• Nenhum resultado encontrado

59progressividade temporal e a criação de uma alíquota maior, não

só se reduziu a inadimplência como incentivou-se a construção dos muros, a fim de se obter diminuição do imposto devido. Tais medidas tiveram impacto positivo, reduzindo a inadimplência, embora essa ainda se situe em torno de 50% dos impostos municipais, segundo cálculos do secretário municipal de Finanças.

Com o objetivo de aplicar o princípio da justiça fiscal, repartindo de forma mais equitativa o peso dos impostos entre os contribuintes, a prefeitura de Vitória da Conquista reforçou a progressividade do IPTU e instituiu por lei a isenção desse imposto para famílias com renda de até dois salários mínimos. A lei também determina que, para conseguir a isenção, as famílias não podem possuir imóvel além da- quele em que residem. Outra condição é que o imóvel não esteja ava- liado em mais do que R$ 7.800,007 no Cadastro Imobiliário e Fiscal

do Município.

Até julho de 1999, 4.107 famílias haviam recebido ou estavam em vias de receber o benefício da isenção, segundo informações da prefei- tura. Considerando-se que Vitória da Conquista tem, segundo dados do IBGE, cerca de 42.600 domicílios, conclui-se que quase 10% das famílias do município tinham sido beneficiadas até aquela época.

A progressividade do IPTU foi reforçada com a substituição da Taxa de Limpeza Pública por uma elevação na alíquota do Imposto. Para entender como essa medida intensificou a progressividade, é pre- ciso levar em conta que a Taxa de Limpeza Pública tinha apenas três valores diferentes, de acordo com a região da cidade. Cobrada junta- mente com o IPTU, a Taxa acabava penalizando os mais pobres, que muitas vezes pagavam valor igual ao dos segmentos de renda mais elevada, localizados na mesma região. O IPTU, por outro lado, possui maior número de alíquotas, diferenciadas de acordo com o valor do imóvel, buscando tributar mais as pessoas com imóveis mais valoriza- dos. A suspensão da Taxa de Limpeza Pública reduziu a tributação sobre as classes de menor renda, ao mesmo tempo em que a majoração das alíquotas do IPTU ampliou o diferencial pago pelas classes de ren- da superior.8 7. Valor em julho de 1999. 8. A substituição da Taxa de Limpeza Pública pelas mudanças no IPTU resultou de negociação entre a prefeitura e a câmara municipal. O projeto original da prefeitura aumentava a subdivisão da cidade, visando à adoção de novos valores para a Taxa.

60

Credibilidade e transparência

Como resultado do conjunto de medidas destinadas a tornar mais efetiva a fiscalização, reduzir a inadimplência e aumentar a progressividade fiscal, a arrecadação de IPTU saltou de R$ 635,9 mil em 1996 para R$ 1,3 milhão em 1998 e a de ISS subiu de R$ 2,2 mi- lhões para R$ 3,4 milhões. No mesmo período, o total de receitas pró- prias passou de R$ 5 milhões para R$ 8 milhões.9

A prefeitura também conseguiu, por força de sua agilidade em ob- ter recursos e da recuperação de sua saúde financeira, celebrar diversos convênios com o governo federal, que injetaram mais verbas no muni- cípio e possibilitaram a criação de vários programas na área social. As- sim, a arrecadação total aumentou de R$ 30,4 milhões em 1996 para R$ 41,9 milhões em 1998. Graças, em parte, à elevação das receitas, a prefeitura de Vitória da Conquista regularizou os pagamentos a funci- onários, fornecedores e credores.

Os salários do funcionalismo foram colocados em dia ainda em meados de 1997 e extinguiu-se a prática de pagar os servidores com bônus. O pagamento da primeira metade do 13o. salário acontece já no

mês de junho. Atualmente, os funcionários dispõem de cartões mag- néticos para sacar o salário nas agências bancárias da cidade. Houve ainda a concessão de reajustes salariais nesse período.10

Restaurou-se a credibilidade da administração municipal junto aos fornecedores e aos credores. Os fornecedores recebem dentro dos pra- zos contratados, o que evita o pagamento de juros, multas, etc. Algu- mas dívidas foram objeto de contestação judicial, como ocorreu com um débito junto à empresa de ônibus da cidade, com ganho de causa para a prefeitura. Em outros casos, houve renegociação dos débitos, como na dívida junto à Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba). Atualmente, a prefeitura compromete cerca de 12,5% de seu orçamen- to anual com o pagamento de dívidas.

Outros gastos, como as despesas com água, combustível e energia elé- trica, passaram a sofrer um rígido controle, que envolveu a colaboração de todas as secretarias e órgãos da administração municipal. Estabeleceram- se certas rotinas para o acompanhamento dessas despesas, que até então não eram controladas, visando à eliminação de desperdícios.

9. As receitas próprias dos municípios compreendem receitas tributárias e não- tributárias. As tributárias são: o Imposto sobre Serviços (ISS), o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU), o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), as taxas e a contribuição de melhoria. As receitas não-tributárias são: a receita patrimonial (aluguéis, etc.), a financeira, a agropecuária, a industrial, a de serviços, etc. 10. A elevação das receitas possibilitou que as despesas com pessoal ficassem abaixo do limite estabelecido pela “Lei Camata”, que restringe os gastos com o funcionalismo público, em todos os níveis de governo, a 60% da receita líquida. Com essa informação, os funcionários pressionaram a prefeitura para obter aumentos de salário. Embora houvesse concedido aumentos, em julho de 2000 a prefeitura de Vitória da Conquista ainda conseguia manter as despesas com o funcionalismo limitadas a 52,5% da receita líquida.

61