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4 ANÁLISE ECONÔMICA DO CENÁRIO OBSERVADO E DOS

4.1 Mercado consumidor automotivo

A frota veicular no Brasil, conforme os dados de registro do Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN (2013), até o final de 2012, era de 76.137.191 veículos. Dentre estes, as duas maiores representatividades por tipo são os automóveis, com 42.682.111 registros, e as motocicletas, com 16.910.473, apresentando participação percentual de 56,06% e 22,21%, respectivamente.

Ainda de acordo com o DENATRAN (2013), em 2012 foram emplacados 5.195.582 novos veículos no Brasil. Destes, 943.422 ocorreram na Região Nordeste, a qual foi a segunda colocada em número de emplacamentos, ficando atrás apenas da Região Sudeste. O estado do Ceará, por sua vez, foi responsável por 17,84% dos emplacamentos ocorridos na região durante o ano, apresentando-se como o segundo colocado, vindo logo atrás do estado da Bahia, este com 23,05%.

A Região Nordeste, no ano de 2012, foi responsável por uma participação média de 15,56% na aquisição de todos os automóveis vendidos no Brasil, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – FENABRAVE (2013). Para as motocicletas, esse número sobe para 36,7% de participação média, liderando as vendas de todo o país, em se tratando do mesmo período. Logo, a Região Nordeste apresenta-se, atualmente, como um excelente mercado consumidor e em constante expansão, em relação à aquisição de meios de transporte individuais. Contudo, a expansão das frotas veiculares, principalmente nas capitais nordestinas, além de representarem o crescimento econômico da

região, são responsáveis pela recente ocorrência de congestionamentos, o que poderá implicar em perda de produtividade. Sobre isso, IPECE (2013, p. 3) cita Broersma e Van Dijk (2007), afirmando que “evidências empíricas mostram que a produtividade da economia local pode decrescer em virtude dos efeitos negativos dos congestionamentos sobre a produtividade do trabalhador”.

Em 2010, um estudo divulgado pela ANTP, levando em conta apenas os automóveis que compunham a frota veicular das capitais das unidades federativas e do Distrito Federal em 2008, revelou as proporções de habitantes por automóvel existente em cada uma delas. O Quadro 5 apresenta tais dados, considerando apenas as dez maiores frotas de automóveis registradas. Em destaque, os dados referentes à capital cearense.

Quadro 5 – Relação habitante por automóvel das capitais e de Distrito Federal (2008)

CIDADE UF POPULAÇÃO FROTA DE

AUTOMÓVEIS HABITANTE/ AUTOMÓVEL São Paulo SP 10.990.249 3.736.366 2,94 Rio de Janeiro RJ 6.161.047 1.265.594 4,87 Belo Horizonte MG 2.434.642 937.411 2,60 Brasília DF 2.557.158 731.054 3,50 Curitiba PR 1.828.092 729.421 2,51 Goiânia GO 1.265.394 475.751 2,66 Porto Alegre RS 1.430.220 383.358 3,73 Fortaleza CE 2.473.614 379.962 6,51 Salvador BA 2.948.733 362.385 8,14 Recife PE 1.549.980 278.903 5,56

Fonte: Elaboração própria, adaptado de ANTP (2010).

De acordo com o Quadro 5, a cidade de Fortaleza apresentava-se na 8ª posição, segundo sua frota de automóveis em 2008. Apesar da proporção habitante/automóvel ainda apresentar-se relativamente baixa, com 6,51 habitantes para cada carro existente, comparava- se aos níveis de Porto Alegre em número de automóveis, apresentando-se ainda como a maior de toda a Região Nordeste. Para efeito de comparação, a média brasileira, considerando apenas as capitais e o Distrito Federal, era de 4,93 habitante/automóvel, no mesmo ano.

É interessante analisar o histórico de expansão da frota veicular de Fortaleza. Para isso, o Gráfico 5 abaixo apresenta a curva de evolução da frota da cidade, desde 1980. Nota-se uma acentuada ascensão a partir de 2007, quando foi ultrapassada a marca de 40.000 novos veículos licenciados por ano (DETRAN-Ce, 2013a). De lá até então, o número de aquisições só tem aumentado, sempre a patamares superiores. No final de 2012, Fortaleza contava com

uma frota de 842.870 veículos, o equivalente a aproximadamente 2,97 habitantes para cada veículo19.

Gráfico 5 – Histórico de evolução da frota veicular de Fortaleza

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Detran-Ce (2013a)

Segundo os dados do Detran-Ce (2013a), a frota de veículos motorizados de Fortaleza mais que dobrou nos últimos dez anos, apresentando crescimento de 109,47%. Se comparada ao interior do estado, Fortaleza ficou bem atrás, visto seu avanço, no mesmo de período, de 262,09%. Dados como esses apenas comprovam o aumento do poder de compra dos brasileiros, em consenso com as demais mudanças e a adoção de medidas fiscais pelo Governo Federal.

Fortaleza conta, atualmente, com uma frota de aproximadamente 850 mil veículos, dentre esses, automóveis, motocicletas, caminhonetes, ônibus, caminhões, etc. No entanto, os automóveis, que são considerados os maiores causadores dos congestionamentos nas grandes cidades brasileiras, inclusive em Fortaleza, representam uma grande parcela da frota veicular existente. Conforme o Detran-Ce (2013c), na capital cearense existiam, até dezembro de 2012, 479.208 automóveis, equivalente a 56,85% de toda a frota.

O Quadro 6 exibe dados referentes aos veículos novos, licenciados pelo Detran- Ce (2013b), apenas na capital cearense, nos anos de 2011 e 2012. Os dados são apresentados mês a mês em ambos os períodos e em seguida é calculada a variação percentual de 2012 em

19 A estimativa populacional foi elaborada com base no Censo Demográfico de 2010, realizado pelo IBGE. 842.870 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 N ú m e ro d e Veícu lo s

Evolução da Frota

relação ao ano precedente. Nota-se que os dados referentes aos meses de dezembro não foram computados, devido à falta de apresentação dos registros pelo órgão e que, portanto, foram impossibilitados de serem incluídos no quadro.

Quadro 6 - Comparativo dos veículos registrados pelo Detran (Fortaleza)

2011 2012 Variação (%) Janeiro 6.064 6.080 0,26 Fevereiro 6.808 5.956 -12,51 Março 7.501 6.501 -13,33 Abril 7.069 5.541 -21,62 Maio 7.965 6.277 -21,19 Junho 7.522 8.037 6,85 Julho 7.861 8.544 8,69 Agosto 8.684 9.529 9,73 Setembro 7.484 6.903 -7,76 Outubro 6.996 7.634 9,12 Novembro 8.237 7.525 -8,64 Dezembro - - - Total 82.191 78.527 -4,46

Fonte: Elaboração própria, com dados disponibilizados pelo Detran-Ce (2013b).

O incremento de veículos implantados no ano de 2012 é menor, em termos percentuais, se comparado aos dados de 2011. No entanto, os índices registrados ainda são altos, apresentando uma média mensal de 7.138 novos veículos adquiridos em 2012, considerando o período de janeiro a novembro (Detran-Ce, 2013b).

Em 2013, os números voltaram a crescer. Em maio deste ano, segundo o Detran- Ce, foram registrados 997,9 mil veículos circulando nas ruas da capital, entre veículos da região metropolitana e interior que utilizam o espaço viário de Fortaleza, conforme Gonçalves (2013), em matéria publicada pelo jornal Diário do Nordeste, edição de 04/06/2013.

4.1.1 Motivos para a preferência pelo transporte individual

Alguns fatores impulsionaram ou, de alguma forma, contribuíram para que o aumento relativo na demanda por automóveis ocorresse nos últimos anos. Segundo IPECE (2013, p. 3):

[...] tem-se observado um aumento considerável da frota de automóveis nas grandes cidades brasileiras em grande parte devido ao aumento do poder aquisitivo da população, da melhoria das condições de crédito e da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a aquisição de veículos novos.

O resultado deste conjunto de mudanças sociais e medidas fiscais de estímulo ao consumo é um afrontamento à permanência das condições de mobilidade urbana no país e, consequentemente, um acréscimo nas externalidades advindas do trânsito intensificado. Ainda conforme IPECE (2013), soma-se aos fatores apresentados as deficiências do sistema público de transporte coletivo das cidades brasileiras, servindo de estímulo à aquisição de veículos próprios por seus usuários.

Em Fortaleza, a tendência não foi diferente e os dados apresentados neste trabalho corroboram para um resultado observado na prática. Entre os principais, a elevação do tempo médio de realização dos trajetos é o que mais tem incomodado as pessoas que necessitam sair de seus lares diariamente. Entre outros, é possível citar o crescimento no número de acidentes de trânsito e as poluições sonora e ambiental. Porém, a questão primordial é tentar resolver os problemas relacionados à mobilidade, que só poderão ser alcançados por meio de investimentos em infraestrutura de mobilidade urbana e um sistema de transporte coletivo integrado, conjuntamente com medidas de caráter restritivo ao uso do transporte individual.