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Fonte: Elaboração própria do autor

5.1.5 Súmula dos resultados qualitativos

Apurada a prevalência dos 13 indicadores de partilha de conhecimento tácito, e de acordo com os testemunhos dos comandantes dos CBs alvo deste estudo, é possível verificar que apenas quatro destes indicadores se verificam claramente como existentes na maioria dos CBs entrevistados. Trata-se dos indicadores “rede de relacionamento”, “armazenagem do conhecimento”, “tipo de conhecimento valorizado” e “comunicação”. Desta forma, podemos afirmar que, nestas organizações, tendencialmente, existe conhecimento sobre quem necessita e quem detém o conhecimento tácito e a experiência; que a maior parte do conhecimento se encontra “armazenado” nas pessoas e não em suportes físicos, materiais ou tecnológicos; que prevalece uma cultura de abertura a sugestões ou ideias novas, ainda que estas não sejam suportadas em fatos ou dados concretos; e finalmente, que são as conversas formais que prevalecem como principal forma de comunicação dentro dos CBs. A tendência para a prevalência destes indicadores é favorável à partilha de conhecimento tácito nestas organizações.

O indicador “ambiente favorável ao questionamento” é mencionado apenas por metade dos entrevistados, o que equivale a dizer que em metade das organizações estudadas prevalece um ambiente de abertura ao questionamento junto de colegas, superiores hierárquicos ou subordinados, tendo em vista o aumento de conhecimento dos indivíduos que o procuram.

Os restantes 8 indicadores não se verificam na generalidade dos CBs entrevistados, facto que nos indica que tendencialmente a partilha de conhecimento tácito, tendencialmente, não é uma prática comum ou regular nestas organizações. Os indicadores “reconhecimento e recompensa” e “tipo de treino para a tarefa” não foram identificados como prevalentes em nenhum dos oito CBs alvo deste estudo.

Numa análise à realidade de cada CB individualmente, a única organização que apresenta uma listagem de indicadores onde a partilha de conhecimento tácito efetivamente ocorre é o CB Penela. Nesta organização, verificam-se 9 dos 13 indicadores em estudo. De referir que este foi o único CB que afirmou ter um plano de gestão da qualidade em implementação há diversos anos. Nos restantes 7 CBs a maioria dos indicadores não se verifica, sendo que, no caso dos CB Anadia e CB Góis, apenas se verificam 3 indicadores; no CB Miranda do Corvo apenas se verificam 4 indicadores, e nos CBs de Brasfemes, Oliveira

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do Hospital e Guarda apenas se verificam 5 indicadores.

Face ao apuramento destes dados, é importante perceber se os entrevistados demonstram intenção e disponibilidade para encetarem esforços que conduzam a um aumento de partilha de conhecimento tácito como forma de incremento da aprendizagem organizacional. Assim, é possível apurar que, ainda que da análise dos indicadores se conclua que não ocorra partilha de conhecimento tácito no seio dos CBs, tendencialmente existe disponibilidade e intenção da parte destes comandantes para que essa partilha, de futuro, possa vir a acontecer. Contudo, essa disponibilidade e intenção não se verificam nos CBs de Oliveira do Hospital, Guarda e Miranda do Corvo, CBs onde já tinha sido possível apurar a não existência de partilha de conhecimento tácito, através da análise dos indicadores. É assim possível concluir que nestes 3 CBs, o cenário de não existência de partilha de conhecimento tácito é agravado pela ausência de prevalência dos facilitadores em estudo.

Apurada a prevalência dos indicadores e dos facilitadores, interessa analisar as barreiras, de acordo com as suas diferentes tipologias, que se levantam a uma mais efetiva partilha de conhecimento tácito no seio dos CBs.

Relativamente às principais barreiras individuais, os entrevistados apresentam respostas muito dispares, de acordo com diversos dados enquadradores da realidade social, económica, demográfica e geográfica em que o seu CB se insere. Apenas 6 das 21 potenciais barreiras equacionadas para este estudo não foram assinaladas por nenhum entrevistado. As barreiras individuais mais frequentemente identificadas pelos entrevistados são a falta de tempo para a partilha de conhecimento e a coexistência no seio da organização de diferentes gerações ou de elementos com grande diferença de idades. Cada uma destas barreiras é identificada por metade dos entrevistados.

Quanto restantes barreiras individuais apontadas pelos entrevistados, importa dizer que 5 destas barreiras são identificadas em dois CBs. Trata-se da falta de tempo para identificar os colegas que precisam de conhecimento, a partilha de conhecimento ser vista como uma sobrecarga da informação já existente e disponível, a coexistência de diferentes níveis de experiência nos diversos elementos da organização, a coexistência de diferentes níveis de escolaridade nos elementos da organização e a falta de confiança no rigor e na credibilidade dos conhecimentos dos outros elementos.

Quanto às barreiras organizacionais, das 12 possibilidade de resposta, e tendo uma vez mais presente a heterogeneidade das características dos CBs sobre cujos comandantes recaiu esta recolha de dados via entrevistas, é possível perceber que estas se centram essencialmente em duas grandes barreiras organizacionais, referidas por uma clara maioria de entrevistados e que cinco potenciais barreiras organizacionais sugeridas como possibilidade de resposta não foram mencionadas por nenhum entrevistado.

A barreira organizacional mais referenciada, com seis entrevistados a mencionarem esta questão, é a que nos indica que as iniciativas de partilha de conhecimento não são reconhecidas ou recompensadas. Para além da maior prevalência desta barreira nas respostas dos entrevistados, uma outra barreira surge com muitas referências, cinco, no total dos entrevistados. Trata-se da barreira organizacional que nos remete para a baixa

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taxa de retenção de conhecimento por parte dos elementos mais experientes.

No que respeita às barreiras tecnológicas, não obstante o presente estudo ter apresentado como possibilidade 6 barreiras possíveis, é possível apurar que as respostas se centram essencialmente em redor de três barreiras tecnológicas, referidas por três entrevistados e que apenas uma potencial barreira tecnológica sugerida como possibilidade de resposta não foi mencionada por nenhum entrevistado. As barreiras tecnológicas mais referenciadas, são as que nos indicam que as tecnologias de informação não são adequadas para comunicar com os membros da organização, que o seu manuseamento é difícil e que o suporte técnico não é o suficiente para a boa utilização das tecnologias existentes.

Por fim, a retenção de conhecimento por via das lições apreendidas na sequência de eventos operacionais marcantes está em linha com tendencial falta de prevalência de indicadores de partilha de conhecimento tácito, uma vez que é possível perceber que tendencialmente, as mesmas não se verificam. A este respeito é possível apurar que dos 6 itens de análise, apenas as “alterações na atuação pela análise de evento marcante” é implementado pelos CBs, o que significa que os restantes 5 itens de análise das lições apreendidas não se verificam, o que contribui para as dificuldades de incremento de aprendizagem organizacional.