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Momentos da Pesquisa: método e tratamento das informações

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

5.3 Momentos da Pesquisa: método e tratamento das informações

Contornam nosso interesse em torno do presente estudo um modelo que fomos buscar inspiração no antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira. Esse pesquisador assegura que a ideia de modelo equivale a paradigma. Em outras palavras, o “modelo explicativo” ao qual submetemos o nosso tema incorpora-se a “etnopesquisa crítica e multirreferencial”.

Toda nossa pretensão, para este caso, diremos que o esforço de interpretar e compreender um fenômeno, um fato ou evento em estudo passa obrigatoriamente pelo olhar,

condição primária do sujeito-pesquisador. Isso exigiu que nos saíssemos do lugar comum ditado pela pesquisa arqueológica que restringe no caso dos registros rupestres a oferecer indicadores técnicos, classificatórios. Fugindo a isto, preferi submeter o sujeito-objeto presente, os registros signográficos, à interpretação considerando estes como o “outro que somos nós”. Dizendo de outra forma, perscrutar o outro pertencente a um contexto cultural

pré-histórico através da memória grafada, a recorrência se faz ousando. Desse modo, como contextualiza Roberto Cardozo de Oliveira: “[...] seja qual for o objeto, ele não escapa de ser apreendido pelo esquema conceitual da disciplina formadora de nossa maneira de ver a realidade” (OLIVEIRA, 2006, p. 19). Esse autor, entretanto, nos confere uma certeza, “sem percepção e pensamento não podemos conhecer”.

Assim, vale a pena relatar, que o ato de conhecer é uma relação intersubjetiva não devendo dar lugar às rivalidades paradigmáticas, tão pouco a exclusivismo epistêmico. Atitudes cognitivas como o olhar, a percepção, da análise e o ato da escrita são mais bem resumidos no processo de diálogo relacional via etnopesquisa multirreferencial.

A etnopesquisa abriga, de modo mais amplo, o ato de perceber e apreender o pensado, até mesmo as formas mais diferentes de expressões humanas como sinais, símbolos, gravuras, a arte rupestre etc. Considerando esses últimos elementos, as itacoatiaras se incorporam aos estudos da história, e da antropologia. O “método será o exploratório e a pesquisa do tipo bibliográfica”, instrumentos apropriados considerando que o tema “[...] é pouco trabalhado, sendo difícil a formulação e a operacionalização de hipóteses” (OLIVEIRA, 2011).

À guisa de pequeno esclarecimento que possamos dirimir algum mal entendido, precisamos compor com esse instante uma breve distinção entre o que se deve pensar por pesquisa teórica ou bibliográfica e a fundamental.

Iniciemos falando de uma conduta, ou melhor, da definição dada à palavra pesquisa. A esse respeito, o termo bem parece um guarda-chuva. Sob seu teto se abrigam vários significados. Perseguir uma resposta ao problema pode existir tantas quanto forem os significados. De maneira sucinta, podemos dizer que a pesquisa é o modo como às ciências procuram compreender uma dada realidade a ser investigada. Uma atitude sempre recorrente, assentada em teoria e dados, o que sugere uma prática-teórica incessante. Mas pode ser vista ainda, como um questionamento crítico de intervenção direta ou não diante do mundo. Uma reflexão calculada sobre o que já foi pensado por pesquisadores do passado, também se constitui numa atitude de pesquisa. Feita essas considerações nos encontremos agora para esclarecer de modo breve a “pesquisa bibliográfica e a pesquisa fundamental”, duas

importantes dimensões do trabalho de pesquisa. Sem desejar ser simplista a “pesquisa bibliográfica” é conceitualmente um modelo que se associa ao estudo de um fenômeno.

Fundamentalmente vem a compulsar prioritariamente uma bibliografia. Pode recorrer a fontes primárias, autores que tratam originalmente de um determinado tema, e ainda ser secundada por uma bibliografia de comentaristas abalizados. A pesquisa bibliográfica, assim entendida é decisiva metodologicamente para uso em trabalhos no campo da história, também se aplicando a antropologia, quando no caso é requerido pela pesquisa e não tratar de estudo etnológico dado à exigência de recorrência a questionários, entrevistas etc.

É possível estabelecer uma diferença, tênue entre a pesquisa bibliográfica e a fundamental. Muito embora esta última apareça com uma leve variação semântica. Ela pode vir a se apresentar como pesquisa teórica, no caso aproxima-se da bibliográfica. Outros a tomam pelo nome de “pesquisa pura”, outras vezes de “pesquisa básica” conforme o caso. A

pesquisa de tipo fundamental se orienta com o fito de “[...] gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência [...] envolvendo ainda verdades e interesses locais” (MORESI, 2003, p. 8).

Acrescentaríamos ainda um endosso: diríamos que toda ousadia carrega em si uma lição afirmativa. Para garantia disso, encontramos Leff (2007) que nos aponta: “A renúncia ao fechamento dogmático, ao conformismo do pensamento e a finalização do saber é o fio condutor [...] que permite extraditar o pensado em cada momento e as portas do pensamento para novos horizontes do saber [...]” (LEFF, 2007, p. 10).

O parâmetro colocado por Leef, o de “renunciar ao fechamento dogmático”, nos levou

a adotarmos modelos antes registrados, pois o tema pelo seu caráter vislumbra gerar a face de um novo conhecimento. Essa pretensão não se esgota em si. O desejo de colaborar com o desenvolvimento e avanço progressivo das ciências do meio ambiente. A pesquisa quanto aos seus resultados, considera em sua base conceitual os objetos do mundo e do homem como dinâmicos, mutáveis, abominando, portanto a prosaica do fixismo. Queremos dizer com isto, que a postura aqui assumida leva em conta que aquelas duas estruturas se conectam e vibram no grande leito do “rio do vir a ser”.

Noutras palavras, o novo no presente estudo concebe seu paradigma ou “modelo explicativo” na “etnopesquisa crítica multirreferencial” que permite maior flexibilidade de

diálogo intersubjetivo na relação sujeito-pesquisador e o sujeito-pesquisado. À etnopesquisa crítica cumpre entender que “[...] é inerente à observação direta de características qualitativas chegar o mais perto possível do sujeito, tentando apreender sua visão de mundo ou mesmo dos significados que atribuem a realidade bem como suas ações” (MACEDO, 2000, p. 151).

Nesse marco estabelecido, a pesquisa incluiu visitas periódicas ao Sítio Arqueológico do Boi Branco na comunidade rural de mesmo nome. Antiga fazenda do município de Iati – PE. As dimensões histórica, antropológica e cultural no contexto de uma Estética da memória

no campo Signográfico do Imaginário do homem primitivo do Agreste devendo assumir o caráter exploratório como já afirmamos compreendendo ainda a fase de revisão bibliográfica, suporte decisivo na interpretação; em seguida de realização de ensaios fotográficos do ambiente e posterior tratamento das imagens a ser utilizadas. Seguindo os passos aqui firmados, os principais recursos utilizados à sua realização foram o diário de campo, a fotografia, análise documental e fontes bibliográficas. O diário de campo foi utilizado para permitir a ampliação de potencialidades heurísticas a respeito do objeto de estudo. No verso que compreende a fotografia ela será utilizada como forma de registro imagético sobre o qual serão feitas análises e incursões hermenêuticas em torno do objeto da pesquisa. Terão como finalidade complementar o acervo documental a ser utilizado posteriormente como fontes diretas da pesquisa historiográfica de base antropoestética em ciências ambientais.

O instrumento relativo às fontes bibliográficas é de suma importância dado a natureza dessa pesquisa: pesquisa do tipo fundamental ou teórica. O principal objetivo da pesquisa bibliográfica é proporcionar o contato direto com obras, artigos, documentos que se complementem na direção de favorecer a ampla cobertura em torno da construção do objeto de pesquisa de natureza teórica.