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Metodologia para elaboração de trilhas interpretativas IAPI

Antes de iniciarmos a elaboração de uma trilha, devemos saber qual

metodologia iremos utilizar para visualizarmos os pontos, conhecer o local que será visitado, percorrer variados caminhos e realizar vários processos antes de caminhar por essa trilha (MENGHINI, 2005).

Visando facilitar a escolha dos pontos para interpretação, Magro e Freixêdas (1998) desenvolveram o método IAPI, ou o método denominado “Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos”, que serve para facilitar a seleção dos pontos

que possuem um mesmo tema em trilhas interpretativas, para não tornar a trilha repetitiva, para chamar a atenção do visitante e passar a este uma visão educativa, além de se tornar menos subjetiva possível, aumentando a apreciação e o interesse do visitante sobre o tema a ser interpretado (MENGHINI, 2005). Essa trilha deve mexer com a sensibilidade e conscientização do visitante durante a interpretação ambiental.

O método IAPI contribui para planejar trilhas que propiciem um impacto positivo ao visitante, uma vez que leva em consideração outros aspectos presentes na trilha, que são os chamados indicadores de atratividade. Sua aplicação resulta em uma trilha bem planejada, que conta com pontos interpretativos bem dinâmicos e estimula a atenção e incentiva que seu visitante aprecie o percurso como um todo (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998).

De acordo com os autores, esse método se apresenta em 5 (cinco) fases (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998). São elas:

1ª fase- Levantamento dos pontos potenciais para a interpretação Interpretar uma trilha se inicia com:

[...] um exercício de observação e estudo de seus recursos naturais e culturais. Uma vez realizado o inventário do que há de mais importante no local, escolhe-se o tema a ser interpretado e inicia-se então, o processo de seleção dos pontos que estarão em seu programa de visitação (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998, p.5).

Os pontos potenciais para interpretação são aqueles pontos pré-selecionados de uma trilha que foram selecionados por temas, numerados e que serão avaliados de acordo com a atratividade, uma vez que alguns deles são muito semelhantes. Após essa seleção ter sido feita, os pontos terem sido numerados, o método sugere que se utilize fitas coloridas, já que podem ser removidas ao final do seu levantamento e também que possam ser realizadas escritas nessas fitas (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998).

2ª fase- Levantamento e seleção de indicadores

Na segunda fase é feita a escolha de alguns indicadores de atratividade presentes no local, tais como variedade de vegetação, relevo, proximidade à corpos

d’água, entre outros (Figura 6); para tanto é realizado o levantamento dos recursos presentes nos pontos potenciais (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998, p.6). Estes devem ser identificados facilmente em campo pelos avaliadores (VASCONCELLOS, 2006).

INDICADOR CARACTERÍSTICA

Linha Vertical e Horizontal Predominância de elementos dispostos em padrão vertical (troncos de árvores, brotações) ou horizontal (raízes tabulares, rochas).

Posição Visualização do horizonte em relação à posição do observador.

a) Em nível b) Inferior c) Superior

_____________________________________________________________________________ Escala e Distância 1º Plano - Os elementos predominantes analisados

encontram-se próximos ao observador. Um exemplo seria interpretar uma árvore cujo tronco esteja perto do visitante. A atenção é voltada para a percepção dos detalhes.

_____________________________________________ Média – Escala e distâncias intermediárias, podendo observar o ambiente com menos detalhes que no 1º Plano.

_____________________________________________ Fundo – Predominam vistas panorâmicas e espaços abertos. Não há detalhamento dos recursos observados. Água Visual – Cursos d’água são visualizados a partir do

ponto.

_____________________________________________ Som – Apenas o som da água é perceptível.

Rocha Predominância de rochas em tamanhos e formas diferenciadas.

Epífitas Alta incidência de epífitas no ponto.

Observações Algumas informações podem ser anotadas, pois podem auxiliar no caso de dúvidas quanto à escolha dos pontos como vegetação diferenciada, presença ou sinais de animais, locais de beleza única etc. Da mesma forma podem ser incluídos indicadores que avaliem o desconforto que o sítio possa ter, como por exemplo, odor forte, ruídos contínuos, plantas urticantes, insetos, etc.

Figura 6 - Indicadores básicos para avaliação da atratividade de pontos interpretativos.

Fonte: Magro e Freixêdas (1998, p. 6).

3ª fase- Elaboração da Ficha de Campo

Assim que os indicadores forem escolhidos é elaborada a ficha de campo para que os mesmos sejam avaliados quanto à sua presença ou sua ausência em

cada um dos pontos potenciais (figura 7). Para cada um desses indicadores é atribuído um valor ou um peso, e isso é feito priorizando a importância deste fator para a qualidade da experiência do visitante (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998).

P = Pontos analisados; x = presente; xx = grande quantidade; xxx = predominância.

Figura 7 - Exemplo de ficha de campo com indicadores de atratividade.

Fonte: Magro e Freixêdas (1998, p. 7).

No exemplo da tabela acima, os indicadores escala/distância ao fundo e visual de água receberam peso 3, os indicadores como posição superior, escala/distância em 1º plano, som de água, presença de rochas e de epífitas

receberam peso 2 e os demais indicadores receberam peso 1 (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998).

4ª fase- Uso da Ficha de Campo

Em campo, os avaliadores devem usar símbolos para facilitar a identificação da intensidade com que os recursos aparecem no local, sendo x para quando o recurso tiver presente; xx para quando tiver grande quantidade de presença deste recurso e xxx para quando houver grande predominância do recurso no ponto que está sendo avaliado. A intensidade com que aparece cada um dos indicadores deve ser transformada em números, que vão de 1 a 3 e estes devem ser multiplicados pelo seu respectivo peso (ou valor). Estes valores somados possibilitam chegar à pontuação total dos pontos potenciais. Esta avaliação deve ser feita no mínimo por duas pessoas, para menor subjetividade e deve ser feita por todos os observadores em conjunto para padronizar sua atuação e deve ser feita do início ao fim para que não haja mudança de critérios (MAGRO; FREIXÊDAS, 1998).

5ª fase- Seleção Final

Os resultados obtidos dos pontos potenciais para cada assunto deverão ser comparados para se obter a seleção final. Normalmente são selecionados os pontos potenciais que obtiveram maior soma de atratividade para cada assunto (VASCONCELLOS, 2006).

Os pontos potenciais que tiverem maior pontuação de atratividade e os pontos de descanso na trilha somente devem ser escolhidos definitivamente após ser feita uma checagem em campo, ou seja, se há apenas uma pequena diferença de pontuação de atratividade e isso não oferece elementos suficientes para uma escolha definitiva do ponto, torna-se necessário retornar ao local (em casos de dúvidas) para avaliar qual ponto potencial oferece mais facilidade para agrupamentos, quais recursos apresentam pontos mais marcantes do ponto de vista estético ou ainda se há possibilidade de colocar um possível painel naquele local (VASCONCELLOS, 2006; MAGRO; FREIXÊDAS, 1998).

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