• Nenhum resultado encontrado

2.2 Capítulo 2

2.2.1 Revisão Sistemática e a Metanálise

Metanálise é um método quantitativo para combinar sistematicamente o resultado de pesquisas anteriores para se chegar a conclusões sobre o objeto da pesquisa. O termo foi definido por Glass (1976), através do prefixo Grego “meta” que significa “transcender” e a palavra analise. A combinação estatística de dados de múltiplos estudos data da década de 1930, Fisher (1932), Cochran (1937) e Pearson (1938), com aplicações na área agrícola (39).

O desenvolvimento da metanálise se deu pela percepção de que estudos de revisão da literatura eram narrativos e muitas vezes aplicavam critérios subjetivos de seleção. A disseminação do uso da metanálise em medicina coincidiu com o aumento do número de ensaios clínicos randomizados nas pesquisas médicas (39). A metanálise tem sido progressivamente reconhecida como um instrumento de grande importância para a avaliação de tratamentos e baseia-se na apreciação exaustiva de fatos existentes sobre os efeitos terapêuticos, proporcionando uma metodologia formal para revisões sistemáticas e reprodutíveis da literatura científica. Através da combinação dos resultados de vários ensaios clínicos, esse tipo de estudo pode também evidenciar diferenças entre tratamentos que não poderiam ser demonstradas devido a dimensões insuficientes das amostras estudadas.

Segundo Dersimonian (40), a metanálise pode ser definida como uma análise estatística de uma coleção de resultados analíticos com a finalidade de integrar esses resultados, geralmente utilizada para reforçar evidências sobre a eficácia de um tratamento, visto que, combina as informações de vários estudos realizados separadamente.

A revisão sistemática e a metanálise são metodologias de síntese quantitativa que vêm sendo desenvolvidas nas duas últimas décadas na área da saúde em associação com o incremento das atividades de avaliação de tecnologia de saúde (41).

A revisão sistemática é uma revisão de estudos, através de uma abordagem sistemática, que objetiva reduzir viés, ou seja, evitar que seja distorcido o tamanho

do efeito estudado. A metanálise é uma forma de revisão sistemática na qual ocorre uma análise estatística que combina e integra os resultados de estudos independentes, com o objetivo de extrair uma medida sumária do efeito analisado. Esse tipo de análise possibilita: resolver incertezas quando os estudos disponíveis são discordantes, melhorar a estimativa do tamanho do efeito e incrementar o poder estatístico para os pacientes em geral e para subgrupos de pacientes (42, 43, 44). A revisão sistemática busca sintetizar resultados de estudos sobre benefícios e efeitos adversos de tecnologias baseando-se em estudos disponíveis de boa qualidade, constituindo-se em uma metodologia importante para a elaboração de uma avaliação tecnológica. Utiliza uma abordagem sistemática que objetiva evitar que seja distorcido o tamanho do efeito estudado, provendo uma base científica para a tomada de decisão não só de clínicos, mas de planejadores e gerentes. A metanálise é uma forma de revisão sistemática na qual é efetuada uma combinação quantitativa dos resultados de vários estudos, para a obtenção de uma estimativa única do resultado, ou seja, uma medida sumária do(s) efeito(s) analisado(s) (44, 45).

Ainda segundo Silva, as revisões sistemáticas/metanálises também examinam outras fontes de heterogeneidade de resultados entre os estudos, como a heterogeneidade clínica, no sentido de avaliar a combinabilidade das pesquisas, antes de calcular as medidas sumárias (41).

Os procedimentos sistemáticos e explícitos definidos na identificação de estudos distinguem a metanálise da revisão de literatura qualitativa. Sendo sistemática, reduz o viés, sendo explícito, garante a reprodutibilidade (45). O objetivo ao definir critérios de elegibilidade é garantir a reprodução de uma metanálise e reduzir o viés de seleção dos estudos. Um outro analista diante da mesma literatura identificada, aplicando os mesmos critérios de seleção deve ser capaz de selecionar o mesmo conjunto de estudos.

Os dados devem ser obtidos através de formulários estruturados desenvolvidos para a pesquisa, que devem ter sidos testados para garantir que todas as informações necessárias serão obtidas de forma sistematizada. A análise inclui o uso de um teste estatístico de homogeneidade. Caso haja homogeneidade, uma estimativa sumária do tamanho do efeito pode, então, ser estimada. Esta estimativa geralmente inclui a construção de um intervalo de confiança (ex. 95%) (39).

A idéia da metanálise proposta por Chow e Liu (12) no ano de 1997 é a de prover uma revisão sistemática da bioequivalência entre medicamentos genéricos baseada nos dados de estudos de bioequivalência independentes. O propósito é avaliar não só a bioequivalência entre os genéricos do mesmo medicamento de referência, mas prover uma ferramenta para monitorar a performance dos genéricos aprovados para um mesmo produto de referência. A metanálise pode ainda, servir para reduzir o viés e aumentar o poder estatístico para estimação do verdadeiro efeito do medicamento. Trata-se de uma área normalmente ignorada na bioequivalência, mas que realmente necessita de uma atenção especial.

Esse trabalho tem por objetivo propor uma metodologia adicional à ANVISA para avaliação da qualidade dos medicamentos candidatos a genéricos e similares, apresentando ferramentas que possibilitem a comparação sistemática das medidas de biodisponibilidade de vários estudos de um mesmo fármaco.

Considerando que a metanálise é uma ferramenta importante que pode possibilitar a comparação sistemática das medidas de biodisponibilidade de vários estudos de um mesmo fármaco, o objetivo desse trabalho foi o de propor o uso da metanálise como uma metodologia adicional à ANVISA para avaliação da qualidade dos medicamentos candidatos a genéricos e similares, possibilitando a intercambiabilidade segura entre os mesmo.