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MERCADO VOLUNTÁRIO

No documento Mercado de carbono: uma nova realidade (páginas 48-51)

O mercado de carbono também existe fora do contexto do Protocolo de Quioto, com vários programas voluntários de redução de emissões, um deles é o

Mercado Voluntário, em que empresas, ONGs, instituições, governos ou mesmo

cidadãos, tomam a iniciativa de reduzir as emissões voluntariamente. Os créditos de carbono (VERs - Verified Emission Reduction) podem ser gerados em qualquer lugar do mundo e são auditados por uma entidade independente do sistema das Nações Unidas. Algumas características dos Mercados Voluntários são:

- créditos não valem como redução de metas dos países; - a operação possui menos burocracia;

- podem entrar projetos com estruturas não reconhecidas pelo mercado regulado, como o REDD;

- o principal mercado voluntário é o Chicago Climate Exchange (CCX) nos EUA;

- CCX – operou no sistema “cap and trade2” entre dezembro de 2003 e 2010 e, em 2011, lançou o Programa de Registro de Compensações. Os membros assumiram voluntariamente o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que passavam a ser controladas através de um acordo jurídico. Os membros que reduzissem as emissões abaixo da meta e possuíssem permissões em excesso poderiam poupá- las ou vendê-las àqueles que não alcançassem as metas.

Quadro 9 – Principais diferenças entre o Protocolo de Quioto e CCX

Protocolo de Quioto CCX

Tratado Internacional Protocolo privado

Metas de redução compulsórias Reduções voluntárias de acordo com cronograma padronizado

Abrangência Mundial Abrangência mundial com foco nos EUA Créditos de Carbono diferenciados (allowances, CER) Créditos de carbono padronizados (CFI) Negociações descentralizadas Um único local de negociação

Fonte: Fundação Brasileira para Desenvolvimento Sustentável – Schindler (2009).

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Além destes dois tipos de mercado, outra forma de financiar projetos de redução de emissões ou de sequestro de carbono são os chamados Fundos

Voluntários, cujas principais características são:

- não fazem parte do mecanismo de mercado (não geram crédito de carbono);

- o valor da doação não pode ser descontado da meta de redução dos países doadores;

- podem entrar projetos com estruturas não reconhecidas pelo mercado regulado, como o REDD;

- os principais Fundos são o “Forest Carbon Partnership Facility”, do Banco Mundial e o Fundo Amazônia, do governo brasileiro.

O diretor de negócios da WayCarbon o senhor Henrique Pereira3, responsável pela execução da estratégia corporativa em novos mercados e produtos, tecnologias de baixa emissão e financiamento sustentável. Falou sobre a tendência de preços e o mercado voluntário no Brasil, em entrevista ao site do Instituto Carbono no Brasil, conforme segue:

[...] Anualmente a Eco system Marketplace produz um relatório (State of the voluntary Carbon Markets) que avalia o mercado voluntário, buscamos também estas referências externas para balizar preços no Brasil. O valor dos créditos no mercado voluntário pode variar bastante. Existe um custo inerente de gestão, monitoramento, auditorias e transações no registro que são a base para a composição de preços. Por outro lado, e diferentemente do MDL, os compradores no mercado voluntários buscam outros atributos ambientais nos projetos de redução. Portanto, um projeto florestal de monocultura terá sempre um valor menor de mercado do que um projeto que agrega diversidade biológica ou que possua contribuições de longo prazo. De maneira semelhante, projetos com forte componente de inovação tecnológica ou que contribuam diretamente para uma comunidade local também são mais valorizados.

No Brasil, vemos o preço da tonelada ser comercializada com tetos de R$ 45,00 para projetos de reflorestamento de floresta nativa, passando por valores próximos de R$ 25,00 para projetos REDD na Amazônia ou projetos com componentes de grande inovação tecnológica. Já os pisos de preço podem ser tão baixos quanto R$ 4,00 reais. A variação é bastante grande e diz respeito tanto a demanda de mercado quanto ao tipo de projeto [...].

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Bacharel em Relações Internacionais pela PUC Minas, pós-graduado em Tecnologia Ambiental pela UFMG e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela London School of Economics and Political Science (LSE).

No relatório mais recente da Ecosystem Marketplace, uma iniciativa da organização sem fins lucrativos Forest Trends, é a principal fonte de informações em mercados ambientais e pagamentos por serviços ambientais.

Seu relatório, “A frente da curva” - Estado dos Mercados de Carbono

Voluntárias 20154, publicado em junho de 2015, afirma que mais de US$ 4,5 bilhões foram investidos nos mercados voluntários, ou seja, fora dos quadros da ONU.

Em 2014, a demanda voluntária para compensações de carbono cresceu 14%, para 87 milhões de toneladas de equivalente dióxido de carbono (MtCO2e) transacionado. Embora este volume represente apenas uma fração de 1% do total das emissões globais em 2014, é quase um décimo de toda a demanda a compensar controladas nesta série de relatórios, num total de 0,93 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (BtCO2e) ao longo do tempo.

Os Estados Unidos, apesar de não terem assinado o Protocolo de Quioto, foram um dos poucos países que receberam mais financiamento voluntário de carbono ao longo dos anos, cerca de US$ 656 milhões. Globalmente, outros países fornecedores compensados incluem: Brasil (US$ 233 milhões), Turquia (US$ 207 milhões), Índia (US$ 205 milhões), Quênia (US$ 154 milhões) e China (US$ 153 milhões). Os compradores europeus têm tradicionalmente transacionado a maioria desses ativos.

Quadro 10 – Tamanho do mercado e preço médio (comparação 2013 e 2014)

2013 2014 % Variação Acumulado*

Volume 76 MtCO2e 87MtCO2e + 14% 0,93BtCO2e

Valor US$ 379 mi US$ 395 mi + 4% US$ 4,4 Bi

Preço Médio** US$ 4,9/tCO2e US$ 3,8/tCO2e - 22% US$ 5,8/tCO2e

*Primeiro relatório do Ecosystem Marketplace, Voluntary Carbon Markets, foi publicado em 2007, mas a nossa coleta de dados abrange os anos anteriores a essa data.

**Todos os preços (e os valores de mercado) são para determinar seu significado ponderada pelo volume. Além disso, este ponderado em volume o preço médio exclui o acordo de REDD (que usou um proxy US $ 5 / tonelada). O preço médio, incluindo REM é de R $ 4,0 / tCO2e.

Fonte: Tendências Floresta Ecosystem Marketplace. Estado dos Mercados de Carbono Voluntárias 2015.

No Gráfico 10, visualiza-se o volume de recursos aplicados e quantidade de tCO2e.

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Gráfico 10 – Histórico de volume e valores do mercado voluntário de carbono

Fonte: Tendências Floresta Ecosystem Marketplace. Estado dos Mercados de Carbono Voluntárias 2015.

No documento Mercado de carbono: uma nova realidade (páginas 48-51)

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