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Implementação e Experimentos

8.1 Resultados Obtidos

Este trabalho defende a idéia de que a atividade de uma sociedade competitiva, com- posta por múltiplos agentes operadores, pode ser benéfica em administração automa- tizada de ativos. Embora estes agentes sejam competitivos entre si para obter maiores recursos de seu investidor, todos têm um objetivo global de maximizar o retorno/mi- nimizar o risco do portfólio. Além disso, procurou-se caracterizar perfis de investidor distintos, de acordo com sua aversão ao risco.

Uma primeira arquitetura, denominada CTCS (Coach, Traders and Conflict Sol- ver), foi proposta e implementada. A partir da análise dos resultados obtidos em ex- perimentos com esta arquitetura, resolveu-se desenvolver uma segunda arquitetura, denominada COAST (COmpetitive Agent SocieTy), que estende a primeira em vários aspectos.

Além disso, observou-se ao longo do trabalho de desenvolvimento do CTCS que um esforço significativo foi dedicado à construção da infra-estrutura de software neces- sária ao lançamento, execução e comunicação dos agentes, captação de dados de bolsa de valores, execução das simulações e registro dos eventos ocorridos ao longo de cada simulação. Naturalmente, o mesmo esforço seria demandado de pesquisadores que de- sejem estudar novos métodos em administração automatizada de ativos. Para oferecer uma infra-estrutura de software para outros pesquisadores e facilitar o desenvolvimento da arquitetura COAST, foi projetada e desenvolvida uma ferramenta de simulação de mercado financeiro para agentes de software chamada AgEx (Agent Exchange). Tal sistema utiliza-se da plataforma JADE (BELLIFEMINE; GREENWOOD, 2007) e fornece

um sistema para desenvolvimento e comunicação entre agentes autônomos adminis- tradores de ativos, bem como um framework para desenvolvimento de novos agentes,

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sem criar limitações sobre os mecanismos internos de deliberação destes. O sistema AgEx foi utilizado ao longo do desenvolvimento e nos testes e simulações da arquite- tura COAST.

A arquitetura COAST é capaz de administrar ativos de acordo com vários perfis de investidores e buscando não apenas a maximização da eficiência do portfólio, mas tam- bém um efetivo controle de risco e retorno, seguindo as restrições dadas pelo modelo de investidor. A arquitetura utiliza-se não apenas da cooperação entre agentes, mas também da competição entre um grupo destes agentes (os operadores) para satisfazer os requisitos do investidor, considerando o complexo ambiente que é a administração de ativos. A arquitetura COAST foi projetada de modo a utilizar um mecanismo de negociação entre seus agentes coordenadores, de modo que não existe agente central. As decisões são tomadas de modo distribuído pelos agentes sempre com o objetivo de atender aos desejos do proprietário da sociedade multiagentes, o investidor. A modela- gem dos desejos foi realizada através da identificação das características fundamentais do investidor agrupadas em termos de perfis.

Foi proposto ainda um modelo de investidor com quatro perfis: risco limitado, re- torno limitado, risco e retorno limitado e maximização de solução de compromisso. Ao contrário dos perfis implicitamente adotados na maioria dos trabalhos em adminis- tração automatizada de ativos. A arquitetura COAST recebe como informação inicial o perfil do investidor que representa e busca satisfazer as preferências indicadas por este. A informação de perfil é distribuída aos agentes coordenadores, que serão res- ponsáveis pela negociação da distribuição de recursos entre eles e pela coordenação dos seus agentes conselheiros. Suas decisões seguem as informações coletadas do mercado financeiro, via o sistema AgEx, das sugestões de ações enviadas pelos conse- lheiros e um conjunto interno de regras baseadas em lógica nebulosa, tal como descrito no capítulo 5.

Foram realizadas dezenas de sessões de simulações, onde cada sessão é caracteri- zada por um perfil de investidor, um período de atuação e um conjunto pré-definido de ativos de interesse. A lista de ativos apenas sinaliza quais os ativos devem ser moni- toradas pela sociedade, mas a decisão de comprar ou não unidades destes ativos é da própria sociedade de agentes. Os resultados obtidos, explicitados nas seções 7.3 e 7.4, demonstram o bom funcionamento dos agentes e a viabilidade da abordagem. Espe- cialmente para a arquitetura COAST, os experimentos apresentaram resultados muito bons na limitação dos riscos e no atendimento aos interesses do investidor em vários cenários analisados.

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8.2 Principais Contribuições

A idéia motriz do trabalho surgiu da observação do desempenho de diferentes técnicas de administração de ativos atuando em um período longo de operação. Observou- se que uma técnica podia obter o melhor desempenho em determinado intervalo de tempo e em outro intervalo apresentar desempenho sofrível. Analogamente, uma téc- nica podia ser muito eficaz ao atuar segundo um ativo em um período, mas ter péssimo desempenho com outro ativo no mesmo período de tempo. Portanto, a princípio seria possível obter melhores desempenhos ao mesclar vários métodos de atuação distintos de modo eficiente do que ao adotar um único método universal. Adotar essa idéia atra- vés de uma abordagem multiagentes permitiria a incorporação de métodos criados de modo independente, na forma de um agente operador autônomo.

A arquitetura COAST, proposta no capítulo 5, apresenta algumas características inovadoras em relação a outros trabalhos em administração automatizada de ativos. As principais características inovadoras são as seguintes:

• Competição entre agentes: Esta característica permite explorar a complemen- taridade entre eles.

• Modelo avançado de investidor: O modelo proposto permitir explicitar dife- renças de preferência entre investidores distintos e adaptar-se a estes interesses. • Controle distribuído: A camada de agentes cooperativos formada pelos coor-

denadores ajusta o comportamento da sociedade de acordo com os objetivos do proprietário da sociedade através de negociação, sem nenhum tipo de agente supervisor central.

• Reutilização de agentes operadores: Um agente operador pode facilmente ser adaptado para atuar como conselheiro. Desta forma, é possível a reutilização de trabalhos publicados para construção de agentes operadores, utilizando assim conhecimento já existente sobre estratégias de atuação em administração auto- matizada de ativos.

Administrar autonomamente ativos de modo eficiente e confiável, e superando es- pecialistas humanos, é ainda um objetivo distante de ser alcançado pela comunidade de pesquisa em inteligência artificial. Este trabalho, porém, contribui com um modelo explícito de investidor, uma plataforma de simulação de mercado financeiro AgEx e com uma arquitetura multiagentes para administração automatizada de ativos que ex- plora a competição entre agentes para obter melhor desempenho no atendimento ao seu investidor.