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4.1 A INTRODUÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

O Brasil é um país de maioria católica, isso é fato desde o seu descobrimento. Com a chegada dos portugueses, veio também o catolicismo ibérico. Contudo, ainda no inicio da colonização do Brasil, surgiram os primeiros esboços do cristianismo protestante. Primeiro com a invasão francesa ao Rio de Janeiro entre os anos de 1555 e 1560 e depois com a invasão holandesa ao nordeste que durou de1630 a 1650. Porém, ambas fracassaram, no ideal de fundar igrejas protestantes em solo brasileiro, com a expulsão dos invasores. Conforme explica Antônio Gouvêa Mendonça em O celeste porvir: a inserção do protestantismo no Brasil:

Com a expulsão de Villegaignon e a destruição da colônia da Guanabara(1560), estava findo o primeiro intento protestante de se estabelecer na América do Sul[...]Com a restauração portuguesa, em 1649, desapareceram por muito tempo os vestígios institucionais do cristianismo reformado no Brasil.(2008, p. 39,40.)

 Algum tempo se passou até a fundação da primeira igreja protestante no Brasil, em meados do século XIX durante o período de imperialismo brasileiro. Ainda naquela época o cenário político e religioso se permeavam e a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil foi um marco para, enfim, o estabelecimento da igreja protestante no país.

Com a profunda modificação política introduzida pela presença de D. João VI, principalmente por causa da dependência portuguesa em relação à Inglaterra, expressa no ato de abertura dos portos “às nações amigas”, é que protestantes anglo-saxões começaram a chegar e se estabelecer no Brasil, com relativa liberdade para suas práticas religiosas. (Mendonça, 2008, p.41)

Houve no início do período colonial algumas investidas protestantes de imigrantes ingleses, alemães, suecos e americanos que praticavam sua religião da maneira que era permitido, pois apesar da “liberação” governamental à prática em residências, ainda era a forte a ligação da sociedade em geral com a Igreja Católica e a Europa passava pela perseguição que refletia de modo reservado no Brasil. Nesse período acontece o que se pode chamar de a primeira estratégia para criar empatia entre igreja protestante e sociedade: a venda e distribuição de Bíblias Sagrada por parte de sociedades bíblicas estrangeiras como mostra Mendonça:

 Ademais, a liberdade para vender e distribuir Bíblias por parte de agentes das sociedades bíblicas estrangeiras, bem antes da chegada e estabelecimento das missões protestantes, constituiu-se num fator ponderável da estratégia protestante de penetração.(2008, p.44)

O protestantismo brasileiro neste início era constituído quase que unicamente por estrangeiros, até que em 1855 chega ao país fugindo da violenta perseguição nas Ilhas Madeira, o médico escocês Robert Reid Kalley. Kalley e alguns correligionários iniciam as atividades proselitista em português, fundando em 1858 a Igreja Congregacional em Petrópolis e em 1873 foi fundada a Igreja Congregacional em Pernambuco. (Mendonça, 2008, p.46)

Para Mendonça, a disseminação do protestantismo no Brasil muito se deve a iniciativa Congregacional que abriu caminho para que outras denominações alcançassem também os brasileiros:

Usando com liberdade o vernáculo (pois seu líder procedia de área de língua portuguesa) os congregacionais produziram um importante instrumento para que outras denominações, principalmente os presbiterianos, atingissem os brasileiros.(2008, p.47)

No entanto, a sociedade brasileira pouco foi influenciada pelo protestantismo, visto que seus adeptos optavam por renegar a cultura restringindo costumes, essa era a forma de mostrar a negação ao catolicismo e criar uma identidade protestante. Magali do Nascimento Cunha expõe em A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil:

O vestuário formal, a Bíblia em punho na caminhada para o culto ou para outras atividades da igreja e o exercício da moralidade protestante – como a guarda do domingo exclusivamente para o serviço da igreja, a abstinência da bebida alcoólica, do fumo, da participação em festas dançantes e populares, em especial o Carnaval, e dos divertimentos populares como o teatro, cinema, a música popular, significavam que os “crentes” acreditavam que assim estariam “mostrando ao mundo” que tinham Jesus como único Senhor de suas vidas. Porém, não apenas o testemunho aos outros era visado, senão o que deveria prestar, em qualquer circunstância, a si mesmo. (2007, p.41)

Cunha explica ainda que as igrejas históricas passavam também pela dificuldade de aumentar o número de membros devido ao rigor empregado no processo de aceitação do novo membro, que era observado por um determinado período e depois submetido à exames de experiência e conhecimentos religiosos:

Muitas pessoas eram reprovadas, e as aprovadas deveriam assumir compromissos formais perante a igreja reunida de adotar um comprometimento diante da sociedade em geral que demonstrasse sua nova opção religiosa. A congregação então passava a exercer o papel de vigilância por meio de uma rigorosa disciplina.”O ingresso numa igreja protestante significa o rompimento com a cultura, às vezes até com os laços familiares.”(2007, p.43)

Gideon Alencar confirma em Protestantismo Tupiniquim:

E, para estes, culturas pagãs são a indígena, a afro – e a católica. Uma nega a outra, que é negada pela seguinte. “É por isso que os primeiros convertidos no Brasil passaram a “não viver”, porque romperam com a cultura. Passaram a ser pessoas “estranhas”[...]”(2005, p.71)

 A partir do momento em que o indívio, para assumir públicamente sua opção pelo protestantismo, rompe com a cultura vigente cria então antipatia da sociedade católica freando assim a expansão evangélica no país, não sendo porém suficiente para abalar a estrutura já consolidada no Brasil. Inicia-se então uma mudança de pensamento e atitude das igrejas protestantes provenientes dos varios cismas nas igrejas históricas mudando assim o perfil das novas igrejas criadas tornando-as mais simpaticas com a sociedade.

4.2 O PROTESTANTISMO NO BRASIL E O FENOMENO

GOSPEL

Desde o período imperial até os dias atuais, o protestantismo se desenvolveu no Brasil e a termologia utilizada para identificar os cristãos reformados se alterou com o passar do tempo. Na Europa e nos Estados Unidos os cristãos não católicos eram chamados apenas de cristãos identificando em segundo nível a denominação à qual pertenciam. No Brasil, porém essa auto-identificação foi complicada há até pouco tempo. No princípio o termo “crente” foi introduzido por missionários para identificar as pessoas que iam aderindo aos grupos protestantes, o termo designava aquele que havia abandonado antigas práticas religiosas e antigas crenças passando a crer em Jesus Cristo, não apenas por convicção, mas por compromisso de mudança de vida a partir de novos valores. Antônio Gouvêa Mendonça e Prócoro Velasques Filho explicam em Introdução ao protestantismo no Brasil:

Por isso “crente” era um designativo carregado de significado e difícil de ser sustentado, pela oposição que provocava em relação aos valores

circundantes. “Crente” significava honra, privilégio e até respeito, mas era também um estigma.(2002, p.15)

Nesse período surgia na Europa um movimento que se expandiu para os Estados Unidos e no início do século XX chegou ao Brasil. Este movimento foi conhecido por evangelical  que se expressava através de várias alianças e ligas com o objetivo de unir as igrejas protestantes em torno de princípios doutrinários comuns para se reforçarem internamente e ajudar a combater a expansão ultramontanista católica. Foi criada então a Aliança Evangélica em São Paulo no ano de 1903 conforme Mendonça e Filho descrevem:

Era uma espécie de “frente unida” evangélica. Assim em julho de 1903, em São Paulo, organizou-se a Aliança Evangélica, tendo como primeiro presidente o missionário metodista Hugh Clarence Tucker. A Aliança Evangélica Mundial foi organizada em 1923.(2002, p.15)

O termo evangélico então passa a ser usado como auto-identificação do compromisso pessoal com um conjunto de princípios doutrinários e antes de pertencer a uma ou outra denominação o indivíduo se autodenominava evangélico.

 Aos poucos, no entanto, algumas denominações foram adicionando aos seus nomes a palavra “evangélica”, como a Igreja Congregacional e, posteriormente, as Luteranas. No Brasil, os cristãos não-católicos passaram a auto-identificar-se como evangélicos, e o mesmo ocorreu com as Igrejas evangélicas.(Mendonça; Filho, 2002, p. 15)

 Ainda relacionado ao termo de identificação dos cristãos não católicos brasileiros, pode-se perceber que os cristãos de igrejas pentecostais não aceitam o termo evangélico como identificação, assumindo assim a antiga identificação:

[...]os pentecostais possuem matrizes protestantes e, segundo, na configuração do campo religioso protestante estão muito mais para os protestantes do que para os católicos. Além do mais, herdaram a antiga identificação dos protestantes: são crentes. (Mendonça; Filho, 2002, p. 15)

É correto então afimar, segundo Cunha que:

Portanto, “evangélicos” aqui se refere aos adeptos do cristianismo não- católico-romano que formam o quadro das igrejas do protestantismo brasileiro. Foi entre eles que nasceu a expressão denominada gospel , inicialmente relacionada à música mas posteriormente vinculada a outras manifestações de cultura.( 2007, p.15)

Surge no cenário brasileiro o gospel , termo inglês derivado de god  spell ou boas novas de Deus. O gospel  nasce para definir um gênero musical, em 1910 nas igrejas

protestantes negras que abriam mão dos tradicionais hinos em favor de músicas mais emocionais e espontâneas crescendo apoiado pelo estilo de pergunta e resposta muito comum nas igrejas. O gospel  porém só torna-se popular a partir dos anos 20 e 30 do século XX quando as letras religiosas são adicionadas aos ritmos negros de jazz  e blues.

Charles A. Tindley (1951-1933) foi o pioneiro do gênero gospel . Ele produziu várias composições nos anos 10 mas somente nos anos 20 e 30 elas alcançaram popularidade.[...]As lideranças religiosas tradicionalistas reagiram e consideraram essa mistura do sagrado(spirituals e hinos) e do secular(blues e  jazz ) como “música do demônio” e a rechaçaram. (2007, p.28)

O gênero novamente é criticado nos anos 50 devido a sofisticação do marketing e dos estilos músicais que passam a formar o gospel com significativas mudanças. Essas mudanças fizeram parte de um processo transformador na música e na cultura popular contemporaneizadas com a luta dos negros norte-americanos por participação efetiva na sociedade:

Interpretadas como “secularização” do gênero de música religiosa, a profissionalização e a sofisticação do gospel criaram reações, em especial, das igrejas mais conservadoras e tradicionalistas. A crítica dirigia-se, em especial, à “maneira opulenta com que alguns cantores viviam”. (2007, p.29)

Parei na página 45 – explosão gospel e na página 79 protestantismo tupiniquim.

4.3 A CULTURA GOSPEL

O terceiro capítulo tratará do mercado “gospel”. O que é? Como surgiu? Como funciona no Brasil? E no Espírito Santo?

4.4 O MERCADO GOSPEL

O terceiro capítulo tratará do mercado “gospel”. O que é? Como surgiu? Como funciona no Brasil? E no Espírito Santo?

terceiro capítulo tratará do mercado “gospel”. O que é? Como surgiu? Como funciona no Brasil? E no Espírito Santo?

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