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Os medicamentos e produtos manipulados assumem uma importância assinalável em FC, uma vez que permitem a adaptação de fármacos ao perfil fisiopatológico de cada doente, essencialmente pelo preenchimento de lacunas a nível de dosagens e formas farmacêuticas

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disponíveis no mercado, bem como por permitir a associação de substâncias ativas não disponíveis comercialmente.

7.1 Matérias-primas e Material de Laboratório

As matérias-primas que qualquer farmácia pretenda adquirir devem ser encomendadas a fabricantes, importadores, reembaladores e distribuidores autorizados pelo INFARMED. Todas as substâncias devem fazer-se acompanhar do respetivo boletim de análise, documento que é da responsabilidade do fornecedor e que deve obedecer a todos os requisitos da sua monografia oficial [17]. Uma vez na farmácia, as matérias-primas devem ser armazenadas em recipientes adequados, em local fresco e seco.

No que concerne o material de laboratório necessário à preparação de medicamentos manipulados, a Deliberação nº 1500/2004, de 7 de Dezembro aprova a lista de equipamento mínimo de existência obrigatória para as operações de preparação, acondicionamento e controlo de medicamentos manipulados [18]. A Farmácia Barreiros, para além de usufruir de todo este equipamento, possui o programa informático SOFTGALENO®, que goza de um conjunto de funcionalidades essenciais ao funcionamento dos laboratórios de manipulação: gerar fichas de preparação, gerir stocks de material e matérias-primas, assegurar a rastreabilidade dos manipulados, calcular preços, alertar para marcação de inspeção de equipamentos, entre outros.

7.2 Regras de Manipulação

A Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho define as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados, necessárias para a obtenção de uma qualidade elevada na obtenção deste tipo de fórmulas [17]. Os laboratórios da Farmácia Barreiros, além de constituírem a área de preparação de medicamentos, destinam-se, ainda, ao armazenamento das matérias- primas, de todo o material necessário à preparação e acondicionamento dos manipulados e de toda a documentação essencial ao processo de manipulação: fichas de preparação, boletins de análise de matérias-primas e registos dos controlos e calibrações efetuados aos aparelhos presentes no laboratório.

As fichas de preparação (Anexo 26) são elaboradas pela responsável pelo laboratório e nelas encontram-se informações como as matérias-primas utilizadas (número de lote, origem e quantidade), os procedimentos de manipulação, os resultados dos ensaios de verificação de conformidade, o material de embalagem utilizado, o prazo de validade e as condições de conservação.

Após a preparação do medicamento, o seu acondicionamento é feito em recipiente adequado, que permita a manutenção do seu estado de conservação e que satisfaça as exigências da Farmacopeia Portuguesa ou de outro estado membro da União Europeia [18]. Quanto à rotulagem, esta deve conter informações básicas como a fórmula quantitativa e qualitativa do

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manipulado, o nº de lote atribuído, o prazo de validade (atribuído conforme as guidelines existentes ou de acordo com o Formulário Galénico Português), as condições de conservação, a identificação da farmácia e respetivo diretor técnico (Anexo 27) e ainda indicações como “agitar antes de usar”, “uso externo”, “uso veterinário” e “manter fora do alcance das crianças”.

7.3 Regime de Preços de Medicamentos Manipulados

Segundo as disposições legais da Portaria n.º 769/2004, de 1 de Julho, o preço de venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias é calculado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem, mediante a seguinte fórmula: PVP = (Honorários + Matérias-primas + Materiais de embalagem) x 1,3 + IVA em vigor. O valor dos honorários está sujeito a atualização anual e o valor 1,3 refere-se à margem de lucro de 30% para a farmácia [19].

Os medicamentos manipulados comparticipáveis constam de uma lista anexa ao Despacho nº 18694/2010 e, nestes casos, a comparticipação do SNS sobre o PVP é de 30%, desde que não exista no mercado uma especialidade farmacêutica com a mesma substância ativa na fórmula farmacêutica pretendida, haja necessidade de diferentes dosagens ou formas farmacêuticas e sempre que a receita contenha os termos “manipulado” e “FSA” [20].

7.4 Preparação de Medicamentos Manipulados ao longo do Período de

Estágio

A Farmácia Barreiros possui uma forte componente de manipulação, pelo que, no decorrer do meu estágio, tive a oportunidade de passar várias semanas neste setor tão importante, onde não só me foi permitido ter contacto com inúmeras formulações alopáticas, mas também com a homeopatia, área com a qual não havia contactado antes.

Desta forma, no contexto homeopático, preparei grânulos simples e compostos, em doses únicas (15 grânulos) e em tubos de 4g, gotas simples e compostas de 30 e de 50 mL e florais de 30 mL.

O tempo passado no laboratório de alopatia foi extremamente enriquecedor, pois aperfeiçoei técnicas que já havia estudado e apliquei-as nas mais diversas situações. Todavia também pude aprender muito, uma vez que as farmacêuticas responsáveis pelo laboratório, sempre que possível, me puseram em contacto com novos desafios. Neste contexto, fiz cápsulas dos mais diversos tamanhos e constituições (em encapsulador manual e semiautomático), contactei com diversas suspensões (as mais comuns são de trimetoprim e de nitrofurantoína), soluções (a título de exemplo, soluções aquosas de ácido acético glacial a 1% e de bicarbonato de sódio) e pós. A Farmácia Barreiros recebe, ainda, muitos pedidos de géis, pomadas, pastas e cremes, com as mais diversas formulações, pelo que adquiri muita experiência nesta área e no trabalho com o TOPITEC®. Resta referir os produtos que manipulei regularmente e que a farmácia tem sempre

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disponíveis em stock, que são o champô de coaltar saponinado, a solução de minoxidil a 5% com e sem glicerina, o quadriderme e o leite de magnésio.