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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.2 Medidas de controle e Fatores Prognósticos de complicações para Hipertensão

A hipertensão arterial é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA ≥ 140 x 90 mmHg), alta prevalência e baixas taxas de controle. É responsável por alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e alterações metabólicas, assim como aumenta o risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010).

Algumas medidas são eficazes na redução da pressão arterial (PA), destaca-se: hábitos alimentares saudáveis para manutenção de peso e perfil lipídico desejável, estímulo à prática de atividade física regular, redução da ingestão de sódio e do consumo de bebidas alcoólicas e abandono do tabagismo (CHOBANIAN et al., 2003; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003).

A DM corresponde a um distúrbio metabólico caracterizado por um quadro de hiperglicemia crônica resultante de defeitos na ação e/ou na secreção do hormônio insulina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009). As complicações em consequência dessa doença podem ser macro e microvasculares. As macrovasculares são principalmente, a cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral. Enquanto as microvasculares mais frequentes são: a nefropatia diabética, com possibilidade de evolução para insuficiência renal crônica, a retinopatia diabética, que pode levar a cegueira definitiva, e a neuropatia sensitiva distal, que poderá acarretar amputações de pés e pernas (BRASIL, 2001).

As medidas de controle do DM tipo2, assim como na HAS, também estão relacionadas a alterações no estilo de vida, tais como modificações nos hábitos alimentares, perda ponderal (redução de ao menos 5% a 10% do peso corporal) caso apresentem sobrepeso ou obesidade, bem como atividade física moderada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).

O controle glicêmico é avaliado através de duas técnicas a automonitorização da glicemia capilar e o teste da hemoglobina glicada (A1C). A A1C, ferramenta de controle utilizada neste estudo, mede-se a média global dos valores das glicemias do diabético nos últimos dois a três meses, sendo os mais recentes valores de maior impacto sobre essa medida. Este teste é considerado padrão para avaliação do controle glicêmico a longo prazo (SACKS et al., 2002; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).

A HAS é uma co-morbidade comum entre os diabéticos, representando um risco adicional a estes indivíduos para o desenvolvimento de complicações macrovasculares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009). Estudos tem demonstrado que o controle rigoroso da pressão arterial e da glicemia é capaz de reduzir as complicações tanto da hipertensão arterial quanto da diabetes (UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY GROUP, 2000).

De acordo com Mackay e George (2004), aproximadamente 75% das DCV tem relação com a HAS, dieta inadequada, inatividade física, anormalidades nos níveis de colesterol, tabagismo e DM.

Fatores prognósticos são parâmetros possíveis de serem mensurados no momento do diagnóstico e que servem como preditor da sobrevida do paciente. O conhecimento destes fatores é de fundamental importância na determinação do programa terapêutico (ABREU;

KOIFMAN, 2002).

Em adultos, mesmo entre os indivíduos fisicamente ativos, incremento de 2,4 kg/m² no índice de massa corporal (IMC) acarretar maior risco de desenvolver hipertensão. O sobrepeso, a obesidade, e a circunferência abdominal aumentada são fatores indicativos de maior risco relacionados à HAS e o DM (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010; ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE DIABETES, 2011; SANTOS et al., 2013). Em pessoas com mais de 20% de sobrepeso a predominância destas doenças quase triplica (MANCINI et al., 2010).

O tratamento da obesidade a curto e médio prazo reduz os níveis de glicemia, pressão arterial e melhora no perfil lipídico (BRASIL, 2006a). O sedentarismo encontra-se entre as principais causas do excesso de peso, bem como aumenta a incidência de hipertensão arterial.

Indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver hipertensão que os ativos (FAGARD, 2006).

A prática de atividade física regular favorece o controle glicêmico, reduz fatores de risco cardiovasculares, contribui para perda de peso e pode prevenir DM em indivíduos de alto risco (GUIDELINES, 2005). Em estudo realizado por Paiva (2006), com hipertensos e/ou diabéticos em Francisco Morato, São Paulo-SP, apenas 25% realizava atividade física de forma regular, somente 33,3% e 42,2% dos indivíduos com dieta adequada e parcialmente adequada respectivamente.

Existem associações entre a ingestão de álcool e alterações da PA. Grandes quantidades de etanol eleva PA e está relacionada a maiores morbidade e mortalidade

cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). A ingestão diária de 30g de etanol para homens, equivalente a duas doses de destilados, em duas latas de cervejas ou em dois copos de vinho, e metade desta quantidade respectivamente em mulheres, provoca um aumento exponencial da PA (BRASIL, 2014a).

Em doentes crônicos, tais como hipertensos e diabéticos, o consumo em excesso de álcool pode dificultar o controle da doença. Além dos efeitos próprios da bebida, usuários que ingerem altas quantidades de álcool, costuma ter dificuldade para uso regular das medicações, conduta estimulada pela crença de que após o consumo de álcool não se deve fazer uso delas e ainda podem levar a descompensações agudas destas doenças crônicas (BRASIL, 2014a).

A Organização Mundial de Saúde (2009) considera o tabagismo como a principal causa de morte evitável em todo mundo. É fator de risco independente para a mortalidade por todas as causas (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2010); sendo, fator de risco para seis das oito principais causas de morte no mundo, tais como: doença isquêmica do coração, AVC, infecção respiratória, DPOC e câncer; e mata uma pessoa a cada seis segundos (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2009). A mortalidade em adultos, já é maior que o somatório de óbitos por HIV, malária, tuberculose, alcoolismo, causas maternas, homicídios e suicídios combinados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2010).

O Tabagismo é o principal fator de risco para DCV, os indivíduos que fumam mais de 20 cigarros por semana aumentam em cinco vezes o risco de morte súbita. Estudos demostram que após o primeiro cigarro do dia há um aumento de 20mmHg na PA sistólica, além disso o cigarro aumenta a resistência ás drogas anti-hipertensivas, o risco de complicações cardiovasculares secundárias favorecendo a progressão da insuficiência renal. Por outro lado a cessação do tabagismo pode diminuir entre 35 % a 40% o risco de doença coronariana (FERREIRA et al., 2009).

Em diabéticos, o tabagismo está relacionado com o aumento no risco de doença macro e microvascular, a exemplo da neuropatia e doença renal; aumenta o colesterol total e o LDL, diminui o HDL, aumenta à resistência á insulina e ainda por um mecanismo desconhecido atualmente, esses indivíduos apresentam maiores níveis glicêmicos (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2010).

2.3 O Sistema Único de Saúde, a Estratégia Saúde da Família e a atenção à Hipertensão