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8 Prova de valor

8.1 Tratamento e obtenção dos dados reais

A realização da prova de valor do projeto assenta sobre os dados reais disponíveis, para que dessa forma se consigam efetuar comparações com os dados obtidos através do novo modelo desenvolvido.

Neste sentido, numa primeira fase é essencial analisar-se os dados reais disponíveis. Neste âmbito, surgiu uma dificuldade associada com o facto de os dados reais apenas apresentarem informações globais por turno, contendo os ecopontos visitados, respetivas datas e níveis de enchimento. A informação não se encontra portanto desagregada por rota, mas apenas por turno.

É portanto necessário encontrar uma forma de se obter valores aproximados dos dados reais ao nível das rotas de recolha e não apenas ao nível dos turnos.

Pretende-se assim obter para cada rota as quantidades em m3 de produto recolhido, a distância percorrida, a duração e por fim do número de ecopontos visitados.

Para este efeito, a solução adotada consiste na utilização do software desenvolvido no âmbito da implementação do algoritmo Clarke and Wright para gerar os dados em falta.

Este software gera rotas com base numa dada lista de ecopontos e portanto enquadra-se na resolução do problema, visto que os dados reais apresentam apenas um conjunto de ecopontos associados a um turno e pretende-se obter as respetivas rotas. Obtendo-se as rotas consegue-se extrapolar os dados relativos às respetivas distâncias e durações.

Portanto, esta solução permite a obtenção de uma aproximação dos dados necessários para se efetuar o estudo referente à prova de valor.

Admite-se no entanto que estes dados poderão consistir numa visão otimista da realidade, pois não existe a garantia que o percurso real utilizado em cada rota foi o mais otimizado. Para efeitos deste estudo admite-se que os resultados produzidos pela aplicação foram de facto os dados reais, sabendo-se de antemão que foi utilizada parte da solução desenvolvida para completar a informação relativa aos dados reais.

Assim, através de reutilização das classes anteriormente detalhadas no âmbito da implementação do algoritmo Clarke and Wright, geram-se as rotas de acordo com os ecopontos visitados em cada turno, respeitando os dados fornecidos pela empresa Amarsul.

Utilizando a informação obtida anteriormente a partir do Google.Maps obtém-se para as várias rotas inseridas em cada turno as respetivas distâncias percorridas e tempos de deslocação.

Esta informação é registada na base de dados do SAP disponibilizando a informação necessária para se prosseguir o estudo.

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Nos subcapítulos seguintes apresenta-se inicialmente o detalhe do processo da obtenção dos dados reais, a nível técnico, ou seja, através da exposição da informação relativa ao programa desenvolvido para a obtenção e tratamento dos dados e respetiva tabela criada na base de dados SAP para armazenar a informação obtida.

Por fim, sintetiza-se os dados reais obtidos com vista à sua utilização na comparação com a informação proveniente das simulações.

8.1.1 Processo técnico de obtenção dos dados reais

Como foi referido, nesta fase completa-se a informação referente aos dados reais, pois estes apresentavam uma granularidade apenas ao nível dos turnos. Pretende-se por isso detalhar a informação ao nível das rotas.

O primeiro passo consiste na criação de uma tabela para se armazenar os dados. Foi então criada a seguinte tabela denominada de “Detalhe dos turnos” com o código ZGETM_TURNOS:

 Tabela com detalhe dos turnos

turnos(turno, fileira, liquido, data_recolha, kms, tempo, n_ecop)

Em resumo, esta tabela apresenta como chave o código do turno e a respetiva fileira. Constata- se portanto que ao definir-se a chave desta forma não se regista no SAP as rotas reais. Optou- se por calcular internamente no programa as rotas de cada turno e apenas registar na base de dados os totais associados com as distâncias, durações e quantidades recolhidas das rotas obtidas em cada turno.

Como foi anteriormente referido, o campo “líquido” indica o peso líquido relativo aos resíduos recolhidos nos turnos. Esta informação acabou por ser ignorada pois não se conseguiu estabelecer uma relação entre o nível de enchimento dos ecopontos e o respetivo peso líquido. Assim, em alternativa, optou-se por analisar as recolhas com base no volume de resíduos dos ecopontos, sendo este calculado tendo em conta a capacidade total dos ecopontos e o nível de enchimento observado no momento da recolha.

Optou-se então por colocar neste campo, não o peso líquido mas a quantidade total em m3 recolhida nas rotas inseridas nos diversos turnos.

Os restantes campos constantes nesta tabela referem-se aos seguintes dados:

 data_recolha – Data a que se refere o turno.

 kms – Distância total percorrida pelas rotas de cada turno. Chama-se a atenção de que nome do campo está incorreto, pois a informação aqui apresentada está em metros e não em quilómetros. Esta situação foi identificada posteriormente sendo que a sua

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correção implicaria uma série de alterações no modelo de dados e respetivos programas. Uma vez que esta informação será utilizada apenas para o efeito da prova de valor, não foi considerado relevante efetuar os devidos ajustamentos.

 tempo – Duração total (em segundos) percorrida pelas rotas de cada turno

 n_ecop – Total de ecopontos visitados por cada turno

A figura 8.1 apresenta a representação técnica da tabela SAP referida.

Figura 8.1: Representação técnica da tabela SAP referente ao detalhe dos turnos

Após a criação da referida tabela na base de dados desenvolve-se o programa para carregamento dos dados, consistindo nos seguintes passos:

1. Carregamento da informação inicial disponibilizada pela empresa Amarsul

Os dados base encontram-se disponibilizados no ficheiro “Lista com peso líquido recolhido nos vários turnos de recolha”, apresentado no capítulo 3.

Com base no respetivo ficheiro são aproveitados os campos referentes ao código do turno e ao código da fileira.

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Como foi referido, o campo “peso líquido” é desprezado pois apenas se conseguirá comparar a informação tendo em conta o volume de resíduos nos ecopontos e não através do peso líquido.

Relembra-se que a quantidade de resíduos dos ecopontos é obtida através do nível de enchimento observado no momento da recolha dos resíduos de cada ecoponto.

2. Obter a data de recolha

O ficheiro base da informação dos turnos, utilizado no ponto anterior, não disponibiliza a data de cada um desses turnos.

Para este efeito é necessário aceder à tabela ZGETM_RECOLHAS, já analisada anteriormente, para se obter a data de cada turno. Esta tabela contém a informação das recolhas totais efetuadas.

Pelo facto de o campo relativo ao turno não constituir a chave da tabela das recolhas, é apenas necessário aceder a um registo dessa tabela para cada turno e assim obter a informação correspondente à data.

3. Obter totais relativos à duração, distância e quantidades recolhidas das rotas dos diversos turnos

Como foi referido, foram utilizadas as classes desenvolvidas no âmbito da implementação do algoritmo Clarke and Wright.

Assim, a classe ZCL_TM_CTR_CLARK_WRIGHT (controlador) constitui a base para este processo, permitindo gerir todo o processo de gestão das rotas. Avança-se então com a sua instanciação.

Para cada turno acede-se à tabela ZGETM_RECOLHAS e obtém-se os respetivos ecopontos visitados. Estes ecopontos são adicionados ao controlador através do método "novo_ecoponto”.

A partir deste ponto, procede-se à normal execução do algoritmo obtendo-se as respetivas rotas. São invocados os necessários métodos para se obter os totais a nível das durações, distâncias e quantidades recolhidas. Finalmente, estes dados são então registados na tabela ZGETM_TURNOS.

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8.1.2 Síntese dos dados reais obtidos

Seguindo o processo iniciado no ponto anterior, estrutura-se na tabela 8.1 os respetivos valores obtidos.

A informação referente às colunas “Qt. Recolhida”, “Distância”, “Duração” e “Nº Ecop” são gerados diretamente através da informação devolvida pelo programa apresentado no ponto anterior.

A coluna “Nº Turnos” obtém-se diretamente dividindo os montantes da coluna “Duração” pelo tempo de trabalho de cada turno, ou seja, por oito horas.

Por último, os litros consumidos são calculados com base numa estimativa apresentada pela empresa Amarsul. Esta estimativa aponta para um consumo de 69,6 litros em cada 100 quilómetros. A análise relativa a esta estimativa será efetuada mais à frente no trabalho.

Dados Reais Qt. Recolhida (m3) Distância (metros) Distância (kms) Duração (horas) Nº Ecop Nº Turnos Litros Embalagem 5.851 12.035.271 12.035 755 4.474 94 8.377 Papel 5.249 12.103.627 12.104 730 4.299 91 8.424 Vidro 507 1.726.793 1.727 99 566 12 1.202 Total 11.607 25.865.691 25.866 1.584 9.339 198 18.003

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