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4. RESULTADOS

4.2. Mercosul

4.2.1. Testes de Raiz Unitária

Na tabela 9 estão demonstrados os resultados para os testes GLS-DF e KPSS para todas as séries analisadas no bloco econômico do Mercosul. Todos os testes foram realizados levando em consideração dois casos: um apenas com intercepto, e outro com intercepto e tendência.

No teste GLS-DF, que tem como hipótese nula a não estacionariedade (tem raiz unitária), observa-se que todas as séries não rejeitam a hipótese nula a 5% de significância, considerando a presença do intercepto e intercepto com tendência. Tal resultado confirma a não-estacionariedade de todas as séries analisadas, no contexto desse teste.

Já o teste KPSS apresenta a hipótese nula diferente do teste GLS-DF, no qual tal hipótese seria de que a série é estacionária, isto é, não apresenta raiz unitária. Desta forma, de acordo com os valores expostos na tabela 9, quase todas as séries novamente apresentam apontam para a não-estacionariedade destes dados, com exceção apenas da série do PIB argentino para o teste com intercepto e tendência.

Tabela 9: Testes KPSS e GLS-DF entre os países do Mercosul

Séries GLS-DF¹ KPSS² Intercepto Intercepto + Tendência Intercepto Intercepto + Tendência

Brasil 0,03 -1,33 1,15 0,30 Argentina 0,53 -1,44 1,10 0,13 Paraguai 1,90 -1,10 1,08 0,29 Uruguai 0,40 -1,88 1,09 0,26 Valores Críticos* -1.94 -3,08 0,46 0,15

*Valores críticos ao nível de 5% ¹ Rejeita 𝐻𝑜: |GSL-DF|> Valor critico ² Não rejeita 𝐻𝑜: |LM|< Valor crítico.

Fonte: Elaborado pela própria autora.

4.2.2. Testes de cointegração

Após a realização dos testes de estacionariedade e a confirmação da não- estacionariedade em nenhuma das séries analisadas, (desconsiderando o resultado da série argentina no teste KPSS com intercepto e tendência) foram realizados testes de cointegração utilizando a metodologia proposta por Johansen (1991) através do software Eviews. Tal teste foi elaborado seguindo o padrão oferecido pelo software, isto é, com intercepto em CE e no teste VAR, mas sem tendência.

Tabela 10: Teste de Cointegração de Johansen entre os países do Mercosul

Hipótese Nula Estatística 95% P-Valor Teste Traço

r = 0 59.68346 47.85613 0.0027

r ≤ 1 29.99205 29.79707 0.0475

r ≤ 2 9.364583 15.49471 0.3327

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values *Rejeita-se ao nível de significância de 5%

Fonte: Elaborado pela própria autora.

Observando a tabela 10, foi possível identificar a existência de cointegração entre as séries, isto é, há relação de longo prazo entre as variáveis. Tal resultado é comprovado pelo fato das estatísticas de traço apresentarem valores maiores do que os valores críticos ao nível de significância de 5%.

Portanto, identifica-se a presença de pelo menos 2 vetores de cointegração entre as séries analisadas, o que define o número de defasagens e de vetores que serão considerados durante a estimação do próximo passo, que é o modelo de Vetor de Correção de Erros. Além disso, é possível identificar o número de defasagens que deve ser utilizada na estimação, que no caso, segundo o critério de Akaike, aponta a escolha do modelo com duas defasagens.

4.2.3. Função Resposta ao Impulso

Após a estimação do modelo de vetor de correção de erro (VECM), assim como foi realizado no caso da União Europeia, é necessário observar a estabilidade dinâmica deste processo autorregressivo, de maneira que seja confirmada a estabilidade do modelo. No caso do modelo VECM utilizado para a análise do Mercosul, obtém-se o resultado que confirma sua estabilidade dinâmica.3

Verificada a estabilidade do modelo, pode-se iniciar o processo de análise do impacto real que a variável principal (PIB do Brasil) tem sobre os demais membros do Mercosul considerados neste trabalho. Para isto, utiliza-se a função de impulso- resposta, que tem como objetivo traçar o caminho temporal de diversos choques nas variáveis contidas no modelo VECM estimado.

O horizonte temporal analisado na função é de 20 trimestres, e os resultados foram obtidos de forma gráfica, com múltiplos gráficos, sendo um para cada país. Desta forma, pode-se analisar de forma singular os resultados, e, se possível, observar algum tipo de tendência ou semelhança nos casos do bloco econômico.

4.2.3.1. Argentina

No gráfico 3, a resposta do PIB da Argentina, não acumulado, a um choque de X no PIB do Brasil, mostra que, inicialmente o choque é positivo e não tão intenso, apresentando crescimento exponencial até o quarto trimestre após o choque. No entanto, tal impacto se mantém relativamente constante até, aproximadamente, o 6º trimestre, porém começa a declinar a partir do 7º trimestre, tendência que se sustenta até o final do período analisado.

3 Ver gráfico 8 em anexo.

Tal resultado aponta a confirmação do impacto da produção brasileira nas produções argentinas, tal qual apresenta resultados positivos durante os 20 trimestres após o choque, mesmo com uma tendência de queda. Portanto, pode-se dizer que a economia brasileira tem um impacto significativo na economia argentina e, tal impacto é mais forte durante o primeiro ano após o choque, e se expande por um tempo relevante de, por volta de 5 anos até começar a perder sua força de forma mais intensa.

Gráfico 3: Função de Impulso-Resposta da Argentina

4.2.3.2. Paraguai

O caso do Paraguai demonstra, até agora, a função de resposta ao impulso mais divergente dos outros casos, tomando uma forma completamente distinta da função argentina. Observando o gráfico 4, é possível notar que, em um primeiro momento, a resposta do PIB paraguaio, não acumulado, a um choque de X no PIB do Brasil, é positiva e relativamente alta, no entanto, sofre uma queda no segundo trimestre, mas volta a crescer significativamente até o terceiro trimestre.

Essa situação de queda e crescimento se mantém durante os cinco primeiros trimestres, indicando uma instabilidade da resposta do PIB paraguaio aos choques no PIB brasileiro neste momento. Tal circunstância se transforma completamente a partir do sexto período, com uma queda exponencial que se mantém até, aproximadamente, o décimo trimestre analisado, porém mantendo-se ainda positiva.

A partir do décimo trimestre, observa-se novamente uma mudança de trajetória da resposta do PIB paraguaio, com um crescimento intenso que se mantém até o último período analisado, e provavelmente, segue crescendo após este momento. Tal cenário confirma ainda mais a instabilidade de resposta do PIB paraguaio, que aponta novamente momentos de desequilíbrio e inconstância em relação aos choques no PIB brasileiro.

Portanto, o caso do Paraguai aponta a existência de um impacto considerável da economia brasileira na economia paraguaia, o qual ocorre de forma inconstante, apresentando momentos de quedas e crescimentos intensos. O impacto, mesmo indicando instabilidade, se mantém positivo durante todo o período analisado, o que mostra que a economia brasileira tem um impacto duradouro na economia paraguaia.

Gráfico 4: Função de Impulso-Resposta do Paraguai

4.2.3.3. Uruguai

Ao observar o gráfico 5, verifica-se a resposta do PIB do Uruguai, não acumulado, à um choque no PIB do Brasil durante o período de 20 trimestres. Inicialmente é possível notar, novamente, a disparidade entre os casos do Mercosul, de maneira que a resposta do Uruguai não apresenta muita semelhança com os casos anteriores explicados de Argentina e Uruguai, tendo como convergência apenas o fato de que os três casos se mostraram positivos durante todo o período analisado.

Percebe-se que a resposta é positiva no primeiro trimestre, porém de forma menos intensa, o que muda no segundo trimestre, após um crescimento exponencial.

A situação se mantém relativamente constante, com pequenos desequilíbrios, até aproximadamente o quinto trimestre analisado, mas começa a apresentar uma tendência de mudança a partir do sexto período.

Do sexto trimestre em diante, nota-se uma tendência de crescimento na resposta do PIB uruguaio em relação à um choque no PIB brasileiro, isto é, o impacto da economia brasileira nesse caso mostra-se crescente com o passar dos anos. Portanto, é possível confirmar o impacto da economia brasileira sobre a economia uruguaia, sendo que este foi um dos países do Mercosul que apresentou resultados mais significativos ao final do período analisado, com tendências de crescimento da resposta, o que indica que o impacto não só é positivo, mas também se apresentou duradouro.

Gráfico 5: Função de Impulso-Resposta do Uruguai

4.2.4. Decomposição da Variância

Nas tabelas de 11 a 13, estão às decomposições sumarizadas em 20 trimestres (60 meses) de cada país analisado neste bloco econômico, mostrando o efeito do choque nas variáveis e que tal efeito, nos períodos seguintes, causa mudanças significativas em cada variável.

4.2.4.1. Argentina

A decomposição histórica da variância do erro de previsão para o PIB da Argentina apresenta que, no primeiro trimestre, o PIB argentino tem cerca de 98,9% de sua variância explicada por ele mesmo e apenas aproximadamente 1,10% se devem à choques no PIB brasileiro. Tal resultado indica, de início, um impacto irrelevante da economia brasileira na economia argentina.

No entanto, após os primeiros quatro trimestres (um ano), a influência do Brasil na variância do erro de previsão para o PIB argentino passa a aumentar gradativamente até o último período analisado, no 20º trimestre, ou seja, após 60 meses. Além disso, é possível notar um aumento significativo da influência do PIB do Uruguai na situação, que aparece agora como mais uma variável explicativa relevante no caso, se unindo ao Brasil.

Portanto, o impacto dos choques no PIB brasileiro na economia argentina não é tão intenso durante 20 trimestres, mas apresenta uma certa tendência de crescimento e são seguidos pelo PIB uruguaio. No entanto, assim como no início do período, a maioria da explicação da variância do erro de previsão do PIB argentino segue sendo o próprio PIB da Argentina, com o valor de 77,3% no último trimestre.

4.2.4.2. Paraguai

Analisando a decomposição da variância do erro de previsão do PIB do Paraguai na tabela 12, identifica-se uma situação parecida com a observada no caso argentino explicado no tópico anterior, isto é, o PIB paraguaio tem a maioria de sua variância explicada por ele mesmo, aproximadamente 88,2%, e apenas aproximadamente 11,5% se devem à choques no PIB brasileiro. Tal situação aponta um relativamente fraco impacto inicial do PIB brasileiro no PIB paraguaio.

Entretanto, após um ano de observações, é possível verificar um aumento significativo da influência brasileira como variável de explicação da variância do erro de previsão do PIB paraguaio, apresentando 27,1% no quinto trimestre. Além disso, ainda nesse período observa-se uma queda breve na influência do próprio PIB paraguaio e um leve aumento no caso dos PIBs uruguaio e argentino.

A situação de elevação da influência brasileira, argentina e uruguaia se mantém e se intensifica até o final do período analisado, de maneira que, no 20º trimestre, a variância do erro de previsão do PIB paraguaio é explicada, aproximadamente 31,3% por choques no PIB brasileiro, 21,7% por choques no PIB argentino e 24,5% por choques no PIB uruguaio. Portanto, se confirma, novamente, o impacto da economia brasileira na economia paraguaia, porém tal impacto divide espaço com as economias argentina e uruguaia, que também afetam economicamente o Paraguai, no caso da variância do erro de previsão do PIB.

Tabela 12: Decomposição da variância do erro de previsão do PIB do Paraguai

4.2.4.3. Uruguai

A decomposição histórica da variância do erro de previsão para o PIB do Uruguai, exposta na tabela 13, apresenta que, no primeiro trimestre, o PIB uruguaio tem cerca de 86,4% de sua variância explicada por ele mesmo e apenas aproximadamente 2,22% se devem à choques no PIB brasileiro. Tal resultado indica, de início, um impacto irrelevante da economia brasileira na economia uruguaia.

Após quatro trimestres (um ano), nota-se uma tendência de mudança na situação observada no primeiro período, na qual a influência brasileira na variância teve um aumento relevante, apresentando agora 22,8%. Além disso, é possível identificar uma leve queda da influência do PIB paraguaio e indícios de crescimento da influência argentina.

Tal tendência de crescimento da influência argentina e brasileira se sustenta até o final do período, 20 trimestres, mostrando que o impacto dessas economias na variância do erro de previsão do PIB uruguaio tende a crescer com o tempo. Desta forma, no último trimestre, percebe-se que, neste momento, o PIB uruguaio tem cerca de 35,7% de sua variância explicada por choques no PIB argentino e 20,1% explicada por choques no PIB brasileiro.

Portanto, tal resultado indica que o impacto da economia brasileira na economia uruguaia, em questão de variância de erro de previsão do PIB, é significativo e tende a aumentar com o passar dos trimestres. No entanto, percebe-se que a influência da economia argentina parece ser mais impactante do que a brasileira na economia uruguaia.

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