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Estimativas para a prevalência da hipertensão arterial no Brasil não são muito precisas, por falta de um estudo de base populacional que englobe todo o País. Porém, um estudo que avaliou a prevalência de hipertensão no Brasil, em adultos, a partir de 1990, concluiu que as taxas de prevalência mostraram que cerca de 20% dos adultos apresentam hipertensão, sem distinção por sexo, mas também com evidente tendência de aumento com a idade (28).

Considerando o conjunto da população adulta das capitais brasileiras e do Distrito Federal, observa-se que mais mulheres (25,1%) do que homens (20,3%) referem o diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial. Em ambos os sexos, a referência a diagnóstico de hipertensão arterial aumenta com a idade. Na população acima de 55 anos, 49% são hipertensas (29), conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1 – Percentual de indivíduos que referem diagnóstico médico de hipertensão arterial no conjunto da população adulta das capitais dos estados e no Distrito Federal, por sexo, segundo idade, 2007 (29).

Idade (anos) Total % Masculino % Feminino % 18 a 24 5,7 4,5 6,9 25 a 34 10,6 10,4 10,9 35 a 44 19,4 18,1 20,6 45 a 54 36,1 34,9 37,1 55 a 64 49 45,9 51,4 65 e mais 57,7 49,4 62,9

Tendo em vista o grande impacto da morbimortalidade cardiovascular na população brasileira, que tem a hipertensão e o diabetes como importantes fatores de risco, o Ministério da Saúde implantou no ano de 2002, o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus (PRAHADM). Esse plano visava o desenvolvimento de ações referentes à promoção da saúde e à prevenção de doenças crônicas não transmissíveis voltadas para os portadores dessas condições (30).

O PRAHADM teve por objetivo estabelecer diretrizes e metas para a reorganização no Sistema Único de Saúde (SUS), investindo na atualização dos profissionais da rede básica, oferecendo a garantia do diagnóstico do diabetes e da hipertensão, proporcionando a vinculação dos pacientes diagnosticados às unidades de saúde para tratamento e acompanhamento e promovendo a reestruturação e a ampliação do atendimento resolutivo e de qualidade para os portadores dessas doenças (31). Dentre os objetivos específicos do PRAHADM (30) consta: “Garantir o acesso dos

portadores de Hipertensão Arterial-HA e Diabetes Mellitus-DM aos medicamentos incluídos no elenco mínimo definido pelo MS”.

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Políticas de Saúde, em parceria com o CONASS e CONASEMS, traçou estratégias complementares ao processo de aquisição e disponibilização desses medicamentos considerados essenciais pela OMS e presentes na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME (32) do Brasil. Para o tratamento da hipertensão, foram considerados como medicamentos de primeira linha a hidroclorotiazida 25 mg, o captopril 25 mg e o propranolol 40 mg. A última revisão da RENAME (32), em 2008, incluiu Losartana potássica na classe de anti-hipertensivos antagonistas de receptores de angiotensina.

Dando prosseguimento às ações do PRAHADM, em 2002 foi publicada a portaria que instituiu o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (33). Este Programa prevê a distribuição dos medicamentos considerados essenciais para os portadores de HA e DM de forma contínua para as unidades básicas de saúde. Dessa forma, ficou definida como responsabilidade da esfera de gestão federal, a aquisição e o fornecimento dos medicamentos padronizados, de forma a contemplar a necessidades de todos os pacientes cadastrados.

De acordo com o Ministério da Saúde (34), até o final do ano de 2007, 4.801 municípios brasileiros aderiram ao Hiperdia (sistema de informações destinado ao cadastro de portadores de HA e DM, para garantir o fornecimento de medicamentos do elenco básico), o que equivale a 86,3% do total. O total de usuários cadastrados desde a implantação do sistema é de sete milhões de pacientes, o que corresponde a 31,4% do número de hipertensos e diabéticos em nível nacional estimado ao início do programa. Do total de indivíduos cadastrados, no ano de 2007, 84,7% encontra- se em tratamento medicamentoso, com esquema de um, dois ou até três medicamentos para hipertensão ou com medicação para diabetes (35).

No ano de 2007, foram cadastrados ao todo, 939.369 pacientes no Programa (34). Os medicamentos mais utilizados neste ano foram o Captopril (470.489 usuários), Hidroclorotiazida (437.463 usuários) e Propanolol (143.576 usuários) com uma média de utilização de 2,2, 1,0 e 1,8 comprimidos diários por usuário cadastrado respectivamente.

Com o objetivo de atingir aquela parcela da população que não busca assistência no SUS, mas, tem dificuldade para manter tratamento medicamentoso devido ao alto preço dos remédios, o Ministério da Saúde em 2004, desenvolveu o Programa Farmácia Popular, em um sistema de co-participação. Isto significa que governo federal e pacientes dividirão as despesas, sendo que o governo arcará com 90% do valor de referência do medicamento (36).

No elenco da Farmácia Popular constam 107 itens para as doenças mais comuns na população brasileira, dentre eles analgésicos, antihipertensivos, medicamentos para diabetes, colesterol, gastrite entre outros, etc. Hoje no país já são 521 farmácias unidades próprias em 405 municípios, que fazem uma média de 950 mil atendimentos por mês. Todas são implantadas por meio de uma parceria do

Ministério da Saúde e da Fiocruz com Estados e Municípios e instituições filantrópicas (36).

Estima-se em 16,8 milhões o número de brasileiros, com idade igual ou superior a 40 anos, que sofrem de hipertensão. Desse total, cerca de 7,7 milhões estão cadastrados no SUS e já recebem os medicamentos gratuitamente. Em 2002, 25.464 pessoas morreram porque sofriam com hipertensão. A hipertensão causa mais mortes que a soma dos óbitos por câncer de mama (9.082 óbitos), câncer da próstata (8.389) e leucemia (4.816) no Brasil, no período de um ano.(37)

Em 2005, o SUS gastou R$ 295,8 milhões com 586,6 mil internações hospitalares por diabetes, hipertensão e agravos associados, como doença cardíaca e renal hipertensiva, infarto e acidente vascular cerebral. Para o tratamento de hipertensão, o ministério distribuiu, em 2005, 5,6 bilhões de medicamentos, um crescimento de 65,24%, em relação a 2004. (37)

De acordo com as regras estabelecidas do programa Farmácia Popular o paciente hipertenso poderá adquirir a quantidade de medicamentos suficientes para 30 dias de tratamento, de acordo com a prescrição médica em qualquer farmácia credenciada ao programa. O Ministério da Saúde pagará ao estabelecimento conveniado 90% do Valor Referencial do produto e o cidadão o valor restante para completar o preço de venda do medicamento prescrito, conforme estabelecido pela Portaria nº 1.414. Os valores referenciais dos medicamentos para hipertensão estão descritos na Tabela 2 (38).

Tabela 2 – Composição do preço dos medicamentos antihipertensivos do Programa Farmácia Popular (38).

Princípio Ativo Conc. Unidade VR da Uf (R$) % do VR

para o MS

Valor a débito do MS

Captopril 25mg Comprimido 0,41 90 0,37

Maleato de enalapril 10mg Comprimido 0,56 90 0,50

Cloridrato de propranolol 40mg Comprimido 0,11 90 0,10

Atenolol 25mg Comprimido 0,26 90 0,23

Hidroclorotiazida 25mg Comprimido 0,16 90 0,14