 13.641 de 2018 incluiu na legislação supracitada o artigo 24-A, com a finalidade de tornar eficaz o caráter intimidador das medidas protetivas de urgência, ao incluir um viés retributivo, criminalizando o não cumprimento da decisão que concedeu as medidas. Além disso, após ser intimado e advertido sobre o teor e a vigência das medidas protetivas, e ainda assim o agressor descumpri-las, poderá ser decretada sua prisão preventiva, além de responder por crime autônomo.

Geralmente, as medidas protetivas são solicitadas pela ofendida na Delegacia de Polícia Especializada, no momento do registro do boletim de ocorrência, oportunidade em que expõe a situação de violência pela qual passou e, “mesmo que a Lei garanta à mulher em situação de violência acesso aos serviços da Defensoria Pública [...], em sede policial não condiciona o pedido de tutela de urgência à representação por advogado” (DIAS, 2012, p. 147). Diante da solicitação da ofendida, “a autoridade policial deve tomar as providências legais (art. 10), previstas na Lei (art. 11)” (DIAS, 2012, p.145). Contudo,

[...] não é apenas no expediente recebido da autoridade policial com o pedido de medidas protetivas que cabe a concessão de tutela de urgência. Novas medidas podem ser concedidas, quando do recebimento do inquérito policial ou durante a tramitação da ação penal (DIAS, 2012, p.146).

Da mesma forma, segundo DIAS (2012), o Ministério Público possui a incumbência de solicitar a concessão das medidas protetivas ou a revisão das mesmas, de forma a salvaguardar a vítima. Todavia, essa providência está

vinculada à vontade da vítima, e somente a partir disso é formado o expediente cautelar, o qual é encaminhado ao juiz com o requerimento da ofendida.

O magistrado não precisa necessariamente aplicar as medidas previstas nos artigos 22, 23 e 24 da Lei nº 11.340/2006, pois pode se valer de outras previstas no ordenamento jurídico brasileiro, adotando outra medida que entender mais conveniente e proporcional para cada caso, com o único e exclusivo objetivo de proteger a mulher vítima e seus familiares da reiteração das condutas violentas por parte do agressor.

As medidas protetivas permitiram não só alargar o espectro de proteção da mulher, aumentando o sistema de prevenção e combate à violência, como também dar ao magistrado uma margem de atuação para que possa decidir por uma ou outra medida protetiva, de acordo com a necessidade exigida pela situação (BIANCHINI, 2013, p. 164, 165).

O §1º do artigo 22 da Lei acima citada dispõe que “as medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem” (BRASIL, 2020), corroborando, portanto, a ideia de que o juiz pode conceder outras medidas, além das listadas na Lei Maria da Penha. Ademais, no próprio dispositivo referido e no artigo 24, os termos “entre outras” (BRASIL, 2020), bem como no artigo 23, a expressão “sem prejuízo de outras medidas” (BRASIL, 2020), remetem ao mesmo entendimento.

Para Ávila (2019, p. 10), a condição para o deferimento das medidas protetivas pode ser condensada em somente uma, qual seja, o contexto de violência doméstica e familiar em que a mulher está inserida, sendo suficiente, para isso, a alegação da vítima. A verossimilhança da alegação, juntamente com a observância do princípio da precaução, torna concreta a solicitação da vítima pelas medidas protetivas.

Haja vista que o artigo 22 da Lei estabelece que,

Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em

conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência (BRASIL, 2020).

Destaca-se, portanto, que a palavra da vítima possui especial relevância nos delitos domésticos, uma vez que costumam ser perpetrados longe dos olhos de testemunhas. Durante a persecução penal contra o agressor, a versão judicializada da ofendida, quando amparada por outros elementos de prova, garante a credibilidade necessária ao relato da ofendida.

A Lei Maria da Penha inaugurou duas modalidades de medidas protetivas. A primeira localiza-se no rol do artigo 22 e obriga o agressor – a fazer ou a deixar de fazer algo –, tendo essa, caráter provisional. Já a segunda espécie de medida possui o objetivo precípuo de proteger a vítima e, encontram-se previstas nos artigos 23 e 24 da referida lei (DIAS, 2012).

Segundo Belloque (2020, p. 2), para a formação do rol de medidas que obrigam o agressor, foi levado em conta as condutas habitualmente praticadas pelo autor da violência que paralisam a mulher vítima ou obstruem demasiadamente suas ações.

Para que as medidas protetivas atinjam sua finalidade, as que obrigam o agressor podem ser cumuladas com as que protegem a vítima, bem como, com outras previstas na legislação brasileira vigente. Outrossim, podem ser substituídas, desde que as posteriores sejam adequadas e proporcionais à situação (BIANCHINI, 2013).

Dentre as medidas protetivas que obrigam o agressor, as diligências mais pleiteadas são o afastamento da residência e a proibição de aproximação e contato do ofensor com a vítima. Essas providências “além de auxiliar no combate e na prevenção da violência doméstica, pode encurtar as distâncias entre vítima e Justiça” (BIANCHINI, 2013, p. 167). Para Dias (2012, p. 154), a fixação de um limite mínimo de distância de aproximação, “além de inibir a reiteração dos atos de violência, visa evitar a intimidação e ameaças que eventualmente possa causar constrangimento ou interferir nas investigações”. Sinala-se que,

[...] a proibição de aproximação não configura constrangimento ilegal e em nada infringe o direito de ir e vir consagrado em sede constitucional. A liberdade de locomoção encontra limite no direito do outro de preservação da vida e da integridade física. Assim, na ponderação entre vida e liberdade há que se limitar esta para assegurar aquela (DIAS, 2012, p.154).

Nessa senda, Ávila (2019, p. 07) ressalta que:

Nas medidas protetivas de proibição de aproximação e contato, ou de frequência a determinados lugares, o imputado mantém a liberdade geral, e tem apenas uma restrição tangencial e residual relacionada à esfera de direitos da mulher, numa área irrisória em comparação a todos os demais locais em que poderá exercer sua liberdade de locomoção.

Essas medidas obstam o contato imediato entre ofensor e vítima, evitando, inclusive, a potencialização da violência após o registro do boletim de ocorrência, gerando tranquilidade à residência e o sentimento de proteção da ofendida, o que reflete nos filhos ou demais familiares (BIANCHINI, 2013). Cumpre salientar que, para a vítima que deseja romper com o ciclo da violência, o retorno do ofensor ao lar é uma tortura psicológica, tendo em vista que a mesma conviverá com a constante probabilidade de novos episódios de agressão.

Segundo Bianchini (2013, p. 168), “no mesmo sentido da medida de proibição de aproximação, a proibição de contato visa resguardar especialmente a integridade psíquica da mulher em situação de violência”. Abrange qualquer forma de contato, tanto pessoal, quanto por meio telefônico ou por intermédio das redes sociais, como facebook, whatsapp, instagram e twitter.

Possuindo o ofensor da posse ou porte legal de arma de fogo, a medida protetiva do artigo 22, inciso I, da Lei Maria da Penha, estabelece a suspensão ou restrição dessa autorização, objetivando a proteção da integridade física da mulher. Depois de deferido o pedido pelo magistrado, deve a decisão ser comunicada à Polícia Federal e ao Sistema Nacional de Armas (SINARM) (DIAS, 2012). Essa medida possui “fundamental importância quando o agressor é policial civil ou militar ou outro agente público cuja atuação se correlacione com a posse e o porte de arma de fogo” (BELLOQUE, 2020, p. 04).

A limitação contida no artigo 22, inciso III, alínea “c”, visa “preservar a integridade física e psicológica da ofendida” (BRASIL, 2006), proibindo o agressor de frequentar determinados locais.

No que tange essa medida, cumpre destacar que, um traço característico da violência contra a mulher, é que as agressões físicas geralmente ocorrem em conjunto com humilhações e constrangimentos públicos, afetando, inevitavelmente, a autoestima da vítima. Diante disso, essa medida busca proteger os espaços públicos nos quais a vítima exerce sua individualidade (BELLOQUE, 2020).

De outra banda, existindo risco à integridade dos filhos do casal, ou mesmo à mulher vítima da violência, a Lei Maria da Penha estabelece a medida de suspensão de visitas, não sendo necessário para sua concessão, de que o parecer da equipe multidisciplinar, constante do artigo 22, inciso IV, anteceda a decisão do magistrado. Essa recomendação do parecer técnico, contida no artigo referido, revela a preocupação na manutenção do vínculo de convivência entre o genitor e os filhos, para que estes não percam a referência paterna (DIAS, 2012).

Dias (2012) ressalta que, a alternativa para que não se rompa de forma abrupta o vínculo entre pais e filhos, é a concessão de um local para que as visitas ocorram de forma supervisionada, sem a necessidade do contato entre o ofensor e a mulher vítima, para que a integridade desta seja preservada.

Ademais, “além das medidas nominadas como protetivas, há outras” (DIAS, 2012, p. 146) na própria legislação de amparo à mulher. O artigo 9, §1º, da Lei nº 11.340/06, também possui caráter protetivo, uma vez que a mulher vítima poderá ser incluída em programas assistenciais. Outrossim, desfruta do mesmo viés, a possibilidade de garantir à ofendida servidora pública o acesso preferencial à remoção. Da mesma forma, quando a vítima laborar na iniciativa privada, é assegurada a manutenção, por até seis meses, do vínculo de emprego, quando houver a necessidade de que a mesma se afaste do trabalho (DIAS, 2012).

Após a remessa do expediente de medidas protetivas ao magistrado, este terá o prazo de 48 horas para decidir a respeito do pedido. O artigo 19, §1º, permite que as medidas sejam concedidas independentemente do pronunciamento do Ministério Público, todavia, o Promotor de Justiça deverá ser imediatamente intimado após a decisão judicial. Essa alteração procedimental justifica-se pela urgência da situação posta (BIANCHINI, 2013).

Segundo Bianchini (2013), dado o caráter provisório das medidas protetivas de urgência, essas devem permanecer enquanto a situação que ensejou sua decretação perdurar, logo, podem subsistir até a sentença penal, sendo esse o marco temporal intransponível. Não obstante, caso haja o interesse da vítima e a necessidade da medida, pode-se requerer a manutenção das mesmas ou até mesmo outra espécie de proteção.

Desta forma, a lei em questão trouxe uma nova ferramenta para a proteção de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, salvaguardando seus direitos e evitando a reiteração de condutas análogas àquelas que ensejaram a sua aplicação. Embora ainda ocorra descumprimento por parte do varão, paulatinamente, pode-se perceber a mudança comportamental dos indivíduos, pois, as vítimas perdem o temor em registrar a ocorrência e solicitar as medidas, enquanto que o ofensor se preocupa em respeitar as restrições impostas pelo magistrado.

Essa interferência estatal choca-se com as estruturas familiares rígidas patriarcais, as quais foram culturalmente naturalizadas pela sociedade, fazendo com que a Lei Maria da Penha e as próprias medidas protetivas de urgência fossem recebidas com muita resistência. Apesar disso, abre-se espaço para um novo olhar e, por conseguinte, para uma mudança cultural.

Por outro lado, verifica-se a fragilidade deste instrumento. Como observa Campos (2016, p. 9-10), quando a mulher solicita as medidas protetivas de urgência, em algumas situações, além de serem atendidas com sentimento de indiferença, e isso, por conseguinte, torna o serviço precário, gera consequências

quando o magistrado analisa a situação para verificar se é caso de concessão ou não das medidas. Isso porque, o juiz, ao proceder ao exame dos requerimentos, indefere devido à ausência de certas informações. Denota-se, portanto, a fragilidade deste procedimento, embora o argumento da ausência de elementos de prova de risco da vítima, também não pode ser admitido para a negativa da concessão das medidas protetivas.

Neste sentido,

[...] a preocupação com a prova – elemento para o oferecimento da denúncia – é uma postura inadequada nos casos dos pedidos de medidas protetivas, pois estas se revestem de caráter urgente e protetivo e não de instrumentalização para o processo penal (CAMPOS, 2016, p. 10)

Contudo, Isso não significa dizer que há inversão do ônus probatório. Informações mínimas a respeito da atual situação da mulher, bem como de que forma a violência aconteceu, são questionamentos que devem ser perguntados à mulher, e postos no requerimento, para que, posteriormente, até mesmo na descrição de uma eventual denúncia, esta não seja considerada inepta por conter descrição genérica ou vaga do fato criminoso.

De outra banda, no que tange às alterações legislativas, registra-se que a Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015, alterou o Código Penal Brasileiro, para acrescentar o feminicídio como mais uma circunstância que qualifica o delito de homicídio, previsto no artigo 121, in verbis:

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido: Feminicídio

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Ademais, o parágrafo 2º-A foi incluído para elucidar os termos do inciso VI, uma vez que,

§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:

I - violência doméstica e familiar;

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Já o parágrafo 7º, incluído também no artigo 121 do Código Penal, estabelece situações em que a pena do feminicídio pode ser aumentada em 1/3 até a metade quando o delito é perpetrado, a saber,

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;

IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.

Outrossim, a lei supramencionada introduziu o feminicídio na relação dos crimes hediondos, os quais estão previstos no artigo 1º, da Lei nº 8.072/90, o que revela a importância da proteção à mulher e do combate contra a violência fatal no viés punitivista.

Portanto, até o advento da referida lei, não existia a tipificação de uma forma especial de homicídio praticada contra mulheres devido à condição do sexo feminino, embora essa prática já ocorria ao longo da história. Verifica-se que, por trás desse delito, advém a cultura do patriarcado e do machismo, que tem a mulher como submissa ao homem, sendo um objeto que está a seu bel-prazer.

Neste diapasão, cabe destacar que a Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2018, modificou o Código Penal para inserir os artigos 215-A, importunação sexual, 218-C, divulgação de cena de estupro, bem como, alterou a natureza da ação penal dos delitos dos capítulos I e II, do Título VI, intitulados dos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, respectivamente, para pública incondicionada. Transformou, ainda, o artigo 226 do Código Penal, acrescentando mais duas causas de aumento de pena, quais sejam, estupro coletivo e estupro corretivo.

No mesmo sentido, a Lei nº 13.772, de 19 de dezembro de 2018, também alterou o Decreto-Lei nº 2.848/1940, para acrescentar o Capítulo I-A, o qual criminaliza, pelo artigo 216-B, o registro da intimidade sexual, sem consentimento dos participantes, além de alterar a redação do artigo 7º, inciso II, da Lei nº 11.340/06. Senão veja-se:

CAPÍTULO I-A

DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL Registro não autorizado da intimidade sexual

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.

Por outro lado, a Lei nº 13.984, de 03 de abril de 2020, adicionou ao artigo 22 da Lei Maria da Penha, duas medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor, a saber,

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e

VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.

Desta forma, sinala-se que esses referidos avanços legislativos foram de especial importância no que tange à proteção da mulher. Ademais, reforçam os dispositivos contidos na Lei Maria da Penha, no sentido da proteção contra a violência letal, baseada na violência doméstica ou na misoginia, e violência sexual como violação à dignidade da mulher.

2.2 A Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher: