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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS FUCAPE FERNANDO DRAGO LORENCINI

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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM

CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE

FERNANDO DRAGO LORENCINI

TRATAMENTO CONTÁBIL DO GRUPO DIFERIDO FRENTE A MP

449/2008 (LEI 11.941/2009) PELAS EMPRESAS LISTADAS NA

BOVESPA

VITÓRIA

2010

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FERNANDO DRAGO LORENCINI

TRATAMENTO CONTÁBIL DO GRUPO DIFERIDO FRENTE A MP

449/2008 (LEI 11.941/2009) PELAS EMPRESAS LISTADAS NA

BOVESPA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências Contábeis - Nível profissionalizante.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa

VITÓRIA

2010

(3)

Dedico esse trabalho a minha esposa, Schennia pelo carinho, apoio e compreensão.

(4)

AGRADECIMENTOS

Ao orientador, Professor Doutor Fábio Moraes da Costa, pelo incentivo e ensinamentos transmitidos durante não somente a realização desse trabalho, mas por todo tempo que durou esse curso.

Aos professores do mestrado, em especial, professores Marcelo Sanches Pagliarussi, Aridelmo Teixeira, Fernando Caio Galdi, Valcemiro Nossa, Arilton Teixeira, pela competência e cordialidade que sempre tiveram.

A todos os meus amigos, em especial aos que conheci durante o mestrado, Renato, Vinicius, Erimar e Celso.

A meus pais Gilmar e Aparecida, pelo carinho e incentivo que sempre proporcionaram.

Ao Conselho Regional de Contabilidade (CRC) , pelo convênio firmado com a FUCAPE que viabilizou recursos para a realização desse curso e ao então presidente João Alfredo de Souza Ramos, ao qual externo minha admiração pelo exemplo profissional.

(5)

RESUMO

Este estudo verificou escolhas contábeis adotadas por empresas listadas na Bovespa, que em 31/12/2008 possuíam saldo no grupo diferido. A utilização do diferido foi restringida pela Lei 11.638/2007 e, logo após, a Medida Provisória 449/2008 extinguiu esse grupo que até então subdividia o ativo. Essa pesquisa toma como base uma das escolhas contábeis que surgiram com a vigência da MP 449/2008 (baixar ou manter o saldo do diferido até o final da amortização). Na busca por determinantes da escolha, foram testadas entre outras, as variáveis: possuir ou não nível diferenciado de governança corporativa; possuir ou não American

Depositary Receipt (ADR); ser ou não auditado por BigFour; remunerar ou não seus

administradores com base nos lucros; ter ou não reserva de reavaliação de bens, bem como o tamanho do saldo do diferido a ser tratado. Com a aplicação do modelo

Logit a partir de uma amostra composta por 148 empresas, verificou-se que as

variáveis de governança corporativa; ser ou não auditado por BigFour e tamanho do saldo do diferido, são estatisticamente significantes. Considerando essas três variáveis, há indícios que empresas que possuem nível diferenciado de governança corporativa optaram por baixar o saldo residual do ativo diferido, ao contrário de empresas auditadas por BigFour. A variável de controle relacionada ao tamanho do saldo residual do ativo diferido apresentou indícios de que as empresas optaram por não efetuar a baixa de valores relativamente maiores. Concluiu-se assim, que essas variáveis são determinantes que influenciaram na escolha contábil das empresas. Palavras chave: Lei 11.638/2007. Medida Provisória 449/2008. Diferido. Escolhas Contábeis.

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ABSTRACT

This study verified accounting choices adopted by companies listed on Bovespa, that on 31/12/2008 owned balance in the group referred. The use of deferred was restricted by the law 11.638/2007 and, right after, the Provisional Measure 449/2008 extinguished this group that until then subdivided the asset. This research was developed based on one of the accounting choices that arose with the PM 449/2008 validity (to lower or maintain the balance deferred by the end of the amortization). In the search for the choices determinants, were tested among others, the variable of possessing or not differentiable level of corporate governance; possessing or not American Depositary Receipt (ADR); being or not audited by BigFour, remunerate or not its administrators based on the profits; having or not assets reavaluation reserves, as well as the balance size of the deferred to be treated. With the Logit model application from a sample composed by 148 companies, were verified that the variable of corporate governance; being or not audited by BigFour and size of deferred balance are statistically meaningful. Whereas that among the three variables, there are traces that companies which differentiated level of corporate governance chose to lower the residual balance of the asset referred in contrast to companies audited by BigFour. The variable control related to the size of the residual balance of deferred presented evidence that companies chose to not make the low of values relatively higher. It was concluded therefore that these variables are determinants that influenced in accounting choice of companies.

Keywords: Law 11.638/2007. Provisional Measure 449/2008. Deferred. Accounting Choice.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL DE EC ... 38

TABELA 2 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL DE GC ... 38

TABELA 3 - FREQUÊNCIA DA EC DE BAIXA - EMPRESAS COM GC ... 39

TABELA 4 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL ADR ... 39

TABELA 5 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL PR ... 40

TABELA 6 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL BIGFOUR ... 40

TABELA 7 - ESTIMAÇÃO DO MODELO LOGIT ... 41

(8)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 13

2.1 ESCOLHAS CONTÁBEIS ... 13

2.2 GERENCIAMENTO DE RESULTADOS ... 16

2.3 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE –IFRS ... 17

2.4 UTILIZAÇÃO DO ATIVO DIFERIDO ... 20

2.5 DISCLOSURE ... 21

2.6 VARIÁVEIS DE ANÁLISE A BAIXA OU NÃO DO DIFERIDO ... 24

2.6.1 Níveis diferenciados de Governança Corporativa ... 25

2.6.2 Participação de administradores nos lucros. ... 27

2.6.3 Emissora ou não de American Depositary Receipt (ADR) ... 28

2.6.4 Auditoria ... 29

2.6.5 Tamanho do diferido ... 30

2.6.6 Reavaliação de Bens do Ativo Imobilizado ... 31

2.6.7 Endividamento ... 32

3 METODOLOGIA ... 33

3.1 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 34

3.2 MODELO ECONOMÉTRICO ... 36

4 ANÁLISE DOS DADOS ... 38

4.1 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA E ESTATÍSTICA DESCRITIVA ... 38

4.2 ANÁLISE DA REGRESSÃO LOGIT ... 40

5 CONCLUSÃO ... 44

(9)

1 INTRODUÇÃO

Com o objetivo de identificar características que podem influenciar nas escolhas contábeis das empresas, esta pesquisa analisa a escolha contábil relacionada ao tratamento contábil do saldo do diferido diante da adoção da Medida Provisória 449/2008 (convertida na Lei 11.941/2009) que alterou a Lei 11.638/2007.

As mudanças nas normas brasileiras de contabilidade têm sido motivadas pela crescente demanda de informações contábeis por parte de seus usuários (investidores internacionais, bancos, analistas e outros) no sentido de entenderem e analisarem melhor as demonstrações contábeis das companhias transnacionais, assim como pelo aumento significativo das fusões e aquisições das empresas nos últimos anos (CAMBRIA, 2008).

Lopes e Tukamoto (2007), sobre a comparabilidade entre demonstrações contábeis em diferentes normas, citam o caso da Daimler-Benz. Em 1993, para haver a possibilidade da companhia negociar ADRs na New York Securities

Exchange, NYSE, foi preciso refazer suas demonstrações contábeis segundo os

USGAAP (Princípios Contábeis Norte-Americanos). Com isso, houve uma diferença de US$ 1,370 milhão entre as normas alemãs e as normas contábeis dos Estados Unidos. A companhia apresentou um lucro de US$ 370 milhões nas normas de seu país e um prejuízo de US$ 1 milhão segundo os USGAAP. “Segundo esse fato, a adoção de diferentes normas contábeis pode acarretar relevantes discrepâncias entre os números contábeis, prejudicando a sua análise e a tomada de decisões” afirmam Lopes e Tukamoto (2007, p. 88).

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9

Farah et al, (2009, p. 21), afirmam que desde 2001, com a reestruturação do

International Accouting Standards Committee (IASC) e a criação do International Accouting Standards Board (IASB), o IASB passou a revisar as normas

internacionais e emitir novas, de modo a formar um conjunto de normas contábeis a ser adotado para direcionar e padronizar a forma como as empresas abertas européias deveriam preparar e divulgar suas demonstrações financeiras. A comunidade européia estabeleceu o ano de 2005 como o ano para adoção integral pela primeira vez das Normas Internacionais de Relatórios Financeiros.

No Brasil, as mudanças na legislação brasileira, especialmente a introduzida pela Lei 11.638/2007, aproximou as normas brasileiras às normas internacionais de contabilidade e, de acordo com Geron (2008), foi dado um grande passo para a adoção das normas internacionais pelo mercado brasileiro. Essa Lei passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2008, alterando de forma significativa tópicos de natureza contábil da Lei 6.404/76. Após a promulgação da Lei 11.638/2007, as normas emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passaram a ser obrigatoriamente convergentes às normas internacionais de contabilidade.

O ano de 2008 foi marcado como sendo um dos mais relevantes em relação à evolução das técnicas contábeis no Brasil, assim como do processo de harmonização das práticas locais às Normas Internacionais de Contabilidade, ou IFRSs (MACIEL, 2009 p.8).

Um dos pontos alterados pela nova legislação foi à estrutura do balanço patrimonial, que entre outras mudanças dividiu o ativo permanente em investimento, imobilizado, intangível e diferido.

O ativo diferido, como parte do ativo permanente era até então utilizado para o registro de gastos que contribuíssem para a formação do resultado de mais de um exercício social e amortizadas na medida em que as receitas esperadas sejam produzidas. No Brasil, esse grupo sofreu alguns lançamentos atípicos a sua

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natureza como, por exemplo, o diferimento de prejuízos de valorização cambial ocorridos em 1999 e posteriormente em 2001.

Com a implantação da Lei 11.638/2007 manteve-se apenas classificado no diferido as despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação que contribuiriam, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social e que não configurassem tão-somente uma redução de custos ou acréscimo na eficiência operacional.

Em dezembro de 2008 foi editada a Medida Provisória 449 que, entre outras alterações, extinguiu o grupo diferido com a divisão do ativo não circulante em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Essa MP também incluiu o Art. 299-A na Lei 6.404/1976, estabelecendo que os saldos existentes em 31/12/2008 classificados no ativo diferido que, pela sua natureza, não possam ser alocados a outro grupo de contas, poderão permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização. Posteriormente a Medida Provisória 449/2008 foi convertida na Lei 11.941/2009, mantendo-se as regras estabelecidas anteriormente.

Após a publicação da MP 449/2008, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitiu o Pronunciamento Técnico CPC 13 que trata da Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/2007. A aplicação desse pronunciamento tornou-se obrigatória para as companhias abertas com a publicação da deliberação CVM Nº 565, em 17 de dezembro de 2008. Nele ficou estabelecido que os gastos ativados que não possam ser reclassificados para outros grupos de ativos, devem ser baixados no balanço de abertura, na data de transição, mediante o registro do valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais, ou mantidos nesse grupo até sua completa amortização.

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11

Dessa forma, a adoção inicial da MP 449/2008 e o pronunciamento técnico CPC 13 a ser adotado trouxe para as companhias uma nova escolha contábil entre duas opções igualmente válidas.

As escolhas contábeis são definidas por Fields et al (2001) como decisões cujo principal objetivo é influenciar o resultado do sistema contábil. Em sua definição os autores afirmam que as escolhas não só incluem as demonstrações financeiras como também as questões regulatórias e de impostos.

Para Francis (2001), a definição para escolhas contábeis dada por Fields et al (2001) é expansiva em várias dimensões. Uma das dimensões se dá pela escolha entre regras igualmente aceitas, como por exemplo, PEPS versus UEPS, métodos de depreciação normal versus depreciação acelerada. Entendemos que a escolha contábil objeto deste estudo se enquadra perfeitamente na dimensão avaliada por Francis (2001) por se tratar de escolha contábil igualmente aceita.

Conforme já foi dito, em 31 de dezembro de 2008, as empresas que possuíam saldo no ativo diferido, após efetuarem a reclassificação puderam optar em baixar ou manter até o final da amortização. Diante desse contexto, essa pesquisa tem como propósito investigar o seguinte problema:

Quais as características das empresas listadas na Bovespa que optaram por baixar os saldos classificados no ativo diferido ou manter até o final da amortização?

Assim, esse estudo verifica a escolha contábil das empresas da amostra por meio de seus balanços e principalmente suas notas explicativas. A partir dessa informação foram levantadas as variáveis com potencial para interferir ou direcionar a escolha contábil. Os dados levantados relativos às variáveis independentes

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classificam as empresas com as seguintes características: possuir ou não nível diferenciado de Governança Corporativa; remunerar ou não administradores com base nos lucros; ser ou não emissora de ADR; ser ou não auditada por BigFour e; possuir ou não reserva de reavaliação de imobilizado. Também foram testadas as variáveis de nível de endividamento e tamanho do diferido passível de escolha.

Esse estudo foi aplicado às empresas brasileiras que em 31 de dezembro de 2007, ano anterior à aplicação da medida provisória, mantinham saldo no grupo diferido e restringe-se em analisar empresas listadas na Bovespa que apresentaram na publicação do balanço de 2007, saldo nas contas do grupo diferido. A avaliação foi feita com base no saldo publicado no final de 2008, bem como no saldo anterior e, principalmente, nas notas explicativas em busca do tratamento dispensado ao saldo existente no grupo em questão.

Os resultados obtidos por meio da aplicação do modelo Logit de regressão sugerem que as variáveis de governança corporativa, ser ou não auditado por

BigFour e tamanho do saldo do diferido, são estatisticamente significantes indicando

que essas variáveis são determinantes que influenciaram na escolha contábil das empresas.

(14)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 E

SCOLHAS CONTÁBEIS

De acordo com Paulo (2007), a informação contábil é influenciada por critérios alternativos de mensuração e evidenciação, fazendo com que o administrador possa escolher entre normas e práticas permitidas pela regulamentação contábil. A natureza das escolhas contábeis é descrita por Fields et al (2001) como: Escolhas entre regras igualmente aceitas; julgamentos e estimativas requeridas por alguns sistemas contábeis; decisões estratégicas de disclosure; decisões do momento de reconhecimento e; atividades de lobby. Fields et al (2001) definem escolhas contábeis como:

Qualquer decisão cujo principal objetivo é a influência (na forma ou substância) no resultado do sistema contábil de uma maneira particular, incluindo não só as demonstrações financeiras publicadas de acordo com os GAAP, mas também retornos de impostos e questões regulatórias. (Fields et al, 2001, p. 256, tradução nossa)1

Essa definição ampla deixa claro que nem todas as escolhas contábeis envolvem gerenciamento de resultados.

Para os Fields et al (2001), as escolhas contábeis por parte dos gestores são influenciadas por três proxies tratadas como imperfeições do mercado que são:

 Custos de agência;

 Assimetria de informação e;  Externalidades.

1

An accounting choice is any decision whose primary purpose is to influence (either in form or substance) the output of the accounting system in a particular way, including not only financial statements published in accordance with GAAP, but also tax returns and regulatory filings (Fields et

(15)

Custos de agência: O relacionamento de agência é definido por Jensen e Meckling (1976) como um contrato no qual o principal contrata outra pessoa, o agente, para desempenhar tarefas em seu favor, lhe delegando poderes para tomada de decisões. Se as partes agem em prol da maximização de suas utilidades pessoais, é forte a razão para que o agente, no cumprimento de suas funções, nem sempre priorize o interesse do principal. Os custos para alinhar os interesses são chamados custos de agência.

Fields et al (2001) dividem custos de agência em duas questões contratuais: remuneração de executivos e bond covenants. A primeira se refere à remuneração dos executivos. Hendriksen et al (2009, p. 143) afirmam que gestores de empresas que possuem planos de bônus com base em resultado, têm um incentivo claro para aumentar esse número contábil, seja manipulando as regras de cálculo ou ainda escolhendo as regras que lhes favoreçam. Com essa mesma interpretação Watts e Zimmerman (1986, p. 208), afirmam:

Ceteris paribus, administradores recompensados com base nos resultados

contábeis, possuem incentivo por fazer escolhas que antecipem lucro contábil e, por consequente, sua remuneração. (tradução nossa)2

A segunda questão contratual dos custos de agência se refere a bond

covenants. Muitas cláusulas em emissões de títulos de dívida estipulam que certos

índices financeiros devem permanecer acima de determinado nível. Dessa forma, segundo Hendriksen et al (2009, p. 143), a administração também tem incentivo para transferir lucros de períodos futuros para o período corrente, reduzindo assim o quociente entre capital de terceiros e o capital próprio.

Assimetria informacional: ocorre, segundo Hendriksen et al (2009, p. 139) quando “nem todos os estados são conhecidos por ambas as partes e, assim, certas

2

Ceteris paribus, managers of firms with bonus plans are more likely to choose accounting

procedures that shift reported earnings from future periods to the current (Watts e Zimmerman, 1986,

(16)

15

consequências não são por elas consideradas.” Como afirma Goulart (2008) a assimetria de informações é dada uma vez que os gestores possuem amplo conjunto de informações para a tomada de decisões diferentemente dos usuários externos da informação contábil que dependem da divulgação de informações para construir uma base fundamentada para sua tomada de decisões. Bartov et al (1996) afirmam que estudos anteriores demonstram que a maior assimetria de informações entre os participantes do mercado se traduz em maiores custos de transação e menor liquidez para as ações de negociação da empresa, elevando a taxa de retorno exigida e baixando os preços de suas ações. No entanto, Fields et al (2001) afirmam em seu estudo que não há indícios que uma maior divulgação tem como resultado inequívoco uma redução do custo de capital, gerenciamento de resultados e eficiência de mercado.

Externalidades: Relacionadas principalmente a impostos, onde os administradores tendem a escolhas que objetivam postergar o pagamento dos mesmos; e, regulação, onde setores menos regulados teriam mais escolhas discricionárias.

De acordo com Francis (2001), a definição para escolhas contábeis dada por Fields et al (2001) é expansiva em várias dimensões. Uma delas é a natureza do tomador de decisão. Não apenas o gestor é tratado como responsável por escolhas e sim todos os grupos que podem de certa forma influenciar a tomada de decisão contábil, como por exemplo, os auditores, membros do comitê de auditoria. Outra dimensão da definição se dá pela escolha entre regras igualmente aceitas, como por exemplo, PEPS versus UEPS, métodos de depreciação normal versus depreciação acelerada.

(17)

2.2 G

ERENCIAMENTO DE RESULTADOS

Martinez (2001), define gerenciamento de resultados contábeis, ou ‘earnings

management’, como a alteração proposital (intencional) dos resultados contábeis

dentro dos limites legais, dadas a discricionariedade e a flexibilidade permitidas pelas normas e práticas contábeis, visando ao alcance de motivação particular.

Lopes e Tukamoto (2007, p. 86) afirmam:

Essa prática contribui para o aumento da assimetria informacional ao mascarar a verdadeira performance da empresa através de seus números, podendo induzir os diversos agentes a tomarem decisões inadequadas.

A manipulação das informações contábeis pode ser definida como a utilização das ações discricionárias por parte dos administradores para alterar a interpretação da realidade econômica e financeira da empresa. Segundo Stolowy e Breton (2004), essa prática é motivada pelas possibilidades de transferências de riqueza entre a companhia e a sociedade (custos políticos), fontes de recursos (custo de capital) ou para os próprios administradores (planos de compensação). Sendo assim as duas primeiras situações tentam beneficiar a empresa e seus proprietários, diferentemente do que ocorre na última situação. Para Healy e Wahlen (1999, p. 368):

Gerenciamento de resultados ocorre quando os administradores usam do julgamento sobre as informações financeiras e atividades operacionais para alterar relatórios contábeis, com o intuito de iludir alguns investidores sobre o desempenho econômico da companhia ou para influenciar resultados contratuais que dependam dos números contábeis informados. (tradução nossa)3

No Brasil, temas relacionados ao gerenciamento de resultados têm motivado pesquisas, como por exemplo, Perlingeiro (2009) que estudou os fatores que afetam

3

Definition: Earnings management occurs when managers use judgment in financial reporting and in

structuring transactions to alter financial reports to either mislead some stakeholders about the underlying economic performance of the company or to influence contractual outcomes that depend on reported accounting numbers. Healy e Wahlen (1999, p. 368)

(18)

17

as escolhas contábeis no que tange ao gerenciamento de resultados na contabilização de derivativos em instituições financeiras. Foram testadas as variáveis de tamanho, origem de capital, níveis diferenciados de Governança Corporativa e acompanhamento por analistas. Nos resultados encontrados pela autora as evidências empíricas demonstraram a ausência de práticas relacionadas ao gerenciamento de resultados, a partir de escolhas contábeis.

2.3 N

ORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

IFRS

A globalização da contabilidade está inserida basicamente em um contexto de redução de barreiras comerciais entre as nações e de captações de recursos internacionais, dada a globalização da economia mundial. A informação contábil se tornou mais importante para decisões de investidores e para gestão de administradores.

Almeida (2007) afirma que diferenças entre as normas brasileiras e internacionais dificultam a análise e a comparação das sociedades entre diversos países, principalmente da situação financeira e do desempenho, e aumentam ainda mais as criticas que os usuários fazem das demonstrações financeiras. Os usuários tem a expectativa de que as informações sejam transparentes, confiáveis, objetivas, relevantes e comparáveis em nível internacional com outras sociedades.

Em 1973, organismos profissionais de contabilidade da Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, França, Irlanda, Japão, México, Holanda e Reino Unido criaram o International Accounting Standards Committee (IASC), que é uma fundação independente sem fins lucrativos com o objetivo de formular e publicar, de modo totalmente independente, um novo padrão de normas contábeis

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internacionais que pudesse ser mundialmente aceito. Os pronunciamentos emitidos pelo IASC foram chamados de IAS.

Em 1997, dentro da estrutura do IASC foi criado o comitê técnico chamado

Standing Interpretations Committee (SIC), responsável pelas publicações de

interpretações contábeis, objetivando esclarecer as dúvidas dos usuários.

Em 2001, foi criado o International Accounting Standards Board (IASB) para assumir as responsabilidades técnicas do IASC de melhorar a estrutura técnica de formulação e validação dos novos pronunciamentos contábeis internacionais a serem emitidos, os quais foram denominados IFRS (International Financial Reporting

Standards). Em dezembro do mesmo ano, o nome do SIC foi alterado para International Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC). Este Comitê

passou a ser responsável pela publicação, a partir de 2002, de todas as interpretações sobre o conjunto de normas internacionais, denominadas IFRIC.

Na Europa todas as companhias listadas passaram a adotar obrigatoriamente as normas em IFRS para a publicação de suas demonstrações financeiras consolidadas a partir do ano de 2005.

Em função da necessidade da convergência internacional das normas contábeis, bem como a centralização na emissão de normas dessa natureza, em outubro de 2005 o Conselho Federal de Contabilidade criou por meio da Resolução CFC nº 1.055/2005, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). A resolução define o objetivo do CPC, sendo:

Art. 3. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

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19

O CPC é formado pelas entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC NACIONAL), Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Conselho Federal de Contabilidade, Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras (FIPECAFI) e Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Além das entidades que compõem o CPC, são sempre convidados a participar dos trabalhos os representantes do Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Secretaria da Receita Federal e Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

A elaboração e publicação de Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS passará a ser obrigatória a partir de 31/12/2010 para as instituições financeiras conforme comunicado do Banco Central do Brasil. Essa regra passou a valer também em relação às Companhias Abertas Brasileiras uma vez que a Comissão de Valores Mobiliários publicou a obrigatoriedade por meio da Instrução CVM n. 457. Por sua vez, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) emitiu a Circular Susep n. 357, de 26/12/2007, exigindo a preparação e publicação de Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS, a partir de 31/12/2010.

Como já foi dito, em dezembro de 2007 foi sancionada a Lei nº 11.638. Essa nova Lei contábil que introduziu princípios de IFRS na contabilidade brasileira além de permitir, por meio da inclusão do Art. 10-A na Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que a CVM, o BACEN e demais órgãos e agências reguladoras pudessem celebrar convênio com entidade, composta majoritariamente por contadores, que tenha por objeto o estudo e a divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e de auditoria, podendo, no exercício de suas atribuições

(21)

regulamentares, adotar, no todo ou em parte, os pronunciamentos e demais orientações técnicas emitidas.

2.4

U

TILIZAÇÃO DO ATIVO DIFERIDO

Os ativos diferidos caracterizam-se por serem ativos que serão amortizados por apropriação às despesas (ou aos custos), no período de tempo em que estiverem contribuindo para a formação do resultado da empresa. Compreendem despesas incorridas durante o período de desenvolvimento, construção e implantação de projetos, anterior a seu início de operação. Incluem as despesas ocorridas com a implantação de projetos mais amplos de sistemas e métodos, com reorganização futura desses saldos diferidos por meio de receitas que venham cobrir os custos e despesas futuras e gerem margem para atender a amortização desses diferidos e à depreciação dos bens do imobilizado correspondentes. Não incluem bens corpóreos, pois esses devem ser classificados no Imobilizado. Representam, muitas vezes, gastos cuja contabilização seria como despesas operacionais (IUDÍCIBUS et al, 2003).

Em relação ao tratamento dado à informação contábil no ano de 1999, o Governo Federal, através da MP 1.835-5/1999 (transformada na Lei nº 9.816/1999), permitiu que, opcionalmente, as empresas efetuassem o diferimento das perdas decorrentes do ajuste ocorrido com a variação cambial.

Para isso, as empresas poderiam registrar, em conta do ativo diferido, o resultado líquido negativo decorrente do ajuste dos valores em reais de obrigações de créditos efetuados em virtude de variação nas taxas de câmbio ocorrida no primeiro trimestre de 1999, devendo ser amortizado à razão de 25%, no mínimo, por

(22)

21

ano-calendário a partir do próprio ano de 1999. Esse diferimento tinha um efeito exclusivamente sobre as demonstrações contábeis, pois para fins de apuração de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, deveria ser integralmente reconhecido no primeiro trimestre de 1999 (para empresas com regime de apuração trimestral pelo lucro real) ou no ano-calendário de 1999 (regime de apuração anual). A Deliberação CVM nº 294/1999 também permitiu o procedimento, excepcional, de postergar a transição pelo resultado da variação líquida negativa decorrente das perdas cambiais, ocorridas no primeiro trimestre de 1999 e estabeleceu que referidas perdas deveriam ser amortizadas linearmente em até quatro anos, a partir do exercício de 1999.

Durante o segundo semestre de 2001, houve novamente uma acentuada desvalorização da moeda nacional em relação à moeda estrangeira e, novamente o Governo Federal, através da MP 03/2001 (convertida na Lei nº 10.305/2001), facultou às empresas, que não estivessem submetidas às regras do Banco Central do Brasil (BACEN), o diferimento das perdas cambiais ocorridas.

2.5 D

ISCLOSURE

Verrechia (2001), assim como Healy e Papelu (2001), apresentam o

disclosure como uma solução para os problemas de assimetria informacional

descrita por Akerlof (1970). Gomes e Niyama (1996) afirmam que o disclosure se refere a qualidade das informações de caráter econômico e financeiro que sejam úteis aos usuários da contabilidade influenciando de alguma forma a tomada de decisões dos mesmos. Dessa forma, o disclosure está ligado diretamente aos objetivos da contabilidade.

(23)

Dantas et al (2004) afirmam que, para as demonstrações contábeis adquirirem a característica de utilidade, devem conter as informações necessárias para uma adequada interpretação da situação econômico-financeira da entidade. Essa relevância foi testada no Brasil por Sarlo Neto et al (2005) que investigou se as informações contidas nas demonstrações contábeis e divulgadas ao mercado estariam refletidas nos preços das ações, demonstrando a utilidade do modelo contábil. O resultado de sua pesquisa evidenciou a relevância.

Dessa forma, Dantas et al (2004) afirmam que existe similaridade entre a abrangência do disclosure e a definição de transparência, deixando claro que evidenciação não significa apenas divulgar, mas divulgar com qualidade, oportunidade e clareza. Assim, o disclosure está vinculado ao atendimento das características qualitativas da informação contábil, buscando torná-la mais útil e aumentando a capacidade de avaliação preditiva do usuário.

A mudança das normas e procedimentos contábeis demanda das empresas uma maior evidenciação de informações relativas à adoção inicial dessas novas regras. Em se tratando da escolha contábil em relação ao saldo do grupo diferido, as empresas, em sua grande maioria, apresentaram em suas respectivas notas explicativas o procedimento adotado, com fez, por exemplo, a companhia São Paulo Alpargatas S.A. Abaixo um trecho da nota explicativa publicada pela companhia:

Representado substancialmente por despesas pré-operacionais, deduzidos da amortização acumulada, a qual é calculada pelo método linear. Conforme previsão do artigo 36 da Medida Provisória 449/08 a Companhia e suas controladas avaliaram a composição dos gastos registrados no diferido e reclassificaram os valores de custo e amortização acumulada aplicáveis para as contas do imobilizado e intangível, sendo que o saldo remanescente em 31 de dezembro de 2008, composto por gastos pré-operacionais, o qual será mantido no ativo e continuará sendo amortizado até que seja totalmente realizado.

(24)

23

Com escolha semelhante, empresas como, por exemplo, a Hypermarcas, optou por manter o saldo e fez a divulgação em nota explicativa utilizando-se inclusive de um quadro para melhor demonstrar o valor reclassificado.

Conforme permitido pela Medida Provisória 449/08, o saldo remanescente do ativo diferido em 31 de dezembro de 2008, que não pôde ser alocado ao ativo imobilizado e intangível, permanecerá no ativo diferido sob essa classificação até sua completa amortização, porém sujeito à análise periódica de sua recuperação.

Empresas, como por exemplo, a Companhia de Bebidas das Américas – AmBev, por terem efetuado a baixa, demonstraram os ajustes contra lucros acumulados como demonstrado no quadro abaixo:

Resumo dos ajustes – Consolidado

(a) Ajustes contra lucros acumulados (292.540) (a.1) Instrumentos financeiros avaliados ao valor justo pela

aplicação do conceito de contabilidade de hedge (260.528) (a.2) Baixa de ativo diferido (102.521) (a.3) Pagamentos baseados em ações (53.610) (a.4) Imposto de renda e contribuição social diferidos 125.530 (a.5) Efeito equivalência patrimonial da lei 11638/07 das

controladas (1.411)

QUADRO 1: NOTA EXPLICATIVA Fonte: AmBev

A empresa ainda apresentou em nota explicativa dando conta de que: “O saldo residual do ativo diferido, que não pôde ser reclassificado para outras contas do balanço patrimonial, foi, em 1º de janeiro de 2008, baixado contra a conta de lucros acumulados.”

Na amostra analisada, houveram ainda quatro casos de empresas que após efetuarem a reclassificação optaram por baixar parte do diferido que não se caracterizavam como despesas pré operacionais conforme definido pela Lei 11.638/2007 mantendo o restante. Foram elas: Aracruz Celulose S/A; B2W – Companhia Global do Varejo; Braskem S.A. e; Inepar.

A B2W descreveu o procedimento adotado da seguinte maneira:

Avaliou os ativos registrados em 31 de dezembro de 2008 no imobilizado, intangível e diferido para impairment e concluiu que não era requerido

(25)

nenhum ajuste; (...) Manteve, conforme facultado pela Medida Provisória nº449/08, para amortização durante o prazo dos benefícios auferidos e considerando sua efetiva recuperabilidade (sujeito a teste de impairment), certos os gastos registrados no Ativo Diferido, referentes a despesas operacionais. Outros gastos que não se caracterizavam como pré-operacionais foram analisados e quando aplicáveis reclassificados para o Imobilizado e Intangível. Aqueles que não atenderam a estas características foram registrados como despesas do exercício quando incorridos em 2008 e contra lucros acumulados quando referentes ao saldo existente em 31 de dezembro de 2007.

Já a companhia Braskem esclareceu:

Os saldos dos ativos diferidos, existentes em 31 de dezembro de 2006, relativos, principalmente, ao ágio por expectativa de rentabilidade futura no valor de R$ 1.017.073 (R$ 1.531.019 - consolidado) foram reclassificados para o grupo do ativo intangível. Os demais saldos no valor de R$ 158.880 (controladora e consolidado) foram baixados contra a conta de prejuízos acumulados em 31 de dezembro de 2006, permanecendo no ativo diferido apenas os gastos pré-operacionais que serão mantidos até sua realização total por meio de amortização ou baixa contra resultado.

Diferentemente da companhia Braskem e de outras, que informaram o valor e a conta contábil para o qual a reclassificação ocorreu percebeu-se nessa pesquisa que parte das empresas, limitaram-se apenas a informar que efetuou a reclassificação dos saldos para outros grupos não sendo possível identificar a destinação exata desse saldo reclassificado.

2.6 VARIÁVEIS DE ANÁLISE A BAIXA OU NÃO DO DIFERIDO

Pesquisas que tratam de escolhas contábeis, e especificamente as que trabalham com gerenciamento de resultados, como por exemplo, Perlingeiro (2009), Paulo (2007), Rodrigues (2006), Silveira (2006) testaram diversas variáveis, dentre as quais destacamos as relacionadas a níveis de governança corporativa, programas de bônus para administradores e impostos, sendo essas três últimas motivadas pelas questões levantadas por Watts e Zimmerman (1986), já discutidas anteriormente. A seguir, apresentamos uma breve descrição das variáveis que são testadas neste trabalho.

(26)

25

2.6.1 Níveis diferenciados de Governança Corporativa

Dado o problema de agência, a governança corporativa é definida de forma genérica, como mecanismos ou princípios que governam o processo decisório dentro de uma empresa (CARVALHO, 2002, p.19). Andrade et al (2007, p.138), afirmam que os processos e os objetivos de alta gestão que se observam nas corporações podem ser reunidos em quatro grupos: guardiã de direitos das partes com interesses em jogo nas empresas; sistema de relações pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas; estrutura de poder que se observa no interior das corporações e; sistema normativo que rege as relações internas e externas das companhias.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), órgão criado no Brasil com a principal meta de contribuir para otimizar a governança corporativa nas empresas, apresenta a seguinte definição:

Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade. (IBGC, 2009, p.19)

De acordo com Carvalho (2003), diante da importância de uma boa governança corporativa para o desenvolvimento do mercado de capitais, os mecanismos de adesão voluntária aparecem como uma alternativa mais factível, uma vez que normas legislativas para o aumento dos direitos dos minoritários sempre encontram sérios obstáculos políticos.

O Novo Mercado, criado em 2000 como um segmento especial de listagem no mercado principal da Bovespa é um exemplo desse tipo de mecanismo voluntário.

(27)

Inicialmente devido à magnitude das mudanças necessárias para adesão, principalmente no que tange a composição do capital das empresas, o Novo Mercado foi visto com grande receio por alguns emissores e intermediários. Santana (2008, p.11) afirma que para garantir que as companhias, principalmente já listadas, tivessem um caminho a percorrer em direção ao patamar de governança corporativa demandado pelos investidores, foram criados dois níveis intermediários entre o mercado tradicional da Bovespa e o Novo Mercado, os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa 1 e 2 para que funcionem como degraus, facilitando a adaptação gradual das companhias já listadas nos casos em que a migração direta para o nível máximo não seja considerada viável.

Segundo Aguiar et al, (2004) buscou-se por meio do lançamento do Novo Mercado e dos Níveis Diferenciados de Governança Corporativa 1 e 2, dar maior transparência ao mercado de capitais como forma de atrair investidores e, por conseguinte, aumentar o volume de transações. A expectativa era de que empresas que se adaptassem às novas regras teriam melhores preços por suas ações e, como consequência, maior retorno sobre o patrimônio líquido, além de, ao longo do tempo terem custos de captação reduzidos.

Cardoso (2005) investigou se a intensidade dos accruals é diferente para empresas cujos níveis de governança corporativa é certificado pela Bovespa em comparação as que não são. O período analisado compreendeu observações entre 1997 e 2004. Os resultados sugerem que a diferença não é estatisticamente significante surgindo assim à necessidade de refletir sobre os incentivos e contra-incentivos exercidos sobre o mercado de capitais sobre os diferentes grupos de empresas, com relação às escolhas contábeis.

(28)

27

Em um estudo empírico com companhias abertas brasileiras no período entre 2003 e 2004, Ramos et al (2006) investigaram se “boas” práticas de governança corporativa minimizam o gerenciamento de resultados. Os resultados indicam que as empresas do novo mercado, níveis 1 e 2, apresentam uma menor variabilidade dos

accruals discricionários quando comparada àquelas que não aderiram aos

programas.

Silveira (2006) não verificou evidências, com uma amostra compreendendo o período de 1995 a 2004, de que companhias abertas listadas nos níveis 1 e 2 de governança corporativa na Bovespa, que remuneram seus administradores por meio de opções de ações, apresentam evidências de maiores níveis de gerenciamento de resultados.

A presente pesquisa verificou se empresas com níveis de governança corporativa diferenciada: Novo Mercado, Níveis 1 e 2, apresentam comportamento semelhante na escolha contábil exercida sobre o saldo remanescente do diferido no balanço de 2008. A expectativa é que esse grupo de empresas tenha maior incentivo a facilitar a comparabilidade entre seus números contábeis com o de empresas internacionais, optando pela baixa do saldo do diferido, e assim, reduzindo as divergências de tratamento contábil.

2.6.2 Participação de administradores nos lucros.

Conforme discutido, autores como Watts e Zimmerman (1986, p. 208) assim como Hendriksen et al (2009, p. 143) afirmam que administradores recompensados com base nos resultados, possuem elevado incentivo claro para aumentar esse

(29)

número contábil, seja manipulando as regras de cálculo ou ainda escolhendo as regras que lhes favoreçam.

No caso específico da baixa do saldo do diferido, não há impacto imediato no lucro contábil do exercício de 2008, uma vez que qualquer que seja a opção, baixar contra lucros ou prejuízos acumulados, ajustando ao patrimônio líquido ou manter até o final da amortização não transita pelas contas de resultado. A diferença está no impacto positivo que o resultado sofrerá nos exercícios seguintes, uma vez que a amortização do saldo diferido, para empresas que baixaram diretamente no patrimônio líquido não continuará existindo. Dessa forma, espera-se que empresas que remuneram seus administradores com base no lucro contábil, sejam incentivadas a efetuar a baixa do saldo do diferido, aumentando assim o resultados dos períodos seguintes onde ocorreria a amortização.

2.6.3 Emissora ou não de American Depositary Receipt (ADR)

Lopes e Tukamoto (2007) estudaram o gerenciamento de resultados comparando companhias abertas brasileiras emissoras de ADR‟s e não emissoras de ADR‟s. Os resultados encontrados pelos autores não apresentaram médias estatisticamente significantes que indicasse diferenças no nível de “gerenciamento” de resultados entre demonstrações de companhias emissoras de ADR‟s e das companhias não emissoras de ADR‟s.

Silveira et al (2004) afirmam que a submissão a estruturas regulatórias necessárias a adequação às práticas de governança corporativa exigidas pela

Securities and Exchange Commission (SEC) para o lançamento de títulos de

(30)

29

da empresa. Considerando que tais empresas possuem suas demonstrações publicadas em BRGAAP e, com o lançamento de ADR, publicadas também em USGAAP, a comparação entre os resultados fica mais evidente, semelhante ao caso já citado da Daimler-Benz no lançamento de ADR. Assim, como o grupo diferido inexiste nas normas americanas, empresas emissoras de ADR‟s seriam incentivadas a baixar o saldo desse grupo, fazendo com que o tratamento contábil seja o mesmo (não reconhecido como ativo) independente da norma contábil de cada país.

2.6.4 Auditoria

Almeida et al (2007) investigaram a relação entre empresas de capital aberto auditadas pelas consideradas BigFour (Deloitte Touche Tohmatsu, Ernst & Young, KPMG e PricewaterhouseCoopers) e demais empresas de auditoria possuem diferença significante nos accruals discricionários das firmas auditadas. Os resultados encontrados sugerem que empresas auditada pelas BigFour possuem menor grau de accruals discricionários em relação as demais, sugerindo a capacidade para mitigar práticas de earnings management.

Azevedo e Costa (2008) verificaram o efeito da mudança da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras. Os resultados do trabalho sugerem que não é possível afirmar que sempre que exista troca da firma de auditoria há necessariamente redução no nível de gerenciamento de resultados nas empresas brasileiras. Com tudo, Azevedo (2007) verificou evidências estatisticamente significantes de que a troca da firma de auditoria diminuiu o nível de gerenciamento de resultados das empresas brasileiras.

(31)

Com a afirmação de que os escândalos contábeis ocorridos no mercado internacional ocasionaram uma crescente valorização das práticas de governança corporativa, destacando entre elas o fortalecimento do papel do Conselho de Administração e a reformulação dos serviços das empresas de auditoria independente, Martinez (2008) investigou como as características do Conselho de Administração e da firma de auditoria independente estão correlacionadas com a propensão para a prática de earnings management no Brasil. Os resultados encontrados pelo autor indicaram uma maior permissividade das empresas de auditoria nacionais à prática de earnings management, em relação as de origem internacional.

Identificando fatores internos e externos à empresa que influenciam a prática do gerenciamento de resultados inibindo-o ou estimulando-o, Lopes e Tukamoto (2007) apresentaram em quadro que a qualidade da auditoria inibe essa prática.

A qualidade da auditoria, representada pelo tamanho e a especialização da empresa de auditoria (participação do auditor na indústria e a participação da indústria na carteira de clientes do auditor), quesitos que convergem para as chamadas BigFour, atuam como fator inibidor do gerenciamento.

Espera-se nesta pesquisa que o comportamento das empresas auditadas pelas consideradas BigFour, seja diferente do comportamento de empresas auditadas pelas demais firmas de auditoria.

2.6.5 Tamanho do diferido

Watts e Zimmerman (1986) afirmam que a evidenciação das informações nas grandes empresas, causadas por sua visibilidade, podem resultar em custos políticos potenciais. Altos lucros, por exemplo, podem chamar desfavorável atenção de órgãos reguladores, entidades de classe, imprensa, entre outros.

(32)

31

Neste trabalho, considera-se a variável tamanho do diferido medido pela divisão do saldo passível de escolha contábil dividido pelo ativo total da empresa, pois entendeu-se que dependendo de sua expressividade, a escolha contábil adotada traria maiores impactos nos números contábeis. Devido ao impacto da escolha, espera-se que quanto maior o saldo maior o incentivo para que as empresas optassem por mantê-lo até o final da amortização.

2.6.6 Reavaliação de Bens do Ativo Imobilizado

Outra alteração importante introduzida com a implantação da Lei 11.638/2007 foi a eliminação da reavaliação espontânea de bens. O tratamento contábil dado ao saldo da reserva de reavaliação, conforme o pronunciamento técnico CPC 13, é semelhante ao tratamento dado ao saldo do ativo diferido.

A pesquisa realizada por Schvirck et al (2008) buscou identificar o perfil econômico das empresas que fazem reavaliação de ativos e de empresas que não adotam tal prática. A conclusão do autor é que empresas que não fazem reavaliação possuem melhores indicadores econômico-financeiros do que empresas que fazem reavaliação do seu ativo imobilizado. Os resultados da pesquisa de Schvirck (2006) sobre as práticas da reavaliação no Brasil apontam para indícios do uso especulativo da reavaliação, em situações onde a empresa beneficia-se com o procedimento.

Uma vez que empresas que reavaliam o seu ativo imobilizado o fazem de forma a aumentar o valor desse grupo, espera-se que empresas que adotam tal prática optem por manter o saldo do ativo diferido. Para efeito de amostragem foram

(33)

selecionadas as empresas que possuíam saldo na conta de reserva de reavaliação no ano imediatamente anterior (2007).

2.6.7 Endividamento

A proporção entre o uso de capital de terceiros e o uso de capital próprio na estrutura de financiamento é dada por uma série de fatores internos e externos à empresa. Silva (2008), analisou as determinantes e as consequências econômicas das escolhas das práticas contábeis sob a ótica da hipótese dos Covenants Contratuais. Os resultados sugerem que não existem evidências significativas de mudanças de práticas voluntárias oportunistas para evitar a violação dos covenants contábeis e que os administradores adotam ações reais que impactam o fluxo de caixa da companhia.

Watts e Zimmerman (1986) definem a hipótese de endividamento no sentido que, quanto maior o nível de endividamento (divida/patrimônio líquido) da companhia, maior a probabilidade do administrador fazer escolhas contábeis que transfiram resultados de períodos futuros para o período corrente.

Espera-se, de modo geral, que quanto maior a relação de endividamento (dívida/patrimônio líquido) menor a possibilidade da escolha contábil por baixar o saldo restante do ativo diferido. Essa escolha faria com que o indicador de endividamento apresentasse um resultado pior se comparado ao obtido com a escolha de manter o diferido até o final da amortização.

(34)

3 METODOLOGIA

Essa pesquisa analisa a escolha contábil realizada pelas empresas frente às alterações introduzidas na Lei contábil brasileira, no que se refere ao saldo existente no grupo diferido após efetuadas as reclassificações obrigatórias.

A presente pesquisa utiliza a abordagem positiva. Essa abordagem é descrita por Iudícibus et al (2004, p. 31) como aquela que “procura descrever como a contabilidade é, entender por que é assim e prever comportamentos.” Ainda segundo Iudícibus et al (2004), a teoria positiva procura estabelecer hipóteses que devem ser testadas, antes de chegar a conclusões parciais.

As hipóteses, estabelecidas com base nos elementos amostrais, são testadas por meio de regressões. Em algumas aplicações da regressão linear simples ou múltipla, a variável dependente é expressa por uma variável nominal, expressa por duas categorias (somente dois valores). Segundo Martins (2001), para esses casos, uma boa aproximação é o uso da regressão logística que permite o uso de um modelo de regressão para se calcular (prever) a probabilidade de um evento particular, com base em um conjunto de variáveis independentes que podem ser numéricas ou não.

Segundo Hair et al (2006), a regressão logística é uma forma especializada de regressão que é formulada para prever e explicar uma variável binária, e não uma medida dependente numérica. Ainda segundo Hair et al (2006), quando as suposições básicas de ambos são atendidas, a regressão logística e a análise discriminante oferecem resultados preditivos e classificatórios comparáveis e

(35)

empregam medidas diagnósticas semelhantes, porém, a regressão logística pode acomodar variáveis não-métricas por meio da codificação em variável dicotômicas.

Com essas considerações, foi aplicado o modelo Logit de regressão linear múltipla para avaliar a contribuição de cada variável explicativa para estimar a variável dependente dummy (baixar ou não o diferido). As variáveis independentes estudadas são as seguintes: possui ou não nível diferenciado de Governança Corporativa; participação ou não nos lucros pelos administradores; emissora ou não de ADR; auditado ou não por BigFour; tamanho do diferido; possuir ou não reserva de reavaliação de imobilizado e; endividamento.

3.1

I

NSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Por não existir uma base de dados que contivesse todas as informações necessárias para esse estudo, foi necessário construir uma base de dados própria. Contudo, a maior parte das informações foi obtida por meio do software Economática utilizando como filtro principal empresas não financeiras listadas na Bovespa em 12/2007 que possuíam saldo no grupo diferido. Em contraponto, a análise foi efetuada de acordo com a publicação dos balanços de 2008. Assim, empresas que por qualquer motivo não publicaram seus balanços foram excluídas da amostra.

Mesmo sendo possível obter a informação no software Economática, dados relativos à variável sobre empresas que possuem programas de American

Depositary Receipt (ADR) foram coletadas por meio do site da bolsa de Nova York.

(36)

35

empresa que tenha emitido ADR após o balanço de 2008, o que prejudicaria a análise.

As notas explicativas das demonstrações contábeis, essenciais para a identificação do tratamento dado ao grupo diferido, objeto deste estudo, foram obtidas por meio das Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP) disponibilizadas pela CVM assim como pela Bovespa, local em que os dados foram coletados.

As variáveis que tratam da empresa de auditoria, informação sobre níveis diferenciados de Governança Corporativa, bem como a informação sobre empresas que remuneram seus administradores com base no lucro foram obtidas por meio das Informações Anuais (IAN) arquivadas na CVM, também disponibilizada pela Bovespa.

A partir da amostra inicial, foram analisadas as notas explicativas das 226 empresas que possuíam saldo no grupo diferido no balanço do ano de 2007 e cujas informações do balanço de 2008 estavam disponíveis. A análise preliminar separou as empresas em dois grupos: Grupo 1: empresas que em 12/2008, após efetuadas as reclassificações obrigatórias, mantinham saldo no diferido passível de escolha contábil; Grupo 2: empresas que em 12/2008, não possuíam saldo, seja por amortização total no decorrer do exercício, seja por motivo de reclassificação obrigatória do saldo total.

Considerando que todas as empresas foram obrigadas ao procedimento de reclassificação das contas do grupo diferido e que o saldo restante poderia ser baixado ou mantido até o final de sua amortização, conforme já discutido, a base de dados formada somente com empresas com saldo após reclassificação como

(37)

descrito no Grupo 1 do parágrafo anterior, totalizou 148 empresas. Demais empresas (grupo 2) foram excluídas da amostra.

A partir dessa amostra, novamente houve a separação em dois grupos: empresas que mantiveram o diferido e; empresas que baixaram o diferido.

Entre essas empresas, apenas quatro efetuaram, depois da reclassificação, a baixa de parte do diferido que, por sua característica não pode ser mantida até o final da amortização e, o restante, com característica compatível com a classificação no grupo diferido foi mantido. Exemplo disso ocorreu com a empresa Braskem, já citada que efetuou a reclassificação dos valores relativos ao ágil por expectativa de rentabilidade futura, manteve os gastos pré-operacionais no ativo diferido e efetuou a baixa contra lucros acumulados do saldo restante. Devido a baixa ter sido efetuada não por escolha, e sim por imposição legal, esse grupo foi considerado nessa pesquisa no grupo de “empresas que mantiveram o diferido”.

3.2

M

ODELO ECONOMÉTRICO

Nessa pesquisa, a variável dependente é formada por um grupo de empresas que optaram entre duas escolhas contábeis válidas e, dessa forma os dados foram organizados utilizando-se de variáveis dummy, que, segundo Levine et al (2005) permite considerar as variáveis explanatórias categóricas como parte do modelo de regressão. “Se uma dada variável explanatória categórica possui duas categorias, então somente uma variável dummy será necessária para representar as duas categorias.” (Levine et al 2005, p. 568)

(38)

37

A variável dummy para a Escolha Contabil - EC foi definida como: 0, se a EC foi de baixar o saldo do diferido e; 1 se a EC foi manter o saldo do diferido até o final de sua amortização.

Por meio da regressão proposta, formulou-se no Quadro 2 a relação de construtos e proxies das variáveis utilizadas na formulação das hipóteses do modelo

Logit de regressão linear múltipla a serem testadas neste estudo:

Variável Denominação Construtos

Sinal

esperado Proxy

EC

(Dependente) Escolha Contábil

Empresas que baixaram x empresas que manteram o saldo

do diferido Variável dummy: D=0 - baixar D=1 - manter GC (Independente) Nível de Governaça Corporativa Empresas que possuem níveis diferenciados de GC

Baixa (-) D=0 - não possui Variável dummy: D=1 - possui PR (Independente) Participação dos Administradores no Resultado

Empresas onde seus administradores possuem participação

nos lucros

Baixa (-) Variável dummy: D=0 - não remunera D=1 - remunera ADR (Independente) American Depositary Receipt Papel emitido e negociados na bolsa de Nova York Baixa (-) Variável dummy: D=0 - não emissora de ADR D=1 - emissora de ADR BIGFOUR (Independente) Auditoria Empresas auditadas pelas consideradas BigFour Baixa (-) Variável dummy:

D=0 - não auditada por big4 D=1 - auditada por big4

TD (controle) Tamanho do Diferido Relação do Saldo do Ativo Diferido/Ativo Total em 2008 Manter (+)

Resultado da relação entre o saldo do ativo diferido pelo ativo total em 2008

REAV

(independente)

Reserva de Reavaliação

Possui ou não saldo em 12/2007 saldo na conta de reserva de

reavaliação

Manter (+) Variável dummy: D=0 - Não possui saldo D=1 - Saldo maior que zero

ENDIV (independente) Endividamento Endividamento medido por: (dívida/patrimônio líquido) Manter (+)

Resultado da relação entre a dívida total pelo patrimônio líquido em 2008

QUADRO 2: VARIÁVEIS Fonte: Elaborado pelo autor

(39)

4 ANÁLISE DOS DADOS

4.1 A

NÁLISE DA FREQUÊNCIA E ESTATÍSTICA DESCRITIVA

No intuido de conhecer o comportamento das empresas em relação à escolha contábil (EC), a Tabela 1 apresenta a distribuição de frequências da variável dependente. Do total de 148 empresas que, na aplicação do disposto na MP 449/2008 possuíam saldo passível de escolha, 93 empresas (63%) optaram por manter o saldo e 55 empresas (37%) efetuaram a baixa do saldo contra a conta do patrimônio líquido.

TABELA 1 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL DE EC

Dummy (EC) Frequência Percentual %

Baixou 55 37%

Manteve 93 63%

Total 148 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

Em relação à variável independente de Governança Corporativa (GC), 42% do total da amostra, é composta por empresas que possuem nível diferenciado de Governança Corporativa como pode-se observar na Tabela 2.

TABELA 2 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL DE GC

Dummy (GC) Frequência Percentual %

Possui 62 42% Não Possui 86 58% Total 148 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

Considerando que a expectativa em relação aos resultados desta pesquisa são de que empresas que possuem nível diferenciado de governança corporativa teriam incentivos a fim de optar pela escolha contábil de baixa do saldo do diferido,

(40)

39

conforme discutido anteriormente, a Tabela 3 apresenta a frequência relativa a escolha desse subgrupo composto pelo total de empresas listadas na Bovespa que, em 31/12/2008, possuíam simultaneamente nível diferenciado de Governança Corporativa e que possuíam saldo no ativo diferido passível de escolha contábil.

Ainda em relação à variável independente de Governança Corporativa, se considerarmos apenas o grupo de empresas que optaram pela baixa do diferido, podemos observar que, mesmo sendo menor o número de empresas na amostra que possuem nível diferenciado de governança corporativa, conforme tabela 2, esse grupo representa a maioria (51%) do total de empresas que optaram pela baixa do saldo do diferido conforme Tabela 3.

TABELA 3 - FREQUÊNCIA DA EC DE BAIXA - EMPRESAS COM GC

Dummy (GC) Baixou Percentual %

Possui 28 51%

Não Possui 27 49%

Total 55 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

A Tabela 4, as medidas de frequência da variável independente ADR, 23 empresas (16%) são emissoras de ADR e 125 (84%) não são emissoras de ADR.

TABELA 4 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL ADR

Dummy (ADR) Frequência Percentual %

Possui 23 16% Não Possui 125 84%

Total 148 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

Conforme apresentado na Tabela 5 medidas de frequência da variável independente sobre a participação dos administradores no resultados, apontam que 86 empresas, 58% do total, não remuneram seus administradores com base nos lucros.

(41)

TABELA 5 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL PR

Dummy (PR) Baixou Percentual %

Remunera 62 42%

Não Remunera 86 58%

Total 148 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

A Tabela 6 apresenta a frequência das companhias auditadas por empresas de auditoria “BigFour”, dando conta de que 64% das empresas que compõem a amostra são auditadas por empresas de auditoria do grupo das “BigFour”.

TABELA 6 - FREQUÊNCIA DA VARIÁVEL BIGFOUR

Dummy (PR) Baixou Percentual %

Auditada por BigFour 95 64% Não Auditada por BigFour 53 36%

Total 148 100%

Fonte: Elaborada pelo autor

4.2

A

NÁLISE DA REGRESSÃO LOGIT

Neste trabalho utilizou-se a técnica de regressão Logit para identificar a chance relativa das companhias tratarem de forma semelhante o saldo do grupo diferido, com base nas variáveis independentes.

A regressão analisada foi obtida com base nas seguintes variáveis: Governança Corporativa (GC); possui ou não ADR (ADR); remunera ou não seus administradores com base no lucro (PR); é ou não auditada por BigFour (BIGFOUR); mantinha ou não saldo de reserva de reavaliação em 2007 (REAV); tamanho do diferido, medido pela divisão do saldo a tratado em 12/2008 pelo ativo total e (TD); endividamento (divida/patrimônio líquido) (ENDIV).

Na equação 1 é demonstrado o modelo Logit de regressão linear múltipla proposto que expressa a relação causal entre a variável dependente, escolha

(42)

41

contábil, que consiste na variável explicada, e as respectivas variáveis independentes ou explicativas:

EQUAÇÃO 1 - MODELO

Os resultados estão apresentados nas Tabelas 7 e 8 a seguir:

TABELA 7 - ESTIMAÇÃO DO MODELO LOGIT

Numero de Observações Prob > Chi2 Pseudo R2 148 0.0004 0.1346

Fonte: Elaborada pelo autor

TABELA 8 - RESULTADOS DO MODELO LOGIT

EC Coef. Std. Err Z P>|z| GC -1.030 0.434 -2.37 0.018 PR 0.172 0.380 0.45 0.652 ADR -0.259 0.503 -0.51 0.607 BIGFOUR 1.469 0.456 3.22 0.001 TD 33.136 16.353 2.03 0.043 REAV 0.498 0.432 1.15 0.249 ENDIV 0.000 0.000 0.18 0.861

Fonte: Elaborada pelo autor Onde:

EC = Escolha contábil;

GC = Nível diferenciado de governança corporativa; ADR = American Depositary Receipt;

PR = Participação dos administradores no lucro das companhias; BIGFOUR = Auditoria realizada por BigFour;

TD = Tamanho do saldo do diferido tratado;

REAV = Saldo na conta de reserva de reavaliação em 2007; DIV = Endividamento (dívida/patrimônio líquido).

Conforme apresentado na tabela 8, as variáveis GC e BigFour apresentaram-se estatisticamente significantes ao nível de 5% através do P>|Z|. Contudo, ao contrário da primeira, a variável BigFour está positivamente relacionada. Dessa forma, os testes mostram que existem evidências que empresas que possuem níveis diferenciados de governança corporativa tiveram comportamento semelhante por baixar o saldo do diferido confirmando a expectativa desta pesquisa, enquanto

               

 0 1GCt 2PRt 3ADRt 4BIGFOURt 5TDt 6REAVt1 7ENDIVt t

Referências

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