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4.1. Tipo de pesquisa

A análise realizada (no que se refere aos seus fins) se remeteu a uma pesquisa exploratória e descritiva e explicativa (VERGARA, 1997). Essa opção se deu em função da necessidade de serem revistas teorias e conceitos relevantes para a correlação entre as racionalidades observadas no campo da estratégia – partindo da constatação de que existem poucos referenciais teóricos que abordem a adoção de estratégia em organizações sociais privadas, em especial no que se refere aos serviços sociais das organizações patronais. Buscou-se, finalmente, observar e refletir sobre âmbito de práticas que pudesse contribuir na definição e na perspectiva comparada entre as variáveis do fenômeno observado.

No que concerne aos meios de observação, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental e de campo (VERGARA, 1997), entrevistas e também observação participante. A partir de tais elementos, foi realizada uma triangulação com vista a alcançar um espectro mais amplo que o campo da pesquisa pudesse revelar e permitir uma melhor análise dos dados e das questões levantadas ao longo do estudo.

4.2. Coleta e tratamento dos dados

A pesquisa documental e de campo se deu por meio de entrevistas e visitas ao Departamento Nacional do Sesc, estabelecido no Rio de Janeiro, e a alguns dos Departamentos Regionais, Distrito Federal, Goiás, Santa Catarina e São Paulo. A pesquisa documental foi realizada principalmente na Seção de Documentação do DN do Sesc, onde foi possível obter documentos institucionais tais como atas das reuniões do CN, portarias, normas e referenciais da organização. A pesquisa bibliográfica foi feita por meio de processos de identificação de referencial teórico em uma primeira fase e de adição de novos referenciais ao longo do processo de análise dos dados.

Foram ainda realizadas entrevistas individuais, com a aplicação de questionário semiestruturado, com o propósito de permitir a necessária flexibilidade para descobertas e aprofundamento das questões de pesquisa conforme o conhecimento, área de trabalho e capacidade de contribuição de cada indivíduo e do próprio pesquisador-praticante (e membro da organização investigada).

Os entrevistados são gestores (nível de direção/superintendência) da organização, com considerável tempo de trabalho no Sesc e em posição de liderança. Estas características permitiram um espectro mais amplo de episódios específicos dos processos estratégicos investigados. Tais gestores pertencem a diversas áreas da organização, que foram padronizadas aqui (apesar do entendimento de que todas as

áreas trabalham em prol da missão da instituição) como “área de ação social”, que

respondem (conforme normatização do Sesc) sobre programas que são oferecidos aos membros nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e assistência e “área

administrativa”, apesar de diversa e sedimentada. Tal distinção e agrupamento se deram

por dois motivos, o primeiro recai na busca de diversidade de olhares sobre a organização e o segundo na intenção de preservar os entrevistados de serem identificados. Apesar da posição ocupada atualmente, em relação à área de atuação, a maioria dos entrevistados já teve experiência em ambas.

As entrevistas foram efetuadas em horário de trabalho dos entrevistados. Com membros do DN foram realizadas pessoalmente, no Rio de Janeiro, na sede do Sesc, em salas privadas, num total de 6 entrevistas. As entrevistas com membros de DRs foram realizadas por telefone, em função da distância geográfica, a partir da Sede do DN, com privacidade respeitada. Em todas as entrevistas foi estabelecido o compromisso ético de não identificar diretamente os entrevistados.

Segundo Bourdieu (1997, p. 696), quando trata de métodos de pesquisa e a

relação mais próxima possível do ideal, “deve-se agir também, em certos casos, sobre a

própria estrutura da relação (e, por isso, na estrutura do mercado linguístico e simbólico), portanto na própria escolha das pessoas interrogadas e dos interrogadores”.

Todas as entrevistas foram gravadas, num total de quase oito horas, e transcritas sem cortes ou edições, analisadas a partir dos seus conteúdos e de acordo com a pesquisa bibliográfica e documental realizada.

Identificação Área de Atuação Atual Tempo de serviço na

organização (em anos)

Entrevistado 01 Ação Social 46

Entrevistado 02 Administrativa 37

Entrevistado 03 Administrativa 22

Entrevistado 04 Administrativa 40

Entrevistado 05 Administrativa 35

Entrevistado 06 Ação Social 30

Entrevistado 07 Administrativa 45

Entrevistado 08 Ação Social 44

Entrevistado 09 Administrativa 33

Entrevistado 10 Ação Social 25

Quadro 3 – Dados categóricos dos entrevistados

Cabe ainda ressaltar que a autora desse estudo é funcionária da área de planejamento do DN do Sesc há seis anos e com conhecimento do trabalho da organização e dos DRs em função das diversas viagens a serviço, reuniões, encontros regionais e nacionais a que sua agenda de trabalho está submetida. Sendo assim, a observação participante para o estudo se deu por meio de um constante processo de aproximação e distanciamento do objeto. Ao mesmo tempo em que o pertencimento, conhecimento da organização e proximidade com os interlocutores facilitou a empatia a fim de estabelecer um processo de confiança para observação da dinâmica organizacional, por outro lado o exercício de distanciamento se mostrou determinante para se manter um olhar crítico. Um exercício constante de prática de construção do objeto a ser observado (BOURDIEU, 2004), ainda, o exercício da reflexidade reflexa,

que possibilita ao pesquisador “perceber e controlar no campo, na própria condução da entrevista” (BOURDIEU, 1997, p. 694) tal caráter de proximidade com o objeto

4.3. Limitações do método

Apesar do método de pesquisa ser o instrumento que permite a aproximação entre o pesquisador e o objeto observado (VERGARA, 1997) e a metodologia escolhida ser considerada apropriada aos objetivos de investigação desse estudo, compreender e analisar as revelações do campo. Cabe reconhecer que “todo método tem possibilidades

e limitações” (VERGARA, 1997, p. 59).

Em relação ao instrumento de pesquisa, entrevista pessoal, exigiu dos interlocutores, no momento da entrevista, a recuperação de eventos, ações e dados por meio da memória. Durante o processo de pesquisa, tais informações foram cotejadas com o restante dos instrumentos. Entretanto, cabe refletir que, nessas condições, relatar o passado significa um exercício de seletividade e re-significação.

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