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3.4 Mercado de Capitais

3.4 Mercado de Capitais

O mercado de capitais é um meio de alocação de recursos às organizações vistas como mais promissoras pela própria sociedade que as financia. Pode-se afirmar que o mer- cado de capitais funciona como um mecanismo de financiamento para as empresas com custo relativamente baixo e fornece uma interessante opção de investimento para os in- vestidores, pois oferece vários níveis de risco e retorno. O processo elimina a figura tradicional do intermediário bancário que recebe aplicações de investidores e concede empréstimos para empresas. No mercado de capitais a comunicação entre investidor e tomador de recursos é mais direta, embora ainda exista um conjunto de intermediários financeiros para facilitar a operação, tais como: corretoras, bolsas, distribuidoras de títulos, analistas financeiros, bancos de investimento entre outros.

3.4.1 Processo de Financiamento

Os participantes do processo de financiamento, via mercado de capitais, podem ser agrupados em três classes: Unidades superavitárias (poupadores), Unidades deficitá- rias (tomadores de recursos/Empresas) e Instituições Financeiras. Podem-se classificar os mecanismos de financiamento como: financiamento indireto, que é realizado atra- vés das instituições bancárias, ou financiamento direto feito através do mercado de capitais.

O financiamento direto ocorre através da venda de valores mobiliários (títulos) do tomador de recursos para o poupador. Há vários tipos de valores mobiliários e a pró- pria evolução do mercado financeiro tem criado novas formas de valores mobiliários, mais adequadas a certas classes de investidores a cada dia mais sofisticados. Entre- tanto, pode-se afirmar que os principais valores mobiliários negociáveis no mercado de capitais são os seguintes (ROCHA; JUNIOR, 2005):

• Ações ordinárias - parcela do capital social, dão ao proprietário direito a voto nas Assembléias da Empresa e recebimento de dividendos.

• Ações preferenciais - também constituem parcela do capital social, tem direito a receber dividendos e outros direitos concedidos em lei ou pelo estatuto da empresa, mas não tem direito a voto.

• Debêntures - títulos privados de dívida de médio e longo prazo.

• Notas comerciais (commercial papers) - títulos privados de dívida de curto prazo.

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• Certificados de recebíveis imobiliários - CRI. Trata-se de um tipo de título relativamente novo e tem sido bem sucedido em fornecer financiamento para empreendimentos imobiliários.

3.4.2 Estrutura do Mercado de Capitais

Além da possibilidade de financiamento, o mercado de capitais oferece as empresas e investidores facilidades para negociar seus títulos entre si e com terceiros, possibili- tando maior liqüidez a estes e conseqüentemente aumentando a atratividade dos títulos lançados para a captação de recursos. Tais negócios são agrupados sobre as denomi- nações de mercado primário e mercado secundário (FLEURIET, 2004):

• Mercado primário: Tem como função a colocação de ações, debêntures ou outros valores mobiliários provenientes de novas emissões. É o mercado no qual as empresas recorrem aos investidores para captar novos recursos.

• Mercado secundário: Composto de operações que efetuam transferências de recursos entre investidores. Os investidores transferem entre si os títulos ante- riormente adquiridos no mercado primário, concedendo liqüidez aos títulos e assim aumentando sua atratividade.

Uma empresa que deseja obter recursos para capital de giro ou investimentos via mer- cado de capitais faz isto através de uma oferta pública (underwriting). A oferta pública é um processo formal regulado por órgãos governamentais e obedece a um grande con- junto de regulamentos. A primeira oferta pública torna sua proponente uma empresa de capital aberto. Geralmente, esta primeira oferta é chamada Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês). Ofertas públicas são invariavelmente realizadas através de instituições financeira especializadas, como corretoras e distribuidoras de títulos. Em geral, uma instituição é definida como líder da operação e esta coordena o trabalho de venda das várias instituições envolvidas.

3.4.3 Participantes do Mercado de Capitais

Os principais participantes do mercado de capitais, além das corretoras e bolsas de valores descritos na seção 3.1, são os seguintes (FLEURIET, 2004):

• Distribuidora de títulos - Suas principais funções são emitir e intermediar a venda de títulos e valores mobiliários e realizar operações de mercado aberto.

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• Bancos de investimento: Instituições que obtém recursos para capital fixo ou de giro para as empresas, repassam recursos obtidos no país ou no exterior, realizam aquisição direta de ações e outros títulos de empresas e provêm garantias de empréstimos no país ou no exterior.

• Analistas de mercado de capitais: Instituições ou pessoas físicas que analisam balanços, movimentações do mercado, indicadores econômicos, entre outros e oferecem estas análises e serviços de assessoria a investidores. Eventualmente, podem ser ligados a outras instituições como as supracitadas.

Além dos operadores, há um conjunto de instituições que regulamentam e fisca- lizam o mercado de capitais. Tais instituições e suas respectivas normas específicas naturalmente variam de um país para outro. Entretanto, observa-se gradualmente certa convergência das regulamentações nacionais para práticas comuns no mercado finan- ceiro internacional. No Brasil, a principal instituição de regulamentação e controle do mercado de capitais é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

3.4.4 Transações no Mercado de Capitais

As transações de compra e venda de valores mobiliários e a formação de seus preços em uma bolsa se dá através do processamento de ordens de compra e venda submetidas pelos vários participantes daquele mercado. O processo é também chamado de leilão contínuo duplo (Continous Double Auction). As ordens (ou lances) definem um ativo alvo, um número de unidades e opcionalmente um preço para a compra ou venda, conforme o tipo de ordem. Quando uma ordem de compra estabelece preço X para Y unidades de um determinado ativo, significa que o emissor aceita comprar Y unidades do ativo alvo a preço igual ou menor a X. O análogo ocorre para ordens de venda: uma ordem de venda de Y unidades de um ativo a preço X será realizada por preço igual ou superior a X.

É interessante observar que não há garantia de execução da ordem: caso não haja oferta do ativo a preço menor ou igual a X, a ordem do primeiro exemplo não será exe- cutada. Existem diversos formas de classificar ordens, as principais são apresentadas abaixo.

• Ordem de compra ou venda: Determinam se o ativo será comprado ou ven- dido.

• Ordem limitada ou de mercado: Ordens a mercado não especificam um preço máximo (ou mínimo) para realização da transação. O preço é determinado pelas