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A metodologia utilizada para nortear o desenvolvimento deste projeto foi a metodologia apresentada por Peón. Segundo a autora:

A metodologia é o conjunto e a ordenação de procedimentos para a realização de um dado objetivo – ou seja, o conjunto de métodos utilizados, bem como o estudo e análise destes métodos. A metodologia é, assim, uma ferramenta para o desenvolvimento de um objetivo - e não o objetivo em si mesmo. Por isso, ela deve servir como um auxiliar para resolver os problemas, e não se configurar como um problema. (Peón, 2009, p.39) Peón divide o processo em três grandes fases:

Problematização – Esta é a fase do diagnóstico, onde será feito o

levantamento dos dados e variáveis que envolvem o projeto. Nesta fase deverá ser feito o levantamento dos recursos disponíveis, as operações necessárias para o alcance da solução e os parâmetros para a aplicação destes recursos e

operacionalizações. Alguns pontos que podem ser levantados para se chegar a um diagnóstico mais completo do projeto são: brief, perfil do cliente, público-alvo, contextualização simbólica, conceitos que serão agregados, estudos de similares e requisitos e restrições. Ainda segundo Peón, nesta fase do projeto nada será necessariamente produzido, entretanto é uma fase de suma importância para que o resultado final esteja de acordo com as necessidades do cliente e do seu público- alvo.

Concepção – Esta é a fase mais criativa do processo, sendo muitas vezes

confundida com o projeto como um todo. Para Peón a fase de concepção é dividida em cinco etapas:

 Geração de alternativas – nesta etapa deverá ser gerado o maior número possível de alternativas. Em seguida, as alternativas devem ser agrupadas conforme um partido em comum. Peón define partido como “parâmetro que motiva a alternativa de solução. Ele é um conceito necessariamente associado a uma imagem pelo menos esboçada, na forma de símbolo e logotipo ou apenas o logotipo”.

 Definição de partido – nesta etapa deve-se analisar cada partido desenvolvido na etapa anterior de modo que se eleja apenas um partido para a busca de soluções para o projeto.

 Solução preliminar – nesta etapa é escolhida a solução preliminar, que agora deve ser aperfeiçoada levando em conta as especificações técnicas.

 Validações – nesta etapa a solução preliminar, já aperfeiçoada, deve ser submetida a testes com usuários potenciais e público-alvo.

 Solução – na etapa final da concepção, a alternativa selecionada deve passar por uma última rodada de aperfeiçoamento levando em conta os resultados da etapa de validação. Após isso, a solução finalizada deve ser mostrada para o cliente bem como defendida com argumentos concretos baseados na problematização, nos parâmetros utilizados para a escolha do partido e da solução e nos resultados da validação feita na etapa anterior.

Especificação – a fase final do processo de desenvolvimento da identidade

visual irá gerar o que em geral é denominado de Manual de identidade visual. Este manual servirá muito mais para os fornecedores, técnicos, publicitários e designers que elaborarão e reproduzirão aplicações da identidade visual do que para o cliente ou o público-alvo. O objetivo desta fase é que o designer responsável pelo projeto faça o levantamento e a sistematização dos itens de aplicação do sistema, levante dados sobre materiais e técnicas, bem como o orçamento para produção, desenvolva os layouts finais das aplicações e por fim projete o Manual de identidade visual prevendo que a implantação do sistema será feito por terceiros.

Peón (2009) afirma que é possível desenvolver um projeto sem seguir uma metodologia preestabelecida, mas será um processo mais difícil, truncado e cansativo. Assim, seguindo uma metodologia diminui-se a possibilidade de erros, distrações e imprevistos e aumenta-se o controle das variáveis do projeto.

4 PROBLEMATIZAÇÃO

4.1 BRIEF

O brief é o primeiro passo que deve ser dado quando se inicia um projeto. É nele que conterão todas as diretrizes do projeto, todas as informações sobre o cliente, prazos para produção, orçamento, parâmetros para avaliação, etc. Ou seja o brief é o documento formal que organizará todo o processo de desenvolvimento do projeto.

Strunck (2007) explica que é preciso ter uma longa conversa com o cliente que está solicitando o projeto, pois mesmo que não saiba traduzir o que espera como resultado final, o cliente entende melhor que ninguém sua marca. Segundo Airey (2010, p.11):

O briefing do projeto desempenha um papel primordial para guiar tanto você quanto o cliente a um resultado efetivo. Pode haver tropeços ao longo do caminho - seu cliente pode discordar da decisão que você tomou, por exemplo. É em momentos como esse que você pode voltar aos detalhes do resumo para dar sustentação à sua posição. Isso não significa que você não fará mudanças no projeto como resultado da discordância - afinal, você quer agradar ao seu cliente. Mas o resumo do projeto existe para dar aos dois lados motivos concretos para tomar decisões em todo o processo.

Peón (2009) considera que o brief é o “resumo da situação do projeto que é apresentada pelo cliente nos primeiros contatos”. A autora ressalta sua importância, pois dele sairão dados para a defesa do projeto, assim é imprescindível que o brief seja aprovado e assinado pelo cliente para evitar equívocos que possam acarretar em atrasos no projeto.

O brief completo do projeto de identidade visual da marca de sketchbooks pode ser consultado no Apêndice A. A partir dele foi identificado o perfil do cliente, o público alvo, os concorrentes, os requisitos e as restrições.

4.2 PERFIL DO CLIENTE

Um bom projeto de identidade visual que seja adequado à realidade da empresa, atenda suas necessidades e principalmente transmita a essência da

marca só é possível quando o designer conhece detalhadamente a empresa. É por isso que é tão importante traçar o perfil do cliente assim que se inicia o desenvolvimento do projeto.

Segundo o brief, a marca tem um processo de fabricação praticamente feito todo à mão pela própria dona, com exceção do refile que precisa ser feito em uma gráfica. A empresa ainda não tem sede própria, sendo a produção feita na casa da proprietária, em Curitiba-PR.

Atualmente o portfólio da empresa contém apenas um tipo de sketchbook feito com tecido e fechamento em elástico, mas pretende-se expandir o portfólio de produtos com outros três tipos de sketchbooks9 que serão o principal diferencial da marca em relação aos concorrentes. Com a inserção desses três novos produtos pretende-se que a marca explore e incentive a criatividade, a diversão, o desenho, o pensamento livre e a imaginação.

O preço dos produtos, considerando custo de produção e lucro, varia entre R$ 10,00 e R$ 25,00 reais a unidade, o que se for comparado com outras marcas é um preço mais acessível que o praticado pelos concorrentes. Com a entrada dos novos produtos no portfólio, o preço tende a aumentar devido ao custo de produção e aumento do valor agregado, entretanto a intenção da cliente é continuar praticando preços acessíveis.

Figura 11: Materiais utilizados na encadernação e sketchbooks prontos Fonte: Autoria própria

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Optou-se por não citar mais detalhes, pois até o momento o projeto ainda está em fase de planejamento e desenvolvimento.

A marca não possui identidade visual, que é o principal motivo da marca ainda não ter sido lançada efetivamente no mercado. Enquanto a marca não possui um canal de vendas próprio, os sketchbooks são vendidos a pessoas próximas ou por indicação das mesmas.

A missão da empresa é oferecer sketchbooks de qualidade, que se caracteriza pelo acabamento bem finalizado e materiais de qualidade, com objetivo de estimular a criatividade e expressar um estilo de vida jovem, “antenado” e divertido.

4.3 PÚBLICO ALVO

O perfil do público que tem sido atingido e que pretende-se continuar atingindo são homens e mulheres entre 18 e 35 anos. Quanto ao nível de escolaridade, são pessoas que estão cursando o nível superior e pessoas com nível superior completo. Em geral são profissionais que trabalham em áreas criativas, como designer e publicitários, mas não necessariamente isso é uma restrição. Quanto à localização geográfica, pretende-se atingir em um primeiro momento o mercado curitibano e depois com o lançamento de uma loja virtual pretende-se expandir as vendas para todo o Brasil.

4.4 ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA

A fim de garantir o desenvolvimento de uma identidade visual original, criativa e pregnante para a marca de sketchbooks, foi realizada uma pesquisa de percepção das características de algumas marcas concorrentes. O objetivo não foi limitar a criatividade e a criação, mas sim entender possíveis padrões que são ou não bem recebidos ou que causem identificação pelo público alvo. Para isso as oito marcas (Figura 12: Marcas selecionadas: Moleskine, Cícero Papelaria, Corrupiola, Moleco, Cadernética, Arte no Papel, Libretto, Caderninhos do Ale Fonte: Autoria própria) anteriormente analisadas no capítulo 2 foram submetidas a uma pesquisa de percepção através de uma escala de diferencial semântico adaptada de Strunck (2007).

Figura 12: Marcas selecionadas: Moleskine, Cícero Papelaria, Corrupiola, Moleco, Cadernética, Arte no Papel, Libretto, Caderninhos do Ale

Fonte: Autoria própria

O entrevistado deveria assinalar com um x em um dos cinco quadrados que separavam os pares de conceitos (Figura 13). Apenas olhando a marca que estava sendo apresentada, deveria julgar se considerava que ela era, por exemplo, mais tradicional ou mais despojada e nos casos em que considerasse que a marca não tinha características específicas de cada conceito deveria marcar no quadrado sinalizado com 0.

Figura 13: Escala de Valores Fonte: Autoria própria

A entrevista foi realizada com dezenove pessoas que se encaixam no perfil do público-alvo. Cada um recebeu uma folha com as oito marcas e uma escala de diferencial semântico para cada marca. Sozinhos deveriam analisar as marcas,

mesmo que não as conhecessem e julgar cada um dos seis pares de conceitos para cada marca.

Gráfico 1: Percepção das oito marcas quanto aos conceitos tradicional e despojada

Fonte: Autoria própria

Gráfico 2: Percepção das oito marcas quanto aos conceitos vintage e moderna Fonte: Autoria própria

Gráfico 3: Percepção das oito marcas quanto aos conceitos adulta e infantil Fonte: Autoria própria

Gráfico 4: Percepção das oito marcas quanto aos conceitos simples e complexa Fonte: Autoria própria

Gráfico 5: Percepção das oito marcas quanto aos conceitos masculina e feminina Fonte: Autoria própria

Gráfico 6: Percepção das oito marcas quanto aos conceitos estática e dinâmica Fonte: Autoria própria

O que pode ser percebido é que houve um padrão de criação em quatro conceitos específicos. Segundo a pesquisa, 63% das marcas são consideradas despojadas (Gráfico 1), 50% das marcas tem um traço infantil (Gráfico 3), 62% foram consideradas simples (Gráfico 4) e 50% foram consideradas neutras quanto à definição de gênero (Gráfico 5). Os outros dois pares de conceitos não obtiveram resultados expressivos que pudessem ser considerados como padrões de criação. Nenhuma das marcas apresenta esses quatro conceitos ao mesmo tempo, sendo que Cadernética, Moleco, Arte no Papel e Libretto apresentam três dos quatro conceitos.

Um fato interessante observado é que a Moleskine, marca referência em sketchbooks no mundo, apresenta apenas um dos quatro conceitos predominantes da pesquisa, tendo sido considerada uma marca simples. Já a Cícero Papelaria, marca referência em sketchbooks no Brasil, apresenta dois dos conceitos: simples e sem gênero definido.

4.4.1 Análise da marca Moleskine

A marca Moleskine (Figura 14) é construída em um grid de 3 colunas por 3 linhas, sendo no canto superior esquerdo a letra M escrita com a fonte serifada utilizada no logotipo e nos outros oito espaços do grid tem-se quadrados com as bordas arredondadas. Oficialmente a marca é inteira preta, mas existem algumas utilizações onde uma imagem é sobreposta e os quadrados formam uma máscara de recorte. Segundo a pesquisa a marca passa uma sensação de ser adulta, simples e masculina. Tal resultado poderia ser atribuído à utilização do preto, da fonte serifada, de formas geométricas e grid marcado.

Figura 14: Marca Moleskine Fonte: Site Moleskine

4.4.2 Análise da marca Cicero Papelaria

A marca Cicero Papelaria (Figura 15) e composta pela letra C envolta por círculos como se fosse um selo ou carimbo. Embaixo do símbolo tem-se o nome escrito em fonte serifada, possivelmente da família tipográfica Trajan, que é uma fonte comumente utilizada em campanhas políticas e Universidades. Em geral a marca é utilizada em branco, mas como a Moleskine, tem-se a possibilidade de usar uma textura aplicada na marca. Segundo a pesquisa a marca foi considerada tradicional, vintage, adulta, simples e estática, tal resultado pode ser atribuído ao fato da marca utilizar formas simples em sua composição, como os círculos que representam um selo e ao fato de usar uma família tipográfica tradicional e conhecida por sua seriedade.

Figura 15: Marca Cicero Papelaria Fonte: Site Cicero Papelaria

4.4.3 Análise da marca Corrupiola

A marca Corrupiola (Figura 16) é composta por um símbolo em formato de guarda-chuva, que ao mesmo tempo remete à silhueta de um morcego e um logotipo com o nome escrito em uma fonte fantasia e o slogan escrito em uma fonte manuscrita. A marca é em geral utilizada em preto, mas pode ser aplicada em outras cores, por exemplo a aplicação da marca em serigrafia colorida na capa de um dos produtos. Segundo a pesquisa a marca foi considerada despojada, infantil e feminina. Tal resultado poderia ser atribuído ao símbolo descontraído e à utilização da fonte fantasia no nome e da fonte manuscrita no slogan.

Figura 16: marca Corrupiola Fonte: site Corrupiola

4.4.4 Análise da marca Libretto

A marca Libretto (Figura 17) é composta por um símbolo quadrado com três pontas arredondadas e um desenho em forma da letra D deitada dentro da forma geométrica e pelo logotipo, que provavelmente foi desenhado para a marca, encaixado embaixo do símbolo. As cores utilizadas são quentes, sendo um contorno em volta da marca em vermelho e a marca em si em um tom creme puxado para o vermelho. Segundo a pesquisa a marca é despojada, moderna e complexa. Tal resultado poderia ser atribuído ao símbolo, que representa um rosto feliz, em conjunto do logotipo formando assim blocos de informações.

Figura 17: Marca Libretto Fonte: Site Libretto

4.4.5 Análise da marca Moleco

A marca Moleco (Figura 18) apresenta apenas o logotipo e o slogan. Ambos utilizam uma fonte que parece ser feita à mão, como um doodle. A cor utilizada é verde, pois se tratar de uma marca que se posiciona como ecológica. Segundo a pesquisa a marca foi considerada simples e estática. Tal resultado poderia ser atribuído ao fato da marca apenas apresentar logotipo.

Figura 18: Marca Moleco Fonte: Site Moleco

4.4.6 Análise da marca Cadernética

A marca Cadernética (Figura 19) é composta por letras como se tivesse sido feito uma colagem de recortes de revista. As letras estão em preto, mas o fundo utilizado é um verde vibrante que remete ao verde das telas digitais. Segundo a pesquisa a marca foi considerada despojada, infantil, e dinâmica. Tal resultado poderia ser atribuído à irreverência da construção da marca com elementos encaixados que dão a impressão que estão soltos e podem ser deslocados.

Figura 19: Marca Cadernética Fonte: Site Cadernética

4.4.7 Análise da marca Arte no Papel

A marca Arte no Papel (Figura 20) apresenta o símbolo em forma de uma folha curvada como se estivesse caindo, dentro da folha tem-se o desenho de um coração. O logotipo está escrito em uma fonte fantasia que conversa com fontes manuscritas. Logo abaixo do logotipo tem-se o slogan escrito com a mesma fonte do nome. As cores utilizadas quentes e frias, sendo o vermelho mais fechado e o ciano. Segundo a pesquisa a marca foi considerada despojada, infantil, simples e feminina.

Tal resultado poderia ser atribuído ao uso de formas e traços simples que se assemelham a desenhos infantis.

Figura 20: Marca Arte no Papel Fonte: Site Arte no Papel

4.4.8 Análise da marca Caderninhos do Ale

A marca Caderninhos do Ale (Figura 21) é composta apenas por símbolo em preto. A figura, que é feita com linhas finas e formas geométricas, remete ao desenho de uma montanha e uma lua se pondo nessa montanha. Uma possível referência para a construção da marca, são os monogramas utilizados por artistas para identificar suas obras. Na pesquisa a marca foi considerada despojada, moderna, adulta, simples e masculina. Tal resultado poderia ser atribuído ao fato da marca ser composta por forma geométricas e sóbrias e ao fato de ser uma marca incomum ao que tange a utilização apenas de símbolo.

Figura 21: Marca Caderninhos do Ale Fonte: Site Caderninhos do Ale

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