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CARACTERÍSTICAS DO CAPRIL

4.6. Metodologia estatística ∗

A análise estatística deste estudo foi realizada considerando-se os seguintes procedimentos:

1. No estudo da presença de anticorpos anti-T. gondii e anti-N. caninum nos caprinos utilizou-se a construção dos intervalos de 95% de confiança para a proporção de ocorrência (sucessos), considerando a distribuição binomial das probabilidades (Norman & Streiner, 1994).

2. Para o estudo das associações de ocorrência de toxoplasmose e neosporose nesses rebanhos com os respectivos dados epidemiológicos foi utilizado o Teste de Associação de Goodman para contrastes entre e dentro de populações multinomiais (Goodman, 1964, 1965). Na indicação das

significâncias para contrastes multinomiais foram utilizadas letras minúsculas para comparações entre linhas, fixada a categoria de resposta (coluna). Para a interpretação dos resultados procedeu- se da seguinte maneira: duas proporções seguidas de uma

mesma letra minúscula não diferiram (P>0,05) quanto às

respectivas linhas na categoria de resposta em consideração. Duas proporções seguidas de letras minúsculas diferentes diferiram (P<0,05) quanto às respectivas linhas na categoria de resposta em consideração.

3. Para o estudo da co-infecção da toxoplasmose ou neosporose com o vírus da artrite-encefalite caprina foi utilizado o “teste de duas proporções binomiais” (Norman & Streiner, 1994).

Consultores: Prof.Titular Carlos Roberto Padovani e Prof. Dr. Flávio Ferrari Aragon, Departamento de Bioestatística,

ocorrência de falhas reprodutivas foi utilizado o “teste não paramétrico de Mann-Whitney” (Norman & Streiner, 1994).

5. À semelhança dos indicadores de qualidade de vida (Giarola, 2002), estabeleceu-se para os capris um indicador

quantitativo de “status sanitário”, variando de 0 a 100%, de acordo com a ocorrência das infecções estudadas. Para a obtenção do

indicador em cada um dos 17 capris, inicialmente considerou-se o total de pontos (TP) obtidos, da seguinte forma:

TP = 4 x % de animais negativos a todos os testes + 3 x % de animais positivos a uma das doenças + 2 x % de animais positivos a duas doenças + 1 x % de animais positivos às três enfermidades.

A partir do TP, o “status sanitário” do capril foi estabelecido. O capril onde todas as respostas a todos os testes sorológicos foram negativas foi considerado de qualidade sanitária máxima (100%) para as doenças investigadas. No outro extremo, as propriedades em que a resposta de todos os animais foi positiva a todos os testes sorológicos receberam avaliação mínima (0%).

Para os valores intermediários estabeleceu-se a seguinte fórmula de cálculo:

“Status sanitário (%)” = TP – Valor mínimo x 100% Valor máximo – Valor mínimo

A partir destes valores, verificou-se pelo teste não-paramétrico de Mann-Whitney a associação dos resultados com as falhas reprodutivas.

Todas as discussões foram realizadas no nível de 5% de significância.

4.7. Mapeamento

A visualização da distribuição geográfica dos capris, das freqüências de anticorpos anti-T. gondii e tipo de comercialização realizada pelas propriedades, e “status sanitário” dos capris, foi feita por meio da aplicação do Sistema de Informações Geográficas (SIG), IDRISI32 (Eastman, 1999).

5.1. Toxoplasma gondii

Dos 923 soros obtidos dos caprinos de 17 propriedades do estado de São Paulo, 216 foram positivos para anticorpos anti-T. gondii (RIFI ≥16). A taxa de positividade foi de 23,40%(IC95%: 20,67% - 26,13%). A tabela 2 apresenta a freqüência de anticorpos anti-T. gondii nos caprinos, de acordo com as diferentes titulações.

Tabela 2. Freqüência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em caprinos do estado de São Paulo,

pela reação de imunofluorescência indireta, nas diferentes tilulações testadas. Botucatu. 2005 Título Nº de animais Freqüência (%)

16 35 3,80 64 74 8,01 256 78 8,45 1024 18 1,95 ≥4096 11 1,19 Total 216 23,4

De acordo com a tabela 2, entre os animais soropositivos ao T.

gondii (RIFI ≥ 16) houve uma distribuição preferencial pelos títulos 64 e

Os resultados apresentados na tabela 3 mostram diferenças significativas nas ocorrências de positividade de anticorpos anti-T.

gondii entre as propriedades (P <0,0001). Das 17 estudadas, em 15 foi

encontrado pelo menos um animal soropositivo para T. gondii (88,23%), com freqüência de positividade variando de 2,70% a 81,25%.

Tabela 3. Distribuição (%) da positividade de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em caprinos do estado de São

Paulo, pela reação de imunofluorescência indireta (≥16), por propriedade. Botucatu. 2005 Propriedade Município Total de animais

estudados N° animais positivos % animais positivos

A 1 Serra Negra 128 8 6,25 2 Araçoiaba da Serra 63 6 9,52 3 Itapetininga 78 4 5,13 4 Batatais 106 24 22,64 5 Jaboticabal 75 9 12,00 6 Piedade 37 1 2,70 7 Cotia 37 5 13,51 8 São Paulo 78 61 78,20 9 Mogi-Guaçu 70 48 68,57 10 Monteiro Lobato 25 0 0,00 11 Piquete 16 13 81,25

12 São José dos Campos 43 18 41,86

13 Pirassununga 59 2 3,39 14 Lençóis Paulista 33 6 18,18 15 São Sebastião da Grama 29 6 20,69

16 Pardinho 21 0 0,00

17 Botucatu 25 5 20,00

Total 923 216 23,40

As tabelas 4 e 5 ilustram, respectivamente, a freqüência relativa da presença de anticorpos anti-T. gondii nos caprinos, de acordo com sexo e faixa etária.

Tabela 4. Freqüência relativa (%) da presença de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em caprinos do estado de

São Paulo, pela reação de imunofluorescência indireta (≥16), segundo o sexo. Botucatu. 2005

Sexo Total de animais N° animais positivos Freqüência relativa (%)

A

Macho 51 14 27,5 a

Fêmea 872 202 23,2 a

Tabela 5. Freqüência relativa (%) da presença de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em caprinos do estado de

São Paulo, pela reação de imunofluorescência indireta (≥16), segundo a faixa etária. Botucatu. 2005

Faixa etária Total de animais N° animais positivos Freqüência relativa (%) < 1 ano (E1) 181 19 10,5 a

1 4 anos (E2) 618 164 26,5 b > 4 anos (E3) 124 33 26,6 b

E1< (E2= E3)

Conforme tabela 4, não houve associação entre a ocorrência de anticorpos anti-T. gondii e sexo dos animais.

No que se refere à faixa etária, a ocorrência de positividade de anticorpos anti-T. gondii foi significativamente maior nos animais

5.

As tabelas 6 e 7 apresentam, respectivamente, as freqüências de ocorrência de toxoplasmose nos caprinos de acordo com a

presença ou ausência de gatos e com a ocorrência de falhas reprodutivas nos capris.

Tabela 6. Freqüência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em caprinos do estado de São Paulo, pela reação

de imunofluorescência (≥16), de acordo com a presença ou ausência de gatos nos capris. Botucatu. 2005 Gatos no capris Total de animais N° animais positivos Freqüência (%)

A

Presente 762 211 27,7a

Ausente 161 5 3,1 b

Tabela 7. Freqüência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii em caprinos do estado de São Paulo, pela reação

de imunofluorescência (≥16), de acordo com a ocorrência de falhas reprodutivas nos capris. Botucatu. 2005 Falhas reprodutivas nos

capris Total de animais N° animais positivos Freqüência (%)

AA

Sim 592 140 23,9 a

Não 331 76 23,1 a

Por meio da análise estatística, foi observada associação significativa entre a presença de gatos e ocorrência de caprinos

capris promoveu elevação da ocorrência de positividade.

De acordo com a tabela 7, não houve associação entre positividade de anticorpos anti-T. gondii e ocorrência de falhas reprodutivas.

O quadro 1 ilustra as freqüências de positividade de

anticorpos para T. gondii em cada capril e presença ou ausência de gatos.

Propriedade Município Positividade (%) Presença de gatos

1 Serra Negra 6,25 SIM

2 Araçoiaba da Serra 9,52 SIM

3 Itapetininga 5,13 NÃO

4 Batatais 22,64 SIM

5 Jaboticabal 12,00 SIM

6 Piedade 2,70 NÃO

7 Cotia 13,51 SIM

8 São Paulo 78,20 SIM

9 Mogi-Guaçu 68,57 SIM

10 Monteiro Lobato 0,00 NÃO

11 Piquete 81,25 SIM

12 São José dos Campos 41,86 SIM

13 Pirassununga 3,39 SIM

14 Lençóis Paulista 18,18 SIM 15 São Sebastião da Grama 20,69 SIM

Quadro 1. Freqüência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e presença de gatos nos capris

A figura 2 ilustra as freqüências de positividade de anticorpos anti-T. gondii, de acordo com as localizações dos capris estudados.

-53 -52 -51 -50 -49 -48 -47 -46 -45 Longitude W -25 -24 -23 -22 -21 -20 Latitude S Graus N Animais positivos (%)

Municípios não pesquisados 0 1 - 9,99 10 - 19,99 20 - 39,99 40 - 79,99 = > 80 Botucatu Pardinho Lençóis Paulista Batatais Jaboticabal Moji-Guaçu Pirassununga São Sebastião da Grama Serra Negra S. José dos Campos Monteiro Lobato Piquete Itapetininga Araçoiaba da Serra

Piedade CotiaSão Paulo

0 1 2

Figura 2. Freqüência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii, conforme a localização dos capris

A figura 3 ilustra o tipo de comercialização de produtos de origem caprina pelas propriedades, de acordo com a localização.

-53 -52 -51 -50 -49 -48 -47 -46 -45 Longitude W -25 -24 -23 -22 -21 -20 Latitude S Graus N Produtos comercializados

Municípios não pesquisados leite pasteurizado

leite pasteurizado/carne leite "in natura"

leite "in natura"/carne

Botucatu Pardinho Lençóis Paulista Batatais Jaboticabal Moji-Guaçu Pirassununga São Sebastião da Grama Serra Negra S. José dos Campos Monteiro Lobato Piquete Itapetininga Araçoiaba da Serra

Piedade CotiaSão Paulo

0 1 2

Figura 3. Tipo de comercialização de produtos de origem caprina realizado pelas propriedades

A observação conjunta das figuras 2 e 3 demonstra que há diversos tipos de relações entre freqüência de infecção e

comercialização de produtos nas propriedades estudadas. Há animais positivos tanto em capris que comercializam leite pasteurizado como “in natura”, assim como naqueles de exploração mista.

5.2. Neospora caninum

A freqüência de ocorrência de anticorpos para N. caninum foi

de 17,44% (IC95%: 14,99 – 19,89%). A tabela 8 ilustra a freqüência de ocorrência de anticorpos

para N. caninum nas respectivas titulações.

Tabela 8. Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum em caprinos do estado de São Paulo,

pela NAT (≥25), nas diferentes tilulações testadas. Botucatu. 2005

Título N° de animais Freqüência (%)

A

25 97 10,51 100 35 3,79

>500 29 3,14 Total 923 17,44

De acordo com a tabela 8, entre os 17,44% de animais positivos para N. caninum houve uma distribuição preferencial pelo título 25.

Das 17 propriedades testadas, apenas uma não apresentou animais soropositivos para N. caninum (94,12%). Nas outras, de acordo com a tabela 9, houve variação na freqüência de animais positivos de 3,39% a 77,14%.

Tabela 9. Distribuição (%) da positividade de anticorpos anti-Neospora caninum em caprinos do estado de São

Paulo, pela NAT (≥25), por propriedade. Botucatu. 2005

Propriedade Município Total de animais

estudados N° animais positivos % animais positivos

A 1 Serra Negra 128 22 17,19 2 Araçoiaba da Serra 63 3 4,76 3 Itapetininga 78 5 6,41 4 Batatais 106 9 8,49 5 Jaboticabal 75 5 6,67 6 Piedade 37 2 5,40 7 Cotia 37 5 13,51 8 São Paulo 78 28 35,90 9 Mogi-Guaçu 70 54 77,14 10 Monteiro Lobato 25 7 28,00 11 Piquete 16 2 12,50

12 São José dos Campos 43 7 16,28

13 Pirassununga 59 2 3,39 14 Lençóis Paulista 33 4 12,12 15 São Sebastião da Grama 29 2 6,90

16 Pardinho 21 0 0,00

17 Botucatu 25 4 16,00

Total 923 161 17,44

ocorrência de anticorpos anti-N. caninum segundo sexo e faixa etária, respectivamente.

Tabela 10. Freqüência relativa (%) da presença de anticorpos anti-Neospora caninum em caprinos do estado de

São Paulo, pela NAT (≥25), segundo sexo. Botucatu. 2005

Sexo Total de animais N° animais positivos Freqüência relativa (%)

A

Macho 51 9 17,6 a

Fêmea 872 152 17,4 a

Tabela 11. Freqüência relativa (%) da presença de anticorpos anti-Neospora caninum em caprinos do estado de

São Paulo, pela NAT (≥25), segundo a faixa etária. Botucatu. 2005

Faixa etária Total de animais N° animais positivos Freqüência relativa (%)

A

< 1 ano (E1) 181 23 12,7 a

1 – 4 anos (E2) 618 121 19,6 a > 4 anos (E3) 124 17 13,7 a

E1 = E2 = E3

Não se detectou associaçãosignificante entre a positividade e sexo ou faixa etária, indicando presença do agente de forma

homogênea nos rebanhos, de acordo com as tabelas 10 e 11, respectivamente.

Com relação às faixas etárias, houve, no entanto, uma

tendência numérica em favor de E2, um valor de taxa de positividade maior nos animais com idades entre um e quatro anos.

A tabela 12 apresenta os resultados das associações entre ocorrência de anticorpos anti-N. caninum nos caprinos e presença de cães nos capris. Verificou-se que a presença de cães está associada a uma maior freqüência de animais sorologicamente positivos a N.

caninum

Tabela 12. Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum em caprinos do estado de São Paulo, pela NAT

(≥25), de acordo com a presença ou ausência de cães nos capris. Botucatu. 2005

Cães nos capris Total de animais N° animais positivos Freqüência (%)

A

Presente 592 116 19,6 b

Ausente 331 45 13,6 a

Na tabela 13 estão descritos os resultados das ocorrências de anticorpos anti-N. caninum nos caprinos, de acordo com a presença de falhas reprodutivas nos capris.

Tabela 13. Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum em caprinos do estado de São Paulo, NAT (≥25), de acordo com a ocorrência de falhas reprodutivas nos capris. Botucatu. 2005

Falhas reprodutivas nos

capris Total de animais N° animais positivos Freqüência (%)

A

Sim 592 113 19,1 a

de anticorpos anti-N. caninum e falhas reprodutivas nos capris.

O quadro 2 ilustra as taxas de positividade de anticorpos para

N. caninum em cada propriedade e respectiva presença ou ausência

de cães.

Propriedade Município Positividade (%) Presença de cães

1 Serra Negra 17,19 SIM

2 Araçoiaba da Serra 4,76 SIM

3 Itapetininga 6,41 NÃO

4 Batatais 8,49 SIM

5 Jaboticabal 6,67 SIM

6 Piedade 5,40 NÃO

7 Cotia 13,51 SIM

8 São Paulo 35,90 NÃO

9 Mogi-Guaçu 77,14 SIM

10 Monteiro Lobato 28,00 SIM

11 Piquete 12,50 SIM

12 São José dos Campos 16,28 SIM

13 Pirassununga 3,39 NÃO

14 Lençóis Paulista 12,12 NÃO 15 São Sebastião da Grama 6,90 SIM

16 Pardinho 0,00 NÃO

17 Botucatu 16,00 NÃO

Quadro 2. Freqüência de positividade de anticorpos anti-N. caninum e ocorrência de

cães nos capris

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