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Metodologia da Pesquisa

No documento marcosjoseortolanilouzada (páginas 107-111)

CAPÍTILO I CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS SOBRE CLASSE E CONSCIÊNCIA DE

CAPÍTULO 3 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

3.1. Metodologia da Pesquisa

Conforme enuncia Godoy (1995), nos últimos 30 anos, diversas áreas do conhecimento, especialmente àquelas ligadas a antropologia e a sociologia, tem utilizado métodos de pesquisa qualitativa para mensuração e análise de fenômenos sociais. Tal opção, se revela um instrumento útil, pois permite a compreensão dos fenômenos a partir da interação aprofundada com sujeito, respeitando suas perspectivas. Conforme Godoy (1995),

a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (p.58).

O método qualitativo não se opõe ao método quantitativo, pelo contrário, eles se complementam. Na verdade, como explica Neves (1996), ele é extremamente funcional para analisarmos um processo social, pois ele permite visualizar um contexto, de uma forma integrada com o processo objeto de estudo. O método quantitativo se aplica com mais propriedade as pesquisas de uma estrutura social. Ainda segundo autor,

os métodos qualitativos tem papel importante no campo dos estudos organizacionais (DOWNEY, E IRELAND, 1979, p 635). Estudos de avaliação de características do ambiente organizacional são especialmente beneficiados por métodos qualitativos, embora estes não sirvam só para essa finalidade. Por outro lado, ainda segundo os autores, enfoque qualitativo serve menos para questões em que eliminar o viés do observador seja fundamental para a análise do fenômeno. (1999, p.3)

A respeito do debate quanto a cientificidade do método qualitativo, especialmente quando comparado ao método quantitativo, Minayo & Sanches (1993) comentam que

do ponto de vista metodológico, não há contradição, assim como não há continuidade, entre investigação quantitativa e qualitativa. Ambas são de natureza diferente. A primeira atua em níveis da realidade, onde os dados se apresentam aos sentidos: “níveis ecológicos e morfológicos”, na linguagem de Gurvitch (1955). A segunda trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. A primeira tem como campo de práticas e objetivos trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis.

108 Deve ser utilizada para abarcar, do ponto de vista social, grandes aglomerados de dados, de conjuntos demográficos, por exemplo, classificando-os e tornando-os inteligíveis através de variáveis. A segunda adequa-se a aprofundar a complexidade de fenômenos, fatos e processos particulares e específicos de grupos mais ou menos delimitados em extensão e capazes de serem abrangidos intensamente. Do ponto de vista epistemológico, nenhuma das duas abordagens é mais científica do que a outra. De que adianta ao investigador utilizar instrumentos altamente sofisticados de mensuração quando estes não se adequam à compreensão de seus dados ou não respondem a perguntas fundamentais? Ou seja, uma pesquisa, por ser quantitativa, não se torna “objetiva” e “melhor”, ainda que prenda à manipulação sofisticada de instrumentos de análise, caso deforme ou desconheça aspectos importantes dos fenômenos ou processos sociais estudados. Da mesma forma, uma abordagem qualitativa em si não garante a compreensão em profundidade. (p.247)

Considerando a natureza desta proposta de estudo, na qual pretendemos investigar como as transformações no processo de trabalho e nas relações de trabalho afetam no processo de formação da consciência entre um determinando grupo de trabalhadores, consideramos o método qualitativo o mais adequado ao estudo. Assim, conforme enuncia Godoy (1995), a pesquisa será conduzida visando manter “ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental Sendo realizada de forma descritiva e explicativa, na qual o significado que as pessoas dão as coisas será a preocupação essencial do investigador, cuja análise será feita através de um enfoque indutivo” (p.62-63)

3.1.1. Contexto da Pesquisa

Selecionamos sete unidades do banco para serem pesquisadas: a Agência Estilo, cinco Agências diferentes do varejo e a Plataforma de Serviços Operacionais (PSO), todas situadas na cidade Juiz de Fora, MG. A escolha foi realizada por esses locais se tratarem de agências de segmentos diferentes (alta renda, varejo e serviços de suporte). Tal critério foi utilizado em razão da possibilidade de obtenção de padrões de respostas diferenciados em função do segmento de atividade.

A agência Estilo é um tipo de unidade do que atende exclusivamente a clientes Pessoas Físicas, segmentados como Alta Renda, em função do salário ou de investimentos mantidos junto ao banco. As contas são gerenciadas de forma exclusiva, a fim de possibilitar uma maior prospecção de negócios. As agências do varejo atendem a pessoas físicas e jurídicas. Apesar dos clientes também estarem segmentados em função da renda, atendem a todas as pessoas. Por fim, a Plataforma de Suporte Operacional, surgida na reestruturação

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mais recente do banco, é uma unidade de apoio, que agrega todos os caixas executivos e gerentes de suporte, que não mais estão vinculados às agências.

3.1.2. Participantes da Pesquisa

A partir da escolha das unidades, foram entrevistados 10 trabalhadores que ingressaram no Banco do Brasil após o ano de 1998, sendo 5 homens e 5 mulheres, vinculados a sete prefixos diferentes, dos quais 6 eram comissionados, sendo que 4 pertenciam ao nível gerencial. A ideia foi buscar uma representação que de alguma forma convergisse com os dados representativos da categoria, apresentados na pesquisa do Perfil do Trabalhador do Banco do Brasil, realizada pela Anabb. Os dados complementares, assim as demais informações socioeconômicas, constam no item 3.2.1, desta pesquisa. Os afazeres dos cargos pesquisados serão pormenorizados no item 3.2.4

Uma vez que não foram entrevistados trabalhadores Pré-98, quando necessário, recorremos aos dados de pesquisas feitas anteriormente, da qual a fonte mais freqüente, foi a pesquisa realizada por Rodrigues (2004), “Metáforas do Brasil”, que analisa a os efeitos reestruturação no banco na década de 1990 sobre o funcionalismo do Banco, com foco nos programas de demissão voluntária.

3.1.3. Etapas da Coleta de Dados

A coleta das informações ocorreu durante o mês de julho de 2015. A realização das entrevistas semi-estruturadas foram feitas individualmente, com duração aproximada de 30 minutos cada, sendo gravada pelo pesquisador afim de que não houvesse perda de informações relevantes.

O roteiro das entrevistas, constante em anexo, divide-se em duas etapas. Uma para compor o perfil socioeconômico, no modelo de múltipla escolha, e a outra, com perguntas abertas, procurou capturar elementos objetivos e subjetividade do entrevistado, a fim de compor um retrato social a partir da visão do entrevistado. A segunda fase foi estruturada inicialmente em torno de cinco questões categoriais centrais:

1- Processo de Trabalho; 2- Integração na Empresa;

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3- Nível de Conhecimento do Processo de Trabalho e Consciência sobre as relações de Trabalho;

4- Mecanismos de Resistência; 5- Satisfação com o Trabalho.

Ao longo das entrevistas, algumas determinações encontradas demandaram fazer um desdobramento maior destas categorias, para que assim tivesse suas dimensões melhores exploradas. Desta forma, os resultados foram reorganizada em torno das seguintes categorias:

1- Motivação para Trabalhar no Banco; 2- Integração na Empresa;

3- Processo de Trabalho;

4- Transformações no Processo de Trabalho;

5- Consciência sobre a Origem dos Conflitos nas Relações de Trabalho, 6- Sindicato como Mecanismos de Resistência Coletiva,

7- Nível de Satisfação com o Trabalho 8- Expectativas para o Futuro Profissional.

A saturação da amostra surgiu quando novas determinações não foram mais observadas diante de novas entrevistas, como se observa no quadro abaixo.

Gráfico 2 – Saturação da Pesquisa

Fonte: Entrevista com os bancários Pós-98 do Banco do Brasil – Juiz de Fora – Julho/2015.

0 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

MOTIVAÇÃO PARA TRABALHAR NO BANCO INTEGRAÇÃO NA EMPRESA

PROCESSO DE TRABALHO TRANSFORMAÇÕES NO PROCESSO DE TRABALHO CONCIÊNCIA SOBRE A ORGEM DOS CONFLITOS DAS RELAÇÕES DE TRABALHO MECANISMOS DE RESISTENCIA

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De forma subsidiária, antes das análises das categorias observadas, é trazido um quadro com uma análise de freqüência em torno das observações. Tal artifício visa apenas reforçar aqueles elementos mais, ou menos presente nas percepções ora apresentadas, não constituindo de forma alguma um elemento de natura estatística que sugira algum tipo de generalização. São dados meramente complementares, mas por vezes úteis para realização das análises propostas,

No documento marcosjoseortolanilouzada (páginas 107-111)