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MEDIAÇÃO FAMILIAR E DIVÓRCIO LIGITIOSO: FORMAS DISTINTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO ENTRE CASAIS QUE ESTÃO SE DIVORCIANDO

Este capítulo tem por objetivo analisar dados coletados a partir das observações e resultados obtidos nas mediações familiares e audiências de divórcio litigioso, bem como das entrevistas feitas com juízes que atuam na Vara de família e mediadores com o intuito de comparar a eficácia das resoluções de conflitos conjugais em ambos procedimentos.

4.1 A experiência na Mediação familiar nos CEJUSCS Pré-Processuais no Balcão de Justiça na Garibaldi

Antes de iniciar as impressões da pesquisadora com relação à sua experiência de observação das mediações familiares, mister se faz traçar breves comentários sobre o Balcão de Justiça.

O Balcão de Justiça e Cidadania é um projeto desenvolvido pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia visando a promoção de acesso à justiça às pessoas hipossuficientes; foi criado em 2003, promovendo a mediação comunitária, tendo dezenas de unidades instaladas na cidade de Salvador e nas demais comarcas do Estado da Bahia. (BOMFIM, 2016, p. 105)

É importante ressaltar que, inicialmente, firmou-se uma parceria entre Faculdades e o Tribunal para instalação dos Balcões; com o passar do tempo, aliou a outras entidades, instalando os Balcões principalmente nos Bairros mais populares da capital, de modo a estar mais próximos às pessoas de baixa renda, que enfrentam maiores dificuldades no acesso à justiça. (SOUZA, 2015, s.p)

Os Balcões de Justiça e Cidadania são responsáveis pelo oferecimento da mediação de conflitos, bem como por serviços de orientação jurídica inteiramente gratuitos. As mediações são realizadas nos conflitos sediados na área de família, principalmente, envolvendo casos como o reconhecimento de paternidade, divórcios, pensão alimentícia, reconhecimento e dissolução da união estável; são também realizadas na área cível, envolvendo casos menos complexos de cobrança de dívida, conflitos de vizinhança, dentre outros. Os casos que não são resolvidos nos Balcões

de justiça geralmente são encaminhados para a defensoria pública ou para os núcleos universitários que prestam assistência jurídica. (BAHIA, 2010)

Em vistas a atender os objetivos do presente trabalho, nos dias 24, 26 de julho e 02 e 03 de agosto de 2017 foram feitas observações de mediações familiares no CEJUSC pré-processual, situado no Balcão de Justiça e Cidadania da Garibaldi, com mediadores em formação.

Tais observações objetivaram investigar como ocorre o procedimento de mediação com casais que estão em situação de divórcio e, para enriquecer ainda mais a pesquisa, foi elaborado um questionário com o intuito de identificar a concepção que esses mediadores têm sobre a relevância do procedimento de mediação em um processo de divórcio.

Ressalta-se que foram entrevistados quatro mediadores, os quais serão denominados de R, M, G, L. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas, podendo ser encontradas no apêndice deste trabalho. Os mediadores entrevistados possuem formação em Direito e atuam com mediação judicial e pré-processual.

Ao serem questionados sobre o objetivo da mediação familiar todos afirmaram que o principal intento desse procedimento é justamente o restabelecimento da comunicação entre as partes, fazendo com que passem a desenvolver um diálogo a fim de chegarem a um consenso, mas não com a intenção única de ser formalizado algum tipo de acordo. “O acordo, na verdade, vai depender da vontade deles, mas não é obrigatório na mediação”. (Mediadora M)

Em síntese, todos os entrevistados foram unânimes ao afirmar que o objetivo da mediação familiar é restaurar o canal de comunicação das partes envolvidas naquela situação, para que mantenham uma relação saudável e respeitosa, a fim de que possam resolver não apenas aquele conflito trazido na mediação, mais também outros que possam surgir, tendo em vista que elas possuem relação continuada. Observe a resposta da Mediadora R ao descrever o objetivo da mediação familiar:

O principal objetivo da mediação familiar é trazer para as partes nesse momento de conflito uma maior reflexão sobre aquilo que é vivido. A mediação familiar não tem como propósito único o acordo, não é esse o propósito maior da mediação familiar, ela busca trazer exatamente essa reflexão para que o diálogo seja restabelecido de forma respeitosa e que as próprias partes possam gerir essas questões trazidas que não se manifestam só naquele momento, pois por ser uma relação continuada a tendência é que em outros momentos da vida dessas pessoas, venham acontecer novas questões, então elas estariam sendo “empoderadas”, em outras palavras,

dando as pessoas essa consciência de que elas podem gerir seus próprios conflitos. O objetivo maior da mediação familiar é o restabelecimento de comunicação, trazendo essa visão positiva de como se posicionar diante dos conflitos.

Essa concepção está em consonância com o que preceitua PINTO (2001, p. 69) ao afirmar que “a mediação é uma proposta não de solução de conflito, simplesmente, mas uma reorganização e reformulação da comunicação entre as pessoas”. A referida autora acrescenta que:

[...] a resolução de um conflito pontual pode ocorrer como consequência do trabalho da mediação. Contudo, o objetivo básico é que os envolvidos, desenvolvam um novo modelo de inter-relação que os capacite a resolver ou discutir qualquer situação em que haja a possibilidade de conflito. É, pois, uma proposta educativa e de desenvolvimento de habilidades sociais no enfrentamento de situações adversas.

Através das observações da mediação familiar feita pela pesquisadora foi possível perceber que realmente a conduta dos mediadores é sempre no intuito do restabelecimento da comunicação entre as partes, para que elas sozinhas consigam resolver os seus próprios conflitos. Este fato foi detectado logo no primeiro dia de observação (24/07/2017), em que a pesquisadora assistiu uma mediação de um casal, cujos componentes estavam praticamente sem se falar, ou seja, tinham rompido o diálogo entre eles, falavam apenas palavras de ofensa com o intuito de atingir o outro, observando-se, inclusive, que um não olhava para o outro.

Logo no início do procedimento as mediadoras fizeram o chamado Termo de abertura, informando sobre o procedimento da mediação, bem como seus princípios, deixando claro para o casal que ele estava diante de um procedimento voluntário e confidencial, em que elas, enquanto mediadoras, eram neutras e imparciais e estavam ali para ajudá-lo, de forma não intervencionista, a buscar uma solução.

Dando seguimento à mediação, após a aceitação das partes em participar do procedimento, foi iniciado o Relato, em que primeiro, a pessoa (a esposa) que procurou o Balcão de Justiça falou da sua vontade de se divorciar, tendo em vista a total impossibilidade de reconciliação, visto que já estavam separados de fato havia mais de 05 anos. A mulher relatou, nesse momento, que o seu “ex-marido” nunca foi um pai presente e que depois que saiu de casa, “para correr atrás de rapariga”, começou a se comportar como se não tivesse filho, sendo ela a responsável por cuidar

da prole. Ressaltou, ainda, que o filho sofreu com a ausência do pai e que hoje apesar de ter dezoito anos, necessitava do apoio dele, pois o garoto estava “envolvendo com coisa ruim”.

Em seguida, foi a vez do homem (esposo) se pronunciar, quando declarou que também gostaria de se divorciar, pois já tinha constituído outra família e que a relação com “esta senhora nunca foi fácil’ (se referindo a esposa), por isso ele evitava procurar o filho que tiveram em comum. Nesse momento, a mulher começou a falar alto e interromper a fala do “ex-marido”, as mediadoras tentaram contornar a discussão, solicitando que a mulher escutasse o que ele tinha para dizer, e lembraram a necessidade de cooperação (um dos princípios da mediação) que ambos deveriam praticar para que se chegassem à solução do conflito.

As mediadoras através da utilização de ferramentas da mediação conseguiram acalmar os ânimos e aos poucos restabelecer um diálogo “civilizado” entre as partes, porém não foi tarefa fácil, confirmando o que o mediador L disse na entrevista, ao relatar que a maior dificuldade na mediação familiar é justamente a falta de comunicação para conseguir restabelecer a comunicação das partes, criando a consciência que elas devem conversar para resolver as questões que têm em comum.

Outro desafio para as mediadoras foi desfazer a visão unilateral dos mediandos, pois cada um se considerava certo e julgava o outro como o errado na relação. Parece que essa conduta é comum entre os mediandos, pois tal percepção foi relatado na entrevista da mediadora R; ao ser perguntada sobre a dificuldade encontrada na mediação:

As pessoas que chegam até aqui conviveram até um determinado ponto de maneira harmoniosa, com altos e baixos, mas souberam administrar essa relação até um determinado ponto, e aí acontece um ponto de ruptura (gota d’água) a partir da ruptura as pessoas perdem totalmente a comunicação ou a comunicação ficam cheias de ruídos criando um espiral de conflito que começam a aumentar. Então, elas chegam aqui nessa fase, onde há um julgar muito forte, onde o outro é sempre o errado, essa visão unilateral é bem forte, e é o que a gente chama de posições, ou seja, os mediandos se colocam em posições de certo ou errado. Uma das maiores dificuldades do mediador é exatamente perceber essa posição e conseguir fazer com que elas saiam dessa posição, não por imposição, mas através de reflexão, comunicação de auto analise, de muita conversa [...]

Nessa observação foi possível constatar que o real interesse da mulher ao procurar o Balcão de Justiça não era apenas se divorciar, mas sim que o seu ex- esposo fosse um pai mais presente, pois o filho estava precisando de ajuda, devido

envolvimento com drogas e que ela já não sabia mais o que fazer para ajudá-lo. Já o pai relatou que após a separação de fato, nunca pensou em abandonar o filho, mas que a esposa por vingança, pois não aceitava que ele tivesse uma outra companheira, dificultava a sua aproximação com o filho (nesse momento ele relatou vários episódios que ela não deixava o pai ter contato com o filho, relevando também casos que podem ser configurados como sendo de alienação parental).

Através das técnicas de mediação utilizada pelos mediadores, a esposa começou a falar que realmente no início da separação estava muito magoada de o esposo tê-la “trocado por outra” e “fez de tudo para atrapalhar a vida dele”, inclusive, usando o filho, mas que agora ela não sentia mais nada pelo “ex-marido”, pois já tinha encontrado um outro companheiro e reconstruído a sua vida. Porém, ela disse ter consciência que o filho sofreu muito devido as brigas e os ressentimentos de ambos; ela destacou que ele (o esposo) também tinha parcela de culpa, já que nunca foi um pai muito presente, mesmo quando ainda estavam juntos.

Dada a palavra ao esposo, sempre com a participação das mediadoras, foi dito que realmente ele nunca foi um pai exemplar, mas que amava o seu filho e iria procurá-lo para restabelecer os laços entre eles e “ajudá-lo a sair dessa vida errada”, que ele (o filho) estava começando a conhecer. Nesse momento o casal começou a estabelecer um diálogo mais sereno, discutindo a possibilidade de o genitor empregar o filho na sua oficina “para ocupar a mente do garoto”, dentre outros assuntos relacionados ao filho.

No caso em exame, percebe-se que não havia discordância com relação ao divórcio, ambos queriam regularizar essa situação já que tinham mais de cinco anos de separação de fato e cada um já havia reconstruído a sua vida; o conflito real entre eles era centrado nas consequências que essa separação, conturbada na época de sua ocorrência, provocaram na relação do pai com o filho.

Nota-se, a partir dessa observação, que a mediação se adequa perfeitamente aos conflitos familiares, apresentando-se como uma eficiente técnica de resolução de controvérsia, proporcionando um tratamento dos problemas e facilitando a continuação do relacionamento entre as partes por meio do diálogo e da mútua compreensão, tendo em vista que as dissidências familiares, antes de serem conflitos de direito propriamente dito, são essencialmente afetivos, psicológicos, relacionais, antecedidas de sofrimento. (SALES, 2004, p. 55)

Esse também é o entendimento da mediadora R que, ao ser questionada sobre a eficácia da mediação, relatou:

[...] a mediação é um instrumento indispensável, pois não é uma coisa pontual, não é uma coisa trazida só naquele momento, não vai ser só o divórcio, as pessoas principalmente se elas tiverem filhos, elas vão continuar ligadas. [...] e isso serve para que outros momentos da vida quando eles se depararem de novo com questões conflituosas que eles aprendam a se comunicar, a negociar. Por isso que eu vejo como um grande instrumento, sendo eficaz, eficiente de pacificação social.

No entanto, o mediador L não concorda com o posicionamento da colega ao afirmar que:

[...] seria muita ingenuidade dos mediadores de acreditar que em uma sessão de mediação ou duas sessões ou três, eles teriam essa capacidade de fazer com que as pessoas se convençam da importância do filho, da importância da convivência do filho com os pais e demais familiares. Hoje eu percebo que o trabalho da mediação para que seja realmente eficiente, mais efetivo, o mediador precisa está trabalhando com uma equipe multidisciplinar para quando for identificada alguma questão de ordem emocional, primeiro essa pessoa possa passar por um acompanhamento de um psicólogo, se ela ainda não conseguir compreender essas questões de valores de família, seria interessante que ela conversasse com um assistente social para que criasse uma consciência. [...] após passar por essa equipe multidisciplinar, seja mediação judicial ou extrajudicial, ela já compreenda a importância de determinadas questões (valor da família), ai sim eu acredito no potencial da mediação, do mediador fazendo com que essas pessoas cheguem a uma resultado consciente e que gerem um consenso porque as vezes você realiza uma sessão de mediação e as partes podem até chegar a um suposto consenso naquele momento, mas quem vai garantir que quando passar daquela fase da sessão de mediação, ela vai continuar com uma boa convivência com o filho, marido, ex-marido?”

Já a mediadora R acredita que cada caso é particular e o que vai determinar o resultado satisfatório de uma mediação é a disposição dos mediandos para querer mediar, pois segundo ela “[...] nós mediadores, somos facilitadores, não decidimos, não impomos, a decisão está dentro de cada um. A gente facilita para que eles percebam e busquem essas soluções”.

A segunda sessão de mediação familiar observada, que foi realizada em 26 de julho de 2017 às 14:30, foi bem tranquila, haja vista que as partes estavam separados de fato há, aproximadamente, vinte anos, e o homem (esposo) queria regularizar essa situação, ou seja, se divorciar para colocar a atual companheira como sua dependente no plano de saúde. Era perceptível que as partes tinham um relacionamento amigável e por isso foi uma sessão “rápida”, na qual os mediadores fizeram todo o procedimento habitual e as partes colaboraram sem maiores intercorrências. No final, ambos assinam o termo de acordo para ser, posteriormente, homologado pelo juiz.

O mediador que realizou essa sessão informou que casos como esse são relativamente comuns no Balcão de Justiça e Cidadania, em que as partes já estão de comum acordo e procuram a mediação por ser um procedimento mais célere e gratuito, tendo, assim, acesso à justiça, visto que a maioria das pessoas que procuram o Balcão são economicamente carentes e possuem pouca escolaridade.

Tal declaração evidencia uma outra vantagem oferecida pela mediação familiar, que é a resoluções de demandas em um curto lapso temporal, sem a necessidade de contratação de advogado e de forma gratuita para a população carente da cidade.

Verificou-se a partir dessa sessão de mediação, bem como de outras que serão relatas posteriormente, que, em sua maioria, as pessoas que procuram o Balcão de Justiça e Cidadania são mais propícias a colaborar com o procedimento a fim de que consigam resolver seus os conflitos da melhor forma possível, sem desgastes e onerosidade.

Ao ser perguntado aos mediadores o que normalmente acontece em um procedimento de mediação e quantas sessões são necessárias para resolver um conflito, todos responderam que varia muito de caso para caso. Na concepção do mediador L, por exemplo:

[...] têm casos que podem ser somente uma questão de divórcio [...]. Mas tem outros casos em que as partes chegam sem se comunicar. Uma das defesas das partes é cessar a comunicação. Têm casos que você pode resolver em uma sessão e têm outros que irá precisar de mais sessões. E há caso que apesar de marcar várias sessões as partes não conseguem estabelecer um acordo, mas as vezes (na maioria dos casos) conseguem restabelecer ao menos o diálogo.

Constata-se que o mediador L tem razão, já que após assistir algumas mediações familiares a pesquisadora percebeu que cada mediação é singular, podendo uma ser mais célere, pacífica e eficaz, enquanto que necessariamente a outra não terá o mesmo resultado, uma vez que é impossível quantificar quantas sessões serão necessárias para pacificar o conflito ou se o procedimento realmente irá conseguir pacificar o conflito. Observe o relato da mediadora G com relação ao questionamento sobre a quantidade necessária de sessões para pacificar um conflito familiar:

[...] algumas vezes, costumam durar mais de uma sessão, as vezes duas, três...A gente as vezes só consegue que as partes consigam a pacificação dos conflitos após a gente utilizar uma ferramenta denominada de derivação que é o encaminhamento para outros profissionais: assistente social, acompanhamento terapêutico ou psicológico. E, após o atendimento por

esses outros profissionais retornam para a mediação e conseguem pacificar. Outras vezes, consegue resolver em uma sessão, quando as partes estão mais propícias a essa pacificação, chegam mais tranquilizadas nos conflitos mais pacificados. Não tem uma regra, mas quando os conflitos estão muito acirrados é imprescindível que se faça em mais de uma sessão, caso contrário, você não consegue a pacificação por completo desses conflitos, e aí uma composição superficial, provavelmente, vai haver um outro conflito que terá necessidade de uma nova mediação ou se as partes já tiverem desgastadas isso irá se desembocar no judiciário.

A terceira mediação assistida foi realizada com um casal que já estava separado há mais de vinte e cinco anos, era um casal de idosos. Com o Termo de Abertura da mediação, o mediador informou todo o procedimento desta, bem como os princípios norteadores, enfatizando a confidencialidade e voluntariedade que existiam no procedimento de mediação. As partes concordaram em participar do procedimento por livre e espontânea vontade. Iniciado o Relato com o esposo, que tomou a iniciativa de procurar o Balcão de Justiça, ele informou que casou com M. G. ainda jovem e que tiveram três filhos, todos maiores e independentes atualmente; informou, ainda, que o casamento durou aproximadamente vinte anos, mas que com o tempo a relação “começou a esfriar” e ele decidiu sair de casa.

No momento do relato da esposa, esta contou que realmente o casal estava separado há muitos anos, mas que o fato de não ter “se separado no papel” não tinha atrapalhado em nada a sua vida durante esses anos, mas “se o doutor (se referindo ao mediador) achar melhor o divórcio que ela não iria criar obstáculo”.

A fala dessa senhora ratificou o pensamento da Mediadora R ao afirmar que:

Estamos em uma sociedade muito acostumada ainda ao litígio, como se sempre a pessoa necessitasse do terceiro imparcial que seria o juiz para decidir coisas da sua própria vida e nessas questões de divórcio então que é coisa muito íntima, acredito ser bem melhor resolvido pelas próprias pessoas envolvidas de forma conjunta, bem melhor que a negociação se faça entre eles [...]

Após ouvir o relato da senhora, a mediadora explicou novamente que a mediação é um processo voluntário que qualquer decisão deveria ser tomada pelas partes de comum acordo, uma vez que o mediador só iria auxilia-lo a chegar a um consenso, mas, jamais iria impor ou até mesmo sugerir qualquer tipo de decisão.

Nesse contexto, é importante salientar o que preceitua OLIVEIRA (2002, p. 87), ao afirmar que, na mediação familiar, a comunicação entre os envolvidos no procedimento será facilitada pelo mediador, o qual tem posicionamento não

intervencionista, para que os mediandos possam, ao final, resgatar o protagonismo de sua vida, tomando a decisão em conjunto, de forma que o mediador nada decida. Continuando a mediação, o mediador perguntou a esposa se ela gostaria de si divorciar de J. A., prontamente, ela respondeu que sim, pois “não havia razão para continuar casada com uma pessoa que a muito tempo já saiu da sua vida”, afirmando que a única preocupação é que ela é muito religiosa e modificar o seu status para divorciada seria algo constrangedor, ainda mais que ela tinha que voltar a usar o seu