• Nenhum resultado encontrado

Os mercados da educação superior 68

No documento 2012Paulo Roberto Lopes Pimentel (páginas 68-71)

Desenho 1 Processo de comunicação

4 QUESTÕES MERCADOLÓGICAS QUE ENVOLVEM A EXPANSÃO DO

4.1 Os mercados da educação superior 68

Nota-se que os mercados da educação superior são regulados e monopolizados pelos Estados que também financiam e destinam verbas através de bolsas de estudos para produções como a pesquisa entre outros serviços.

Na percepção de Pedro Teixeira, Ben Jongbloed, David Dill e Alberto Amaral

[...] os mercados, como compreendidos pelos economistas, há muito tempo existem na educação superior, embora possivelmente como um papel menos visível do que o consolidado em anos recentes, e estão cada vez mais sendo facilitados pelas reformas governamentais que pretendem aperfeiçoar a eficiência dos sistemas estatais. As análises econômicas podem ser úteis na avaliação das políticas governamentais relativas às forças de mercado, mesmo nos casos em que as políticas públicas tenham sido concebidas com a intenção de reparar os efeitos da competição de mercado (TEIXEIRA et al., 2004, p. 331).

Entende-se que a abertura e o desenvolvimento de mercados na educação superior dependem da ação do Estado, ou seja, de políticas governamentais. Porém, no que diz respeito a serviços educacionais, os mecanismos adotados pelas instituições de educação superior estão longe de igularem-se a concorrência existente em outros segmentos. Ainda percebe-se que em determinadas regiões do Brasil a falta de opções de cursos em determinados locais e limitações em função da “qualidade” dos serviços ofertados pelas instituições de educação superior nos instigam a afirmar que neste ramo de negócios (serviços educacionais) a segmentação geográfica e demográfica são variáveis que definem o que é mercado competitivo.

Na obra Markets in Higher Education: rhetoric or reality? Os autores descrevem sobre a eficiência alocativa, ou seja: os recursos devem ser distribuídos ou alocados da melhor forma possível, tanto os recursos intelectuais, força de trabalho quanto os insumos (pessoas, materiais, equipamento e tecnologia) interseccionando-os de forma que maximizem os resultados com produtos ou serviços e assim evitam-se problemas de desenvolvimento (gargalos) e desperdícios.

Não obstante o ensino superior esta ligado a questões sociais, ou seja: é um mercado regulado pelos Estados os quais entendem que o beneficio social deve atender a diferentes classes sociais com menores custos. Diante de tal afirmação questiona-se os benefícios sociais da educação superior para a sociedade e porque as políticas para educação são determinadas pelo Estado e não pelo mercado?

Entretanto, sob o olhar economicista mergulhado nas forças do mercado competitivo, sem a intervenção do Estado, o sistema de educação superior pode se tornar eficaz e produtivo para a sociedade. Tais argumentos mercadológicos baseiam-se na expansão do ensino superior bebendo de fontes do mercado comum o qual norteia-se pelos mercados concorrentes sendo assim, tais mercados tornam-se competitivos e a lei da oferta e da procura gera eficiência e eficácia. No entanto questionar está possibilidade não provoca uma miopia diante do mercado de ensino superior, pois o desenvolvimento de imperfeições na competição entre instituições de educação superior já é notável e surgem as chamadas “falhas de mercado”.

As “falhas de mercado” são situações em que vendedores e compradores não convergem para arranjos satisfatórios. No caso das instituições de educação superior nota-se que algumas instituições mantêm um padrão de “qualidade” e outros monstram-se despreocupadas com a qualidade dos serviços ofertados ao contratarem pessoas recém formadas nas próprias IES sem conhecimento em metodologias para o ensino superior, às

vezes somente com uma graduação ou especialização e colocam em suas salas de aula por vezes até mais de 100 alunos.

Diante de tal percepção, ao debruçarmos em temas relacionados à mercantilização da educação superior, como a cultura de mercado tratada pelo viés da expansão do ensino superior de instituições privadas com fins lucrativos, destaca-se uma maior abrangência em termos de regulação dos sistemas de educação superior pelo mercado com práticas empresariais. Em seus trabalhos Pedro Teixeira et al. (2004, p. 137), mostram suas preocupações com o seguinte:

Uma grande tendência da literatura recente tem sido textos escritos por não- economistas sobre forças de mercado na educação superior. Evidentemente os economistas não têm o monopólio do conhecimento relevante para políticas de reformas da educação superior, mas nossos entendimentos coletivos da natureza e impactos de políticas baseadas em mercado podem algumas vezes ser retardados por um impreciso uso da linguagem e dos conceitos econômicos.

Dentro desta perspectiva, assuntos relativos às questões de mercado, tais como “eficiência de alocação”, “mercados competitivos” e “falhas de mercado” etc., podem ser encontrados em literaturas sobre os sistemas de educação superior e, entende-se que diante do contexto interdisciplinar faz-se necessária a linguagem da economia.

Um aspecto importante e que não pode ser desconsiderado são as questões relacionadas ao consumo no mercado da educação superior e segundo Sennett (apud DA SILVA e FABRIS 2010):

A multiplicação contemporânea das práticas de consumo está afastada de alguns entendimentos que posicionam o consumo como um simples produtor de exclusões sociais, como uma intensificação das estratégias publicitárias da indústria cultural ou como uma suposta fragilidade dos produtos fabricados. A questão é um pouco mais sutil, envolvendo objetivamente a produção de marcas e de potências que regulam a ação humana tanto no consumo quanto na política. A idéia de regulação não encaminha para imposições ou violências a um sujeito passivo, uma vez que ele é ativo nas tramas culturais do consumo do novo capitalismo. Logo, quando se argumenta sobre a formação de uma sociedade de consumidores não conseguimos recorrer à imagem de um sujeito que apenas responde às interpelações ou aos endereçamentos das grandes corporações.

Diante dos argumentos apresentados, entende-se que as questões que envolvem o mercado da educação superior movimentam-se através de estratégias de marketing, tanto na produção das plataformas políticas, como na publicidade utilizando-se de todos os meios de comunicação. E percebe-se que a indústria do conhecimento fragmenta-se ao debater-se em um mercado pela quantidade e não pela qualidade. Pois, o que nota-se é que mesmo que essa indústria utilize de estratégias de marketing em alguns casos a eficiência e a eficácia da pesquisa mercadológica, andam na contramão dos interesses da comunidade e prevalecem ações oriundas de políticas que não tem consistência em suas bases. Pois, muitas instituições de ensino superior acabam por unificar turmas para manterem cursos em funcionamento e oferecem disciplinas deacordo com interesses próprios e também não respeitam a LDB no aspecto que diz respeito a horas de trabalho do docente. Mas, ainda assim o consumo torna-se deliberado em função também dos interesses de um consumidor acomodado, online e resistente as praticas pedagógicas tradicionais.

Ainda considerando as implicações mercadológicas a seguir descreve-se alguns conceitos de marketing.

No documento 2012Paulo Roberto Lopes Pimentel (páginas 68-71)