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Metodologia e Justificação das Opções Metodológicas

4. Apresentação do Estudo

4.2. Metodologia e Justificação das Opções Metodológicas

Após ter sido realizada uma revisão bibliográfica, foram utilizados três instrumentos de recolha de dados: levantamento de dados nos arquivos das escolas de música do ensino artístico especializado público e da rede de ensino particular e cooperativo, e dois instrumentos de inquiri- ção, questionários e entrevistas, conjugando investigação quantitativa e qualitativa.

O trabalho de campo decorreu em duas fases distintas: a primeira dedicada à elaboração, autorização e aplicação dos questionários aos alunos e uma segunda fase às entrevistas aos pro- fessores.

Antecipadamente, foram contactadas as Direcções das Instituições que constituíam a a- mostra deste estudo. Foram seleccionadas quatro Instituições de ensino público: Conservatório de Música do Porto, Conservatório de Música de Coimbra, Conservatório de Música de Aveiro Ca- louste Gulbenkian e Escola de Música do Conservatório Nacional, e cinco Instituições da rede de ensino particular e cooperativo com ensino oficial e paralelismo pedagógico: Academia de Música de Paços de Brandão, Academia de Música de Santa Maria da Feira, Academia de Música e Dança do Fundão, Conservatório Regional de Castelo Branco e Academia de Música de Lisboa. As Direc- ções das referidas escolas prontamente se disponibilizaram para colaborar neste projecto.

4.2.1. Recolha de Dados

A recolha de dados dos arquivos das escolas apresentou alguns entraves, não por falta de colaboração por parte dos membros das Direcções das escolas visadas, mas por inexistência de meios suficientes para o efeito. A ideia inicial contemplava a recolha do número de alunos que frequentou os diferentes níveis de ensino – Iniciação, Básico e Complementar – desde 1993/1994 até ao ano lectivo 2009/2010 em todas as escolas. Devido à dificuldade de acesso aos registos, au- sência de bases de dados e pautas, esta tarefa não foi exequível em tempo útil para o término

53 deste projecto. Por esta razão, este aspecto foi apenas analisado nas escolas que disponibilizaram esses dados de uma forma mais completa.

4.2.2. Questionários

Os questionários direccionados aos alunos e as entrevistas aplicadas aos professores de violino, numa primeira fase e ao abrigo do despacho nº 15847/2007 de 23 de Julho91 relativo à monitorização de inquéritos em meio escolar, foram submetidos à Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC), do Ministério da Educação, para respectiva autoriza- ção.92Antes ainda de serem submetidos ao DGIDC, os questionários foram sujeitos a um teste pi- loto realizado a cinco alunos que não integravam a amostra deste estudo. A escolha do questionário (essencialmente com perguntas fechadas), enquanto instrumento de inquirição aos alunos, constituiu uma opção metodológica porque de uma forma objectiva poderá expressar realidades e opiniões recolhidas de uma amostra com grandes dimensões.93

Relativamente aos questionários e para a aplicação aos alunos que frequentam a Inicia- ção, Básico e Complementar, foram contactados todos os professores de violino de cada uma das escolas seleccionadas através das Direcções e/ou pessoalmente. Os questionários, em formato de papel, foram distribuídos e recolhidos pelos professores. O seu preenchimento deveria ser feito em casa, com ou sem o auxílio dos encarregados de educação consoante a idade do inquirido. To- das as instruções estão descritas na primeira página do questionário que consta em anexo.94 O tratamento de dados, tendo em conta o elevado número de inquiridos, foi realizado em software SPSS por uma empresa certificada, MultiDados, sediada em Aveiro.

O inquérito por questionário, embora seja um instrumento de recolha de dados sistemáti- co e de maior simplicidade de análise, apresenta maiores dificuldades de concepção e está sujeito

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“A aplicação de questionários ou outros inquéritos em agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas do ensino público deve ser sempre previamente autorizada pela Direcção-Geral de Inovação e de Desenvol- vimento Curricular (DGIDC), incluindo-se nestes todos os inquéritos e questionários propostos por entida- des internas e externas ao Ministério da Educação, bem como os formulários destinados à recolha de infor- mação administrativa.”

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A autorização pode ser consultada através do link http://mime.gepe.min-edu.pt, introduzindo o número do inquérito: 0101100002, registado em 03-03-2010.

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“O objectivo é a generalização dos resultados a uma determinada população em estudo a partir da amos- tra, o estabelecimento de relações causa-efeito e a previsão de fenómenos.” (Carmo & Ferreira, 2008, p. 196)

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54 a uma elevada taxa de não respostas (Carmo & Ferreira, 2008). Efectivamente, a sua elaboração foi criteriosa tendo presente os objectivos a atingir. O questionário está dividido em três secções distintas: secção A relativa a dados pessoais, a secção B que se refere a dados académicos, e por último a secção C relativa ao percurso musical dos alunos inquiridos. Cada uma das secções tem objectivos distintos. A primeira secção é muito reduzida e pretende-se apenas escalonar os alunos por idades e aferir o género que frequenta maioritariamente este instrumento de cordas. Através da secção B, já mais extensa e elaborada, pretendem-se obter informações acerca da Instituição onde realizam os seus estudos musicais, grau e regime de frequência, idade de início do estudo do instrumento, os factores que influenciaram a escolha do violino e a presença de pais músicos ou que realizaram formação musical. A última parte relativa ao percurso musical levanta questões como a motivação, as aulas de violino, repertório, classificações obtidas, dificuldades, participa- ção dos pais, apresentações públicas, concursos, frequência do método Suzuki (neste último parâ- metro formulam-se perguntas relativas à satisfação com a metodologia) e por fim intenções futu- ras quanto ao estudo da música.

Segundo o número de alunos facultado pelos professores de violino e pelas escolas de música, a dimensão da amostra era de 950 inquiridos, no entanto, só foram obtidos 480 questio- nários preenchidos e validados. Da amostra inicial de 950 alunos de violino 454 seriam alunos do ensino público e 496 do particular e cooperativo. A reduzida taxa de respostas será tida em conta na análise dos dados, isto porque quase 70% dos inquéritos analisados foram preenchidos por a- lunos do ensino particular e cooperativo, onde, por exemplo, se lecciona exclusivamente o méto- do Suzuki.

4.2.3. Entrevistas

A segunda parte do trabalho de campo focou-se nas entrevistas aos professores de violi- no. Para isso, foram contactados dois professores de cada uma das escolas, à excepção de uma Instituição cuja Direcção Pedagógica contactou previamente os professores disponíveis para se- rem entrevistados. A selecção dos professores teve apenas em conta um número aproximado en- tre professores que leccionavam segundo o método Suzuki e os que leccionavam segundo as orientações tradicionais, embora, posteriormente, se viesse a constatar que alguns professores do ensino público também leccionam segundo o método Suzuki (em acumulação) no ensino parti- cular e cooperativo.

55 O guião da entrevista foi igualmente elaborado, testado, submetido e aprovado pelo DGIDC. O objectivo foi conceber uma entrevista semi-estruturada com perguntas abertas e fecha- das, que permitisse ao entrevistado falar livremente acerca dos temas propostos e pudesse haver “espaço” para que fossem formuladas outras questões pertinentes no seguimento da entrevista. Está dividida em duas secções: a primeira confinada à recolha de dados pessoais e académicos e a segunda relativa à recolha de dados e opiniões acerca da prática de ensino do violino.

Os objectivos desta entrevista visavam a compreensão da importância da Iniciação em Instrumento para os professores de violino do ensino artístico especializado, análise e perspectiva dos profissionais de ensino quanto à prática de leccionação actual e respectivo paralelismo com sistemas de ensino da música estrangeiros, validade e aplicação do método Suzuki, recolha de metodologias e técnicas de ensino utilizadas pelos docentes ao nível da Iniciação. As entrevistas foram realizadas presencialmente, gravadas e transcritas posteriormente para Word. Para o trata- mento de dados elaborou-se uma tabela dos resultados obtidos em cada uma das questões colocadas aos entrevistados, de forma a facilitar a compreensão e análise das respostas dadas.95 Para que seja assegurada a confidencialidade e anonimato dos entrevistados e respectivas Insti- tuições onde leccionam, os professores serão agrupados alfabeticamente segundo ensino par- ticular e cooperativo (Professores B a K) e ensino público (Professores L a S).

Para além das entrevistas aos professores de violino das escolas que foram objecto de análise, foi ainda realizada uma entrevista ao professor de violino que aplicou pela primeira vez o método Suzuki em Portugal especificamente nas Academias de Música de Paços de Brandão e Santa Maria da Feira (Professor A). Esta entrevista não foi submetida ao DGIDC porque a pessoa em causa não lecciona actualmente na Instituição, nem no ensino artístico especializado da músi- ca. Os objectivos desta entrevista focavam-se sobretudo na compreensão das razões, aplicação e aceitação do método Suzuki em Portugal, comparação da Iniciação em violino em 1993/1994 e nos dias de hoje, sistema de ensino actual e financiamento para o ensino artístico. Ao contrário das restantes entrevistas, esta não foi realizada presencialmente, mas via email.

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5. Resultados