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A síntese da situação de projeto se dá a partir do estabelecimento dos requisitos e das restrições da situação de projeto.

Por requisitos entendemos aquelas demandas, definidas ou não pelo cliente, que justificam a elaboração do problema.

As restrições se referem àqueles aspectos limitadores ou proibitivos da situação de projeto – incluindo exigências e carência de recursos operacionais, financeiros e tecnológicos. (Peón, 2009, p.51)

Quanto aos requisitos, o brief levantou três pontos que deverão ser levados em conta na hora do desenvolvimento da identidade visual. O primeiro ponto diz respeito às cores, a paleta cromática deverá ser composta por cores vivas. O segundo ponto diz respeito ao uso, a marca deve funcionar bem em mídia impressa e digital. O terceiro ponto faz referência à personalidade da marca, que deve passar a imagem de uma marca jovem e amigável.

Para os requisitos, o brief citou 4 itens. O primeiro, em relação à cor, diz que não se deve usar tons pasteis. O segundo item diz respeito ao posicionamento da marca, pede-se que os sketchbooks não sejam apresentados como artesanato. O terceiro ponto e mais importante diz respeito aos Moleskines, foi enfatizado que não se deve fazer referência à essa marca seja no nome, na identidade visual, na linguagem, etc. O quarto e último item diz respeito ao orçamento do projeto, é necessário desenvolver um projeto visando sempre as soluções mais baratas ou que não tenham custo, como as soluções em meio digital.

5 CONCEPÇÃO

5.1 NOME

Criar um nome para uma empresa não é um processo fácil, demanda tempo e conhecimento. É preciso criar uma grande lista de opções para que apenas algumas sejam boas e estejam adequadas ao perfil da empresa. Segundo Sebastiany (2009) um nome precisa ser, antes de qualquer coisa, pregnante, que se fixe na memória e seja fácil de ser memorizado. Também precisa causar uma boa primeira impressão, para Sebastiany (2009) isto é mais importante que ter um significado elaborado, afinal a grande maioria dos clientes não chegarão a ter conhecimento do significado do nome.

Para a concepção do nome foi realizada uma pesquisa para identificar nomes de marcas já existentes de sketchbook (Tabela 4: Classificação de nomes dos concorrentes), dentre as marcas que foram encontradas, percebeu-se que três conceitos se repetiam em alguns nomes: o conceito de papelaria – caderno, papel - o conceito de organização e nomes próprios.

Tabela 4: Classificação de nomes dos concorrentes

Organização Papelaria Nomes próprios Outros

Lilou Estúdio Noderca Tê Pires Zoopress

Atelier Eureka O velho Livreiro Cícero Papelaria One Cutti’n Studio Arte no Papel Maria Papel Design Feito à mão

Papeando Caderninhos do Ale Corrupiola

Caderno Listrado Moleskine

Cadernética Moleco

Craft e Canela Fonte: Autoria própria

Como apresentado anteriormente, um dos pontos levantados no brief determinava que não fosse feito nenhuma referência à Moleskine no desenvolvimento deste projeto. Considerando esta restrição e considerando os padrões encontrados na lista de nomes, definiu-se três critérios que serviriam como

eliminatórios no fim do processo a fim de encontrar uma solução que fosse diferenciada das demais:

 Não usar nomes próprios.

 Não usar o conceito de papelaria.

 Não usar a palavra moleskine para formar outras palavras

Na fase de brainstorm nenhuma ideia foi excluída a principio, a fim de não esgotar as possibilidades. No primeiro momento foram enunciados alguns termos que de alguma forma teriam alguma ligação com sketchbooks. Os conceitos foram: papel, arte, criatividade, tecido, invenção, desenho, objeto e caderno. A partir desses termos foi gerada uma lista de opções que poderiam ser escolhidas como nome ou que pudessem ser ligadas para formar uma nova palavra. Em um segundo momento foram listadas opções que não teriam ligação com sketchbook, mas que teriam um potencial considerando originalidade, agradabilidade e sonoridade.

Tabela 5: Opções de nomes

Kadernum Fábrica de Papéis Dzenho Fora da Caixa

Kaderno Baleia Yup Textura

Caderno de Bolso Pitanga Scriptorium Risco e Rabisco

Sem Padrão Vento Meu caderno Idée

Usina de Sonhos Invento Caderno de Sonhos Cérebro de Bolso

Catavento Invente Projeto ilustrado B-Shert

Papeleiro Anima Book Síntese To Think

Estante Anotou? Coletivo 4 Queer

Rapozoide IN Papiro Repositório

Projetoca Baú JumpCat

Fonte: Autoria própria

Após a primeira triagem foram selecionadas algumas opções (Tabela 5) que foram analisadas em relação à escrita, à pronúncia e aos três itens citados

anteriormente e por fim a opção escolhida foi Invento. A palavra invento passou nos três quesitos eliminatórios e foi considerada breve o suficiente para ser lembrada, agradável de ser ouvida e falada, fácil de ser escrita e original quando comparada aos concorrentes.

A palavra invento carrega na sua sonoridade a lembrança do vento, portanto as folhas ao vento que se perdem facilmente, agora ficarão guardadas em um Invento e não se perderão. Toda grande ideia ou invenção também se perde quando simplesmente não é anotada, é por isso que grandes pintores, escritores e inventores registravam e ainda registram suas ideias e desenhos em sketchbooks, sendo assim Invento pode ser também o resultado de uma experiência: um invento, uma invenção, algo a ser anotado para não ser esquecido.

5.2 CONCEITOS

Para iniciar a geração de alternativas para a identidade visual, foram esquematizados 3 mapas mentais (Figuras 22 a 24) através de brainstorms feitos com 3 palavras chaves: vento, invenção e sketchbook. As palavras vento e invenção foram escolhidas a partir do nome Invento e a palavra sketchbook por se tratar do produto da marca. Segundo Airey (2010, p.90) esse é um processo simples de associação de palavras:

Você escreve uma palavra que é central para o design e começa expandir o mapa a partir dela, escrevendo outras palavras que surgem na sua mente. Essas palavras adicionais podem aparecer após pensar um pouco ou depois de pesquisar o tópico central. A ideia é juntar o maior número possível de palavras, dando-lhe uma forte ferramenta como base para quando você for passar para o estágio seguinte – desenhar.

Figura 22: Mapa mental para a palavra sketchbook Fonte: Autoria própria

Figura 23: Mapa mental para a palavra vento Fonte: Autoria própria

Figura 24: Mapa Mental para a palavra invenção Fonte: Autoria própria

Através do mapa mental e de informações contidas no brief foi possível confeccionar um moodboard (Figura 25), ou painel semântico, que consiste em um painel de imagens que representam alguns conceitos escolhidos para se transmitir no projeto que se está desenvolvendo. No painel semântico do desenvolvimento da identidade visual da marca Invento foram representados o vento, a brisa, o estilo de vida jovem, as cores fortes, o feito à mão e o lettering.

Figura 25: Painel semântico Fonte: Autoria própria

5.3 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

Após análise dos mapas mentais e moodboard, iniciou-se o processo de geração de alternativas. Airey (2010) recomenda que é importante primeiro desenvolvermos alternativas à mão e só depois passar para o computador, pois assim temos mais liberdade de criação. Por isso, para o desenvolvimento da marca Invento procurou-se explorar alguns caminhos criativos à mão até que fosse encontrada a solução mais adequada e só depois disso a solução fosse aperfeiçoada e finalizada no computador.

Os primeiros esboços da marca foram estudos da representação do nome, pois optou-se por desenhar o logotipo, assim como o símbolo seria posteriormente desenhado. Por se tratar de uma marca de sketchbook, uma das ferramentas mais utilizadas para desenhar, anotar ideias e fazer doodles, considerou-se que um logotipo desenhado transmitiria o conceito de feito à mão e por se assemelhar a letterings, como ilustrado no moodboard, seria facilmente aceito pelo público-alvo.

Para o desenho do logotipo (Figura 26) foram utilizados diferentes materiais de desenho, assim seria possível testar mais de uma possibilidade de estilos de letras e também para aproveitar da melhor forma possível o traço da autora e proprietária da marca, com isso o resultado seria um logotipo único e singular.

Figura 26: Estudos do logotipo com grafite, pena, caneta nankin e Brush Pen

Com algumas opções de logotipos desenvolvidos, iniciou-se a geração de alternativas para o símbolo da marca (Figura 27) em conjunto de algumas opções de logotipo. Procurou-se representar os conceitos de vento e invenção através de folhas voando, penas, balões de ar quente, lâmpadas, sketchbooks ao vento, etc. Para o símbolo foi considerado que o conceito de feito à mão estaria intrínseco a ele através do traço ou da percepção do todo, por isso nenhuma opção trouxe objetivamente a representação de objetos como linha, agulha, ferramentas de encadernação, etc.

Figura 27: Rascunhos Fonte: Autoria própria

5.4 OPÇÃO ESCOLHIDA

Dentre as opções de símbolo, a escolhida foi a que retratava o balão de ar quente, por juntar os conceitos de invenção e vento na mesma alternativa. O balão

de ar quente, diferente de um avião, por exemplo, não é visto como uma máquina ou um meio de transporte, o balão é uma invenção simples e considerou-se que seu uso está atrelado a um momento de descontração, além de ter uma imagem jovial e amigável.

A partir da escolha do balão foram geradas novas alternativas combinando o símbolo e o logotipo (Figura 28). Optou-se por desenhar o balão com traços simples para combinar com a tipografia desenhada à mão. Segundo Airey (2010, p.22)

A solução mais simples é geralmente a mais eficaz. Por quê? Porque um logo simples ajuda a atender a maioria das demais exigências de um projeto. A simplicidade ajuda um projeto a ser mais versátil. Adaptar uma abordagem minimalista permite que o seu logo seja usado em uma grande variedade de suportes, como em cartões de visita, cartazes, crachá e até mesmo num pequeno ícone (favicon) de um site da internet.

Figura 28: Estudos de balões e da composição da marca Fonte: Autoria própria

Algumas opções ao longo dos estudos foram descartadas por não estarem de acordo com a visão que se almeja para a marca. Em definição em conjunto com o professor orientador, a opção escolhida foi a que representa o balão visto de baixo. Optou-se por essa opção por se tratar de uma representação diferente do modo que geralmente o balão é representado e pela sensação que transmite de estar sendo carregado pelo vento (Figura 29):

Figura 29: Estudo da marca escolhido Fonte: Autoria própria

Para o logotipo duas opções se destacaram entre os estudos, que foram vetorizados para então ser feita a escolha baseada em uma representação mais próxima ao resultado final (Figura 30).

Figura 30: Opções finais vetorizadas Fonte: Autoria própria

Para escolha final da marca, foram consultadas algumas pessoas que fazem parte do público-alvo e que são designer. A opção que agradou a maioria foi a primeira (Figura 30), sendo apontado que faltava inserir detalhes no centro do balão para que a forma tivesse mais volume. Alguns estudos foram realizados e não obtiveram um resultado satisfatório, sendo assim optou-se por simplificar a forma, o que diminuiria o estranhamento quanto à falta de volume do balão. Foram feitos ajustes no logotipo para que desse a impressão que ele estava acompanhando o vento e no cesto para reforçar a ideia que o balão estava sendo visto de baixo. O resultado final pode ser visto a seguir (Figura 31).

Figura 31: Resultado final da marca na versão horizontal e vertical Fonte: Autoria própria

O balão, assim como a tipografia, tem variações de espessura no traço para preservar a ideia de que foi desenhado à mão. Foram feitos estudos onde o balão foi preenchido com preto e com outras cores, mas considerou-se que ficava muito pesado e desequilibrava a composição, entretanto em alguns casos é possível brincar com o preenchimento da forma (Figura 32):

Figura 32: Estudo de preenchimento Fonte: Autoria própria

A marca pode ser utilizada em sua versão horizontal e vertical, para tal aconselha-se que cada caso seja analisado separadamente, assim sendo feita a escolha da versão que melhor se adapte no material que está sendo desenvolvido.

5.4.1 Teste e validação da marca

A marca finalizada (Figura 31) foi submetida à mesma escala de diferencial semântico (Figura 13) que os concorrentes, para que fosse entendido qual é a percepção do público-alvo em relação à marca que foi desenvolvida.

Segundo a pesquisa, que foi respondida por 21 pessoas, a marca foi considerada despojada por 71% do público-alvo (Gráfico 7). No segundo item, foi considerada neutra por 38% e moderna também por 38% do público (Gráfico 8). A seguir a marca foi considerada infantil por 43%, neutra por 29% e adulta por 28% das pessoas (Gráfico 9). No quarto item 62% das pessoas consideraram a marca simples (Gráfico 10). No quinto item a marca foi considerada neutra por 43% e feminina também por 43% dos entrevistados (Gráfico 11). No último quesito a marca foi considerada dinâmica por 86% do público-alvo (Gráfico 12).

Gráfico 7: Percepção da marca Invento quanto aos conceitos tradicional e despojada

Fonte: Autoria Própria

Gráfico 8: Percepção da marca Invento quanto aos conceitos vintage e moderna Fonte: Autoria Própria

Gráfico 9: Percepção da marca Invento quanto aos conceitos adulta e infantil Fonte: Autoria Própria

Gráfico 10: Percepção da marca Invento quanto aos conceitos simples e complexa Fonte: Autoria Própria

Gráfico 11: Percepção da marca Invento quanto aos conceitos masculina e feminina Fonte: Autoria Própria

Gráfico 12: Percepção da marca Invento quanto aos conceitos estática e dinâmica Fonte: Autoria Própria

A pesquisa, mesmo com um número limitado de respostas, teve um resultado satisfatório por a marca ter sido considerada pela maioria despojada, simples e dinâmica. Acredita-se que inserida no sistema de identidade visual a percepção do público-alvo modifique em relação ao item 3, assim a porcentagem de pessoas que consideram a marca infantil diminuiria.

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