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3.1. População e Amostra

O presente estudo incide no setor da Indústria Transformadora, tendo como população/universo as PME industriais localizadas em território nacional. Para efeitos desta investigação considera-se o sector das indústrias transformadoras (C).

Na impossibilidade de aceder a uma Base de Dados de empresas familiares portuguesas e tendo em conta que, tal como referido na revisão da literatura, em Portugal, existem cerca de 1 milhão de empresas, das quais 99,9% são PME (INE, 2014), optou-se por recorrer a uma base de dados de PME. Todavia, seria inviável o estudo pormenorizado do universo de respostas e recorreu-se, então, a uma amostra inicial. Assim, a Base de Dados que serviu de suporte e que constituiu a amostra para esta investigação resultou de um acordo formalizado com a empresa Informa D&B que disponibilizou um ficheiro com a amostra (n=1500) de PME do sector em causa, com base em alguns critérios de seleção antecipadamente definidos: (1) empresas pertencentes ao setor da Indústria Transformadora; (2) PME5; e (3) empresas com

contatos de telefone e correio eletrónico. Posto isto, a amostra de partida foi composta por 1500 registos disponibilizados: 135 microempresas, 683 pequenas empresas e 682 médias empresas.

3.2. Recolha de Dados e Medição das Variáveis

Para a realização desta investigação recorreu-se à aplicação de um questionário como instrumento de recolha de dados, uma vez que é uma ferramenta capaz de “transportar” uma grande quantidade de informação.

Com o objetivo de investigar a influência das características do empresário-fundador no desempenho das PME familiares, construiu-se um questionário (Anexo) composto por quatro partes: (A) onze questões que se referem aos dados gerais da empresa; (B) três questões sobre os dados sociodemográficos do empresário-fundador; (C) quarenta e quatro perguntas que incidem nos traços de personalidade no empresário (escala Big Five Inventory – 44 – John e Srivastava, 1999); e, por último, (D) treze questões sobre o desempenho da empresa familiar (escala de Urtilla e Torraleja, 2012). Assim, o questionário totaliza setenta e uma questões.

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A escala do Big Five já foi utilizada em diferentes contextos geográficos dando bons resultados. Contudo, e embora esta escala já tenha sido validada procedeu-se ao teste de confiabilidade/consistência interna no nosso estudo.

A consistência interna da escala do Big Five Inventory e da escala de Desempenho nas Empresas Familiares foi medida através do Alpha de Cronbach (DeVellis, 2011). Esta é uma medida associada à fiabilidade interna do instrumento e varia entre 0 a 1, sendo que quanto mais elevadas forem as correlações dos itens, maior a homogeneidade e consistência interna da escala. Considera-se ainda que um Alpha inferior a 0,50 é inaceitável, entre 0,50 e 0,60 é mau, 0,60 e 0,70 é aceitável, entre 0,70 e 0,80 é bom, entre 0,80 e 0,90 é muito bom, e quando maior ou igual a 0,90 é excelente (DeVellis, 2011).

Como podemos observar, neste estudo todos os valores de alpha são superiores a 70% (ver Tabela II), ou seja, o instrumento utilizado é adequado mesmo em contexto de PME Familiar.

De salientar que para se observar de forma correta o Alpha de Cronbach da Escala do Big Five

Inventory houve necessidade de se recorrer a um processo de inversão de alguns dos itens de

cada uma das cinco dimensões de forma a conseguirmos uma real homogeneidade da escala.

Posto isto, e comparando com estudos canadianos e americanos em que a escala utilizada (Big Five) obteve Alphas de Cronbach entre 0,75 e 0,90 (Rammstedt e John, 2007), o alpha obtido nesta investigação para a mesma escala foi bastante bom (0,811) o que revela uma boa consistência interna.

Confrontando, ainda, o Alpha de Cronbach relativo a cada dimensão, com os valores obtidos por Coutinho e Castro, (2012) (0,592 para Extroversão, 0,623 para Agradabilidade, 0,657 para Conscienciosidade, 0,657 para Neuroticismo, 0,623 para Abertura à experiência) verifica-se que os valores do presente estudo (Tabela II) foram substancialmente melhores.

Quanto ao Alpha de Cronbach da escala do Desempenho, os valores obtidos (Tabela II) são francamente mais elevados do que aqueles obtidos pelos autores da escala Utrilla e Torraleja (2012): 0,812 para o crescimento, 0,611 para os Recursos Humanos, 0,701 para a vertente Económico-financeira e 0,774 para o constructo família.

Tabela II – Alpha de Cronbach das escalas utilizadas

Escala Dimensões Questões Cronbach Alpha de

Big Five Inventory 44 Extroversão (8) 1 - 6* - 11 - 16 - 21* - 26 - 31* - 36 0,700 Agradabilidade (9) 2* - 7 - 12* - 17 - 22 - 27* - 32 - 37* - 42 0,747 Conscienciosidade (9) 3 - 8* - 13 - 18* - 23* - 28 - 33 - 38 - 43* 0,818 Neuroticismo (8) 4 - 9* - 14 - 19 - 24* - 29 - 34* - 39 0,848 Abertura à experiência (10) 5 - 10 - 15 - 20 - 25 - 30 - 35* - 40 - 41* - 44 0,801 Desempenho nas EF Crescimento (3) 0,842 Recursos Humanos (4) 0,779 Económico-financeiro (3) 0,954 Família (3) 0,883 *Item Invertido

O questionário foi disponibilizado através da plataforma Google Drive cuja hiperligação de acesso foi enviada através de correio eletrónico, motivo pelo qual um dos critérios de seleção da amostra foi o facto de as PME possuírem um endereço de e-mail.

Depois do envio dos questionários para as 1500 PME que constituem a amostra, obteve-se uma taxa de resposta igual a 8,2%. As respostas consideram-se válidas quando provenientes de PME familiares, para tal introduziu-se, no questionário, uma questão para aferir se os sócios da empresa possuíam laços familiares e qual a quota (total) que os mesmos detém na empresa. Consideram-se, neste estudo, empresas familiares quando sócios/acionistas de uma mesma família detém uma percentagem no capital superior a 50%.

O questionário foi enviado entre os dias 12 e 18 de fevereiro de 2015. Todavia, a taxa de resposta foi muito baixa, não chegando a atingir os 2%. Como tal, realizou-se um segundo envio que decorreu entre 9 e 12 de março de 2015. No entanto, a taxa de resposta manteve- se bastante baixa e como procedimento adicional para a reforçar entrou-se em contacto com os visados através de telefone.

Das 140 empresas que responderam foram ainda rejeitados 17 questionários por não satisfazerem o critério de Empresa Familiar (mais de 50% no capital). Assim, a amostra final foi de 123 PME Familiares.

3.3. Análise de Dados

A análise de dados foi realizada com base no programa Statistical Package for Social Sciences

(SPSS, versão 21.00). Após a construção da base de dados foi caracterizada a amostra do

presente trabalho, recorrendo à estatística descritiva.

Para validação do primeiro grupo de hipóteses de investigação recorreu-se à estatística multivariada, ou seja, utilizou-se uma análise de variância "One-Way" (ANOVA) para se observar a comparação de médias das variáveis (Maroco, 2007), depois de termos analisado o teste de Kolmogorov-Smirnov.

Para o segundo grupo de hipóteses optou-se por recorrer à matriz dos coeficientes de correlação de Pearson que permite efetuar um cruzamento dos dados com o objetivo de apurar se duas (ou mais) variáveis intervalares estão associadas, permitindo avaliar a sua direção (positiva ou negativa) e a sua magnitude (variando entre +1 e -1) (Martins, 2011). Posteriormente foi utilizado o método da análise da regressão linear múltipla (MRLM) pelo facto de existirem várias variáveis independentes (extroversão, agradabilidade, conscienciosidade, neuroticismo e abertura à experiência) e uma variável dependente - o desempenho (Carver e Nash, 2011; Meyers et al., 2013). A regressão linear múltipla (MRLM) permite avaliar a qualidade de ajustamento do modelo utilizado e através do R² ajustado é possível saber qual a proporção da variância da variável dependente é explicada pelas variáveis independentes. Já o teste F serve para validar ou rejeitar a hipótese nula (Hair et

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