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I. Dimensão Reflexiva em Contexto de Creche

3. Metodologia

Neste tópico apresento e justifico a opção metodológica adotada para a concretização do ensaio investigativo, seguindo-se a contextualização do estudo e os objetivos da investigação, a apresentação dos participantes e das técnicas e instrumentos de recolha de dados, dos resultados e da sua discussão.

32 3.1. METODOLOGIA MISTA

Este ensaio investigativo de natureza qualitativa e descritiva possibilitou a “intervenção em pequena escala no funcionamento de entidades reais e análise detalhada dos efeitos dessa intervenção (…) [aproximando-me] da realidade: veiculando a mudança e o conhecimento” (Coutinho, 2011, p.317), levando-me a compreender as interações entre pares que surgiram junto ao quadro de presenças. O estudo socorre-se também de dados quantitativos para uma melhor compreensão, análise e interpretação dos dados recolhidos (Carmo & Ferreira, 2008; Fortin, 2009).

3.2. CONTEXTO DO ESTUDO E OBJETIVOS

Este ensaio investigativo decorreu da minha PES (Creche), na Instituição Particular de Solidariedade Social Creche, Jardim de Infância e Centro de Atividades de Tempos Livres “O Ninho” na “sala das borboletas” com criança de 2/3 anos de idade. Querendo saber quais as interações que três crianças estabeleciam com os pares perante o quadro

de presenças, procurei (i) Observar a Joana, o Rui e a Laura junto ao quadro de

presenças; (ii) Descrever as interações que a Joana, o Rui e a Laura estabeleceram com os pares; (iii) Identificar a tipologia de interações entre pares que ocorreram; (iv) Refletir sobre o contributo do quadro de presenças na promoção da interação entre pares em contexto de Creche.

3.3. PARTICIPANTES

Para a concretização do presente ensaio investigativo foram selecionadas três crianças da “sala das borboletas” da Instituição Particular de Solidariedade Social Creche, Jardim de Infância e Centro de Atividade de Tempos Livres “O Ninho”. Como forma de salvaguardar a identidade dos participantes do estudo, a cada uma das crianças foi atribuído um nome fictício: Joana, Rui e Laura. A seleção dos participantes teve em consideração a idade, o género e a frequência/não frequência da Creche no ano transato. A Joana foi selecionada por ser do género feminino, por ser uma das crianças mais velhas do grupo (em 16 de dezembro de 2013, tinha 34 meses e 18 dias) e por ser a primeira vez que frequentava a Creche, tendo estado até setembro de 2013 aos cuidados dos avós.

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O Rui foi escolhido por ser do género masculino, por ser a criança mais velha do seu género (35 meses, em 16 de dezembro de 2013) e por já estar com o grupo desde o ano transato.

A Laura foi selecionada por ser do género feminino, por ser uma das crianças mais novas do grupo (30 meses e 21 dias, em 16 de dezembro de 2013), por ser o primeiro ano que estava com o grupo (tendo estado aos cuidados de uma ama) e por ter sido a última criança a entrar para o grupo.

3.4. TÉCNICA E INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Para a concretização do presente ensaio investigativo de cariz qualitativo, a observação naturalista, não participante, direta e indireta foi a opção em termos de recolha de dados. A escolha recaiu na observação porque esta possibilitava uma melhor compreensão do fenómeno em estudo (Coutinho, 2011). Através da obtenção de registos o mais exaustivos possíveis (Alarcão, 1996), olhando e não ajuizando, de forma isenta e subjetiva (Sousa, 2009), a observação revelou-se “particularmente útil e fidedigna, na medida em que a informação obtida não se encontra condicionada pelas opiniões e pontos de vista dos sujeitos” (Afonso, 2005, p.91).

Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram o registo fotográfico2 e as notas de campo. Concordando com Bogdan e Biklen (2010), este instrumento de recolha de dados é “um meio de lembrar e estudar detalhes que poderiam ser descurados se uma imagem fotográfica não estivesse disponível para os reflectir (…) [fornecem ao investigador] imagens para uma inspecção intensa posterior que procura pistas sobre relações e actividades” (p.189). Posteriormente, no período da sesta das crianças, registei e descrevi toda a ação, tirando notas de campo que, segundo os autores supracitados, são fundamentais na observação, visto serem “um suplemento importante a outros métodos de recolha de dados (…) permite captar uma imagem por palavras do local, pessoas, acções e conversas observadas (…) registar objectivamente os detalhes do que aconteceu no campo” (ibidem, pp.150-152)

2 Uma vez que não tinha parceira de prática pedagógica para me auxiliar na recolha de dados, optei pelo

34 3.5. PROCEDIMENTOS

Na primeira etapa do presente ensaio investigativo selecionei a metodologia de investigação, seguindo-se a definição da questão, os objetivos de investigação, a técnica e instrumentos de recolha de dados e, por fim, os participantes.

Posteriormente, numa segunda etapa, defini em conjunto com a professora orientadora, professora coorientadora e educadora cooperante os dias de observação, bem como o horário e duração da observação. Uma vez que o ensaio investigativo decorreu no contexto da PES (à segunda-feira, terça-feira e quarta-feira), estipulámos que a observação teria a duração de três semanas, sendo a primeira semana em dezembro de dois mil e treze, nos dias 16, 17 e 18 de dezembro e as restantes duas semanas em janeiro de dois mil e catorze, nos dias 6, 7, 8 e a 13, 14 e 15 de janeiro. No que se refere ao horário e duração da observação, definimos um período de 10 minutos, entre as 9h20m e as 9h30m. No seu todo, foram realizadas catorzes das dezasseis3 observações previstas com a duração total de 2h40m.

Definidos todos os parâmetros do ensaio investigativo, procedemos ao início da terceira etapa, observar para recolher os dados. Assim, pelas 9h20m colocava-me junto a um móvel que ficava em frente ao quadro de presenças e, de forma discreta (de modo a não enviesar a investigação), registava fotograficamente todas as movimentações dos três participantes junto ao quadro de presenças até às 9h30m. Posteriormente, no período da sesta das crianças, registava os dados recolhidos.

Recolhidos os dados, encetámos a última etapa, organização e tratamento dos dados que implicou análise de conteúdo e definição das categorias que apresento em seguida. 3.6. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS RECOLHIDOS

Para o tratamento, análise e interpretação dos dados recolhidos e tendo em conta que a presente investigação é de índole qualitativa, optámos pela análise de conteúdo (Bardin,

3 Nos dias 17 e 18 de dezembro de 2013 não foram realizadas observações pois não estive na instituição

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2004). De acordo com Coutinho (2011), o recurso a esta técnica de análise permite “desvendar e quantificar a ocorrência de palavras/frases temas considerados ´chave´ que possibilitem uma comparação posterior” (p.193).

Tendo em consideração a tipologia de interação entre pares, interação não-verbal e interação verbal, defendidos por Schaffer (1999), Stern (1991) e Sim-Sim, Silva e Nunes (2008) e de modo a facilitar a análise da informação recolhida ao longo do ensaio investigativo, procedemos à construção de um sistema de categorização que, segundo Bardin (2004), fornece “por condensação, uma representação simplificada dos dados brutos” (p.97).

Assim, foram construídas duas categorias: Interação Não-Verbal e Interação Verbal. Para a categoria Interação Verbal foram incluídos todos dos dados relativos a palavras soltas e frases. Para a categoria Não-Verbal definimos três subcategorias: Olhar;

Sorriso e Toque. Na subcategoria Olhar incluímos todos os dados referentes às

interações através do contacto ocular dos participantes para com as outras crianças e vice-versa. A subcategoria Sorriso inclui todos os sorrisos e gargalhadas produzidos pelos participantes para as crianças com quem interagiam e também no sentido inverso. Por fim, na subcategoria Toque, incluímos todos os contactos físicos entre os participantes e as outras crianças tais como o tocar numa parte do corpo com as mãos, com os pés (utilizando ou não um objeto), o abraçar e o beijar.

Relembramos que os dados dos participantes em estudo, recolhidos e analisados de acordo com as categorias, advieram dos registos fotográficos e notas de campo da Joana (ver anexo 11), do Rui (ver anexo 12) e da Laura (ver anexo 13) que foram codificados para maior facilidade do tratamento da informação no decorrer da sua análise, apresentação e interpretação.

Assim, os dados referentes às observações da Joana assumem os seguintes códigos: J1 (observação da Joana a dezasseis de dezembro); J2 (observação da Joana a seis de janeiro); J3 (observação da Joana a sete de janeiro); J4 (observação da Joana a oito de janeiro); J5 (observação da Joana a treze de janeiro); J6 (observação da Joana a quinze janeiro).

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(observação do Rui a dezasseis de dezembro); R2 (observação do Rui a seis de janeiro); R3 (observação do Rui a oito de janeiro); R4 (observação do Rui a treze de janeiro). No que se refere aos dados relativos às observações da Laura estes assumem os seguintes códigos: L1 (observação da Laura a dezasseis de dezembro); L2 (observação da Laura a seis de janeiro); L3 (observação da Laura a sete de janeiro); L4 (observação da Laura a oito de janeiro).

A apresentação de dados vai apoiar-se em figuras, com os resultados das crianças ao longo das três semanas de observação e/ou com evidências fotográficas de interações verbais/ não-verbais.