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Medidas para reduzir o impacto da expansão da soja

No documento A geopolítica da soja na Amazônia. (páginas 120-128)

• Tornar concretos o conceito do uso de áreas degradadas e redu zir a indefi nição sobre a Amazônia: poronga ou soja?

• Compensação ecológica – refl orestamento e congelamento das atuais áreas desmatadas.

• Considerar a soja no elenco de outras alternativas econômicas para a Amazônia (pecuária, cacau, café, dendê etc.).

• Mosaico de culturas, induzindo maior diversifi cação, e EIA e RIMA para grandes plantios.

• Romper o ciclo do arroz como indutor de desmatamentos e quei- madas.

• Aumentar a produtividade das pastagens e do rebanho, permi tindo reduzir as atuais áreas de pastagens.

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• Disciplinamento na expansão da agricultura e confi namento das atuais áreas de cerrados e campos naturais na Amazônia.

• Aumentar a produtividade das atuais áreas de cerrados já des- matados e aproveitamento das áreas de cerrados em descanso em Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Maranhão. • Desenvolvimento das pesquisas para reduzir impactos ambientais (plantio direto, conservação de solos etc.).

• Fortalecimento das Secretarias Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e das unidades de pesquisa agrícola na região de expansão da soja.

• Maior atenção para os “minérios sociais”.

Conclusões

A expansão da cultura da soja na Amazônia representa em impor- tante alternativa econômica para a ocupação parcial das áreas de- gradadas de pastagens de fl oresta densa. Com o cultivo da soja poder-se-ia viabilizar a recuperação dessas áreas e criar um meca- nismo indutor para viabilizar essas áreas para outras culturas, pro- porcionando preços mais acessíveis para calcário, fertilizantes quí- micos, mecanização e combustíveis. A redução dos desmatamentos e queimadas implica em criar mecanismos que torne mais baixo o custo dessa recuperação e não a de aumentar o custo dessa ocu- pação. O aumento da produtividade das atuais atividades agríco- las, so bretudo do complexo pecuária-pastagem e da agricultura de derruba-queima, poderia levar a convivência da cultura da soja nas áreas já desmatadas.

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Há grandes riscos nessa expansão, sobretudo pelo descontrole do processo de ocupação, da falta de tecnologias, da fraqueza das ins- tituições públicas, do jogo de interesses políticos tanto daqueles que se opõem como os interessados na expansão a todo custo, da indefi nição quanto aos rumos para a Amazônia, entre outros. A expansão da soja está sendo feita sob novo infl uxo migratório, de- nominados de “sojeiros”, provenientes do Sul do País, em vez das populações já estabelecidas no passado.

Em face à desenvoltura com que o setor privado tende a caminhar independente da ajuda governamental, alguns pressupostos básicos preci sam ser discutidos e avaliados pela sociedade civil organizada. Primeira, a de delimitar o espaço para a expansão do complexo soja na Amazônia, que deve fi car restrita para as áreas de pasta- gens degradadas, sem que isso se torne em regra comum, conectado com os “berçários” de formação de áreas derrubadas e queimadas, mediante a contínua incorporação de áreas de agri cultura familiar e de pastagens. Outra, a de que as áreas de cerrados e de campos naturais, sobretudo nos Estados do Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá deveriam fi car excluídos deste processo de ocu- pação pelo complexo soja.

A opção da Amazônia em vir a ser um corredor de exportação de soja, apresenta grandes vantagens logísticas e da redução de custos de trans portes para atingir os principais mercados mundiais e da criação de novas alternativas. A crítica principal é o caráter irrever- sível destas obras com danos ao patrimônio natural, sobretudo em se tratando de hidrovias. Nesse sentido, para reduzir os impactos ambientais, as ferrovias, em que pese às críticas do setor empresarial e político paraense, acaba sendo a opção mais adequada, pois uma vez encerrado o ciclo da soja, pode ser removido sem maiores difi - culdades, como ocorreu em diversas partes do País.

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A falta de tecnologias para apoiar a expansão do complexo soja, carrega grandes riscos, onde tende a repetir outras experiências desastrosasou com alto custo social e ambiental do passado. É regra comum na Ama zônia, o carro estar sempre na frente dos bois, ba- seado no processo de acer to-erro, na lógica do fato consumado e da mudança da legislação quanto estas prejudicam. A falta de amadure- cimento e organização do setor produ tivo para uma visão em longo prazo constitui outro obstáculo, que pode trazer pesados custos sociais e ambientais. Daqui a 10 ou 20 anos, é que se irá saber se foi tomada à decisão correta, neste momento, onde se confi gura um importante ponto de mutação da história da Amazônia.

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