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Essa pesquisa analisa a escolha contábil realizada pelas empresas frente às alterações introduzidas na Lei contábil brasileira, no que se refere ao saldo existente no grupo diferido após efetuadas as reclassificações obrigatórias.

A presente pesquisa utiliza a abordagem positiva. Essa abordagem é descrita por Iudícibus et al (2004, p. 31) como aquela que “procura descrever como a contabilidade é, entender por que é assim e prever comportamentos.” Ainda segundo Iudícibus et al (2004), a teoria positiva procura estabelecer hipóteses que devem ser testadas, antes de chegar a conclusões parciais.

As hipóteses, estabelecidas com base nos elementos amostrais, são testadas por meio de regressões. Em algumas aplicações da regressão linear simples ou múltipla, a variável dependente é expressa por uma variável nominal, expressa por duas categorias (somente dois valores). Segundo Martins (2001), para esses casos, uma boa aproximação é o uso da regressão logística que permite o uso de um modelo de regressão para se calcular (prever) a probabilidade de um evento particular, com base em um conjunto de variáveis independentes que podem ser numéricas ou não.

Segundo Hair et al (2006), a regressão logística é uma forma especializada de regressão que é formulada para prever e explicar uma variável binária, e não uma medida dependente numérica. Ainda segundo Hair et al (2006), quando as suposições básicas de ambos são atendidas, a regressão logística e a análise discriminante oferecem resultados preditivos e classificatórios comparáveis e

empregam medidas diagnósticas semelhantes, porém, a regressão logística pode acomodar variáveis não-métricas por meio da codificação em variável dicotômicas.

Com essas considerações, foi aplicado o modelo Logit de regressão linear múltipla para avaliar a contribuição de cada variável explicativa para estimar a variável dependente dummy (baixar ou não o diferido). As variáveis independentes estudadas são as seguintes: possui ou não nível diferenciado de Governança Corporativa; participação ou não nos lucros pelos administradores; emissora ou não de ADR; auditado ou não por BigFour; tamanho do diferido; possuir ou não reserva de reavaliação de imobilizado e; endividamento.

3.1 I

NSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Por não existir uma base de dados que contivesse todas as informações necessárias para esse estudo, foi necessário construir uma base de dados própria. Contudo, a maior parte das informações foi obtida por meio do software Economática utilizando como filtro principal empresas não financeiras listadas na Bovespa em 12/2007 que possuíam saldo no grupo diferido. Em contraponto, a análise foi efetuada de acordo com a publicação dos balanços de 2008. Assim, empresas que por qualquer motivo não publicaram seus balanços foram excluídas da amostra.

Mesmo sendo possível obter a informação no software Economática, dados relativos à variável sobre empresas que possuem programas de American

Depositary Receipt (ADR) foram coletadas por meio do site da bolsa de Nova York.

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empresa que tenha emitido ADR após o balanço de 2008, o que prejudicaria a análise.

As notas explicativas das demonstrações contábeis, essenciais para a identificação do tratamento dado ao grupo diferido, objeto deste estudo, foram obtidas por meio das Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) disponibilizadas pela CVM assim como pela Bovespa, local em que os dados foram coletados.

As variáveis que tratam da empresa de auditoria, informação sobre níveis diferenciados de Governança Corporativa, bem como a informação sobre empresas que remuneram seus administradores com base no lucro foram obtidas por meio das Informações Anuais (IAN) arquivadas na CVM, também disponibilizada pela Bovespa.

A partir da amostra inicial, foram analisadas as notas explicativas das 226 empresas que possuíam saldo no grupo diferido no balanço do ano de 2007 e cujas informações do balanço de 2008 estavam disponíveis. A análise preliminar separou as empresas em dois grupos: Grupo 1: empresas que em 12/2008, após efetuadas as reclassificações obrigatórias, mantinham saldo no diferido passível de escolha contábil; Grupo 2: empresas que em 12/2008, não possuíam saldo, seja por amortização total no decorrer do exercício, seja por motivo de reclassificação obrigatória do saldo total.

Considerando que todas as empresas foram obrigadas ao procedimento de reclassificação das contas do grupo diferido e que o saldo restante poderia ser baixado ou mantido até o final de sua amortização, conforme já discutido, a base de dados formada somente com empresas com saldo após reclassificação como

descrito no Grupo 1 do parágrafo anterior, totalizou 148 empresas. Demais empresas (grupo 2) foram excluídas da amostra.

A partir dessa amostra, novamente houve a separação em dois grupos: empresas que mantiveram o diferido e; empresas que baixaram o diferido.

Entre essas empresas, apenas quatro efetuaram, depois da reclassificação, a baixa de parte do diferido que, por sua característica não pode ser mantida até o final da amortização e, o restante, com característica compatível com a classificação no grupo diferido foi mantido. Exemplo disso ocorreu com a empresa Braskem, já citada que efetuou a reclassificação dos valores relativos ao ágil por expectativa de rentabilidade futura, manteve os gastos pré-operacionais no ativo diferido e efetuou a baixa contra lucros acumulados do saldo restante. Devido a baixa ter sido efetuada não por escolha, e sim por imposição legal, esse grupo foi considerado nessa pesquisa no grupo de “empresas que mantiveram o diferido”.

3.2 M

ODELO ECONOMÉTRICO

Nessa pesquisa, a variável dependente é formada por um grupo de empresas que optaram entre duas escolhas contábeis válidas e, dessa forma os dados foram organizados utilizando-se de variáveis dummy, que, segundo Levine et al (2005) permite considerar as variáveis explanatórias categóricas como parte do modelo de regressão. “Se uma dada variável explanatória categórica possui duas categorias, então somente uma variável dummy será necessária para representar as duas categorias.” (Levine et al 2005, p. 568)

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A variável dummy para a Escolha Contabil - EC foi definida como: 0, se a EC foi de baixar o saldo do diferido e; 1 se a EC foi manter o saldo do diferido até o final de sua amortização.

Por meio da regressão proposta, formulou-se no Quadro 2 a relação de construtos e proxies das variáveis utilizadas na formulação das hipóteses do modelo

Logit de regressão linear múltipla a serem testadas neste estudo:

Variável Denominação Construtos

Sinal

esperado Proxy

EC

(Dependente) Escolha Contábil

Empresas que baixaram x empresas que manteram o saldo

do diferido Variável dummy: D=0 - baixar D=1 - manter GC (Independente) Nível de Governaça Corporativa Empresas que possuem níveis diferenciados de GC

Baixa (-) D=0 - não possui Variável dummy: D=1 - possui PR (Independente) Participação dos Administradores no Resultado

Empresas onde seus administradores possuem participação

nos lucros

Baixa (-) Variável dummy: D=0 - não remunera D=1 - remunera ADR (Independente) American Depositary Receipt Papel emitido e negociados na bolsa de Nova York Baixa (-) Variável dummy: D=0 - não emissora de ADR D=1 - emissora de ADR BIGFOUR (Independente) Auditoria Empresas auditadas pelas consideradas BigFour Baixa (-) Variável dummy:

D=0 - não auditada por big4 D=1 - auditada por big4

TD (controle) Tamanho do Diferido Relação do Saldo do Ativo Diferido/Ativo Total em 2008 Manter (+)

Resultado da relação entre o saldo do ativo diferido pelo ativo total em 2008

REAV

(independente)

Reserva de Reavaliação

Possui ou não saldo em 12/2007 saldo na conta de reserva de

reavaliação

Manter (+) Variável dummy: D=0 - Não possui saldo D=1 - Saldo maior que zero

ENDIV (independente) Endividamento Endividamento medido por: (dívida/patrimônio líquido) Manter (+)

Resultado da relação entre a dívida total pelo patrimônio líquido em 2008

QUADRO 2: VARIÁVEIS Fonte: Elaborado pelo autor

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