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41 Capítulo

4.1 Metodologia da investigação

A metodologia de pesquisa torna-se imprescindível em qualquer trabalho de investigação, pois é através dela que se estudam, descrevem e explicam todas as etapas que se vão processar. Este capítulo vai representar uma importante e decisiva fase do trabalho de investigação, pois constitui o elo de ligação entre a teoria e a prática. A este respeito Quivy e Campenhoudt (1992), dizem que num estudo científico é fundamental a apresentação de todos os passos dados, a explicação de todos os elementos utilizados, assim como a forma de levar a investigação a termo. Assim, segundo Polit e Hungler (1995), a metodologia científica refere-se a um conjunto genérico de procedimentos ordenados e disciplinados, de modo a alcançar o propósito geral da investigação que é o de “responder a questões ou solucionar problemas”.

O presente capítulo descreve os procedimentos metodológicos, com particular enfoque no método e na natureza da pesquisa, na estratégia, no foco da investigação, assim como nas técnicas de análise de dados que foram aplicadas. No que respeita à investigação, foi desenvolvida uma metodologia de investigação mista para atingir os objetivos definidos. Esta será apresentada através de um conjunto de pontos, entre os quais o tipo de estudo, as questões de investigação, as variáveis, a amostra, o instrumento de recolha dos dados (o pré-teste) e a análise dos dados. A este respeito, segundo Sampieri et al. (2006), a investigação é um trabalho que requer muito cuidado e rigor e por isso, a necessidade de se definir um caminho ou uma metodologia para a sua execução. De acordo com esta perspetiva, só assim é possível produzir conhecimento e resolver problemas práticos. Para tal, a investigação tem que ser definida passo a passo, começando por identificar e fazer o desenho da investigação que se pretende efetuar, conforme apresentado anteriormente na Figura 1, constante no capítulo 1, ponto 1.3 – desenho da investigação e estrutura da tese.

De acordo com Rebelo (2006), a escolha de um determinado tipo de método, tem sempre vantagens e desvantagens, no entanto, partindo do pressuposto de que não há apenas “uma boa forma de fazer ciência”, há “várias formas”, o importante é saber identificar a metodologia que melhor se adequa aos objetivos da investigação, bem como, reconhecer o tipo e o rigor de conclusões e inferências que se podem retirar dos resultados do estudo, sem comprometer a sua cientificidade.

De acordo com Creswell (2009), existem três abordagens principais de pesquisa: abordagem qualitativa, abordagem quantitativa e a abordagem mista.

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A pesquisa quantitativa é altamente formal. As variáveis em questão são isoladas e divididas em grupos e são submetidas a um determinado tratamento estatístico para apurar a influência de uma dada consulta (Creswell, 2009). Para o mesmo autor, a pesquisa quantitativa não acontece num cenário natural e o controlo dos fatores pode influenciar o resultado.

A abordagem qualitativa, por outro lado, é de natureza holística e exploratória (UNISA, 2009). De acordo com Creswell (2009), esta abordagem permite uma análise sistemática e a observação de factos no ambiente natural. Este tipo de abordagem é interpretativo por natureza e pela construção de padrões, o pesquisador é capaz de interpretar o que perceciona, o que ouve e o que vê durante a pesquisa. De acordo com Neuman (2002) e Kothari (2004), este tipo de abordagem também abre espaço para variáveis flexíveis que podem alterar os objetivos ao longo do caminho, o que também dará oportunidades à pesquisa para registrar eventos inesperados, que aumentam a riqueza dos resultados. Devido ao ambiente natural onde ocorre, o pesquisador poderá observar formas de comportamento, como ocorre e quando ocorre.

O uso de múltiplos métodos de investigação que combinam os dois primeiros tipos de pesquisa como sejam a qualitativa e quantitativa dá origem ao chamado método misto de pesquisa científica. De acordo com Creswell (2009), o método misto surge, a partir da necessidade de se esclarecerem questões e de se promover a compreensão de análises complexas a partir da reunião de dados qualitativos e quantitativos, numa única pesquisa. Nestes casos, os resultados de um método específico podem auxiliar a identificar os participantes ou a orientar as perguntas a serem feitas pelo outro método. Logo, tanto os dados qualitativos como os dados quantitativos podem confluir para um grande banco de dados ou serem utilizados para se reforçarem uns aos outros, como por exemplo, utilizando citações qualitativas para corroborar com resultados estatísticos obtidos na parte quantitativa. Ainda de acordo com Creswell (2009), quando se compara o uso do método misto com os métodos qualitativo e quantitativo, é possível verificar-se que, se o pesquisador ficar restrito apenas a uma abordagem metodológica isto pode comprometer o estudo do fenómeno em análise.

Creswell (2009) refere ainda três formas do método misto poder ser utilizado: o método misto sequencial, o método misto concomitante e o método misto transformativo.

O método misto sequencial é aquele em que o pesquisador procura desenvolver ou expandir os dados de um método com os de outro método. Este processo pode, por exemplo, iniciar- se com uma entrevista qualitativa com objetivos exploratórios e continuar com um método quantitativo, de levantamento de dados com uma amostra mais robusta, para que o pesquisador consiga generalizar os resultados para a população alvo. Uma outra possibilidade no método misto sequencial consiste na pesquisa iniciar-se com o método quantitativo, no qual algumas abordagens teóricas ou construtos são testados, passando esta abordagem a ser seguida por um método qualitativo que envolva uma exploração mais detalhada de alguns casos.

O método misto concomitante é aquele em que o pesquisador converge ou mistura dados quantitativos e qualitativos para realizar uma análise abrangente do problema de investigação. Neste modelo, o pesquisador recolhe dados de ambas as formas, ao mesmo

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tempo e posteriormente incorpora as informações na interpretação dos resultados. De acordo com Creswell (2009), é possível afirmar-se que no método misto concomitante, pode-se combinar-se uma recolha de dados menor com uma outra recolha de dados maior para analisar diferentes tipos de questões.

O método misto transformativo configura-se como aquele em que o pesquisador utiliza o enfoque teórico como uma perspetiva mais abrangente numa tese que contemple tanto dados quantitativos como qualitativos. Este enfoque proporciona uma estrutura para tópicos de interesse, métodos para recolha de dados e para o apuramento de resultados ou mudanças que venham a ser previstas no decorrer do estudo. Conforme Creswell (2009) afirma, dentro deste enfoque pode haver um método de recolha de dados que envolva uma abordagem sequencial ou concomitante.

Para a execução desta tese foi adotado o método misto sequencial, composto por duas etapas: a primeira qualitativa e a segunda quantitativa. Na etapa qualitativa, foram realizadas entrevistas com comandantes de Corpos de Bombeiros Voluntários, que têm sob a sua responsabilidade toda a gestão operacional de característica dos Corpos de Bombeiros Voluntários em Portugal. Para a realização das entrevistas foi desenvolvido um guião de entrevista semiestruturada, com questões em aberto. A partir da análise dessas entrevistas elaborou-se um questionário estruturado e fechado que foi aplicado na etapa quantitativa da pesquisa, aos bombeiros voluntários.