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CAPÍTULO 4

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 O paradigma da pesquisa

Nesta seção introdutória que aqui intitulamos sob o título, metodologia, a tomaremos articulando o seu “eixo heurístico” principiando pela ideia de paradigma. Para isso pensamos ser necessário aflorar um pouco sobre a questão paradigmática. A Antropologia e a “crise

dos modelos explicativos, da obra “O Trabalho do Antropólogo”, encontro uma nota do seu

autor Roberto Cardoso de Oliveira que propondo discernir “modelo explicativo” da teoria, nos diz que o primeiro “equivale a paradigma” (OLIVEIRA, 2006, p. 53).

Inspirados por essa ideia de “modelo explicativo” tomada à Oliveira (2006), nossa

proposição paradigmática repousa na etnopesquisa crítica e multirreferencial. Isto porque toda pretensão, no esforço de interpretar e compreender um fenômeno, um fato ou evento em estudo passa pelo olhar, condição primária do sujeito-pesquisador. O olhar, aqui, entendido não se submete a condição de atos meramente ópticos como ver ou enxergar. Vai mais além, o olhar orientado, carregado de sentido. Também que se diga, um olhar criador de condições para que o sujeito/espreitante, pesquisador vigilante, se lance sobre o sujeito/objeto espreitado da pesquisa. Um olhar, enfim, como “ato cognitivo” e “disciplinado”, pelas ciências e esses movimentos se permitindo de um jeito muito próprio atingir a realidade de pessoas de um grupo ou comunidade.

Para isso Oliveira (2006) afirma: “[...] seja qual for o objeto, ele não escapa de ser apreendido pelo esquema conceitual da disciplina formadora de nossa maneira de ver a realidade” (OLIVEIRA, 2006, p. 19). Portanto, nossa percepção só se realiza com o olhar disciplinado da ciência, de uma dada ciência, a exemplo da antropologia segundo Oliveira (2000).

Essa condição leva o sujeito/pesquisador a perceber e pensar possibilidades de conhecer e apreender mais sobre o sujeito/pesquisado. Nos agrada o seguinte aforismo “[...]

sem percepção e pensamento como então podemos conhecer?” (OLIVEIRA, 2006, p. 18). O ato de conhecer é uma relação intersubjetiva não devendo dar lugar à rivalidades paradigmáticas. Nesse sentido, o termo paradigmático parte da etnopesquisa crítica e

multirreferencial. Ela conta em seu favor a não priorização de uma episteme em detrimento de outras demais. Pensando assim, a etnopesquisa crítica multirreferencial assume e aposta não na ruptura epistemológica, se caracterizando por uma polifonia para fazer emergir a intersubjetividade do ato cognitivo do olhar aqui assumido e dirigido do sujeito-pesquisador ao sujeito/objeto da pesquisa.

As atitudes cognitivas a exemplo do olhar, da percepção, da análise e do escrever são melhor resumidas no processo de diálogo relacional via etnopesquisa multirreferencial que permite ao etnopesquisador um entrelaçamento do ato de perceber e apreender o pensado. Seja até mesmo sobre as formas mais diferentes de expressões humanas, tais com sinais, símbolos, gravuras, arte rupestres, etc.

O estudo das Itacoatiaras considera as dimensões histórica, antropológica e cultural no contexto de uma Estética da memória no campo Signo-gráfico do Imaginário primitivo do homem Agreste. Para atender as proposições objetivadas, o método foi exploratório e a pesquisa do tipo bibliográfico como escopo em vista de que o tema “[...] é pouco trabalhado, sendo difícil a formulação e a operacionalização de hipóteses” (OLIVEIRA, 2011).

Pensando assim, nossa temática, a Antropestética da Memória: dimensões e expressões das signosgravura como elementos do imaginário pela sua natureza complexa convoca e pede uma abordagem exploratório-qualitativa.

Desse modo, o método dialético de base epistemológica foi associado à pesquisa de base fundamental ou teórica, uma vez que sua base conceitual não vendo os objetos do mundo e o homem de modo fixos e nem isolados, mas sim em permanente conexão no leito do vir a ser, em outras palavras, o novo, no presente estudo concebe seu paradigma ou “modelo explicativo” a etnopesquisa crítica multirreferencial que permitindo utilizar o método dialético articulado à hermenêutica dá-lhe maior flexibilidade de diálogo intersubjetivo na relação sujeito-pesquisador e o sujeito-pesquisado. Tal ousadia carrega em si uma lição nos dada por Leff (2007): “[...] a renúncia ao fechamento dogmático, ao conformismo do pensamento e a finalização do saber é o fio condutor (...) que permite extraditar o pensado em cada momento e as portas do pensamento para novos horizontes do saber [...]” (LEFF, 2007, p. 10).

Então, o olhar orientado pela etnopesquisa crítica cumpre e faz o etnopesquisador entender que “[...] é inerente à observação direta de características qualitativas chegar o mais

perto possível do sujeito, tentando apreender sua visão de mundo ou mesmo dos significados que atribuem a realidade bem como suas ações” (MACEDO, 2000, p. 151).

4.2 Métodos e técnicas

O estudo das Itacoatiaras considerou a dimensão histórica, antropológica e cultural no contexto de uma Estética da memória no campo Signográfico do Imaginário do homem primitivo do Agreste. Para atender as proposições objetivadas, o método dialético exploratório foi o escopo em vista de que o tema como “[...] é pouco trabalhado, torna-se difícil a formulação e a operacionalização de hipóteses” (OLIVEIRA, 2011); Por outro lado, assumimos o caráter exploratório em decorrência da temática não ser explorada, ausência de dados estatísticos dependendo para as explicações o emprego do recurso bibliográfico pertinente ao estudo que envolve o fenômeno linguístico cultural manifestado através das Itacoatiaras. Exigiu-nos, ainda, essa pesquisa, que a abordagem de natureza predominante fosse a qualitativa, pois “[...] a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados, são básicos no processo da pesquisa [...]” (SILVA, 2001). Nesse proceder, ocorreram revisões bibliográficas, suporte decisivo na interpretação, visitas ao local e realização de ensaios fotográficos do ambiente e posterior tratamento das imagens.

4.3 Principais Instrumentos de Pesquisa

Essa pesquisa tem como principais instrumentos de coleta de informações o diário de campo, a fotografia, a análise documental e fontes bibliográficas e teóricas. O diário de campo serve para registrar as informações (BOGDAN; BIKLEN, 1994). De outro modo, o diário de campo compreende descrições de fenômenos sociais e físicos, explicações levantadas sobre as mesmas e a compreensão da totalidade da situação de estudo. Ele pode referir-se à diversidade de outros instrumentos, como por exemplo, as observações sistemáticas. Nesse contexto, o diário de campo foi utilizado para permitir a ampliação de potencialidades heurísticas a respeito do objeto de estudo.

A fotografia foi utilizada como forma de registro imagético sobre a qual foram feitas análises e incursões hermenêuticas em torno ao objeto da pesquisa. As fotos tiveram como finalidade complementar o acervo documental utilizados posteriormente como fontes diretas da pesquisa historiográfica de base antropoestética em ciências ambientais. A análise documental foi utilizada como técnica associada à fotografia e aos estudos produzidos por

outros pesquisadores em torno do tema. O instrumento relativo às fontes bibliográficas é de suma importância dado a natureza de pesquisa do tipo fundamental ou teórica. O principal objetivo da pesquisa bibliográfica é proporcionar aos pesquisadores o contato direto com obras, artigos, documentos que se complementem na direção de favorecer a ampla cobertura em torno da construção do objeto de pesquisa de natureza teórica.

4.4 Etapas da Pesquisa

Essa pesquisa foi desenvolvida em três etapas distintas e complementares. A primeira, destinou-se ao levantamento, organização e sistematização em torno dos elementos teórico- conceituais do conjunto de obras selecionadas com especificidade e relevância para o desenvolvimento da pesquisa. Nesse momento nos dedicamos exclusivamente às leituras de variadas fontes teóricas, trabalhos científicos já publicados sobre o tema. Tratou-se de um momento importante porque permite a sistematização das informações e o desenvolvimento de análises sistemáticas a respeito do problema de pesquisa em busca de respostas aos questionamentos levantados.

A segunda etapa foi destinada ao tratamento categorial dos conceitos. Utilizamos a triangulação das informações com o objetivo de estabelecer diálogos entre os conceitos, oriundos de diversos sistemas teóricos. Procuramos desenvolver essa etapa através de articulações não lineares e nem excludentes de conceitos relevantes para a compreensão do tema e para a construção do objeto de pesquisa. A multirreferencialidade e os aportes da etnopesquisa foram amplamente utilizados.

A terceira e última etapa foi destinada à Sistematização de Dados e Análise dos Resultados. Nesse momento, nos dedicamos/devotamos ao trabalho de organização de informações coletadas durante o trabalho de campo e sua formalização através de categorias de análise utilizando o rigor dialógico-dialético mediante os critérios de significância, pertinência e relevância de cada conceito para a caracterização da antropoestética da memória como campo de natureza teórico-metodológica. Por fim, esse momento foi destinado à escrita do relatório final da pesquisa, cumprindo-se as normas científicas aplicadas ao trabalho de dissertação acadêmica.