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Medidas para aferir a aderência do modelo à realidade

9 Análise da aderência à realidade

9.1 Medidas para aferir a aderência do modelo à realidade

O objetivo principal ao longo do trabalho consistiu na obtenção de um modelo que reduzisse os custos totais do processo (custos diretos) de recolha dos resíduos.

Como foi analisado anteriormente, os custos diretos assentam essencialmente ao nível dos combustíveis, mão-de-obra e manutenção. Esta abordagem apresenta-se como a mais natural, pois estes custos são suportados diretamente pela empresa e portanto influenciam de forma imediata as necessárias tomadas de decisão.

Todavia existe um outro tipo de custos que não foi até aqui explicitamente considerado e que consiste nos custos sociais associados ao processo de recolha de resíduos. Este tipo de custos não é diretamente suportado pela empresa, é antes direcionado a terceiros, neste caso à população residente na área de ação da empresa. [WAL005]

Este facto não implica que este tipo de custos deva ser ignorado. Pelo contrário, uma análise cuidada poderá permitir efetuar-se ajustamentos ao modelo por forma a minimizar também os custos sociais. O facto de se minimizar também este fator, além de obviamente beneficiar a população, poderá melhorar a imagem da empresa.

Estes custos sociais poderão estar dependentes, por exemplo, do facto de o modelo utilizado provocar hipoteticamente uma grande quantidade de ecopontos em que a sua capacidade se encontra esgotada e portanto irá permitir a existência de resíduos por fora dos ecopontos. Este aspeto provoca necessariamente uma imagem negativa da empresa por parte da população resultando nos já referidos custos sociais.

Por outro lado, para evitar esta situação poderá ser definido um modelo mais conservador que evite o esgotamento da capacidade dos ecopontos, necessariamente implicará que existam mais rotas e portanto mais viaturas no terreno. Assim ter-se-á necessariamente o aumento dos custos diretos mas também o aumento do custo social associado ao facto de se assistir a um

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aumento da poluição quer ambiental quer sonora. Portanto, também aqui ter-se-á um aumento dos custos sociais.

Talvez através de inquéritos junto da população se consiga mensurar os custos sociais. No entanto, é intuitivo que estes valores estejam dependentes da percentagem de enchimento a partir da qual se visitam os ecopontos.

A figura 9.1 poderá refletir o comportamento dos custos sociais, onde no eixo das abcissas se indica a percentagem correspondente ao nível de enchimento mínimo a partir do qual se recolhem os resíduos de cada ecoponto, e no eixo das ordenadas o respetivo custo social numa escala entre 0 e 1. A representação desta função trata-se de uma apresentação apenas teórica com vista a permitir uma abordagem geral sobre esta temática. O mínimo relativo apresenta-se na figura exatamente quando o valor do eixo das abcissas é de 50%, não sendo necessariamente assim. A análise desta função implica certamente um estudo mais profundo ao nível da dimensão económica na esfera dos custos sociais.

Na análise ao gráfico verifica-se que quando o parâmetro referente ao nível mínimo para efetuar recolhas é de 0% implica necessariamente que todo o ecoponto será visitado diariamente. Por outro lado, quando se atribui a esse parâmetro uma percentagem de 100%, indica-se que apenas serão recolhidos os ecopontos efetivamente com a sua capacidade esgotada ou ultrapassada. Em cada um dos casos teremos obviamente um elevado grau de custos sociais. Estes custos vão diminuindo à medida que o valor definido no parâmetro referido se afasta das percentagens limite, até que se encontra um ponto onde se obtém um valor mínimo.

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A função associada aos custos diretos poderá ser aproximadamente uma reta que vai decrescendo à medida que o nível de enchimento mínimo para a recolha aumenta (implicando a existência de menos rotas e portanto de menos custos diretos). A figura 9.2 agrega estas duas funções.

Tal como no caso anterior, também a representação da função associada aos custos reais consiste numa abordagem teórica apenas para permitir uma análise geral ao nível dos custos associados ao tema em estudo.

Figura 9.2: Gráfico explicativo dos custos sociais e diretos

De seguida, apresenta-se o gráfico correspondente à figura 9.3 onde é apresentada uma função que resulta da soma dos custos diretos e sociais. Esta função foi normalizada para o intervalo [0, 1] a nível do eixo das ordenadas.

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Figura 9.3: Gráfico explicativo dos custos sociais e diretos acumulados

Naturalmente constata-se que o modelo assenta particularmente na percentagem de enchimento a partir do qual se efetuam as recolhas dos resíduos. Adicionalmente não se pode ignorar o facto de o nível de enchimento dos vários ecopontos no momento da definição das rotas consiste apenas numa estimativa e portanto haverá a respetiva margem de erro.

A figura 9.4 apresenta a função acumulada com os custos diretos e sociais com a indicação do intervalo de confiança referente às estimativas de previsão do nível de enchimento dos ecopontos.

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Figura 9.4: Gráfico explicativo dos custos sociais e acumulados com indicação do intervalo de confiança

Tendo em conta o intervalo de confiança apresentado na figura 9.4, poder-se-á analisar qual o valor a considerar referente à percentagem do nível de enchimento a partir do qual se irá efetuar a recolha dos resíduos de cada ecoponto.

No capítulo seguinte analisa-se a forma como se poderá avaliar a estimativa do nível de enchimento dos ecopontos e definir o respetivo intervalo de confiança.

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9.2 Aderência à realidade da estimativa do nível enchimento dos