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3.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

3.2.2 METODOLOGIA MCDA-C

De acordo com Ensslin et al. (2010), a consolidação da Metodologia MCDA-C, como instrumento científico de gestão ocorre a partir da década de 1980. Os autores afirmam que as bases científicas da Metodologia MCDA-C surgem com a publicação dos trabalhos de Roy (1993) e Landry (1995) ao definirem os limites da objetividade para os processos de apoio à decisão. Dos trabalhos de Skinner (1986) e Keeney (1992), ao reconhecerem que os atributos (objetivos/critérios) são específicos para cada contexto, a partir das percepções do gestor/decisor. E também com o trabalho de Bana e Costa (1993) ao explicitar as convicções da MCDA.

A diferença entre a MCDA-C e as metodologias MCDA tradicionais reside principalmente no fato da MCDA tradicional restringir o apoio à decisão em duas etapas: a primeira de formulação, e a outra de avaliação para selecionar, segundo um conjunto definido de objetivos (com pouca ou nenhuma participação do decisor), qual, entre as alternativas previamente estabelecidas, é a melhor (solução ótima) (ENSSLIN et al., 2010). Segundo os autores, a lógica de pesquisa da MCDA tradicional é a racionalista, enquanto que a MCDA-C utiliza uma lógica de pesquisa construtivista.

O propósito da Metodologia MCDA-C é alcançado pela realização de três fases principais, demonstradas na figura 1: (i) Fase de estruturação; (ii) Fase de avaliação; e, (iii) Fase de elaboração de recomendações.

Figura 9 - Metodologia MCDA-C e suas etapas

Fonte: Adaptado de Ensslin, Dutra, Ensslin (2000), p. 81.

A primeira etapa é dedicada à compreensão do problema e do contexto físico apresentado, que acontece pela identificação do problema, dos atores e da produção de conhecimento no decisor, que será refletida em uma estrutura hierárquica de valor (KEENEY, 1992).

Esta fase é chamada de etapa de estruturação, quando se configura o problema de forma que se identifique, caracterize e organize os fatores considerados proeminentes para apoiar a tomada de decisão. (LONGARAY et al, 2016).

Estruturação I Estruturação II Avaliação I Avaliação II Modelo Global Recomendações Abordagem “soft” para estruturação Família de Pontos de Vista Construção dos Descritores

• Construção das funções

de valor • Identificação taxas de compensação Formular Recomendações Identificação do perfil de impacto das alternativas F o r m u l a r R e c o m e n d a ç õ e s Fase de Estruturação Fase de Avaliação Fase de Recomendações Análise Independência Analise Sensibilidade Tarefas 1 2 3 4 5 6 7 8

Como produto desse procedimento, espera-se que os decisores identifiquem um conjunto de critérios que permitam comparar entre si diferentes níveis de desempenho (LONGARAY et al., 2016). Esse conjunto de critérios deve descrever o problema alvo de preocupação por parte do decisor à exaustão, com descrição de todos seus aspectos, de forma coesa e não redundante, de forma que dois critérios avaliem as mesmas características (ROY, 2010).

Depois de estabelecidos quais são os critérios que devem ser analisados, eles devem ser organizados em forma de hierarquia ou árvore, onde o nível mais alto de um critério é decomposto em níveis mais detalhados (LONGARAY et al., 2015).

Esses níveis devem respresentar o desempenho correspondente ao padrão que o decisor considera comprometedor, normal (ou de mercado) e excelente, o que será identificado pelos níveis denominados neutro e bom. Aquele desempenho que ficar abaixo do nível neutro, será considerado comprometor, ao passo que o que estiver acima do nível bom, será considerado excelente. Entre os dois níveis, o desempenho será considerado normal ou de mercado (LONGARAY et al., 2016).

Importante salientar que esse estudo de caso se limitou à primeira etapa do processo (fase qualitativa), sendo que as fases seguintes serão tratadas nesta seção para referência e conhecimento dos leitores. Enfim, a construção do modelo de avaliação de desempenho de servidores do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina não abordará a fase de avaliação nem a fase de recomendações.

Na segunda etapa, busca-se ordenar as opções e alternativas propostas, por meio da utilização de um modelo matemático, de acordo com a preferência do decisor entre os níveis de impacto (KEENEY, 1992). Essa fase é denominada de etapa de avaliação, em que se procede à construção da escala de preferência local dos critérios, a determinação das taxas de compensação, que é a fixação de preferência entre os critérios de um mesmo nível hierárquico e a identificação do perfil de desempenho das ações potenciais (LONGARAY et al., 2016).

A transformação de escalas ordinais em cardinais que atendam os juízos de preferências do decisor se dá por meio do método MACBETH – Measuring

Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique, desenvolvido por BANA

E COSTA et al. (1995). Essas escalas denominam-se Funções de Valor (LACERDA, 2012). O passo seguinte dessa etapa de avaliação é destinado às Taxas de Substituição, que tem como finalidade informar a diferença de atratividade entre os níveis de referência dos descritores. Após a obtenção das taxas de cada critério, pode-

se transformar o valor da avaliação de cada critério em valores de uma avaliação global. (BORTOLUZZI et al., 2009).

A parte final dessa etapa acontece com a Avaliação Global, que demonstra qual o perfil de desempenho atual do estudo de caso realizado, possibilitando a demonstração gráfica da performance de ações potenciais e seus impactos. (ENSSLIN et al., 2001).

Na terceira e última etapa, são propostas ações de aprimoramento em relação ao desempenho atual, além de se estabelecer a robustez do modelo construído, mediante a análise de sensibilidade. (KEENEY, 1992).

Aqui não se pretende ser taxativo com prescrições do que deve ou não ser feito para melhorar a performance, mas possibilitar algumas opções para decisor como:

Conhecer a performance específica em cada critério; o estabelecimento de estratégias diferentes para identificar o impacto na avaliação global de desempenho; a análise da relação custo versus benefício na implementação de uma estratégia; o estabelecimento de prioridades nas estratégias e ações que se pretende implantar por meio dos objetivos com maior grau de contribuição (taxas de compensação). (LONGARAY et al., 2016).

Assim, ressalta-se mais uma vez, que o modelo que se pretende construir neste estudo de caso se limitará aos procedimentos da etapa de estruturação.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Este capítulo se destina à exposição dos resultados da pesquisa de acordo com os objetivos anteriormente traçados e está composto pelas seguintes seções: 4.1 Análise bibliométrica e análise sistêmica da literatura; 4.2 Análise comparativa dos instrumentos de Avaliação de Desempenho dos servidores dos órgãos públicos do Estado de Santa Catarina; 4.3 Estudo de caso – construção do instrumento de Avaliação de Desempenho dos servidores do Poder Judiciário de Santa Catarina.