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Parte II – Análise da Obra de Rega do Vale do Sorraia

5. A Obra de Rega do Vale do Sorraia e o Regime Económico e Financeiro da Lei da Água

5.1. Metodologia adotada para análise à tarifa a aplicar

Apesar da atividade da Associação poder ser dividida em três (fornecimento de água para rega, produção de energia elétrica e prestação de serviços), para o cálculo de uma tarifa imposta à água, que cumpra os requisitos do REF, importará apenas o fornecimento de água para rega.

Tendo sido assinado um novo contrato de concessão da Obra de Rega entre o Estado e a Associação em 2011, a presente análise tem início nesse mesmo ano e termina em 2016, último ano com contas aprovadas e publicadas.

A análise tem em conta os resultados apresentados pelos Relatórios e Contas anuais da Associação, embora os dados aí disponibilizados não forneçam informação suficiente para o objetivo proposto.

A partir dos dados fornecidos pelos relatórios anuais relatórios anuais, é possível uma comparação entre os anos de 2011 e 2016 através do Fundo de Reabilitação e Reserva da concessão, que traduz exatamente o volume de financiamento concessionado à Associação. Uma vez que em 2011 (início da atividade da Concessão) esse fundo apresentava 300.681,61€, e, em 2016 era inferior em 45.486,94€ (Anexo 15), podemos concluir, de forma grosseira, que a tarifa cobrada aos agricultores quase equilibra os custos de conservação, exploração e investimento. O deficit de 45.486,94€ a dividir pelo volume de água utilizado no ano de 2016, no valor de 117.463.644,6 m3,

obrigaria a um acréscimo médio de 0,0003835 €/m3 da tarifa, de forma a repor os valores iniciais

do Fundo.

É possível notar ainda que os resultados da Concessão variam significativamente de ano para ano, notando-se o ano de 2012 com um resultado positivo de 97.756,26 € e o ano de 2014 com um resultado negativo de 105.892,19 €. Aparentemente, estarão relacionados com as Vendas e Serviços Prestados que, nos anos referidos, registaram o maior e o menor valor do período: 1,86 M € em 2012 e 1,60 M € em 2014.

Para uma análise mais apurada recorreu-se à contabilidade analítica da Associação, nomeadamente ao Balancete Centro de Custo, procurando diferenciar os custos de conservação, exploração e de investimento.

Para cada ano e para cada Centro de Custo, apresentados no quadro “Resultado de Exploração da Concessão da Obra de Rega” do Relatório da ARBVS (Anexo 16), as rubricas do Balancete correspondente foram classificadas como sendo, ou custos de conservação, ou custos de exploração, ou custos de investimento.

Os custos de investimento são facilmente retirados do referido quadro, na coluna do Débito e na linha correspondente ao Centro de Custo “Grandes Reparações e Bens do Domínio Público”, cujas rubricas correspondem a investimentos com vida útil superior a um ano.

Por outro lado, algumas das rubricas em que se desdobram os Centro de Custo apresentam valores que dizem respeito tanto à componente conservação como à de exploração, nomeadamente no que se refere, por exemplo, aos custos com salários (afetação de pessoal). Nesta situação, foi considerado que 7/12 do valor apurado na rubrica são custos de exploração, e 5/12 são custos de conservação. Essa afetação baseou-se no pressuposto de que os encargos com a exploração

dizem respeito ao fornecimento de água para rega, que, em média, ocupará sete meses por ano (de abril a outubro), sendo os restantes cinco meses ocupados com a conservação da obra.

De seguida apresentam-se as rubricas de custos em que, para cada um dos Centro de Custo, se seguiu o mesmo critério estabelecido para os salários: Custos Diversos, Telefones, Água limpeza- gás, Assistência Técnica, Diversos, Formações e cursos, Prestação Serviços Diversos, Viaturas, Contabilidade, Informática, Jurídico, Medicina de trabalho, Combustíveis, Pensão Reforma, Consumíveis, Gastos postais, Livros e documentos técnicos, Impostos, Descontos P.P, Donativos, Senhas presença, Contencioso, Despesas Representação, Provisões, Rendas e Alugueres, Quotas e Eletricidade afeta aos Centro de Custo “Conservação Magos”, “Conservação Sorraia Zona 1”, “Conservação Sorraia Zona 2” e “Escritório/Sede”.

São considerados apenas custos de conservação as seguintes rubricas: Reparação e conservação material, Amortizações, Lubrificantes, Máquinas, Oficina, Seguros e Segurança.

Por fim, é considerado apenas custo de exploração o custo “Eletricidade” incluído nos Centro de Custo das Estações Elevatórias.

Para além desta afetação, e com o objetivo de tornar esta análise o mais próximo possível da realidade, foram consideradas, adicionalmente, as percentagens de afetação aos custos da concessão, definidas pela Direção da Associação, relativamente aos Centro de Custo “Escritório/Sede”, “Técnicos” e “Direção” e apresentadas no quadro “Resultados de Exploração da Concessão da Obra de Rega” (Anexo 16) com os seguintes valores:

▪ Em 2011 foram afetos em 78% ▪ Em 2012 foram afetos em 81% ▪ Em 2013 foram afetos em 77% ▪ Em 2014 foram afetos em 77% ▪ Em 2015 foram afetos em 75% ▪ Em 2016 foram afetos em 50%

Existem ainda Centros de Custo nem sempre afetos à concessão, mas que pontualmente o foram, como o Centro de Custo “POCLAIN1” no ano 2011, “Diversos” no ano 2012 e “Reformados” que o foi em todos os anos, exceto em 2016.

Relativamente ao Centro de Custos “Reformados” este apresenta também diferentes afetações à concessão: foi afeto em 78% em 2011, 100% em 2012, 77% em 2013 e 2014 e 75% em 2015.

Feita a classificação das diferentes rubricas que constituem um Centro de Custo, em custos de conservação ou custos de exploração, chega-se a um valor superior aos custos totais da Associação apresentados no Relatório Anual, no quadro “Demonstração individual dos resultados por natureza” (Anexo 16). Isto acontece porque os valores inscritos no Balancete Centro de Custo, têm lançamentos de correção entre as várias contas que, muito embora não alterem os saldos e,

sobretudo, o “Resultado de Exploração da Concessão”, não permitem o apuramento real das verbas de custos e de proveitos, existindo lançamentos em duplicado, de correção ou de passagem para outro(s) centros de custo, que é necessário eliminar.

Na impossibilidade de reclassificar cada um dos lançamentos do Balancete, para cada um dos anos estudados, optou-se por uma correção grosseira, eliminando apenas a duplicação mais evidente, que corresponde à rubrica “Taxa de Exploração e Conservação”, do Centro de Custo Conservação Geral Sorraia.

Feita esta correção, considera-se que os valores apurados correspondem aos custos de conservação e de exploração, com o conhecimento de que poderão estar sobrestimados.

Depois de calculados os valores relativos aos custos de conservação, exploração e de investimento, para cada ano de 2011 a 2016, foi feita uma conversão dos mesmos para custos a preços reais de 2016. A média dos custos a preços reais de 2016 dá-nos, então, a componente relativa a cada custo para o período em causa.