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111mercado é gerido por um órgão Em Belo Horizonte, a gestão de todos

esses espaços está sob o comando da Secretaria Municipal de Abaste- cimento, portanto como parte de uma política geral de abastecimen- to. Além disso, existe a tentativa de revitalizar um tipo de comércio de bairro que foi desmontado pela concorrência dos supermercados des- de os anos 70 em todo o país: os espaços são multifuncionais, por in- cluírem tambem oportunidades de lazer e de cultura, como apresen- tações musicais e outras manifestações artísticas, desenvolvidas a par- tir dos restaurantes regionais neles instalados. Os preços cobrados su- gerem que não existe, neste caso, preocupação com o controle público dos preços.

O Programa Cestão Popular foi concebido desde o início para aten- der as famílias mais pobres, a partir das discussões do Conselho Munici- pal de Abastecimento Alimentar. O objetivo é colocar à disposição de uma população previamente cadastrada, composta por famílias que te- nham rendimento mensal de até dois salários mínimos e residam nos bolsões de miséria da cidade, produtos da cesta básica, com preços sub- sidiados em até 45%. A lista de produtos contempla 22 itens, incluindo gêneros alimentícios, de limpeza doméstica e de higiene pessoal.

Em julho de 99, o custo total de todos os produtos da cesta, nas quantidades máximas definidas, era de R$ 16,44 nos locais em que funcionava o programa. De acordo com a pesquisa de preços de mer- cado realizada pelo Programa Cesta Básica, o custo médio normal- mente seria de R$ 29,83.

Para cadastrar as famílias, a Secretaria Municipal de Abastecimento trabalha de forma articulada com a Secretaria de Desenvolvimento Soci- al, com a Associação Municipal de Assistência Social (Amas), com Associ- ações Comunitárias e com as Administrações Regionais. Identificadas as famílias, a Secretaria de Abastecimento cadastra os interessados e instala um ponto em um ônibus adaptado com prateleiras aramadas. Em alguns casos, a comunidade cede uma das salas de sua associação para instalar o ponto. De qualquer forma, o ponto não é fixo e se estabelece de acordo com um calendário divulgado na comunidade.

Mais recentemente, o Cestão passou a cadastrar também os beneficiários do Programa Executivo Bolsa-Escola (Pebe), instituído

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pela Prefeitura em 1997 e gerenciado pela Secretaria Municipal de Educação. No momento, o Cestão está presente em todas as regiões do município, com seus 28 pontos de comercialização, tendo cadastra- do até abril deste ano 3.901 familias (Prefeitura, 1999).

O Programa Cesta Básica tem duas dimensões. Ao compor uma cesta básica de acordo com os hábitos alimentares locais e ampliá-la para 45 produtos, incluindo os de limpeza doméstica e de higiene pes- soal, esse Programa busca ampliar a noção de direito ao acesso. Por outro lado, a pesquisa e divulgação sistemática e de múltiplas formas dos preços dos produtos da cesta básica orienta o consumidor sobre as melhores oportunidades, aumentando a concorrência e atuando de forma indireta como instrumento de regulação do mercado.

A maioria dos programas voltados à “Comercialização” conta com mecanismos de acompanhamento, os quais, em 1999, estavam pas- sando por um processo de aperfeiçoamento, visando à melhoria das formas de coleta e tratamento dos dados.

2.2.3 – Consumo

O Departamento de Defesa e Promoção do Consumo Alimentar gerencia diretamente um conjunto de seis programas, mas existem tam- bém os que, com o apoio da Secretaria de Abastecimento, estão sob responsabilidade de outras Secretarias (como a de Desenvolvimento Social). O Departamento cuida também das atividades de educação alimentar de caráter preventivo e corretivo. A figura 3, anexa, apresen- ta os programas e sua características principais.

Os programas voltados ao “Consumo” não são novos, nem ado- tam estratégias inovadoras de atenção à população mais carente e des- nutrida. A diferença parece estar na forma de operar e de gerir os re- cursos envolvidos. Neste sentido, destacam-se os programas de Ali- mentação do Escolar e de Prevenção e Combate à Desnutrição.

O Programa de Alimentação do Escolar é o mais antigo e conhecido de todos. Iniciado no Brasil em 1954, sob o nome de Campanha Naci- onal de Alimentação Escolar, nos últimos anos experimentou um pro- cesso efetivo de descentralização em nível nacional. Os municípios brasileiros passaram a receber os repasses do Fundo Nacional para o

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FIGURA 3

Secretaria Municipal de Abastecimento, Departamento de Defesa e Promoção do Consumo Alimentar:

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Desenvolvimento da Educação (FNDE), calculados com base no nú- mero de alunos matriculados no ano letivo anterior. Para cada aluno matriculado, o município recebe R$ 0,13 e tem autonomia para deci- dir o que oferecer como alimentação, atendidos alguns critérios de qualidade nutricional e sanitária.

Em geral, esses recursos são administrados pelas Secretarias Muni- cipais de Educação, responsáveis pela gestão da merenda escolar. Em Belo Horizonte os recursos passaram, na prática, a ser geridos pela Se- cretaria Municipal de Abastecimento, desde que esta foi criada.

Desde o início, seguindo o disposto na lei orgânica municipal, a Secretaria da Educação entendeu que as despesas relativas à alimenta- ção não eram de sua competência. Porém, os diretores de escola, os professores e, especialmente, as merendeiras, resistiram à idéia de trans- ferir para outra secretaria municipal a orientação, o gerenciamento e a avaliação desse trabalho. O problema foi solucionado com a definição precisa das competências de cada órgão e com estratégias de qualifica- ção do pessoal de ponta. Segundo uma das funcionárias do Serviço de Merenda Escolar da Secretaria Municipal de Abastecimento, hoje já não existem problemas na relação entre as Secretarias para a operação do programa.

A Secretaria Municipal de Abastecimento instala o refeitório e adquire os alimentos no sistema centralizado de compras, assim como os uniformes a serem utilizados pelos funcionários. A Secretaria tam- bém padroniza os cardápios e treina o pessoal que prepara e fornece a refeição. Este serviço é terceirizado, contratado por meio da Secre- taria de Educação. O Programa é sistematicamente supervisionado por um grupo de 40 supervisoras de alimentação, que também atu- am em outros programas do Departamento em execução na mesma Administração Regional.

Sob responsabilidade do Serviço de Merenda Escolar da Secretaria Municipal de Abastecimento, o Programa está presente em todas as 175 escolas municipais, o que significa o atendimento de 153.864 es- tudantes. A refeição fornecida deve conter 350 Kcal, com nove gramas de proteína, segundo norma legal definida no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valori-

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